Celeumas - Os 55 melhores discos pop nacionais

Logo após fazer a lista de 45 piores discos do pop rock nacional entre 1998 e 2008, percebi que havia uma outra relação de álbuns a ser feita. De fato, pouco tempo depois da lista dos piores ser publicada, recebi pedidos de leitores que queriam que eu dissesse quais os melhores discos do mesmo período. Me pediram nacionais e internacionais e me detive a selecionar trabalhos feitos por artistas brasileiros. Não que listas de bandas e cantores/as gringos/as não estejam nos planos, mas, por ora, vamos falar bem das pessoas e seus discos, certo?

O conceito usado para essa nova lista não mudou. Os discos são colocados em ordem cronológica, com uma das três classificações - muito bom, excelente e clássico - para distinguir os trabalhos e eu me preocupei em ser o mais plural possível, evitando deixar a balança pender para o lado independente ou para o lado mainstream da produção musical brasileira dos últimos dez anos. Me senti tentado a incluir artistas como André Mehmari, Guinga, Chico Pinheiro e Hamilton de Holanda, mas deixei-os de fora por não achar que seus trabalhos - todos belíssimos - são menos pop que o necessário para figurar numa lista como essa.

A verdade é que, pela quantidade de artistas novos, independentes e pouco conhecidos que estão nessa lista, a função de mostrar possibilidades para o leitor aumenta e isso é o mais legal de se escrever sobre música. Por outro lado, a presença de artistas eminentemente pop na relação atesta que os ouvidos devem estar voltados para todas as direções. Há nomes muito conhecidos, outros nem tanto. Sendo assim, leia, releia, fale mal, concorde, discorde, comente. As críticas construtivas sempre são bem aceitas.

Los Hermanos e Adriana Calcanhotto aparecem, cada um, com dois trabalhos.

Felizmente - para todos nós que gostamos de música - essa nova lista tem dez discos a mais que a anterior.

1. Adriana Calcanhoto - Marítimo (1998)
(excelente)

O quarto disco da cantora e compositora gaúcha permanece como seu melhor e mais preciso registro. Com capacidade de sobra para ousar e conseguindo sua identidade musical própria, Adriana alcança um nível altíssimo em Marítimo. Mesmo que o disco não tenha intenção, a idéia de algo fluido é latente por todas as canções, principalmente na busca de uma ponte com o outro lado do Atlântico - mais precisamente com Portugal. Tudo isso é totalmente subentendido, discreto, classudo e aparece de forma brilhante em canções próprias ("Vambora", "Canção Por Acaso), parcerias ("Pista de Dança" - com Waly Salomão, "Asas" - com Antônio Cícero) e versões luminosas como "Por Isso Corro Demais" (Roberto e Erasmo), "Quem Vem Pra Beira do Mar" (Dorival Caymmi, com participação do próprio) e "Mais Feliz", de Bebel Gilberto, Dé e Cazuza. Uma beleza, produzida por Liminha.

2. Mundo Livre S/A - Carnaval na Obra (1998)
(excelente)

Jorge Ben, hip-hop, noise, beats eletrônicos, letras politizadas e até uma influência inesperada de Radiohead, tudo isso coexiste em harmonia em Carnaval na Obra, o terceiro disco do mundo livre s/a. Aqui Fred Zeroquatro e sua trupe resolvem ampliar o espectro musical da banda, co-fundadora do chamado Mangue Beat, ao lado de Chico Science no início dos anos 90. Os vocais entediados dão o contraste necessário à fúria com que percussões, guitarras, cavaquinho e toda a massa de efeitos são colocados em cada canção. Em "Alice Willians" há um aceno simpático aos ritmos do norte do país, especialmente o carimbó, em meio a um ataque de bateria como há muito não se ouvia. A sensualidade escrachada de "Bolo de Ameixa" é o lado-B do lirismo techno-bossa de "Maroca", enquanto "Édipo, o Homem Que Virou Veículo" é puro suingue jorgebeninano. A beleza noise apocalíptica de "Compromisso de Morte" é o final act desse disco assustador. Ouvindo trabalhos como esse não dá pra lamentar a ausência absoluta de criatividade na música feita hoje, onze anos depois.

3. Lobão - A Vida é Doce (1999)
(excelente)

Nem a maior antipatia pela figura de Lobão é capaz de impedir o reconhecimento da quantidade de acertos presentes em A Vida É Doce. Aqui ele conseguiu, finalmente, dialogar com a modernidade, inserir blips e blops eletrônicos, flertar com o trip hop e, ainda por cima, vender tudo isso com autonomia nas bancas de jornais. Era o auge da "fase independente" do cantor e compositor e a beleza desse disco atestava que ele tinha, de fato, algo a dizer e que merecia o respeito exigido após supostas sabotagens sofridas por ele em sua luta por independência criativa ao longo dos anos. Deixando isso de lado, a Vida É Doce traz a melhor balada já composta por Lobão, "Vou Te Levar", com arranjos de cordas - compostos pelo próprio Lobo - e letra bela. Há também a inteligência de "Ipanema No Ar", na qual ele ressalta as belezas de um Rio de Janeiro cinzento e chuvoso. Essas duas canções, além da faixa-título, já credenciam o disco para essa lista.

4. Ira! - Isso É Amor (1999)
(muito bom)

O Ira! sempre foi acusado de imaturidade por críticos, mas detém um público fiel ao longo dos tempos. Após uma sucessão de trabalhos de qualidade inferior na década de 90, a banda via um novo começo na então recém-criada Abril Discos. Veio então Isso É Amor, um compêndio de versões, enquanto o Ira! não compunha material inédito. O que poderia ser uma atitude picareta por parte de Nasi, Scandurra e cia, resultou num honestíssimo disco de homenagens a todo tipo de artistas, muitos deles inesperados. Há versões para contemporãneos da banda, como "Teorema" (Legião Urbana), "Chorando no Campo" (Lobão) e "Telefone" (Gang 90), homenagem à MPB dos anos 60/70, "Um Girassol da Cor do Seu Cabelo" (Milton Nascimento e Lô Borges), "Sentado À Beira do Caminho" (Roberto e Erasmo Carlos), "Jorge Maravilha" (Julinho da Adelaide, pseudônimo usado por Chico Buarque ao longo dos anos negros da ditadura), além de interessantes resgates de "Flash-Back" (do two-hit wonder niteroiense, Dalto) e "Minha Gente Amiga", de Ronnie Von. Um painel belo de uma banda procurando se reinventar com humildade.

5. Skank - Maquinarama (2000)
(muito bom)

A banda mineira chegava a este quinto disco sem saber o que fazer da vida. Os reggaes misturados com batidas da Jovem Guarda já aparentavam esgotamento de formato e seu tom excessivamente pulante e alegre quase condenavam o Skank a ser uma banda apenas dançante, o que "não pega bem" quando um artista quer ser levado a sério. Bobagem. Mas, da indefinição estética surgiu esse belo disco de transição. Se Samuel Rosa e sua turma tivessem optado pelo pop britânico decalcado de "Ali" e "Três Lados" ou pela belíssima e arejada neo-bossa "Balada do Amor Inabalável" (uma inusitada parceria com Fausto Fawcett) ou ainda pelo flerte latino de "Canção Noturna", tudo seria melhor. Maquinarama é um disco cheio de possibilidades e apontaria para um belo futuro, abortado pela banda quando resolveu forçar a barra e ser o Fab Four mineiro em Cosmotron. Em Maquinarama não há nada estudado e esse é seu maior trunfo.

6. Rappin Hood - Sujeito Homem (2000)
(muito bom)

Fazer rap no Brasil sempre foi difícil. Pioneiros dos anos 80 como Thaide e DJ Hum nunca conseguiram escapar das amarras do underground do estilo bem como se limitavam a repetir suas fórmulas mais tradicionais. Rappin Hood foi o sopro de renovação necessário para ampliar os horizontes. Com letras contando a vida dura da periferia paulistana, ele escapa da lenga-lenga dos Racionais MC's a partir do momento que amacia seu discurso em benefício de estabelecer diálogos com outros que não seus companheiros de classe, comunidade ou cruz. Com samplers certeiros de samba, soul nacional e uma verve invejável, Rappin Hood estourou com "Eu Sou Negrão", que contou com participação de Leci Brandão em uma letra de homenagens a grandes nomes da música nacional. Em "É Tudo No Meu Nome" ele chega a encarnar a figura clássica do rapper, mas há sempre a preocupação com a música, a melodia e não apenas com o binômio "rimar e programar batidas monótonas". A maior qualidade deste disco é a sinceridade, mercadoria raríssima num mundo em que as pessoas pensam que Marcelo D2 e Gabriel Pensador são baluartes do estilo.

7. Nação Zumbi - Rádio S.AMB.A (2000)
(muito bom)

O primeiro disco gravado pela Nação Zumbi sem Chico Science é um belo exemplo de banda se reinventando. A julgar pelo disco anterior, Afrociberdelia, não dá pra saber se Chico teria se voltado para o mesmo experimentalismo que a Nação decidiu empreender nesse disco. Há muito dub, muita citação de hip-hop, muito assombro vocal em Jorge du Peixe, ainda sem achar seu próprio estilo, contribuindo para uma interessante sensação de presença de Chico Science. E há a guitarra de Lúcio Maia, seguramente um dos bambas nacionais do instrumento nas duas últimas décadas. As percussões são arrasadoras, mixadas dentro do estômago do ouvinte e as boas canções também contribuem para a boa degustação do disco. "Caranguejo Na Praia das Virtudes", "Azougue" e, sobretudo, "O Carimbó", são petardos inapeláveis.

8. Max de Castro - Samba Raro (2000)
(excelente)

Max de Castro é integrante da chamada "Geração Trama", aquele grupo de artistas que despontaram no início da década, sob o selo da nova gravadora, comandada por João Marcelo Bôscoli. Filho de Wilson Simonal, Max (e seu irmão Simoninha) empreendeu uma ousada viagem pela música negra setentista produzida no Brasil de uma forma até então inédita. Com a mente sintonizada no presente e futuro, Max conseguiu imprimir uma sonoridade própria, cheia de referências legais. Há espaço para beats moderníssimos (geralmente de drum'n'bass) e citações explícitas a nomes como Baden Powell, Cassiano, Tim Maia, Jorge Ben e até Chico Buarque, cujo lado B "Sonho de um Carnaval" é mencionado na letra de "Pra Você Lembrar", a melhor canção de Samba Raro. Esse disco de Max de Castro, cheio de estilo, todo produzido e tocado por ele, é uma beleza que envelheceu dignamente nesses nove anos.

9. Mundo Livre S/A - Por Pouco (2000)
(muito bom)

O quarto trabalho da trupe de Mr. Fred Zeroquatro já aparecia totalmente diferente de seus (bons) discos anteriores. A adoção de uma "banda de mentira" para representar o mundo livre s/a já foi uma severa crítica à pasteurização do sambalanço junto à classe média de Rio e São Paulo. No conteúdo, no entanto, o combo recifense nunca soou tão profissional, afinado e influenciado por Jorge Ben. Canções como "Melô das Musas" ou a faixa-título são crias diretas da reverência ao velho mestre. Há espaço de sobra para outras boas influências, como ska pesado que conduz "Treme-Treme" ou o samba mais clássico em "Super Homem Plus" e "O Mistério do Samba". A verve política das letras de Fred também está presente, principalmente em "Lourinha Americana" e "Batedores (Resistindo ao Arrastão Global)". Mas o grande hit do disco é a sinuosa e jazzy "Meu Esquema", uma canção de amor como só o mundo livre poderia e saberia fazer.

10. Frank Jorge - Carteira Nacional de Apaixonado (2000)
(muito bom)

O Sr. Jorge Otávio Pinto Pouey de Oliveira, conhecido como Frank Jorge, é uma figuraça. Ex-participante de duas bandas importantes do rock gaúcho, Cascavelletes e a excelente Graforréia Xilarmônica, Frank iniciaria uma simpaticíssima carreira solo a partir deste impagável Carteira Nacional de Apaixonado. Não há qualquer tipo de pudor em assumir o flerte firme com as canções e moods da Jovem Guarda e das pop songs douradas do início dos anos 60. A influência de Roberto Carlos, Wanderley Cardoso e outros luminares do estilo é latente. Frank consegue criar uma atmosfera convincente, doce e ingênua, além de conceber boas músicas como "Cabelos Cor de Jambo", "Tá na Boa", "Homem de Neanderthal" e a melhor, "Serei Mais Feliz (Vou Largar A Jovem Guarda)".

11. Astromato - Melodias de uma Estrela Falsa (2000)
(clássico)

O disco dessa finada banda de Campinas/SP, deveria ser incluído num imaginário programa assistencial de fornecimento de boa música para a população. Formado por Fabrício, Pedro e Armando, a banda surgiu no fim do milênio fazendo guitar rock com letras em bom português. O disco, lançado pelo selo midsummer madness, após duas demos famosas no circuito underground da época, trazia pepitas de ouro pop como "Cadeialimentar", "No Macio, No Gostoso" e a soberba "Canção do Adolescente", esta certamente um dos grandes hits nacionais dos anos 00. A grande diferença do Astromato para as outras bandas que exploravam microfonias e distorções em meio à doçura pop foi misturar as referências mais manjadas desse som - Jesus And Mary Chain e My Bloody Valentine - com o tino pop de Teenage Fanclub e mesmo Legião Urbana. Um clássico da década, cheio de garra e ingenuidade.

12. Simoninha - Volume 2 (2000)
(excelente)

Mais um integrante dos chamados "artistas reunidos" a lançar disco solo no início das atividades da gravadora Trama. Simoninha, assimo como Max de Castro, Jair Oliveira, Daniel Carlomagno e Pedro Mariano, despontaram para a mídia ao misturar influências de música negra brasileira dos anos 70 com batidas eletrônicas modernas. Simoninha - assim como seu irmão, Max de Castro - procurava investigar a produção do chamado "soul brasileiro" e atualizá-la, mas de uma forma mais preocupada em reviver os grandes intérpretes do gênero - Cassiano, Tim Maia - do que modernizá-lo. Seu primeiro disco é uma boa prova de que ele conseguiu o objetivo. Canções como "Aquele Gol", "Ter Você", a boa versão de "Eu e a Brisa" (de Johnny Alf) e a bela "Flor do Futuro" são bons exemplos do êxito alcançado por Simoninha.

13. Vitor Ramil - Tambong (2000)
(excelente)

Tambong é um belo disco que pretende - e consegue - ser relevante no contexto nacional e, ao mesmo tempo, integrar-se à cultura e música dos países platinos. Para isso, Vitor Ramil rumou para Buenos Aires e gravou duas versões do disco, em português e espanhol, recrutou o argentino Pedro Aznar para a produção, ao mesmo tempo que convocava músicos brasileiros como João Barone, Lenine e Egberto Gismonti. O resultado é ímpar e belo. "Foi No Mês Que Vem", salta aos ouvidos pela beleza acachapante dos versos, misturando presente e passado num tempo verbal novo, com a moldura genial do piano de Gismonti. "A Ilusão da Casa" e "Um Dia Você Vai Servir a Alguém" também são um belos exemplos da chamada "estética do frio", como Ramil define sua mistura de causos gaúchos e castellanos. Sensacional.

14. Bebel Gilberto - Tanto Tempo (2000)
(muito bom)

Este disco marcou o retorno de Bebel Gilberto ao universo da música, no qual ela praticamente nasceu. Filha de João Gilberto e Miúcha, Bebel era da turma que habitava as noites do Baixo Leblon carioca nos anos 80. Parceira de Cazuza e Dé (seu ex-marido) em "Preciso Dizer Que Te Amo", ela chegou a lançar um disco homônimo em 1986 e outro, em 1991, chamado De Tarde Vendo O Mar, que não despertaram atenção do público ou crítica. Nove anos depois a moça voltaria à carga, totalmente reformulada com esse terceiro disco, cheio de misturas simpáticas de ritmos brasileiros e sonoridades eletrônicas. O repertório traz pequenas maravilhas como as versões para "Samba da Bênção" (Baden Powell e Vinícius de Moraes), "Samba e Amor" (Chico Buarque) e "Samba de Verão" (Marcos Valle), além de revisitar outra parceira oitentisa com Dé e Cazuza, "Mais Feliz". Com produção dividida entre Suba e Mario Caldato Jr e contando com participação de gente tão distinta quanto o duo eletrônico Thievery Corporation e o percussionista João Parahyba, Tanto Tempo tornou Bebel uma estrela internacional.

15. Marisa Monte - Memórias, Crônicas e Declarações de Amor (2000)
(muito bom)

Marisa Monte permaneceu quase seis anos sem gravar um disco de material inédito. Entre 1994 (lançamento de Verde Anil Amarelo Cor de Rosa Carvão) e 2000, apenas o registro ao vivo Barulinho Bom, com algumas canções novas inseridas num EP-bônus. O retorno de Marisa veio com esse belo Memórias, Crônicas e Declarações de Amor, no qual observamos uma sutil guinada em sua maneira de compor, principalmente pela adoção maior de elementos pop, internacionalizando sua música de uma maneira até então inédita. Sai o flerte seguro com o Brasil sob os olhos da classe média e entra a cantora universal, ainda que brasileira. Pode parecer pouco, mas o hit "Amor I Love You" é um bom exemplo dessa mudança de foco, cheio de arranjos emulando sonoridades beatles. A bela e tristíssima interpretação de "O Que Me Importa" também traz um arranjo pop convencional e belo. Ainda há um simpático samba de Paulinho da Viola, "Para Ver As Meninas", e a popíssima "Não Vá Embora", que formam um belo painel dessa chegada de Marisa Monte à maturidade artística.

16. Nei Lisboa - Cena Beatnik (2001)
(excelente)

Um dos maiores tesouros musicais do Rio Grande do Sul, Nei Lisboa é um trovador urbano e boêmio, habitante do bairro do Bom fim, em Porto Alegre, ainda que seja natural de Caxias do Sul. Com uma carreira aleatória, passando por várias gravadoras, Nei chegava ao ano de 2001 com esse Cena Beatnik, após passar o fim do milênio excursionando pelo sul do país, cantando clássicos do pop internacional, que ele reunira para versões voz/violão em seu trabalho anterior, o belo Hi-Fi. Retomando as letras autorais, críticas e confessionais, Nei já mandava o belo verso "o acaso me deixou na porta da tua casa" na faixa-título e adentrava pelas searas do progresso e da perda de ingenuidade. "Zapar Pro Futuro" é outra bela música sobre otimismo e força para enfrentar adversidades como "pão de queijo ser copyright e pão-de-ló se comprar na Internet", acenando para o passado. O disco é quase conceitual, questionando os benefícios do progresso e os paradoxos da mídia. Cena Beatnik é uma cacetada.

17. Brilhantines - Cançonetas Por Ti Entoadas (2001)
(excelente)

O primeiro EP do Brilhantines é um acerto, do início ao fim. A banda de Cerquilho, interior de São Paulo, propõe aqui uma visita aos anos dourados, não os que vemos na TV, mas aqueles que habitam cada um de nós. Ainda que a roupagem musical escolhida por Neto (vocais), Dadá (bateria), Yuri (guitarra) e Nilton Denardi (baixo) seja o mix de levadas do início do rock e Jovem Guarda com guitarrices indies americanas, a nostalgia paira, feliz, no ar. Tudo no disco beira a perfeição: A produção imprecisa que acaba colocando guitarras sobre bateria, enfatizando a melodia; os vocais precisos de Neto se equilibrando para não exagerar na emoção e, o ponto forte, as composições cheias de apelo pop. Músicas simples e belas como "Dramática" e "Esplendor" remontam ao primeiro disco dos Los Hermanos, enquanto "Amanhã" surge graciosa em seus três minutos de doçura pop irresistível. Belo disco, bela banda.

18. Pelvs - Peninsula (2001)
(muito bom)

A Pelvs era uma banda carioca, integrante de uma cena rock da Cidade Maravilhosa que poucos sabem que existiu. Depois de militar pela casas noturnas do Rio, aparecer nos fanzines, na revista Rock Press (na qual eu escrevia desde 1996), a Pelvs adentrou o terceiro milênio com um disco muito melhor que qualquer registro anterior. De cara a perfeição pop de "Even If The Sun Goes Down (I'll Surf)" aparecia com uma levada conduzida por pedais wah-wah e encorpada mais além por teclados e metais em brasa. Mas a praia dos rapazes aparece sem muito sol na beleza de "Equador" ou "Sun Of A Beach" e na levada a la Sonic Youth oitentista de "Backdoor". Mesmo cantando em inglês, a Pelvs não procura esconder sua cara de Rio de Janeiro.

19. Los Hermanos - Bloco do Eu Sozinho (2001)
(clássico)

Esse disco é um divisor de águas na música pop nacional, queiram ou não. Os Hermanos deixaram o primeiro disco de lado, no qual faziam uma fusão frágil de hardcore com canções românticas para dar luz a um trabalho inovador e bem sucedido. Com a tarefa aparentemente simples de fundir música popular brasileira (em sua vertente mais clássica, indo de Chico Buarque em diante) com sonoridades típicas do rock independente americano (principalmente de Weezer, Guidede By voices e Pavement), o quarteto carioca obteve uma sonoridade única e muito nova. De cara saltam aos ouvidos o entendimento entre os dois vocalistas, compositores, guitarristas Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante e a capacidade de revezarem-se na autoria das canções ou em sua interpretação sem que a noção de complemento nunca se perca. Com uma assinatura sonora que ainda comporta metais, teclados e a bateria precisa de Rodrigo Barba, músicas como "A Flor", "Todo Carnaval Tem Seu Fim", "Casa Pré-Fabricada", "Sentimental" e "Retrato Pra Iaiá" mostram todo o espectro sonoro da banda, cheio de nuances e sutilezas. Um disco que apontou para novas possibilidades e influenciou o modo de fazer rock no Brasil definitivamente.

20. Moreno +2 - Máquina de Escrever Música (2001)
(muito bom)


O trio formado por Moreno Veloso, Domenico Lancelotti é responsável por uma abordagem moderna da MPB, buscando atualizá-la e promover misturebas aqui e ali. Cada um dos integrantes já lançou seu disco, sendo que o trabalho com Moreno à frente foi a estréia. Aqui o clima é de vitória do experimentalismo sobre a melodia propriamente dita, mas já é possível ver o talento do trio para encontrar climas e nuances corretas dentro do contexto. A versão voz/violão de "Eu Sou Melhor Que Você" é um momento luminoso do disco. O original fora gravado pelo grupo Mulheres Q Dizem Sim no início da década de 1990, no qual Moreno e Domenico, mais o guitarrista Pedro Sá apareceram pela primeira vez. Outro exemplo da capacidade criativa está em "Arrivederci", com levada funk experimentalista. Um trabalho inovador que, infelizmente, fez mais sucesso no exterior, mas que influenciaria a maneira de pensar em produção musical nos anos seguintes.

21, Pato Fu - Ruído Rosa (2001)
(muito bom)

O Pato Fu chegava ao novo milênio com o status de banda grande. Um triunfo para uma banda mineira que tinha sua receita sonora se equilibrando entre o referências da psicodelia sessentista, pop rock oitentista e o experimentalismo. Em Ruído Rosa, a banda de Fernanda Takai e seu marido, John Ulhoa, consegue aliar as melhores qualidades em canções como "Eu" (do repertório do grupo gaúcho Graforréia Xilarmônica) e "Tolices" (pepita de ouro do primeiro disco do Ira!, Mudança de Comportamento, de 1984), se apropriando das composições e imprimindo seu estilo agridoce. Em composições próprias, como "Tribunal de Causas Realmente Pequenas" ou a faixa-título, o charme da voz miúda de Fernanda faz a diferença. No fim do disco está a cover de "Ando Meio Desligado", dos ídolos Mutantes, fechando um disco respeitável, talvez o melhor trabalho da banda.

22. Kelly Key - Kelly Key (2001)
(excelente)

Sim, ela mesma, Kelly de Almeida Afonso. Antes de ofender o pobre crítico musical, leia essas pequenas linhas. A estréia de Kelly Key ainda não teve paralelo na música popinha nacional. A menina lourinha, com corpão de academia, cantando músicas compostas pelo picareta Latino é nosso correspondente nacional às Britneys e Christinas Aguileras da vida. Com o benefício que o discurso que Kelly adotou era muito mais familiar às meninas púberes que não sabem o que fazer com a vida quando têm 15, 16 anos. Mais que imbelicilizá-las numa aura pós-Xuxa para adolescentes alienadinhas, as músicas de Kelly falavam de sexo, namoro, motel,traição, carência e ressaltavam a auto-estima da mulher, sempre jogada no lixo do machismo da sociedade latino-americana desde sempre. Com produção de Andinho e do saudoso Tom Capone e mixado em Nova York, as programações de ritmos são ok, o vocal de Kelly - um fio de voz, na verdade - foi devidamente tratado no estúdio e não dá para desabonar músicas como "Baba", "Escondido" ou "Anjo". Não estamos falando da sub-Eliana para baixinhos que hoje aí está. Quando surgiu, Kelly Key era sensual e insinuante na medida certa, convincente, espontânea, metade vulgaridade, metade sinceridade.

23. Cassia Eller - Dez de Dezembro (2002)
(muito bom)

O falecimento prematuro de Cássia Eller em 29 de dezembro de 2001 foi uma perda considerável para música pop nacional. Dona de certa originalidade e estilo orbitando o rock e a MPB com elegância, a cantora carioca gravou discos irregulares ao longo de sua carreira. A partir de 1999, Cássia teria como parceiro e amigo o ex-Titã Nando Reis. Os três trabalhos que ela produziu sob influência das informações de Nando constituem o seu melhor momento. Neste álbum póstumo, produzido por ele, a receita seguida é a mesma dos anteriores, Com Você Meu Mundo Ficaria Completo (1999) e Acústivo MTV (2001), ou seja, covers e músicas de Nando apropriadas por Cássia. Em 10 de dezembro, essa mistura assume um ar plácido e bem resolvido, algo que é atestado pelas belas versões para "All Star" e "No Recreio", músicas de Nando Reis. Os Beatles, sempre lembrados em discos de Cássia, são revistos em interpretações sinceras de "Get Back" e, sobretudo, "Julia". Em "Só Se For A Dois", Cássia também dá nova cor ao original de Cazuza, datado de 1987 e outra versão, dessa vez de Jimi Hendrix, para "Little Wing", também comprova a boa qualidade de 10 de dezembro.
O disco póstumo de Cássia Eller é seu melhor trabalho

24. Nação Zumbi - Nação Zumbi (2002)
(muito bom)

O disco homônimo da Nação Zumbi mostra opções que não estavam presentes no trabalho anterior, o ótimo Rádio S.AMB.A. Aqui já temos uma banda com total personalidade e praticamente livre da sombra dos tempos em que era liderada por Chico Science. Também estão ausentes os timbres eletrônicos e os flertes com hip-hop, pelo menos da maneira como aconteciam até esse disco. O groove da Nação Zumbi assume uma forma totalmente pessoal, levado adiante apenas por guitarra, baixo, bateria e a abundante percussão. Lúcio Maia, titular da guitarra, continua sem deixar pedra sobre pedra e os vocais de Jorge du Peixe já assumem identidade própria, ainda que emprestem o mesmo tom dos tempos com Science. Surgem pequenas maravilhas como "Blunt Of Judah", "Mormaço" e a invocada "Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada".

25. Video Hits - Registro Sonoro Oficial (2002)
(muito bom)

Misturando doses iguais de Jovem Guarda, conterrâneos gaúchos como Frank Jorge, bandas indies dos anos 90 (Teenage Fanclub, Weezer, Super Furry Animals) e o rock anglo-americano da virada da década de 60 para 70, o Video Hits existiu até 2003. Sua estréia na Abril Music com este Registro Sonoro Oficial, apontava para uma direção simpática. O pop bem-humorado de Diego Medina e seus amigos até conseguia escapar do bloqueio cultural que atrapalha as bandas gáuchas quando saem do sul do país. O painel que mostravam era diverso e unia uma inusitada cover de "Silvia 20 Horas Domigo", da fase psicodélica de Ronnie Von e pop songs enguitarradas, como o hit "Vo(c)", além de outras menos cotadas como "O Basset Azul" ou mesmo "Trobetas de Isaías". Com apenas esse disco gravado e algumas demos, o Video Hits sumiu tão rápido quanto apareceu.

26. Casino - Casino (2002)
(muito bom)

Cecília Gianetti era a frontwoman de uma banda chamada 4-Track Valsa. Após algum tempo no underground carioca dos anos 90, ela ressurgiu com o Casino. Dona de uma voz que chegou a ganhar comparações com Nara Leão e à frente de uma proposta de revisitar os anos 60 via Jorge Ben e alguns momentos da Bossa Nova, Cecília e sua banda gravaram esse EP de cinco faixas. Os arranjos são belíssimos, as canções são dotadas de personalidade própria e pelo menos uma delas se destaca aos ouvidos: "A Ponte", na qual a voz esperançosa solta o belo verso "faz um tempo que eu já penso mesmo em me mudar. Largar o meu trabalho, ser contra-produtiva, pra ver televisão, pra ler um livro, dormir demais, rever amigos(...)". Uma pequena maravilha que o tempo levou.

27. Celso Fonseca e Ronaldo Bastos - Slow Motion Bossa Nova (2002)
(excelente)

A associação do letrista Ronaldo Bastos com o guitarrista, cantor e compositor Celso Fonseca sempre produziu discos belos. Neste Slow Motion Bossa Nova, o terceiro da carreira, a dupla acerta a mão novamente e propõe uma revisitação de elementos clássicos da Bossa Nova em meio a uma perspectiva moderna, nunca modernosa. Há espaço para a clássica faixa-título, com letra arejada de Bastos, na qual o vocal sutil de Celso Fonseca canta "you're a soluction to my dilema, you're my girl from Ipanema, inspiration for my samba in slow motion", que foi tema de um anúncio com Giselle Bündchen, além de pequenos achados como "Ledusha" ou "Satélite Bar", cheias de classe e lirismo. Uma visão bela dos elementos da Bossa Nova sem nunca resvalar para a cópia ou reprodução de tiques.

28. Leoni - Você Sabe o que eu Quero Dizer (2002)
(excelente)

O ex-Kid Abelha sempre mereceu mais sucesso do que conquistou. Esse segundo disco solo (o primeiro, homônimo, foi gravado em 1993) trouxe o nome dele de volta à ordem do dia. Dono de uma habilidade pop rara e bom instrumentista, Leoni costurou um compêndio de belas canções sobre a maturidade, a passagem do tempo e os valores que mudam a toda hora. Há momentos singelos como em "Criado Mudo", no qual ele assume a persona de um ancião ("mesmo que agora o sol insista em castigar Copacabana, é só um momento, no fim da tarde as sombras sempre vêm deitar na minha cama e no meu pensamento") ou na auto-biográfica "Temporada das Flores" ("me espera amor, que eu tô chegando, depois do inverno é a vida em cores, me espera amor, nossa temporada das flores") ou ainda na brejeira "Fotografia", parceria bem sucedida com Leo Jaime. Um disco de retorno e reconciliação, cheio de belos momentos.

29. Moska - Tudo Novo de Novo (2003)
(muito bom)

Paulinho Moska sempre foi visto com má vontade pela crítica musical ao mesmo tempo que mantinha seu público fiel. Dono de um bom senso pop significativo, além de uma bela voz, ele passou a usar apenas o "Moska" a partir desse trabalho, talvez o seu mais inspirado momento em disco. De cara vemos uma bela versão para o português de "La Edad Del Cielo", do uruguaio Jorge Drexler. A tradução é literal e transforma a canção em "A Idade do Céu", dando uma nova dimensão ao arranjo original, de 1999. O próprio Drexler participa do disco em outro momento, uma versão de "Dos Colores (blacn y Negro)", outro original seu, desta vez em espanhol, com belo arranjo. Moska também tem seu lado compositor aparecendo nas boas "Pensando em Você" e "Essa É A Última Solidão da Sua Vida". Um belo disco.

30. Zeca Baleiro - Pet Shop Mundo Cão (2003)
(muito bom)

Como eu disse na lista de piores discos, quando me referi ao Líricas, Zeca Baleiro é um compositor que não prima pela criatividade. Seu esquema é reempacotar a estética do cantor nordestino esclarecido e irônico, algo que já existia com Belchior, Fagner ou Alceu Valença, e inserir esse discurso para as classes médias acharem sensacional. Mesmo assim, esse Pet Shop Mundo Cão é um trabalho superior de Zeca, principalmente pela idéia de afinar sua proposta e inserir elementos eletrônicos e globais em seus arranjos. Tudo o que ele ainda não conseguira em seus três discos anteriores. Um bom exemplo disso é "Telegrama", com o belo versinho "mas ontem eu recebi um telegrama, era você, de Aracaju ou do Alabama", com uma levada esperta, pontuada por teclados e violões. Outro bom exemplo é "Eu Demiti O Meu Patrão", na qual Zeca diz "ele roubava o que eu mais-valia", em meio a um xote estilizado. É o melhor trabalho da carreira do cantor e compositor maranhense.

31. Domenico + 2 - Sincerely Hot (2003)
(muito bom)

Este é o segundo disco do trio formado por Kassin, Moreno Veloso e Domenico Lancelotti, desta vez tendo Domenico à frente dos trabalhos. A diferença para o volume que trazia Moreno no comando é que o experimentalismo está a favor da música e não o contrário - como às vezes acontecia anteriormente. A ênfase na renovação da música popular ainda é a principal característica do disco, principalmente em "Te Convidei pro Samba", com uma levada irresistível e vocais cheios de efeitos. Em "Aeroporto 77" uma atmosfera lounge conduz a melodia, que parece saída diretamente dos anos 60. A melhor faixa, contudo, é "Felizes Ficaremos na Estrada", com letra declamada e um clima anos 70 de largação total em meio a samplers e tecladinhos.

32. Los Hermanos - Ventura (2003)
(clássico)

O terceiro disco dos Hermanos é totalmente diferente de seu antecessor, o ótimo Bloco do Eu Sozinho. E, ainda assim, mantém o mesmo nível do trabalho anterior, ainda que aponte para outra direção. O que se insinuara no Bloco - a fusão de MPB com rock noventista - assume uma deslavada predileção pela melodia e pela construção de canções com identidade própria em Ventura. Muita gente não entendeu que os Hermanos buscavam criar o que Marcelo Camelo definiu como "música de inconsciente coletivo", aquelas canções que te lembram almoços de domingo com a família ou férias na serra. Ventura é um trabalho sutil, impregnado de um espírito aventureiro contagiante, de uma banda trilhando um caminho próprio e não se importando com nada além de criar boa música. A levada dolente de "Samba a Dois" abre o disco e vários momentos memoráveis aparecem. A letra misteriosa de "Do Sétimo Andar", a levada a la Weezer de "Cara Estranho", a beleza de "O Velho e o Moço", o piano Ivan Lins de "Conversa de Botas Batidas" e a marcinha "Deixa O Verão". Resumindo, um clássico.

33. Ed Motta - Poptical (2003)
(muito bom)

Esse foi o primeiro disco que Ed Motta lançou pela Trama. A obra do compositor tijucano se divide em discos "comerciais" e "difíceis", sendo que Poptical se insere na primeira categoria, o que, no caso de Ed Motta, sempre significará um produto de qualidade e cheio de nuances a serem exploradas. A preponderância dos grooves de funk setentistas continua a valer, dessa vez com uma influência cada vez maior de timbres decalcados do jazz rock de gente como Steely Dan. Faixas dançantes e bem legais como "Tem Espaço Na Van", "Eu Avisei" e "Que Bom Voltar" convivem com momentos mais intensos como "Minha Casa, Minha Cama, Minha Mesa" ou "Pra Se Lembrar". Com mais teclados que os trabalhos anteriores, Poptical é um belo disco de música pop nacional, bem executado e criativo.

34. Trio Mocotó - Beleza! Beleza!! Beleza!!! (2003)
(muito bom)

Este disco é o segundo produzido pelo Trio após sua volta em 2001. Com Skowa efetivado como membro após a saída de Fritz Escovão e capitaneado por Nereu e João Parahyba, o Trio Mocotó ganhou fôlego para manter o nível de seus melhores momentos nos anos 70. Novas versões de "Coqueiro Verde" (Roberto e Erasmo Carlos) e "Eu Também Quero Mocotó" (Jorge Ben) convivem com leituras inéditas e cheias de malandragem como "Replay" (gravada originalmente pelo Trio Esperança) ou a emocionante versão para "Dingue Li Bangue", do repertório de Wilson Simonal, com participação de seus dois filhos, Max de Castro e Wilson Simoninha. Mesmo com a presença de gente moderninha como Zuco 103, Apollo 9 e Anvil FX, o disco não resvala para aquelas atualizações vazias e sem sentido e mantém intacto o espírito do samba-rock, estilo que o Mocotó criou no fim dos anos 60. Beleza, beleza, beleza.

35. Violins - Aurora Prisma (2003)
(muito bom)

O indie rock nacional contabiliza bons achados e o Violins é um deles. Original de Goiânia, a banda liderada por Beto Cupertino tem em seu primeiro disco o melhor momento da carreira. Aurora Prisma é um intenso mosaico com influências de Radiohead fase The Bends, folk rock, cheio de teclados, cordas e climas tristes, que servem de moldura para letras em bom português - até então uma novidade para a banda, que compunha em inglês - que remetem diretamente aos trabalhos finais da Legião Urbana, principalmente A Tempestade e a climas inequívocos de artistas setentistas como Beto Guedes. As letras são um belo atrativo dessas canções (e permaneceriam nos discos posteriores do Violins), com belos achados como "eu estive em tantas batalhas que os meus filhos não me conhecem mais, eu estive em tantas batalhas que os seus gritos não me comovem mais" (em "Ex-Falso") ou "feche seu corpo e nunca me deixe sair" (em "Feche Seu Corpo"). Um disco que permaneceu único na própria obra do Violins, que enveredaria por um rock mais básico nos discos seguintes, Tribunal Surdo e A Redenção dos Corpos.

36. Vanessa da Mata - Essa Boneca tem Manual (2004)
(clássico)

Esse disco da cantora matogrossense é um exemplar raro na produção pop atual. Ao mesmo tempo autoral e universal, o segndo trabalho de Vanessa da Mata evolui constantemente e revela detalhes muito legais. Neste álbum, também produzido por Liminha, Vanessa mostra influências de reggae sutilíssimas, samba e habilidade para mesclar suas composições próprias com versões legais ("História de Uma Gata", de Chico Buarque, "Eu Sou Neguinha", de Caetano Veloso) e contextualizar tudo sem problemas ou forcação de barra. A voz belíssima e a interpretação apaixonada e extremamente feminina de Vanessa fazem a diferença e a colocam no mesmo patamar de medalhonas como Marisa Monte ou Adriana Calcanhotto. A grande beleza desse disco, no entanto, está mesmo nas canções compostas por Vanessa, como "Ainda Bem", "Joãozinho", "Essa Boneca Tem Manual" e na cortante beleza de "Nossa Música". Sem falar no sucesso radiofônico inesperado de "Ai,Ai,Ai", que, apesar da superexposição, é outra bela canção.

37. Ney Matogrosso e Pedro Luís e a Parede - Vagabundo (2004)
(excelente)

Essa inusitada parceria produziu um dos melhores discos da carreira de Ney Matogrosso e deu um novo sentido ao combo percussivo de Pedro Luís. Com um repertório que traz canções de Pedro ("Inspiração","Seres Tupy" e a brejeira "Noite Severina") em meio a clássicos do cancioneiro nacional (como "Disritmia", de Martinho da Vila e "A Ordem é Sambar", de Jackson do Pandeiro), Vagabundo é um disco moderno e capaz de agradar até a quem nunca ouviu nenhum dos dois artistas. A voz de Ney Matogrosso permanece intacta à ação do tempo e ele exibe sua habitual competência enquanto Pedro Luis e sua Parede sabem exatamente o momento de sobressair ou simplesmente servir de pano de fundo. Maravilha.

38. Adriana Partimpim - Adriana Partimpim (2004)
(excelente)

A idéia era fazer "um disco infantil para adultos", segundo palavras da própria Adriana Calcanhotto, usando o sobrenome Partimpim, incorporando uma persona distinta, especialmente para esse projeto. Com a produção de Dé Palmeira, Sacha Amback e da própria, o disco é uma delícia e conta com a participação do trio + 2 (Moreno Veloso, Kassin e Domenico Lancelotti), que conferiu um ar moderninho simpático ao todo. O repertório traz belas canções de Arnaldo Antunes ("Saiba"), Paula Toller ("Oito Anos") e "Ciranda da Bailarina" (Chico Buarque e Edu Lobo), além da soberba versão para "Fico Assim Sem Você", da dupla Claudinho e Buchecha. Um trabalho ímpar, diversificado e ousado.

39. Mombojó - Nadadenovo (2004)
(muito bom)

O primeiro disco do Mombojó foi recebido com entusiasmo em 2004. Ali parecia surgir uma espécie de segunda geração do mangue beat, mesmo que as influências sejam bem diferentes daquelas que inspiraram Chico Science e mundo livre s/a, todos, assim como o Mombojó, originários de Recife. Nadadenovo é um belo exemplo de fusão de rock com música urbana nordestina, não sobrando espaço para qualquer tribalismo ou safari cultural. É apenas mais uma banda de rock captando sua inspiração na música de sua cidade. Somam-se ao rock o samba e doses light de percussão e programações eletrônicas, fazendo de canções como "Nem Parece", "Absorva" ou a bela "Baú", belos espécimes dessa liga sonora ainda pouco conhecida do resto do país.

40. Hurtmold - Mestro (2004)
(muito bom)

O Hurtmold está na batalha desde 1998 e sua idéia original é fazer o que as pessoas entendem por post-rock. Isso quer dizer longas canções com vários efeitos de guitarras, microfonias, distorções e alternâncias de timbres. Mas o quinteto liderado por M.Takara não faz isso, pelo menos, não só isso. Com vários instrumentos percussivos e artesanais, além de um talento raríssimo para compor belas melodias, o Hurtmold atinge nesse seu segundo disco um patamar admirável para uma banda nacional. No mesmo nível de gente como Tortoise e Mogwai, o Hurtmold tem a vantagem de soar absolutamente jazzy e brasileiro muitas vezes, atingindo níveis que lembram um King Crimson contemporâneo, se isso fosse possível. Em Mestro eles vão além do proposto no primeiro disco, Cozido (2002) e reafirmam-se como uma força no cenário underground. Atualmente o Hurtmold é a banda de acompanhamento de Marcelo Camelo em seus shows solo e responsável pela sutileza absoluta de várias canções de seu disco Nós. Em Mestro o bicho pega.

41. Nando Reis - Mtv ao Vivo (2004)
(excelente)

A carreira solo de Nando Reis é calcada no folk rock. Ele mesmo diz que tem em Neil Young sua maior referência como compositor e, principalmente, como cantor, uma vez que ambos não têm exatamente uma bela voz, mas se viram como podem. Nando chegava a este registro ao vivo depois de lançar três discos e colaborar intensamente com Cássia Eller, dois fatos que lhe deram projeção nacional como artista solo. Além disso, ele havia deixado os Titãs pouco tempo antes de uma maneira, digamos, não amistosa. O repertório desse show, gravado em Porto Alegre, é irretocável e mostra um Nando com sede de palco e liderando sua banda Os Infernais, como se essa fosse sua última apresentação. Boas canções aparecem em versões energéticas como "A Letra A", "No Recreio", "Por Onde Andei", além de três músicas pinçadas do repertório dos Titãs, "Marvin","Não Vou Me Adaptar" e "Os Cegos do Castelo". Um belo show em um belo disco.

42. Luisa Mandou um beijo - Luisa Mandou um Beijo (2005)
(excelente)

A banda carioca Luisa Mandou Um Beijo merece muito sucesso em sua carreira. Comandada por Fernando Paiva e contando com os vocais angelicais de Flávia Muniz, a Luisa concentra suas energias em dar sua versão personalíssima do indie rock americano noventista e misturá-lo de maneira muito sutil com sonoridades brasileiras dos anos 60, sem que você perceba. As referências também se detém sobre a própria cidade do Rio de Janeiro, musa inspiradora discreta de todo o disco. Com canções doces como "Bauhaus Today", "Amarelinha", "Hoje O Mar Dançou No Céu", "Desfeito em Luz" e a cinematográfica "Anselmo", a Luisa fez um discaço de estréia, diferente de tudo que se faz no Brasil hoje em dia.

43. Curumim - Achados e Perdidos (2005)
(muito bom)

Luciano Nakata, o Curumin propriamente dito, é um sujeito com muito talento. Partindo do referencial funk/soul brasileiro setentista, do reggae e de influências mais recentes como hip-hop e techno, Curumin cria um painel bastante original do que se chamava de samba-rock. O maior traço dele é a capacidade de tornar esse ritmo brasileiríssimo algo mais universal e moderno, sem qualquer perda de identidade no meio do processo. Com composições próprias bastante legais como "Guerreiro", "Cadê O Mocotó" e na cover de "You Haven't Done Nothing", canção raivosa de Stevie Wonder, Achados e Perdidos é um disco extremamente bem feito e cheio de charme próprio.

44. Cidadão Instigado - Cidadão Instigado e o Método Tufo de Experiências (2005)
(muito bom)

Fernando Catatau é o próprio Cidadão Instigado e o responsável por esse disco absolutamente ímpar no cenário musical. A quantidade de referências que ele propõe em Método Tufo de Experiências é tamanha que o disco exige várias audições para uma interpretação mais ou menos boa. O que se ouve é uma música nordestina (Fernando é de Fortaleza, Ceará) extremamente inteirada do que acontece no mundo, seja no presente, seja no passado. Há referências à música brega nordestina - uma força cultural enorme naquela região do páis - em meio a guitarras latinas ou pesadas ou ambas e teclados que constroem uma parede musical obsessiva. A primeira faixa do disco, "Te Encontra Logo" casa violões latinos, percussão e o timbre de voz característico de Catatau, como quem convida para uma conversa para falar de amor e de absolutamente todas as suas nuances. Uma porrada.

45. Terminal Guadalupe - Você Vai Perder o Chão (2005)

Direto de Curitiba para o mundo, o Terminal Guadalupe é uma bela formação que se assume como praticante do "pop de garagem". Na verdade, o que Dary Jr. e sua banda mostram é uma boa capacidade de sintetizar influências de rock oitentista inglês - Smiths, por exemplo - e brasileiro - principalmente Legião Urbana. Dary, cujo timbre se assemelha bastante ao de Renato Russo, se concentra nas letras e nos dá belos exemplares como "é quase dia e eu permito que o silêncio invada o derradeiro instante de me perguntar se fui, se ainda vou - eu nunca estou atento" (em "Tambores") ou "que o desamparo leve a saudade o meu amor foi solidariedade" (em "Lorena Foi Embora"). Boas melodias, bons vocais, belas letras é o que o Terminal Guadalupe tem para oferecer.

46. Marisa Monte - Infinito Particular (2006)
(excelente)

Marisa Monte conseguiu, ao longo de sua carreira, uma certa independência criativa, fato mais ou menos raro por essas bandas. Isso credenciou a moça para o sucesso entre críticos e público, quase sempre unânimes nos elogios a seus discos. Em Infinito Particular, Marisa quase consegue repetir o êxito de seu melhor trabalho - Verde, Anil, Amarelo, Cor De Rosa e Carvão, de 1994 - através de uma sonoridade que se equilibra gentilmente entre as experiências dos Novos Baianos e a tradição de uma Gal Costa setentista, misturando informações de diferentes fontes, usando olhares internos e externos para a tal MPB, velha de guerra. Com a direção musical de Pedro Baby (filho de Baby Consuelo e Pepeu Gomes), Infinito Particular traz arranjos serenos e belos, principalmente na faixa-título e na soberba "Vilarejo". A voz de Marisa se mostra saudavelmente madura e preenche espaços sem afetação e com uma elegância pouco vista atualmente.

47. Mariana Aydar - Kavita 1 (2006)
(muito bom)

O primeiro disco de Mariana Aydar tinha tudo para fazer figuração entre tantas estréi de novas e novíssimas cantoras nacionais. A personalidade da moça, no entanto, faz toda a diferença e isso se nota nos detalhes ouvidos ao longo desse Kavita 1. Mariana é espontâneamente sensual, sabe disso e usa esse dote a favor da interpretação das canções sem, no entanto, nunca resvalar para o exagero. Ela teve talento para costurar um instrumental econõmico e misturar estações ao longo do repertório do disco. Se há uma versão excelente para "Deixa O Verão" (Los Hermanos), há o contraponto em "Zé do Caroço" (Leci Brandão), tudo com muito bom gosto, belos arranjos e a voz gentil da menina.

48. Superguidis - Superguidis (2006)
(muito bom)

A absoluta despretensão dessa banda gaúcha é seu maior trunfo. Partindo do terreno quase estéril do rock indie americano dos anos 90, pegando emprestadas suas guitarras e usando-as como moldura para letras simples - quase simplórias - o Superguidis conseguiu um espaço no mundinho indepentende nacional. A tarefa pode parecer difícil, mas os rapazes têm talento: o vocal quase entristecido que lamenta a ausência de um manual de instruções para entender a pessoa amada ("O Manual de Instruções") é o mesmo que tem auto-ironia de sobra ("O Banana") e não hesita em mandar a pessoa ex-amada para aquele lugar em "O Raio que o Parta", com o cáustico verso "tenho um monte de coisa para conquistar e não quero você por perto".

49. Arnaldo Antunes - Ao Vivo no Estúdio (2007)
(muito bom)

A carreira solo de Arnaldo Antunes sempre esteve um passo além do pop, se perdendo em referências concretistas e caracterizada - justamente até - como "esquisita" para um público maior, até mesmo aqueles que gostavam dele quando era um dos Titãs. Arnaldo se redime de todas as suas tentativas de misturar a Semana de 1922 e o rock'n'roll nesse registro ao vivo. Ele reuniu parceiros (Nando Reis, Marisa Monte, Carlinhos Brown) e amigos (Branco Mello, Edgard Scandurra) e reviu muitas canções de seus irregulares discos. As versões gravadas aqui são melhores que os originais e músicas como "Não Vou Me Adaptar" (com Nando Reis, do repertório antigo dos Titãs), "Saiba" (gravada por Adriana Calcanhotto em seu Adriana Partimpim) ou "Um a Um" (com Marisa Monte e Carlinhos Brown) ganham novo fôlego e novas cores. Há mais momentos luminosos como "Socorro", "Eu Não Sou da Sua Rua", "Quatro de Dormir" e a simpática cover para "Qualquer Coisa", de Caetano Veloso. Bom, muito bom.

50. Renato Teixeira - Ao Vivo no Auditório do Ibirapuera (2007)
(excelente)

Renato Teixeira é um músico caipira, nunca sertanejo. Adepto das verdadeiras raízes culturais da música de viola, Renato é um representante dessa tradição oral que se perverteu a partir da década de 1980 com o deslumbre dos cantores do campo pela cidade. Com um repertório inspiradíssimo e gravado por muita gente boa na MPB como Elis Regina, Gal Costa e Almir Sater, Renato Texeira mantém-se ativo desde 1971 e juntou seus maiores sucessos num show ao vivo no Ibirapuera, em São Paulo. Estão presentes belas canções como "Frete", "Amanheceu Peguei A Viola", "Romaria" ou "Tocando em Frente", todas cheias de passagens visuais, sinceridade e autenticidade, como a música caipira deve, realmente, ser.

51. Jonas Sá - Anormal (2007)
(muito bom)

Irmão mais novo do guitarrista Pedro Sá (da Banda Cê, de Caetano Veloso) e amigo da nova geração de músicos cariocas, Jonas Sá é um novíssimo talento a dar as caras no combalido cenário musical. Como o nome do disco já diz, Jonas não é exatamente um músico convencional, mas suas canções são dotadas de um tino pop invejável a bambas como Lulu Santos ou Leoni. Produzido por ele e por Moreno Veloso, Anormal é traz 13 canções que se valem do terreno aberto por Los Hermanos e o trio +2 no início dos anos 00. O pop dourado de "Vs" traz o verso "estou tentando conversar com o mundo que é pra ver se eu consigo me entender", "De Mim Para Eu" traz uma levada de bateria eletrônica tocada ao vivo com teclados enquanto "Comunicação" poderia ser uma faixa de Ventura, terceiro disco dos Hermanos. Jonas Sá é moderno sem ser vazio e se vale de elementos musicais sólidos para servir um prato musical raro nesses dias.

52, Julio Reny - Primavera do Gato Amarelo (2008)
(excelente)

Contabilizando todas as fases de sua carreira, Primavera do Gato Amarelo é o nono disco de Júlio Reny. Aqui ele expõe as dores e decepções de um divórcio e a saudade que sente da filha de nove anos. A saída estética para isso foi criar um painel de pop rock setentista, cheio de timbres e acenos implícitos às melhores canções de Roberto e Erasmo dessa época. Há também um toque de Beatles por todo o caminho. Há momentos belos ao longo do disco, principalmente em "Chegou a Primavera", "Aconteceu no Verão", "Noite de Ingleses", todas com cheiro de nostalgia que, por mais que sejam relatos auto-biográficos, parecem comuns a todo mundo que tenha coração e por ele tenha sofrido alguma vez na vida. Sensacional.

53. Marcos Valle - Conecta ao Vivo no Cinemathéque (2008)
(excelente)

Esse disco é mais uma celebração que um registro de um show para um disco. Marcos Valle sobe ao palco do Cinemathéque, casa noturna muderninha do Rio, e vai desfilando seu repertório mais clássico em meio a uma horda de convidados especiais que incluem Marcelo Camelo, Fino Coletivo e o trio +2. No comando de seu piano Fender Rhodes, Valle vai misturando suas composições com as dos convidados, como a fusão de "Nem Paletó Nem Gravata" que desemboca em "O Vencedor" (de Marcelo Camelo) ou "O Cafona", que empresta trechos de "Sincerely Hot", de Domenico Lancelotti. O grande momento, no entanto, é a versão atualizada e grooveada de "Estrelar", aquela do "tem que correr, tem que suar, tem que malhar, vamos lá", aqui totalmente despida de sua aura kitsch. Só faltou uma interpretação matadora para "Bicicleta" pro baile ficar completo.

54. Fernanda Takai - Onde Brilhem os Olhos Seus (2008)
(muito bom)

O primeiro disco solo da vocalista do Pato Fu é um acerto do início ao fim. A idéia de gravar canções do repertório de Nara Leão coloca Fernanda à vontade para recriar alguns clássicos da Tropicália, da Bossa Nova e do que a MPB produziu depois. Com timbres bastante parecidos, a voz de Fernanda não descaracteriza as canções famosas na voz de Nara Leão. A produção respeitosa de John Ulhoa (marido e parceiro de Pato Fu) funciona a favor das músicas e a participação especial de Roberto Menescal em "Insensatez" dá o aval para o todo. Grandes momentos estão em "Estrada do Sol", "Trevo de Quatro Folhas", "Canta Maria" e na tropicalista "Lindonéia". Um belo trabalho de uma boa cantora.

55. Macaco Bong - Artista Igual Pedreiro (2008)
(muito bom)

Original de Cuiabá, o Macaco Bong tem apenas quatro anos de existência e está em seu primeiro disco. O trio faz música instrumental e se esbalda em referências que vão do post-rock de bandas como Tortoise ou Mogwai ao jazz de baluartes do fusion como o Weather Report e Pat Metheny. O vigor com que as músicas - sempre longas, beirando os sete minutos de duração - são executadas e a total liberdade em pegar elementos de diversas fontes de inspiração colocam o Macaco como um nome a ser acompanhado de perto. Ouça "Amendoim" e "Compasso Em Ferrovia" e comprove.

por CEL

CEL, o Carlos Eduardo Lima, leva a música pop muito a sério. Acha que o mundo acabou no meio da década de 1990 e ninguém notou. Música é o principal, mas nunca o único assunto em Celeumas ou em seu blog

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21 comentários
Um crítico se define pela sua lista. Cada um pode fazer a
sua própria, aliás. Na minha não apareceriam Los Hermanos
nem fodendo. Aliás, eles são o antigozo da música, a
retrofoda. Pretensiosos e chatos. Povo coxinha do inferno,
como diria um personagem do Allan Sieber.
João T. Nebroso // 10.12.09 às 16h20
Renato Teixeira....POP?????

acho q vivo em outro mundo!
rogério // 31.07.09 às 11h16
Christina Aguilera, foi mal...
Anne // 09.07.09 às 14h12
Bom, mas fazer o quê quanto a quem goste de Kelly Key,
Madonna, Britney Spears e Christina Aglera? Há os que
gostam do NxZero à esquerda, FresnCo e sei lá mais o quê!
O mundo é movido à alienados que ouvem os que nada têm a
dizer... Também faltou um pouco de Legião Urbana na
lista... E "Telegrama", do Zeca, é uma música deliciosa
mesmo... Xau!
Anne // 09.07.09 às 14h11
Amigo, sinto muito, mas acho Kelly Key tão porcaria quanto
Madonna, Britney Spears e qualquer outra vaca loira que
cante idiotices. AMO ADRIANA CALCANHOTTO! "Mais feliz" é
muito boa mesmo, mas gosto muito de "Inverno", de um cd
anterior. Também vale a música "Música" da Vanessa da
mata, do CD aí de cima. O Nando é muito bom, Los
Hermanos... E a Marisa, Mariana, mas... Cara, ouça Izzy
Gordon cantando as músicas cinqüentonas da tia dela,
Dolores Duran... Aquilo é demais! Um pouco de Vânia Abreu
também faz bem... E tirando os dois hits, "Tribalistas"
merecia um lugarzinho aí com a "Carnavália"...
Anne // 09.07.09 às 14h06
Nenhum album anterior a 1998 merece entrar nessa parada?
Sério?
Victor // 02.06.09 às 12h56
Gente, não há colocação. Vocês não leram que os discos
estão em ordem cronológica? Vai do mais antigo (1998) para
o mais recente (2008).
Mc Pierson // 29.05.09 às 13h57
Vários discos excelentes ficaram atrás da tal dessa Kelly
Key.Acho que se vocês queriam colocar o cd dela na
lista,poderiam ter colado em último lugar né??Show de
horror
Khadija Alves // 29.05.09 às 12h32

Vários discos exclentes ficaram atrás da tal dessa Keky
Key.Acho que se vocês queriam colocar o cd dela na
lista,poderiam ter colado em último lugar né??
Show de
horror!
Khadija Alves // 29.05.09 às 12h31
kelly key a melhor!!!!!!!!!!!!!!!!
ewerton // 29.05.09 às 10h50
Macaco Bong é muito bom!
Felipe // 28.05.09 às 22h07
MACACO BONG MUITO BOM!
VINÍCIUS M. TROMBETE // 28.05.09 às 15h34
euhauheuhauuhauahua -N
Yuri // 28.05.09 às 14h05
nada ver (2)
aline // 28.05.09 às 11h14
q paiera
julio // 28.05.09 às 11h13
Video Hits era foda. Mas porra, Kelly Key???
Jay // 28.05.09 às 01h14
Dos 55 comprei 15, tentarei ir atrás dos outros
de uma
maneira mais econômica (agora tenho filho pra criar...).
Valeu pelas dicas.
renato // 27.05.09 às 22h58
Puta merda!

FALTA DO QUE FAZER É UMA MERDA
Strat // 27.05.09 às 21h42
Nada ver...
Ta faltando muitos...
Maikin // 27.05.09 às 20h37
Kelly Key!!!! Valeu a lista inteira! Muito bom, parabéns...
Sério, nem todo mundo tem essa coragem de dizer que é bom
algo que todo mundo considera tão ruim, e a música é
divertida mesmo...
josé // 27.05.09 às 20h03