Simian Mobile Disco

Entrevista: Simian Mobile Disco

Simian Mobile Disco

Introduction

Tendo abandonado Unpatterns no início de 2012, os Simian Mobile Disco continuaram o seu caminho com A Form Of Change. Jas Shaw contou-nos um pouco mais sobre o seu álbum e EP, partilhou connosco a sua regra de “nada de techo antes da meia-noite“ e explicou porque é que as suas cláusulas são quase tão más quanto as de Steve Aoki.

Questions and answers

Quanto tempo demorou a fazer Unpatterns?

Na verdade levou bem mais de um ano, porque foi feito ao mesmo tempo que estavamos a fazer outras coisas. Queríamos continuar com o Djing, para nos assegurar que mantinhamos o dedo na pulsação. Mesmo que te ausentes só por algumas semanas, sentes que já não estás mais por dentro das coisas. Uma vez que a direcção se formou, e pudemos ver a forma que o álbum iria ter, ainda nos levou uma grande parte de tempo fora, verdadeiramente tranquilo, com ele no estúdio.

O lado bom de se trancar num estúdio durante dois ou três meses é que podes deixar uma, e mesmo assim não estás amarrado a uma cena. Mas é bastante útil ser-se capaz de por um mix áspero e usar DJ sets enquanto campo de testes. Consegue-se uma reacção muito honesta, porque ninguém faz idéia que é uma das tuas músicas.

A idéia de a direcção se relevar a voçes é interessante: começaram a escrever com um objectivo específico em mente?

No passado, já tinhamos tentado fazer algo em determinado estilo e, acabamos sempre por falhar. A configuração do nosso estúdio é bastante esotérica, por isso é bastante dificil te-lo a fazer exactamente o que tu queres, o que é uma das partes que nos mais adoramos. Assim, nós normalmente começamos com algo em mente e, quase sempre, surge algo mais interessante e nos então seguimos isso. Idependentemente de qual seja o ponto de partida, quando acabas a música, ela está quase sempre muito longe de onde começou.

Como sentes que progrediram artisticamente desde Temporary Pleasure?

Eu penso que talvez tenhamos sido um pouco ingênuos com Temporary Pleasure. Nós sempre fizemos parte de bandas e sempre foi de música electronica, e de alguma forma tentamos fazer os dois coexistir; tentando usar vacais e estruturas de canções em material eletronico. Cada vez mais, realizamos que na verdade não queríamos tocar nenhuma do Temporary Pleasure quando estávamos fora, então eu comecei a editar o material instrumental.

Eu penso que nos estamos cada vez mais e mais dentro do lado psicadélico, looped e repetitivo das coisas, e que temos mais de uma compreensão de isso na estética da noite tardía. Antes da meia-noite, techno é lixo, mas depois da meia-noite toda a outra músa é lixo. Depois das 4 da manha não queres um refrão, e certamente que não queres um verso. Simplesmente queres sons simples que evoluem e te envolvem.

Desistiram de usar vocalistas convidados permanentemente?

Não, mas penso estamos à procura de coisas diferentes para além disso. Com Temporary Pleasure, tivemos claramente o chapeu de “produtor” em cima. Enviavamos uma música a alguém, e eles mandavam de volta um vocal, e então teríamos boa sonoridade vocal, e de seguida, a nossa própria pista era bastante cortada para a subjugar em torno dos vocais. Quando es produtor, estás a tentar retirar o melhor proveita da estética de outra pessoa. Ao passo que eu acho que se tivéssemos alguém de novo, seriamos mais fortes afirmar a nossa própria estética.

Quando trabalhamos no Unpatterns, chegamos a ter alguns vocais de pesssoas, mas simplesmente não resultou nesse contexto em particular. Não estamos à procura de um disco de sucesso, estamos à procura do dia em que, de alguma forma, os vocais funcionem como os sintetizadores. Provavelmente seria mais fácil fazer colaborações espontaneas, quando alguém está na cidade. Porque de outra forma, uma pessoa está naquela situação um pouco estranha, que acontece quando alguém te envia algo de realmente bom e tu não o podes utilizar.

Tens alguma música que consideres tua favorita neste álbum?

Hum, é um bocado difícil: “Escolhe o teu filho favorito” (Laughs). Eu gosto bastante da ‘A Species Out Of Control’ mas eu acho realmente difícil diferenciar o processo da música. Mesmo agora, eu ainda ouço músicas e sou do gênero “ Gostava que este hi-hat fosse mais alto”. E até passares essa parte, eu penso que não fazes idéia do que é o disco.

Vocês estão decididamente afastarem-se das vossas raízes indie, e a cada lançamento estão a ir cada vez mais em direcção ao mundo da dança. A onde é que vocês sentem que se encaixam na actual esfera musical?

Honestamente, não sei bem. De certeza que começamos com a passagem no mundo indie mas afastamo-nos, porque sentiamos que já não era interessante e estávamos aprender mais sobre música electronica underground. Eu não sinto que sejamos aceites pelo mundo electronico underground, e não me sinto assim tão mal com isso. Obviamente que queres sempre ser aceite pelos teus pares, mas parte de mim pensa que é bom não ser assim tanto parte da cena.

Isso é de facto uma das poucas coisas foi identificar portas. Consciemtemente decidimos não assinar por nenhuma produtora electronica ou de dança, simplesmente porque 90% dessas produtoras têm som house, como um identidade de marca, e nós achamos que mais tarde, quando quisermos fazer coisas diferentes, isso pode ser bastante limitador. Por isso, enquanto assinar com a Wichita pode parecer uma escolha estranha, nós sentimos que isso fazia muito mais sentido do que assinar por uma produtora que talvez tivesse alguma aceitação em termos de credibilidade no mundo para quem estávamos a fazer música.

Que intrepretações te têm impressionado de momento?

Imensas. Eu nunca estou em falta para encontrar músicas novas, há demasiado bom material para se lhe dar o tempo que isso merece. Eu penso que o que nos levou à música electronica foi o material Warp, e acho que a Comunidade Border herdou muito desse espírito. Os discos que saem da Border são música electronica, e psicadélica, e hé algo de muito impar neles.

Por muito que eu adore um disco techno bem projectado, há decididamente um formato para a techno que é bastante rígido,em termos de mistura, a disposição, a quantidade de compressão... Às vezes, sinto que é um pouco como pintar por números. Uma das grandes coisas do techno e do house é que é sempre a pensar á frente, e isso ser muito regidamente definido parace uma idéia contrária. Muitas das coisas que tocamos na Border, não soam necessariamente “bem” e não funcionam assim tão bem na pista de dança, mas nós continuamos sempre a toca-lá, porque é uma música de ás. Eu adoro todo o material de bass do Reino Unido em Hessle [Áudio] também.

Fala-nos um pouco sobre A Form Of Change. Eram essas as faixas que foram escritas durante as sessões de Unpatterns?

Sim, eram essas. Foi absolutamente uma m*rda para escolher. O bom disso é que hoje em dia podes lançar música com muito mais frequência e isso tira completamente a pressâo. Se tens algumas músicas extras, não vais querer abarrotar tudo no disco e arruinar o fluxo do mesmo.

O que aconteceu com este grupo de músicas em particular que as deiferenciou do restante álbum?

Quase todas elas estavam no álbum, mas retiramos-as porque achamos que fazia o álbum muito comprido, e que mexia com o seu ritmo. Eu não estou a sugerir que toda a gente vai ouvir os disco todo – isso seria o verdadeiro luxo – mas se estás a construir um álbum, eu penso que ao menos deves fazer um que gostarias de ouvir até ao fim.

Toda o mundo fala sobre o facto de o álbum já não ser um formato relevante mas, na verdade, em termos de estrutura, um álbum é a quantidade de tempo certo para se ouvir alguma coisa. E de um ponto de vista criativo, é muito útil, pois retira a pressão de cada pista ter que ser um “single”.

Para mim, muito frequentemente os singles tornam-se enjoativos depois de algum tempo, e gravita-se por faixas que uma grande produtora poderia chamar de “enchimento”. Eles não são sempre os mais imediatos e certamente que não são músicas de rádio, mas depois de algum tempo, há algo nelas que gostamos, algo que se calhar não era tão evidente no início.

Vocês têm estado em digressão este ano todo: qual foi o melhor concerto até agora?

Tocamos num festival chamado FYF, que é muito bom. Foi estralho para nós termos sido reservados para este festival, uma vez que é maioritáriamente música punk, mas há imensas boas bandas que gostamos. E, cada vez mais, os festivais mais estranhos e mais á esquerda, são os que queremos ser chamados.

Além disso, algumas semanas atrás, fizemos um concerto ao vivo no Space [Ibiza]. Andavamos a tentar tocar lá ao vivo à anos e é uma missão difícil, mas finalmente conseguimos e foi muito divertido.

O que está nas vossas cláusulas? É tão mau quanto o de Steve Aoki’s?

Os nossos pedidos ao vivo são verdadeiramente contidos, só coisas que realmente precisamos. Mas recentemente vi as nossas estipulações de DJ e são ridículas. Eu acho que eles simplesmente copiaram os nosso pedidos ao vivo. Mas é de ter em mente que quando tocamos ao vivo levamos uma equipa connosco, e quando fazemos DJ só sou eu eu o James. Por isso, é tipo duas garrafas de vodka, 48 garrafas de cerveja... o James pode correctamente colocá-lo de lado, mas isso certamente nós mataría aos dois se não conseguirmos algo para polis tudo isto. Então sim, as nossas cláusulas são tão ruins quanto as de Steve Aoki.

Qual foi o teu maior destaque na banda?

O maior destaque...(Risos) Na verdade quando saímos da nossa actuação no Space, o Carl Craig estava escostado na lateral do palco e disse: “Eu quero participar na banda”. Ambos olhamos um para o outro como quem diz, “OK, está feito.” (Risos) Isto foi basicamente a melhor coisa que já me aconteceu em toda a minha vida.

Por fim, se tivesses que recomendar um álbum de 2012, qual seria?

O novo de álbum de Daphni é muito bom, mas penso que ainda não é esse. Então vamos pata o Nathan Fake.