No segundo dia, resolvi ir mais longe. No Cais Sodré, peguei o metro e desci quatro estações depois, no Marquês de Pombal. O metro é bem organizado e rápido, em dez minutos cheguei ao meu destino. Logo que sai da estação, me deparei com o grandioso monumento de Marquês de Pombal.
O ícone fica em uma praça redonda rodeada de avenidas e estava vazio quando cheguei. Foi a primeira vez que encontrei um ponto turístico desocupado e aproveitei para observar tudo com calma. Fiquei impressionada com sua grandiosidade e riqueza de detalhes. É um obelisco gigante com a estátua do marquês na ponta e várias outras esculturas ao longo do seu comprimento, como cavalos e escravos. Os feitos do marquês também estão inscritos ali, inclusive a abolição dos escravos brasileiros.
Olhando para a frente do Marquês de Pombal, é possível ver um parque lindo: o Eduardo VII. Ele tem um jardim retangular comprido e com as plantas bem cuidadas, formando desenhos geométricos. Mas o legal mesmo são as alamedas que ficam nas laterais do jardim. Com quase um quilômetro de extensão, os passeios têm árvores e bancos dos dois lados. As árvores estavam secas e com a cara do inverno europeu.
Deve ser um lugar legal para correr no verão, mas agora a vontade foi mesmo de sentar em um dos bancos e abrir um livro. Confesso que sentei um pouco para escrever no meu caderninho e depois continuei caminhando bem lentamente. Foi uma sensação bem difícil de explicar, mas senti uma paz interior tão grande e achei o lugar tão bonito que podia ficar horas ali.
No final da alameda, ainda tive outra boa surpresa. Tinha visto dois obeliscos grandes de longe, mas quando cheguei lá vi que há uma fonte no meio deles. Tudo isso fica num nível acima do parque e oferece uma vista fascinante. Dá para ver o parque, a avenida, o Marquês de Pombal, a cidade e ao longe o mar. Fiquei abestalhada de novo e fiquei uns dez minutos me apaixonando por cada detalhe dali.
Já tinha feito isso antes, mas agora foi diferente. Os outros lugares eram bonitos, mas eram pontos turísticos tradicionais, cheios de gente, para você passar, ficar um pouquinho, tirar foto e ir embora. Dessa vez, percebi que me sentiria feliz passando por ali constantemente, seja só de passagem, para ler, fazer um piquenique ou correr. Depois de algum tempo, sai sabendo que aquele era meu lugar favorito até então – o Terreiro do Paço está em segundo lugar.
Mas como essa cidade não para de surpreender, ainda vi muita coisa bonita nesse dia. Continuei caminhando no sentido do Marquês de Pombal e parei em um jardim elevado que tem o formato de um semicírculo e vários bancos. Depois, encontrei uma ponte de madeira bem charmosa que dá numa pista de cooper massa. As placas diziam que a pista dava em um parque, mas era a cinco quilômetros, então deixei o passeio para outro dia, quem sabe quando eu estiver correndo por aí.
Voltei pelo Parque Eduardo VII e fui caminhando pela Avenida da Liberdade até encontrar a entrada para o Bairro Alto. Como subi logo na primeira placa, acabei em um lugar meio deserto, mas ainda achei uma praça bem charmosa perdida por ali. Andei mais um bocado por umas ruas vazias e cheguei ao centro do bairro. Vi a Praça do Príncipe Real e andei por uma rua cheia de bares e cafés. Parei um pouco em um desses para esperar a chuva passar e continuei caminhando até chegar ao Chiado.
Antes disso, encontrei outro miradouro, o de Santa Catarina. Essa cidade sabe que é bonita e adora oferecer vistas incríveis. Dessa vez, o céu estava com um bocado de neblina, então não deu para ver muita coisa, mas o miradouro em si já é um presente para os olhos. É um lugar bem tranquilo, com uma fonte e uma varandinha que dá para outro miradouro mais baixo, cheio de jardins. No final de tudo isso, um café para fechar o passeio com chave de ouro.
Pulei essa parte e continuei andando pelo Chiado, até que encontrei a estátua de Camões, ponto de encontro para quem vai curtir a noite no Bairro Alto. Como era sexta-feira à noite, a praça estava movimentada, assim como os bares que ficam ali por perto. Fiquei um pouco por ali sentindo o clima da noite lisboeta, mas depois voltei para o Cais Sodré. Desviei um pouco o caminho só para olhar o Teatro Nacional São Carlos e admirar as vivendas iluminadas à noite.