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Casa nova

Palácio dos Campos Elíseos pode voltar a ser sede do governo paulista

Publicada em 20/03/2008 às 15h06m

Fabiana Parajara, O Globo Online

Palácio dos Campos Elíseos, que pode ser a nova sede do governo paulista - Divulgação

SÃO PAULO - A sede do governo paulista pode sair do Morumbi. O Palácio dos Bandeirantes, residência oficial do governador desde 1964, pode ser trocado pelo Palácio dos Campos Elíseos, na Avenida Rio Branco. Projetado por um arquiteto alemão por encomenda de um dos barões do café, o palácio vizinho ao centro da cidade foi sede do governo paulista por 53 anos. Durante muitos anos foi ocupado por diversas repartições públicas, até ser reformado e ocupado pela Secretaria de Ciência e Tecnologia.

Há dois meses, um grupo de cerca de 15 professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP se dedica a desenhar o projeto da nova residência oficial, a pedido do governador José Serra. A idéia dos arquitetos é modificar todo o entorno do palácio, de forma a integrar os bairros de Campos Elíseos, Bom Retiro e Pari. O relatório final deve ser entregue na segunda-feira, segundo o professor Sylvio Sawaya, diretor da FAU e amigo pessoal de Serra. Mas, parciais do projeto já estão com o governador.

- É um projeto belíssimo, que vai criar um novo tecido urbano valorizando tudo que já está construído. O tráfego passará por baixo, em túneis, ou por cima, para poder dar aproveitamento total à área, privilegiando aparelhos culturais - afirma Sawaya, sem revelar quanto pode custar a reforma toda.

Uma coisa, porém, é certa: Serra não deve habitar o novo palácio. Apesar de seu empenho pessoal no projeto, as intervenções mínimas para mudança só ficariam prontas em dois anos. Se começar este ano, o prazo é 2010, último ano da gestão do governador, que sonha com outro palácio, o da Alvorada, em Brasília. Ao novo governador caberá, então, a decisão final de mudar.

Pelo projeto, o Palácio dos Campos Elíseos seria integrado a outros quatro prédios tombados da região, que serviriam como gabinetes para secretarias de estado.

A Avenida Rio Branco seria parcialmente ajardinada e o tráfego passaria por baixo, num túnel entre a Alameda Nothmann e a Avenida Duque de Caxias. De acordo com Sawaya, o palácio seria rodeado por um jardim entre 10 e 15 metros, o que evitaria também o problema de barulho. Outras intervenções ocorreriam pontualmente em toda a vizinhança para revitalizar a região.

Para transformar parte do prédio em residência, segundo Sawaya, as reformas não são grandes. No subsolo, térreo e jardins ficariam as áreas públicas e de administração. Junto com os jardins, os salões seriam usados para receber autoridades. No primeiro andar ficaria o gabinete e, no último piso, a residência oficial.

- Basicamente, teríamos de remover algumas colunas para ficar plenamente habitável (o último piso) - diz Sawaya.

Ainda entre as medidas planejadas pelos arquitetos está a transferência do terminal de ônibus Princesa Isabel para outro local.

- Ali, teríamos um espaço aberto à população, com capacidade para até 5 mil pessoas, numa espécie de praça aberta para shows e apresentações - afirma o professor.

O projeto cai como uma luva em outro plano, o da Prefeitura de São Paulo, que já está em andamento, de transformar a área conhecida como Cracolândia num pólo cultural. Serra lançou a revitalização da área no ano que esteve à frente da Prefeitura da capital. A região já abriga o Museu da Língua Portuguesa, a Sala São Paulo e a Pinacoteca. Em breve haverá também um Teatro de Dança, no prédio da antiga rodoviária da cidade, até agora ocupado por um shopping e que foi desapropriado.

- Propomos uma ampliação da Pinacoteca, a criação de um museu da Ciência na Avenida Tiradentes, ao lado da Pinacoteca; e a transformação do antigo prédio da Poli em um centro de referência em Engenharia e Arquitetura - conta o arquiteto.

Sawaya afirma que as intervenções serão feitas de modo a preservar o comércio e, principalmente, as confecções que ficam na área. Pelo levantamento da FAU, o Bom Retiro abriga atualmente o segundo maior pólo de confecções do mundo, atrás apenas de Nova York.

Para a revitalização da Luz, estão previstos incentivos fiscais para que empresas ocupem a região e ainda a mudança de órgãos públicos, como a Prodam, para lá. Para os urbanistas da FAU, a revitalização pode atravessar a Avenida Tiradentes e beneficiar ainda os prédios da Cavalaria da Polícia Militar e a Igreja de São Cristóvão, entre outros.

- Para mim, que conheço o governador desde os bancos escolares, o projeto tem um fundo afetivo. Quando meninos, ele morava na Mooca e eu na Barra Funda, mas costumávamos atravessar todo o centro a pé. Um projeto assim tornaria isso possível novamente, mas mantendo a malha viária que já está construída - afirma o professor.

Segundo ele, a proposta já foi avaliada também pelo Comando da Polícia, que o considerou viável mesmo em casos de manifestação. Ou seja: o palácio pode ser isolado do povo em caso de protestos.

O arquiteto não sabe que destino será dado ao Palácio dos Bandeirantes em caso de mudança da sede do governo para o centro.

- O Bandeirantes foi originalmente projetado para ser uma universidade. Talvez ele retome essa função original, passando, por exemplo, para a Unesp, já que as outras duas faculdades públicas já estão estabelecidas. Mas os parques, que são maravilhosos, poderiam virar área pública - diz Sawaya.

A construção do Bandeirantes começou em 1955, para abrigar a Universidade Fundação Conde Francisco Matarazzo. Acabou sendo usado como sede do governo. Atualmente, abriga, além do governador, um rico acervo com mais de 1,5 mil obras, boa parte delas do século XIX.

Campos Elíseos é projeto de arquiteto alemão

O Palácio dos Campos Elíseos foi um projeto do arquiteto do alemão Matheus Häusler para o barão do café Elias Antônio Pacheco e Chaves. O prédio foi inaugurado em 1898 com muitas novidades trazidas exclusivamente da Europa, como maçanetas de porcelana, terracotas da Itália e fechaduras e dobradiças dos Estados Unidos.

Em 1911, o palácio virou sede do governo e residência oficial do governador, que na época era Manuel Joaquim de Albuquerque Lins do Estado de São Paulo. Logo depois, os gradis que circundavam o prédio deram lugar a muros altos que escondiam o prédio de quem passasse pela Avenida Rio Branco. Em 1964, o governo foi transferido para o Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi.

Em 1967, o edifício sofreu um incêndio que destruiu o seu telhado e interior, após o qual foi restaurado. Em 2006, uma nova reforma foi feita e o prédio passou a abrigar a Secretaria da Ciência e Tecnologia. O imóvel foi tombado em 1977.

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