11.8.04
MOMENTO TIETE

E minhas atividades de colunista - e claro, de fã - me levaram até o São Conrado Fashion Mall ontem à noite, para assistir ao show do Flávio Venturini para a Rádio Paradiso. O convite foi do meu nobre companheiro e colaborador Rodrigo Brasil, carinha nota dez, que estava na produção do Aggeu Marques, que fez uma participação no show do Flávio. No final das contas, o show foi aquilo que eu já conheço e aprecio. Eu e o Rodrigo ficamos conversando um tempão e eu ainda consegui uma pequena entrevista do Aggeu para a coluna da próxima semana. E ainda autógrafos e fotos que eu também sou filho de Deus.


Eu e o Rodrigão. Calma, meninas...


Flávio Venturini e o tiete feliz.


Valeu muito, Rodrigão. Foi um prazer te conhecer. E na próxima, é para tomar uns gorós.

Servido por MarcosVP às 12:24



9.8.04
CONFISSÃO FRANCISCANA

Confesso que tive vontade de ler Budapeste, de Chico Buarque, desde o lançamento, mesmo sabendo que ele não tinha ido àquela cidade para escrevê-lo, e que além disso, tinha usado nomes de jogadores da seleção húngara de 1954 em seus personagens. Confesso que gosto de lançamentos e tenho gana em consumí-los ainda quentes, mesmo que me arrependa depois. Confesso que só comprei o livro muito tempo depois e mesmo assim para dar de presente a uma verdadeira fã do Chico. Confesso que não deixei nem que ela o terminasse e o peguei para ler. Confesso que começei a lê-lo na sala de espera de um hospital e o paciente era eu. Confesso que no meio do livro, quase o joguei fora, puto com aqueles personagens amorais e com aquele texto sem parágrafos que me deixa sem fôlego. Confesso que continuei só pela obrigação de não empobrecer a pauta do meu blogue. E sabem? cheguei ao fim melhor do que comecei.

Confesso que gostei.

Servido por MarcosVP às 20:54



6.8.04
PIRÃO DROPS

- Quer dizer que a feladaputa da governadora estava distribuindo cem mil cestas básicas em época de campanha e isso não é compra de votos? Como diria Dedé Santana: NÃÃÃÃOOOO!!!! (*)

- Olha, fazia muito tempo, mas muito tempo mesmo que, na minha opinião, Lulu Santos não lançava nenhuma música que prestasse. Mas sua nova música, "Sem Nunca Dar Adeus", é digna das suas melhores composições, como "Último Romântico", "Casa" e "Dinossauros do Rock". Parabéns a ele.

(*) Depois do Marmota.

Servido por MarcosVP às 11:52




CRIANÇA É TUDO BIZUNZUNGO

Como todo mundo sabe, porque estudou direitinho nas aulas da tia Maricota, se não fosse um tirano de um português chamado Marquês de Pombal, até hoje a gente estaria falando o tupi-guarani aqui no Brasil. Ou pior: o nheengatú. Se bem que o afamado filólogo e proxeneta da língua portuguesa, Ruy Goiaba, afirma que, no bananão, fala-se mesmo é um arremedo de língua chamado beregüê. Mas o que importa é que a língua é um organismo vivo, sempre em transformação. E é legal constatar isso, principalmente quando a gente vê nossos filhos começando a falar. Por exemplo, o Léo já começou. Sua primeira palavra foi algo assim como... Ptrrfshsbrrfsh!!! Lindo, lindo.
Na minha família, há um grande histórico de neologismos. Segundo consta, eu chamava aquele negócio onde se faz comida, de fudão. Meu irmão demorou um bocado para deixar a babadeira e usar o copo. Já minha irmã adorava passar jandêra no pão. Tive mais um irmão depois dela, mas ele, com medo do mico, resolveu ser um carinha mais calado.
Já minha filhotinha, depois de chamar bola de gagá e chupeta de bibiba, até que desenvolveu muito bem a lingüagem. Ela consegue falar certos fonemas que as crianças demoram, como os de PRato e BRasil. Mas ainda tem dificuldades com alguns deles, como o T de boniTinho e o D de danaDinho. Sem falar que ela troca o T pelo C. Daí, é comum ela dizer que não quer comer Cangerina, ou reclamar que eu deixei o Capetinho do banheiro embolado.

Adoro crianças!

Servido por MarcosVP às 11:40



4.8.04
MAIS UM

...blog na minhas listas: o do Mário César Brum, The Old Macca. Chama-se Thin Music. É isso aê, véio.

Servido por MarcosVP às 11:08




KIBE LOCO STYLE

Eu quis vender essa piada pronta para ele, mas ele não respondeu. Sou obrigado a publicar eu mesmo... Para ver se essa nuvem escura sai de cima de nossas cabeças um pouco.



Servido por MarcosVP às 11:03



3.8.04
RIO VERMELHO

Quando eu saí de casa, hoje pela manhã, tinha a firme intenção de escrever alguma coisa sobre a estúpida e brutal morte de Fernando Villella, jornalista de 30 anos, no dia do meu aniversário, 26 de julho, aqui no Rio de Janeiro. Amigo e primeiro editor da Thania, visionário estudioso da internet, sujeito espetacular de caráter e espírito que eu mesmo nem cheguei a conhecer. Sabe, nunca me é difícil fazer um texto em cima de uma pauta. Mas hoje eu não consegui.

Precisava escrever a coluna sobre rádio. Tive de reciclar um texto antigo. Meus posts de hoje, eu já os tinha escrito há alguns dias.
Tinha uma entrevista para mandar, mas ela também já estava pronta.
Hoje eu não consegui escrever nada.

Porque eu só consigo sentir indignação, raiva, medo, dor. Vontade de ir embora e tristeza de não poder levar as pessoas que amo junto, para longe desse lugar esquecido, onde o único Deus que se vê é de pedra e fica parado sem fazer nada.
Por que ele não fez a bala parar? Por exemplo, as que mataram Fervil e Gabriela, entre tantos outros que viraram estatísticas?

Por quê?

Servido por MarcosVP às 17:57




PREMISSA

Eu ia escrever um post sobre uma coisa, mas achei que ia ficar agressivo demais com várias pessoas que eu amo e que leem este blogue. Mas a premissa da coisa era mais ou menos essa: imaginem uma igreja no centro da cidade, por volta de meio dia. Inúmeras pessoas, eu incluído, estão lá dentro, aproveitando um pouco do horário do almoço, para fazer uma oração ou prece. De repente, entra um pedinte na igreja. Ele vê as inúmeras pessoas, que estão de costas para ele, ajoelhadas ou sentadas nos bancos. De repente, ele escolhe uma pessoa para pedir, dentre todas as que ele vê.

Adivinhem quem é.

Servido por MarcosVP às 13:19




APRAZÍVEL

Uma noite comum lá em casa, no aprazível e silencioso bairro da Freguesia da Ilha:

22h - O vizinho da direita chega em casa com o seu super chevelho; (120 Db)
23h - O caminhão de lixo passa na rua, recolhendo o - óbvio - lixo; (140 Db)
0h - Um dos sucatões da FAB, avião obsoleto e de uso restrito em quase todo o mundo por causa do barulho, decola do Galeão e passa em cima da minha casa; (130 Db)
0h30 - O neném choraminga (20 Db que parecem 200...)
1h - Os cachorros do vizinho da direita resolvem discutir a relação; (90 Db)
2h - Tiroteio (110 Db)
2h30 - Reprise do tiroteio (110 Db)
3h - Os cachorros de toda a vizinhança resolvem entrar na discussão; (100 Db)
4h - O neném choraminga de novo.
5h - O neném acorda para mamar (80 Db, bons pulmões)
7h - O rádio relógio desperta (20 Db que parecem 800...)

Pense num sono reparador.

Servido por MarcosVP às 13:15



30.7.04
MAIS DO MESMO

Mais duas páginas nas minhas listas da infâmia: A Coluna - não, não é a vertebral - do meu nobre amigo Luiz Fernando Gallo, que apesar do nome, é cruzeirense. E a página elegante da não menos Beatriz Mecozzi. Welcome.

Servido por MarcosVP às 12:45




MENSAGEM CIFRADA PARA PESSOAS IMPORTANTES

Eu vinha hoje para o trabalho escutando o rádio, quando ouvi uma sensacional história, contada pelo músico multi-instrumentista Carlos Malta, quando este se preparava para indicar aos ouvintes um livro do qual gostava - no caso, o best seller Perdas e Ganhos, da autora Lya Luft.

- Eu gosto deste livro - disse Carlos Malta - porque ele me lembra exatamente que, há dez anos, eu passei por um momento de perdas e ganhos. Eu, que sou multi-instrumentista, tive minha casa assaltada e os ladrões levaram todos os meus instrumentos. Era com o que eu trabalhava e vivia, fiquei desesperado. Mas, naquele mesmo tempo, meus amigos músicos, como Léo Gandelman e Raul Mascarenhas, entre outros, me emprestaram seus instrumentos sempre que eu precisei. E nunca me faltou instrumento para tocar naquela época, até que um dia, eu recuperei os meus. Ah, mais uma coisa: os ladrões, quando me assaltaram, só deixaram um único instrumento em minha casa: um pífano. Reduzido que estava àquele pequeno flautim, eu pensei em minha desesperança, que só me restava montar uma banda de pífanos. E disso nasceu a banda Pife Muderno, que faz sucesso até hoje.

Pois Carlos Malta e o Pife Muderno estarão se apresentando na próxima terça-feira, dia 03/08, no programa Palco MPB, na MPB FM. Quem trabalha direto com internet, pode ouvi-lo pelo streaming.

E a moral da história é a seguinte: se a vida te der um limão, não seja besta de fazer uma limonada, que uma dose de cachaça se arruma em qualquer esquina. Faça uma caipirinha.

Servido por MarcosVP às 11:42




V MARMELADA - RESULTADO OFICIAL

Bem amigos, como todo mundo já sabe, foi a gloriosa e sensacional Menina do Vento que abiscoitou o CD com as faixas "b" do Rock Brasil circa 80, tornando-se assim a primeira bicampeã do Pirão. Cibele, vamos marcar um lugar para te entregar o CD, que ele já está prontinho.

E para saciar a curiosidade dos demais leitores, em especial do meu nobre companheiro Marmota, aí vão as faixas do CD:

1. De Leve - Lulu Santos
2. Nosso Louco Amor - Gang 90 e as Absurdettes
3. Mais uma de Amor (Geme, Geme) - Blitz
4. Televisão - Titãs
5. Nós vamos invadir sua Praia - Ultraje a Rigor
6. Toda Forma de Poder - Engenheiros do Hawaii
7. Independência - Capital Inicial
8. Canos Silenciosos - Lobão
9. Assaltaram a Gramática - Paralamas e Lulu Santos
10. Núcleo Base - Ira!
11. Proteção - Plebe Rude
12. Pop Star - João Penca e os Miquinhos Amestrados
13. Esses Humanos - Supla
14. Agora eu Sei - Zero e Paulo Ricardo
15. Pros que estão em Casa - Hojerizah
16. Dublê de Corpo - Heróis da Resistência
17. Esse seu jeito sexy de ser - Sempre Livre
18. Agora Sei - Kid Abelha
19. Astronauta de Mármore - Nenhum de Nós
20. Carta aos Missionários - Uns e Outros


E até a próxima Marmelada, que deverá acontecer em setembro, quando o Pirão estiver completando dois anos. E para comemorar, o prêmio será um CD duplo. Aguardem e não percam.

Servido por MarcosVP às 11:11



27.7.04
V MARMELADA DE CD DO PIRÃO SEM DONO

Bem amigos do Pirão Sem Dono, chegamos à quinta edição de nossa promoção de CD, hoje definitivamente repaginada como Marmelada de CD: mais moderna, mais irônica, muito mais absorvente e com novo sabor. Nesta edição, comemorando esta época interessante de retomada dos anos oitenta - era de se esperar, afinal é fato que, de vinte em vinte anos, o mundo se repete -, o prêmio da promoção será um inoxidável CD com faixas B da época do Rock Brasil, aquelas músicas que cansaram de tocar na época, mas que as rádios de hoje esqueceram.
Para ganhar o CD, obviamente, o leitor terá de responder a uma pergunta muuuito difícil, e para ajudar, eu perdi um tempo enorme escrevendo um gigantesco - porém interessante - texto sobre o Rock Brasil. Então, senhores, ajeitem-se nas suas carteiras, abram o livro na página 34 e acompanhem a leitura. Eduardinho!!! Sem conversar, menino!

O ROCK BRASIL

Os teóricos tem várias datas para marcar o começo do Rock Brasil. Eu, como teórico - e classificador, NUNCA se esqueçam disso - também tenho a minha, claro. Para mim, tudo começou quando, dentro de um estúdio no Rio de Janeiro, disseram: -"gravando" e Evandro Mesquita soltou a inesquecível frase:
"Sabe essas noites/ Que você sai caminhando sozinho/ De madrugada, com a mão no bolso..."
Pois é. Com a gravação de "Você não soube me amar", pela Blitz, em 1982, começava um movimento que duraria em torno de dez anos: o Rock Brasil, conhecido hoje como BRock. Mas, como tudo o que é histórico, o Rock Brasil não começou em si mesmo. Assim como a mulher dos Raimundos, também teve fases, inclusive sua pré-história.

Pré-Rock-Brasil - No final da década de 70 houve um estouro de música pop no Brasil, justamente com a decadência de tudo o que existia de mais roqueiro e alternativo na época: os grupos progressivos, como o Terço, o Bacamarte e o Casa das Máquinas. Rita Lee saía de sua fase Mutantes/ Tutti-Frutti e começava, com Roberto de Carvalho, sua fase Doobie Brothers, com o sucesso "Lança Perfume". Nas rádios e programas de televisão ("Fantástico", "Globo de Ouro"), apareciam novas bandas pop, como o Herva Doce, Rádio Táxi, 14 Bis e Roupa Nova, com estrutura de bandas de rock. Nos primeiros anos da década de 80, os mineiros (Beto Guedes, Lô Borges) faziam grande sucesso, mas foi um carioca chamado Lulu Santos que, com seu "Zen-surfismo (Como uma onda)" arrebatou as rádios. O inglês Ritchie, advindo do finado Vímana (banda onde tocava junto com o próprio Lulu e mais Lobão e Fernando Gama - hoje no Boca Livre), também aproveitou a onda com sua "Menina Veneno", onda que também foi surfada por Vinícius Cantuária, que emplacou o sucesso "Só Você". O aparecimento da Blitz em 82, entretanto, rompeu a estrutura ao apresentar elementos absolutamente novos naquele cenário: a ironia, a teatralidade, o besteirol e o cotidiano dos jovens. Vários grupos vieram logo depois. No embalo da onda besteirol, apareceram Kid Vinil e os Heróis do Brasil e Eduardo Dusek, acompanhado dos iniciantes Miquinhos Amestrados. Já o adocicado Metrô, da francesinha Virginie, e o mitíco Gang 90 e as Absurdettes adicionaram mais ingredientes no caldeirão que se formava: referências cinqüentistas, estética junkie e a teoria do amor livre naqueles anos de fim de ditadura. Esta última temáticas também foram assumidas como bandeira pelo Barão Vermelho de Cazuza, que começava a despontar no cenário.


O estouro do Rock Brasil (ou 1ª fase) - Em 1985, a ditadura nem bem esfriara no túmulo e um certo Vital se dirigia para Brasília de moto, para comemorar o enterro dos militares em um show dos Paralamas do Sucesso. Seguindo essa caravana libertária, dezenas de bandas sensacionais surgiram, promovendo um dos mais prolíficos movimentos musicais brasileiros de todos os tempos. Não havia como ficar indiferente. A novidade era que, em contraposição à bossa nova, tropicalismo e jovem guarda, movimentos regionais que ganharam dimensões nacionais, as bandas de rock surgiam de todos os lugares: do Rio de Janeiro vinha o Barão Vermelho, com toda a ironia do poeta Cazuza. Da Bahia, Marcelo Nova e seu Camisa de Vênus, se apresentavam como os sucessores de Raul Seixas, herdeiros de toda sua irreverência. De São Paulo vieram o Ultraje a Rigor, legítimo elo de ligação entre o besteirol pré-Brock e o peso que já se antevia no começo da primeira fase e as letras sombrias e guitarras nervosas do Ira!, de Nazi e Edgard Scandurra, considerado por muitos o melhor guitarrista da época. Do sul, chegavam os acordes tensos e letras proféticas dos Engenheiros do Hawaii. E em Brasília, a meca que inspirou o Paralamas de Herbert, Bi e Barone, surgiram três grupos que sacudiram as estruturas, derramando sobre uma juventude recém-liberta, toda a fúria de muitos anos de silêncio: o Capital Inicial, a Plebe Rude e principalmente o Legião Urbana do messiânico Renato Russo. Por fim, em 1985, um evento mitológico viria a legitimar toda essa turma, que acrescida dos cariocas da Blitz e do açucarado Kid Abelha, tinha pela primeira vez um lugar de destaque junto aos grandes roqueiros do mundo: o primeiro Rock'in Rio.
Nos anos seguintes, muitos outros grupos e artistas se firmaram no movimento, de formas às vezes inusitada. Lobão apontava para tudo e todos, sua metralhadora verborrágica, que feria principalmente comportamentos. Léo Jaime e os Miquinhos Amestrados mantinham viva a essência do besteirol cinqüentista, acompanhados de perto pela estética loser do Biquíni Cavadão. No rastro da bela Paula Toller, vinha Dulce Quental e seu Sempre Livre. Supla se aproveitava da onda punk-de-boutique, que deixara frutos depois dos sucessos de Nina Hagen e Billy Idol no exterior. O noneto Titãs, que começara a carreira usando um visual voltado para o brega das boy bands como os Menudos, deu um outro rumo para sua música, e ao lançar o álbum "Cabeça Dinossauro", tornou-se a banda mais pesada do Rock Brasil. O RPM de Paulo Ricardo e o Zero de Guilherme Isnard faziam a vertente glam desta fase. E orbitando tudo, Lulu Santos compunha as melhores músicas de sua carreira.


A 2ª fase e o fim. - É difícil achar o ponto exato que marcou o fim da primeira e o começo da segunda fase do Rock Brasil, mas sem dúvida as motivações de vários dos ídolos do momento mudavam. Um dos fatos marcantes desta mudança foi a ruidosa saída de Cazuza do Barão Vermelho. Com a descoberta da doença do poeta do rock, ficou muito claro que a melancolia e o pessimismo haviam vencido a euforia dos primeiros anos. E as bandas de sucesso da época mostraram isso. O Hojerizah, de Tony Platão emplacava a soturna "Para os que estão em Casa". Kiko Zambianchi cantava seus "Primeiros Erros" e Lobão dizia que "O Rock Errou". Renato Russo fechava seu Legião Urbana em um mundo nublado. Os "Astronautas de Mármore" do Nenhum de Nós eram a metáfora daquilo que "não era mais o mesmo, mas estava em seu lugar".
O besteirol ainda resistia nas vozes sardônicas do trio Inimigos do Rei, de onde sairia o músico pop - a eterna lei do retorno - Paulinho Moska. Os Heróis da Resistência, de Leoni, exilado do Kid Abelha, voltavam a uma temática impessoal, de amores doloridos e dublês de corpo sem rosto. Os missionários pagãos do Uns e Outros davam seu último respiro em busca da criatividade perdida. Enquanto isso, o Finis Africae e o repaginado Paralamas apontavam o rumo da nova década: a fusão de ritmos. Chico Science viria abençoar o caminho anos depois.
Em 1990, Cazuza morreu, em plena era Collor, em pleno momento de auge dos sertanejos, aos quais se seguiriam os pagodeiros, os grupos de axé e de forró, e por fim, desembocariam na moderna música brasileira, o que Lobão há alguns meses chamou de "papauêra". Cazuza, que dividira em duas as fases do BRock, era o paradigma da geração dos jovens fracassados do pós-ditadura. A mistura bombástia de libertarismo e falta de ideologia preconizada pelo poeta mostrava a que vinha. Os jovens que gritaram palavras de ordem nos shows de rock, eram os mesmo que agora choravam com os pagodes e rebolavam a bundinha nos carnavais.

A resistência enfraquecida - A morte de Renato Russo em 1996, já não mexeu mais com o mercado. O Legião Urbana era um doente no CTI. Renato ensaiou anos antes o que seria o único caminho possível para os grupos que ainda resistiam na cena roqueira do Brasil: a mudança de estilo. Gravou standards, caminho que foi seguido anos depois pelos Titãs. O Kid Abelha encontrou o nicho dos zen-surfistas abandonado por Lulu Santos - agora ligado à música eletrônica - e o arrebatou com sucesso. O Barão Vermelho, capitaneado agora por Frejat, manteve-se em um nível de rock quase underground, até que os projetos solo do guitarrista prevaleceram. O Paralamas manteve-se em sua estrada fusion, buscando para enriquecer sua música, elementos latinos que estavam ganhando público. Os Engenheiros, o RPM, Biquini e Ultraje a Rigor tornaram-se caricaturas de si mesmos, vivendo de inefetivos revivals, voltas estas que só começaram a dar certo quando o Capital Inicial, em seu show acústico, reabriu as portas do já velho Rock Brasil para a nova leva de aprendizes. Os Paralamas, os Titãs, agora um hepteto, o Kid Abelha e mais recentemente o Ira! fizeram o mesmo com inquestionável sucesso.
A cena roqueira agora estava nas mãos do Skank e sua mistura bem azeitada de reggae e britpop; dos punks Raimundos e Charlie Brown Jr.; Do pop-farofa de J. Quests e LS Jacks; do heavy metal inglês do Sepultura; do pseudo-new-metal de CPM-22 e Detonautas; da mistura de distorção e amor do Los Hermanos e dos undergrounds Tijuana e Tianastácia. Paulinho Moska é um cantor de MPB. Lobão é uma lenda independente enterrada em seu próprio sarcófago autista. Herbert Vianna ainda canta e toca, mas já não fala muito bem. Arnaldo Antunes tribalizou, Nando Reis romantizou e se deprimiu com a morte de Cássia Eller, a última grande rockerman do país. Dado Villa-Lobos é produtor. Frejat canta baladas. Léo Jaime virou dublê de colunista e DJ de festinhas dos anos 80. Paula Toller continua gostosinha e Jorge Israel continua viadinho. Evandro Mesquita é ator, Fernanda Abreu faz pop-funk-sambalanço, Lulu Santos remixa-se a si mesmo eternamente, Humberto Gessinger enlouqueceu em seus próprios pensamentos estranhos. Tony Platão comenta futebol das 20 às 21h na Rádio Cidade e é realmente um pândego. Raul Seixas morreu, Júlio Barroso morreu, Marcelo Frommer morreu, Herbert Vianna quase e eu mesmo não me sinto muito bem. Enfim, rock é isso mesmo. O mundo roda, a Skol é redonda e assim vamos levando. Let's rock. And roll.


Muito bem, amiguinhos! Depois de terem lido esse plasmonizante texto, vamos à nossa promoção. Dessa vez, o vencedor terá de passar por uma prova facinha, facinha. Então, lá vai: o primeiro comment que trouxer o nome de oito músicas da época do Rock Brasil que apresentem nome de mulher no título, vai levar o CD. E como eu estou magnânimo, vou aceitar até nomes de música que não estejam exatamente corretos, desde que o nome da mulher esteja certo, ou seja: você podem citar somente o nome da mulher, desde que ele realmente apareça no título. Outra coisa: tem que citar o grupo que gravou a música.

Mais três observações: eu já contei mais de dez músicas com nome de mulher, ou seja, a resposta pode variar; todos os autores dessas músicas estão citados nesse texto, e por fim: tem que ser músicas da época do Rock Brasil: não adianta colocar "Anna Júlia" ou "Carla" que eu não vou aceitar. Ficou fácil, não? Então, mãos à obra, cabeça para funcionar, que dessa vez o Google não vai ajudar. E todo mundo está liberado para participar. Que vença o mais melhor. Boa sorte a todos.

Servido por MarcosVP às 10:55



23.7.04
TEST DRIVE

Eu não sou muito chegado a esses testezinhos de internet não. Mas sabe que eu gostei do resultado desse aqui? Cortesia da Carol.

vamp
You are Form 9, Vampire: The Undying.

"And The Vampire was all that remained on
the blood drowned creation. She attempted to
regrow life from the dead. But as she was
about to give the breath of life, she was
consumed in the flame of The Phoenix and the
cycle began again."


Some examples of the Vampire Form are Hades (Greek)
and Isis (Egyptian).
The Vampire is associated with the concept of
death, the number 9, and the element of fire.
Her sign is the eclipsed moon.

As a member of Form 9, you are a very realistic
individual. You may be a little idealistic,
but you are very grounded and down to earth.
You realize that not everything lasts, but you
savor every minute of the good times. While
you may sometimes find yourself lonely, you
have strong ties with people that will never be
broken. Vampires are the best friends to have
because they are sensible.


Which Mythological Form Are You?
brought to you by Quizilla


Servido por MarcosVP às 13:47




GRANDES PESSOAS QUE EU JÁ FUI

Sabem que a Thania me acha a cara desse sujeito aí? Eu mesmo acho que tenho uma cara tão comum que dá para me passar incólume por qualquer um, de Jack Bouer a Jesus Cristo. É, talvez não dê para me disfarçar de Carlinhos Brown, mas enfim. E hoje, minha fabulosa assessora para assuntos de datas históricas me disse que hoje, 23 de julho, é a data do famoso golpe da maioridade, que deu a D. Pedro II, o título de regente com 14 anos de idade. Ou seja, assim como eu, o bicho é leonino. É... pode ser.
Além disso, hoje também é aniversário de Flávio Venturini, de Nélson Rodrigues, da popozuda Sheila Mello e também de um dos episódios mais sangrentos da história moderna do Brasil: a chacina da Candelária.

Eu ouvi alguém dizer "Tá, e daí?"
Ah, bom.

Servido por MarcosVP às 11:52




PIRÃO DROPS

- Essa é para meus 17 leitores: quarta-feira passada, estreou a minha coluna no site SoBReCarGa. É um fanzine digital bem transado, com muita gente boa falando principalmente de cinema, cyber cultura, música e HQs. Eu, como sói, sendo este ser setentista e antiquado que sou, serei o único dos colunistas a escrever primordialmente sobre o rádio - falando de música, comportamento, cultura e mercado, mais ou menos nos mesmos moldes dos meus textos no Pirão. Então, já sabem: toda quarta - assim espero - vai ter coluninha do VP - que se chama "Rádio Blá" - no SoBReCarGa.

- Lembram da minha gravidez? pois ela está andando bem nas últimas semanas. Pela última ultrassonografia, o feto é bem-formado e está crescendo rápido. O pai é que está em plena fase de decomposição. Tudo dói.

- Sei que muita gente já cansou de ouvir os meus choramingos de talentoso marqueteiro frustrado, injustiçado pela vida, pelo mercado e pela feladaputa da governadora do Rio. Mas na próxima terça-feira, vocês verão que eu tinha razão: eu sou, na verdade, um gênio do mal incompreendido. E vou provar que sou bom. E o melhor: com esse orçamento de zero mil, zerocentos e zerenta e zero reais do Pirão Sem Dono. Imaginem a grana de uma Coca-Cola nas minhas mãos. Vocês vão ver. Não perdem por esperar.

Servido por MarcosVP às 11:36




A GUERRA DAS CABEÇAS (5ª PARTE)

As escolas existiam apenas de fachada. Foram abolidas as avaliações e provas. Ninguém era reprovado. Durantes vários meses, a pressão dos anti-cabeças sobre o congresso fez passar leis mais brandas para crimes ligados a tudo que tivesse relação com o prazer e a diversão. Depois da revogação da lei do silêncio, leis mais brandas sobre o fumo, a bebida e o trânsito foram aprovadas. O ministério da cultura foi extinto. Os parlamentares cabeça, caçados. As universidades e colégios públicos foram asfixiados pela falta de verba. Os terroristas foram caçados impiedosamente e muitos morreram nas prisões e a guerrilha começou a arrefecer, ao mesmo tempo em que recrudescia o sentimento de liberdade na população anti-cabeça. Era o sonho da comunidade narcísica e hedonista por excelência, ainda que nenhum dos anti-cabeças soubesse ao certo o que significava isso. Aos poucos, ao correr de meses e anos, os anti-cabeças dominaram as artes, a política, e tudo o que chamavam de produção cultural, na televisão, cinema e música. O teatro praticamente foi extinto, pois nem mesmo as pornochanchadas e musicais atraiam os anti-cabeça, que não conseguiam sequer ficar calados por mais de dois minutos dentros das salas. Enquanto isso, nas fazendas que ainda resistiam na clandestinidade no campo - pois nenhum anti-cabeça conseguiu supor que justamente no lugar mais sem graça do país os cabeças fossem se esconder - os mais jovens eram preparados para a hora da revanche. A filosofia e a ciência foram difundidas, a arte criativa e as artes da guerra e da estratégia. Eles sabiam que, um dia, a sociedade anti-cabeça iria falir, implodiria. E a implosão veio, sutilmente.

Leia a primeira parte aqui.
Leia a segunda parte aqui.
Leia a terceira parte aqui.
Leia a quarta parte aqui.

Servido por MarcosVP às 11:24



20.7.04
PIRÃO DE ÁGUA FRIA SEM SAL 44

A Thania até disfarçou na hora, para que eu não visse a cena e tivesse uma congestão, mas a verdade é que, no Fantástico de domingo passado, lá estavam eles: Rogério Flausino e sua gangue do Jota Quest, gravando o quadro "Repórter por um dia" e tirando a clássica fotinha na Abbey Road St. Bobagem, eu nem ligo. Já passou tanta gente marromenos por Abbey Road depois dos Fab Four que nem adianta querer ter o lugar como templo imaculado do rock/pop. Ném. Deixem esses mequetrefes se divertirem achando que Abbey Road ainda é alguma coisa. Droga nenhuma. Qualquer pé rapado entra lá e grava disco.

Qualquer dia é Frank Aguiar.

Servido por MarcosVP às 13:15




NA VITROLA

Elo (Jorge Vercilo) - Eu já tinha escutado o disco "Leve"(2000) de Jorge Vercilo e saí da experiência com a agradável sensação de que ali estava um artista honesto e talentoso, tanto como compositor quanto como intérprete. Depois disso, não me animei muito em procurar coisas novas, visto que suas músicas tocam incessantemente na rádio adulta. Passou o disco "Elo" (2002), veio o disco "Livre" (2003) e só dia desses eu consegui escutar o Elo por inteiro. Ato contínuo, pedi para fazer uma cópia, a qual nem precisei fazer, pois ganhei o CD (" - pode ficar, não gosto dessa porra não..."), e nesses últimos dias, ele anda tocando até furar no carro. Pronto! - direis - o VP ensandeceu.
Mas afinal de contas, por que, contra todas as expectativas do que seria o meu gosto, eu gosto de Jorge Vercilo? Bem, todos sabem que Jorge Vercilo é maciçamente criticado por ser comercial, babento, popzinho de boutique, de ser genérico de Djavan e tantas outras coisas subjetivas. Então, antes de mais nada, eu o defendo porque considero grande parte dessas críticas injusta. E eu odeio injustiça.
Jorge é comercial? Sim, sem dúvida. E o que isso tem a ver com a qualidade do que ele faz? Os Beatles foram a banda mais comercial da história e são gênios indiscutíveis. Ou seja, chamar alguém de comercial não é crítica que se apresente. Já "ser babento", é apenas uma escolha de estilo, que pode ser tão abominável para quem não gosta, quando o é o grupo que faz música "dançante". Se é questão de estilo, encontra-se coisas boas em todos eles. E ruins também. Chamá-lo de "popzinho de boutique" é querer desqualificar o estilo. Jorge é pop sim, tão pop quanto os incensados Vander Lee e Ana Carolina. E por fim, quanto a ser clone de Djavan, eu aprendi com Isabella Taviani que ninguém tem culpa pelo timbre de voz com o qual nasce. Não é desonestidade ter a voz parecida com a de outra pessoa. Como cantor, desonestidade seria não trabalhá-la da melhor forma. E Jorge faz isso à perfeição: ele continua sendo um excelente cantor, de ótimo alcance e que praticamente não desafina.
O disco Elo, que ouvi dia desses é mais um trabalho de qualidade do compositor carioca. Assim como no álbum "Leve", Jorge acerta mais que erra. Tem hits consagrados como "Homem Aranha", "Que Nem Maré" e a difícil "Fênix", parceria com Flávio Venturini. Mas é no lado "b" que ele se mostra mais talentoso, com musicas como "Suave" e "Celacanto", belíssimas. Como incômodo, ficam os indefectíveis remixes que ele traz ao fim de cada um de seus CDs. Não precisava. No final das contas, os discos de Jorge Vercilo entregam exatamente o que prometem: boa música pop, para ser ouvida despreocupadamente, sem dramas, para levantar o astral sem a obrigação de se sair por aí pinotando como pipoca em dia de carnaval. A felicidade pode ser tranqüila, às vezes.

Bar do Mineiro (vários) - Certo dia, a Thania me chegou em casa cheia de vergonha. Disse que eu ia dizer que ela era uma bêbada, por ter comprado a trilha sonora do Bar do Mineiro (Dubas). Ora, quem sou eu para discutir com ela? E mais: eu apoio e acompanho. E afinal, o CD é bem legal, apesar de - sim, é seu grande defeito - ser eclético demais. E como todos sabem, não há meio mais rápido de fracassar do que tentar agradar a gregos e troianos, já dizia Brad Pitt.
O Bar do Mineiro, para quem inguinora, é um tradicional estabelecimento do alternativo bairro de Santa Teresa, no Rio, que agrada tanto aos notívagos quanto aos que o procuram para almoçar a substanciosa feijoada que brilha em seu cardápio. Mas eu desconhecia que o gosto musical da casa era tão amplo. No disco, você encontra desde o samba de raiz da talentosa Teresa Cristina e o grupo Semente ("Coração Leviano"), até a ultra moderna Lan Lan ("Delaveraveraboom"), da ironia rascante de Cássia Eller ("Gatas Extraordinárias") ao popzinho Trama style de Affonsinho ("Escândalos de Luz"), do soul que vem do cóccix ao pescoço de Elza Soares ("Hoje é dia de Festa") ao batuque monobloquista de Pedro Luiz e a Parede ("Caio no Suingue"), da bossa moderna de Chico Buarque ("Carioca") ao tropicalismo de Gil ("Aquele Abraço"). Enfim, apesar da aparente colcha de retalhos, o CD é bom. Pelo menos, as músicas foram bem escolhidas, como sói nos trabalhos do selo de Ronaldo Bastos. Ah! Só um finalmente aqui: eu e a Thania mesmos, nunca fomos ao Bar do Mineiro. Nossa casa em Santa Teresa é o Santa Saideira (Largo dos Neves), que tem uma trilha sonora bem mais ao nosso gosto, Bohemia estupidamente gelada, e pasteizinhos honestos de carne-seca e siri com catupiry. A gente se encontra lá.

Servido por MarcosVP às 12:37



18.7.04
SÉRIAS SÉRIES

Essa última sexta-feira foi pródiga em eventos incomuns acompanhados de frases estranhas. Só partindo para a completa galhofa para tentar entender certas coisas...

1. Da série "que sujeito mais sem predicado... parece até um aposto" (*) ou "oxímoros, catacreses, zeugmas e demais figuras obscuras, que a gente não usa nunca ou não liga o nome à pessoa"...

Fiquei afônico de tanto escrever.

2. Da série "frases curtas que contem informação em excesso"...

Não uso mais cuecas. Desapeguei.

3. Da série "frases com duplo, triplo e quadruplo sentidos, que jamais deveriam ser usadas fora de contexto"...

Ganhei um CD de Jorge Vercilo de um negão amigo meu, muito romântico.

4. Da série "diálogos despertinentes"...

- Pô, estou com uma puta tendinite no braço direito. O pior é que é o braço que eu uso para quase tudo: digitar, usar o mouse, segurar criança...
- Tocar punheta...
- Hein??? não!
- Usa o esquerdo?


(*) - Valeu, Wagner.

Servido por MarcosVP às 14:29




NOVA MODINHA

Como publicitário e marketeiro, ainda que rebelde, tenho o vício incontrolável de experimentar tudo o que é novidade. O Friend Test foi a última delas. Cliquem aqui e vejam se realmente vocês, meus dezessete leitores fiéis, conhecem mesmo o meu blog.

Servido por MarcosVP às 14:19




POVO DE DEUS

Minha vingança é que eu sempre terei essa foto para rir desses feladaputas. Porque você pode maquiar o futuro. Mas não apagar o passado.



(N. do T. - Foto roubada sem qualquer autorização do Blog do Santa.)

Servido por MarcosVP às 13:28



16.7.04
A GUERRA DAS CABEÇAS (4ª PARTE)

A revolta dos anti-cabeças se radicalizou na mesma proporção que os ataques dos "sutis" se tornavam mais violentos. Ninguém estava seguro nas cidades. Aos montes e secretamente, fugindo do barulho das cidades, começaram a migrar para o campo a maioria dos cabeças urbanos. O campo era um lugar seguro, pois era tão chato, silencioso e sem graça que só a sua menção fazia os anti-cabeças estremecerem. O que eles não sabiam é que nem todos pensavam assim. E deste modo, comunidades secretas foram criadas, disfarçadas em fazendas produtoras de alimentos, com o intuito de preservar os traços da cultura do país: a literatura, a história, a música, o teatro, o cinema. Os cabeças que tinham mais dinheiro patrocinavam as "fazendas culturais" enquanto proviam os grupos terroristas - sim, não só os "Sutis" ainda atuavam, como novos grupos forma criados, como o "librorum" e os "aforistas". Muita gente se refugiu nas fazendas com suas famílias, tentando se esconder e não chamar a atenção. Professores, historiadores, escritores, músicos e artistas de vanguarda, jornalistas e ate alguns esportistas conhecidos chegaram a viver por um longo período reclusos no campo, enquanto nas cidades, muitos importantes cabeças foram presos, torturados e exilados, a maioria deles mandado para a Europa. Alguns ultra radicais foram enviados para Buenos Aires ou Havana.
Nas capitais, o sufocamento dos cabeças continuava a acontecer sistematicamente com o apoio dos governantes e parlamentares anti-cabeça. Toda a programação de televisão já estava alienada. As bibliotecas que sobraram dos ataques anti-cabeça foram fechadas.Grandes teatros foram lacrados. Livrarias fechavam as portas aos montes - ninguém queria ser visto entrando nelas. O cinema só exibia filmes pipoca americanos. E cada vez mais, mesmo com o medo de ataques dos terroristas cabeça, as festas e pagodes e churrascos e micaretas continuavam aumentando de número e de intensidade. As cidades fervilhavam numa alegria perene, com centenas de carros parados nas calçadas com música nas alturas. Nos prédios, a maioria da janelas estavam fechadas e às escuras. Os cabeças urbanos que sobraram não ousavam reclamar. Usavam subterfúgios para poder dormir, como algodões no ouvido e paredes acolchoadas, ou mesmo se acostumavam ao barulho. (continua).

Leia a primeira parte aqui.
Leia a segunda parte aqui.
Leia a terceira parte aqui.

Servido por MarcosVP às 12:06




ANTES À TARDE DO QUE NUNCA

Ninguém notou, mas à guisa do que fazia o cara do livro 1984, eu alterei o passado colocando mais uma meia dúzia de rockers de meu gosto na lista abaixo. Acho que vou ficar fazendo isso para sempre. Sempre terá alguém que eu esqueci...

Servido por MarcosVP às 11:54



13.7.04
IT'S ONLY ROCK'N ROLL, BUT I LIKE IT

Hoje é o Dia Mundial do Rock, que é música para homens de verdade, heteros, machões e caras sérios, ainda que de calças coladinhas. Quer dizer, eu estou falando dos guitarristas, né? nunca ninguém ouviu falar de um guitarrista que agasalhasse. Já vocalistas, iiih... tem um monte que... Ó! Quer dizer, não que todo vocalista seja gay, tem muito vocalista machão e comedor por aí. Não, espera aí, eu não tenho nada contra gays e este blog não é homofóbico. É que...Ah! Chega dessas desculpinhas ridículas!!! Isso aqui é um post sobre rock e não sobre preferências sexuais de quem gosta de dar a rodela por aí. Não, pelo amor de Deus!!! Eu já disse que o cara pode dar a bunda para quem quiser e tá tudo bem, eu não tô nem aí. NÃO!!! EU NÃO ESTOU SENDO AGRESSIVO, PORRA!!!

É, mas e daí que estivesse? Rock é isso mesmo. Não dar desculpas, mas transgredir, transformar, chocar, modificar, subverter. E por isso mesmo eu não vou ficar aqui falando de rock. Muita gente já falou disso e está falando por aí. Pronto, minha transgressão é fazer silêncio para homenagear o barulho.

Não, o rock não morreu. Só tomou um gardenal e tá quase bom de novo.

Bill Halley, Chuck Berry, Jerry Lee Lewis, Jon Anderson, Chris Squire, Alan White, Trevor Rabin, Steve Howe, Rick Wakeman, Patrick Moraz, Paul McCartney, George Harrison, Mick Jagger, Keith Richards, Rod Stewart, Jimmy Page (foto), Robert Plant, John Bonham, John Paul Jones, Bono Vox, "The Edge", Adam Clayton, Larry Mullen Jr., Slash, Axl Rose, Mark Knopfler, Sting, Andy Summers, Stewart Copeland, Vernon Reid, Corey Glover, Geddy Lee, Neil Peart, Alex Lifeson, Fish, David Gilmour, Roger Waters, Nick Mason, Rick Wright, Kurt Cobain, Chris Novoselic, Dave Grohl, Taylor Hawkins, Angus Young, Phil Collins, Peter Gabriel, Tony Banks, Michael Rutherford, Daryl Struermer, Chester Thompson, Adrian Smith, Bruce Dickingson, Steve Harris, Nicko McBrain, Dave Murray, Janick Gers, Freddie Mercury, Brian May, Roger Taylor, Alanis Morissette, Avril Lavigne, Noel Gallagher, Liam Gallagher, Ozzy Osbourne, Randy Rhoads, Tony Iommy, Ritchie Blackmore, Ian Anderson, Martin Barre, Morrissey, Johnny Marr, Ian Gillan, John Lord, Ian Paice, John Entwhistle, George Michael, Elton John, Keith Emerson, Keith Moon, Pete Townshend, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrisson, David Gates, Siouxie Sioux, Chryssie Hynde, Mathias Jabs, David Coverdale, Thys Van Leer, Eric Clapton, Robert Smith, Porl Thompson, John Frusciante, Anthony Kiedis, Flea, Dave Navarro, Michael Stipe, Dave Lee Roth, Amy Lee, Debbie Harrie, Joey Ramone, Shirley Manson, Gwen Stefani, John Cougar Mellencamp, Billy Corgan, Madonna, Steven Tyler, Joe Perry, Dolores O´Riordan, Fergal Lawler, Mike Hogan, Noel Hogan, Herbert Vianna, João Barone, Bi Ribeiro, Marcelo Nova, Evandro Mesquita, Márcia Bulcão, Fernanda Abreu, Virginie, Selvagem Big Abreu, Avellar Love, Ed Motta, Paulinho Moska, Léo Jaime, Júlio Barroso, May East, Sérgio Hinds, Luiz Moreno, Cazuza, Frejat, Dé, Arnaldo Antunes, Branco Mello, Paulo Miklos, Nando Reis, Sérgio Britto, Charles Gavin, Nazi, Edgard Scandurra, Phillippe Seabra, Jander Biaphra, Lobão, Humberto Gessinger, Dulce Quental, Eduardo Dusek, Renato Russo, Marcelo Bonfá, Dado Villa-Lobos, Renato Rocha, Dinho Ouro-Preto, Loro Jones, Marcelo Sussekind, Lulu Santos, Liminha, Jorge Israel, Bruno Fortunato, Paula Toller, Samuel Rosa, Haroldo Ferretti, Cássia Eller, Rodolfo, Digão, Canisso, Fred, Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Tico Santa-Cruz e todos os outros dos quais me esqueci nesse breve apanhado...

Obrigado por tudo.

(N. do T. - Amor, obrigado pela pauta.)

Servido por MarcosVP às 13:42




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