Dona Duda

 
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30 de julho de 2007
 
   
   
   
   
 
 
 
Olhos da cor do mar que, de tão claros, deixam transparecer saudade quando o assunto é ciranda. A expressão é de Vitalina Alberta de Souza, a eterna cirandeira da praia do Janga. O apelido Duda foi escolhido por ela mesma, quando ainda era criança e balbuciava as primeiras palavras. O tempo passou, a menina cresceu na beira do mar e quando virou mulher surgiu uma das mais conhecidas figuras da cultura popular pernambucana: Dona Duda.

A cirandeira, nacida no dia 16 de abril de 1923, compõe canções com a espontaneidade das brincadeiras de criança, diz que para ela não há nada melhor do que ver mãos pegadas umas nas outras, dançando com a ginga das ondas do mar. "É bom saber que tem gente jovem que se interessa pela nossa cultura. A ciranda para mim é como um jardim e o que me deixa mais feliz é ver minhas flores e meus cravos tudo florindo", diz emocionada, durante uma entrevista realizada em 2001.

A brincadeira de roda faz parte de sua vida desde os nove anos, quando a diversão era juntar as amigas, dar as mãos e dançar. Mas, antes de se dedicar unicamente ao folguedo, Dona Duda ganhava a vida como costureira. Em 1969 veio a idéia de criar um bar na praia do Janga, onde foi morar depois de casar.

O sucesso não demorou. "Quando os freqüentadores do bar descobriram que todo sábado tinha ciranda, a praia pegou fogo", diz animada na mesma entrevista. Logo, o cenário quase deserto de Paulista, na Região Metropolitana do Recife, foi tomando forma e se desenvolvendo. Um dos maiores orgulhos da cirandeira foi ter visto e ajudado a cidade crescer com sua ciranda, que logo integrou o calendário turístico de Pernambuco.

"A idéia de promover a ciranda na praia foi a única maneira de distrair os filhos dos pescadores, que não podiam freqüentar as rodas de coco", relembra durante a entrevista realizada em 2001. Porém, a Ciranda de Dona Duda ultrapassou limites e brilhou por cinco anos, fazendo sorrir os que por ali passaram. Vieram festivais, realizados na praia, que renderam prêmios e um disco gravado pela extinta Rozemblit.

 
   
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