Sexta-Feira, 30 de Janeiro

 

17/10/2006 - Copyleft

Desemprego cai com Lula, mas economistas se dividem sobre mérito do governo


Rafael Sampaio - Carta Maior
www.wizardrj.com.br/worktek/index.htm

SÃO PAULO - O desemprego aberto caiu entre 2003 e 2005, depois de haver crescido continuamente durante a gestão de Fernando Henrique Cardoso, durante a década de 1990. Tanto os dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) quanto do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam na mesma direção.

A pesquisa do IBGE mostra que, entre 1995 e 2001, durante a gestão de Fernando Henrique, o desemprego aberto cresceu 35%. No último ano do governo tucano, o índice de desemprego foi de 11,68% por ano em média. Já em 2005, a média anual do desemprego recuou para 9,83%.

Os dados da PED-Dieese (Pesquisa de Emprego e Desemprego) para a região metropolitana de São Paulo apontam um aumento de 35,7% do desemprego aberto entre 1994 e 2002, anos da gestão tucana. Os piores índices estão em 1997, quando o desemprego foi de 10,16%; em 1999, quando a taxa saltou para 12,06%; em 2002, cujo índice foi de 12,12%; e em 2003, o pior patamar, com 12,72% dos trabalhadores desempregados.

Entre 2002 e 2005, de acordo com a pesquisa, o desemprego aberto recuou cerca de 13%. Passou de 12,72% em 2003, para um índice de 11,76% em 2004 e então para 10,55% em 2005. Para o economista Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese, a queda é contínua e sustentável. “Caminhamos para fora do fundo do poço”, diz ele.

Desemprego
Na avaliação do diretor do Dieese, o governo de Lula adotou medidas para frear o desemprego que faltaram ao governo anterior, como a defesa dos interesses nacionais com relação ao comércio exterior. Em 2005, por exemplo, as exportações renderam US$ 118,3 bilhões ao PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, quase o dobro do rendimento no último ano do governo de Fernando Henrique Cardoso, que foi de US$ 60,4 bilhões em 2002.

“O Brasil, hoje, é menos vulnerável a uma crise internacional do tamanho daquela de 1997”, diz Ganz, referindo-se à quebra dos países chamados “tigres asiáticos”. Para ele, ainda falta assentar a economia nacional em um mercado interno sólido. “Faltam ajustes macro e microeconômicos que nos façam menos dependentes das exportações”, avalia.

O professor de Economia da Unicamp Márcio Pochmann é menos otimista. “Não identifico uma política pública explícita para gerar emprego no país”, diz ele, que foi secretário do Trabalho da prefeitura de São Paulo, durante a gestão de Marta Suplicy. Para Pochmann, o Brasil vive há três anos uma “sorte conjuntural”, por isso há aumento no número de empregos no país.

Ele explica que “sorte conjuntural” são fatores externos ao governo, como a ausência de crises econômicas internacionais. “O problema do desemprego é estrutural, requer mudança no modelo econômico, coisa que não foi feita”, reflete Pochmann.

A crítica do professor se dirige, também, ao baixo crescimento econômico anual das duas gestões. Enquanto o mandato do tucano conseguiu um crescimento médio de 2,32% para o país, Lula atingiu os 2,54%.

Pochmann afirma que o governo Lula não teve coragem de desviar a macroeconomia da rota conservadora, herança do governo de Fernando Henrique Cardoso. Segundo o professor, o gasto de formação na área profissional, inclusive, se reduziu durante o governo petista. “E não é a classe média que está se beneficiando com essa queda na taxa de desemprego. Afinal, as vagas que estão sendo abertas têm salários que gravitam na faixa dos R$ 800”, reflete.

A opinião de Pochmann vai no sentido contrário à de outro economista, também professor da Unicamp, que é senador pelo PT (Partido dos Trabalhadores): Aloizio Mercadante.

Em seu livro Brasil: Primeiro Tempo, Mercadante destaca o crescimento de 4,9% do PIB em 2004, “o melhor em dez anos”, na sua avaliação. A boa estatística foi atingida “devido à normalização do mercado de câmbio e a descompressão da política monetária”, de acordo com a análise do Senador.

Ele atribui o bom resultado, ainda, às exportações, à produção de bens de capital e bens de consumo duráveis, e ao aumento do consumo das famílias promovido pelas políticas públicas do governo, tais como a democratização do crédito, aumento dos salários dos trabalhadores e expansão do emprego.



Créditos da foto: www.wizardrj.com.br/worktek/index.htm




José Caetano Silva - 18/10/2006
Grande, Luís Cláudio Pinheiro. Você matou a pau. Eu ia escrever algo sobre o texto, mas você retirou-me as palavras. Assino embaixo!


Eduardo Oliveira - 18/10/2006
Isso demonstra a satisfação da sociedade sobre a reeleição do Lula. Apesar do povo Paulista, persistir com um governo do PSDB da qual acoberta 69 CPIs com grande ajuda da mídia e o Ministério Público de São Paulo.


Rose Fiorini - 18/10/2006
É verdade... Tudo que o Presidente Lula fez de positivo, vira "sorte". Pois bem, mais um motivo para mantê-lo no cargo: pelo menos é um presidente "sortudo"! O que não se pode dizer da oposição "azarada". Sorte para o Brasil e adeus urubús travestidos de tucanos!


Flávia de Almeida - 18/10/2006
É fato que existe uma certa incompatibilidade entre gerar emprego e renda com a manutençaõ do sistema capitalista em vigor. Mas é inegável que a adoção de políticas compensatórias de largo alcance (digo aqui: incremento no bolsa-família, proteção da produção nacional entre outros) auxilia na distribuição de renda e na formação de´postos de trabalho.


Jorge Nogueira - 17/10/2006
O governo Lula tem feito uma propaganda perniciosa com relação ao emprego, contando apenas os postos gerados. Seria como se uma equipe entrasse em um torneio e contasse só os gols que fez. O que vale é a taxa e até nisso ele foi IGUAL ao governo FHC. Qdo Lula assumiu a taxa de desemprego era de 10,5% e na última pesquisa de agosto ele era de...10,6%, praticamente a mesma. Para quem tiver alguma dúvida confira: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/24012003pme.shtm?PHPSESSID=81c5d0a2ac2888dd1315eea09a5563d9 http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u111166.shtml


André Lux - 17/10/2006
Pobre FHC... além de intelectual medíocre e péssimo governante, ainda é azarado! Esses economistas são hilariantes mesmo...


Sidnei - 17/10/2006
Parabéns, Luiz Claudio Pinheiro! É isso aí. O governo Lula tem sorte sim. E quanto mais ele trabalha, mais sorte tem! Aliás, os invejosos às vezes dizem isso dos bem-sucedidos: "é sorte!". Que continuemos tendo boa sorte, amigos! Com Lula, claro!


Joaquim Mendes - 17/10/2006
Emprego é que não falta para os Petistas que incham os 34 ministérios, das Empresas Estatais....Por essa razão que eles são contra Privatização.... Os Fundos de Pensão dessas Empresas são aportados com dinheiro público que vem dos impostos que pagamos..


luiz claudio pinheiro - 17/10/2006
Êta governo de sorte, não é mesmo? Diziam que o desemprego ia aumentar, e o desemprego diminuiu. Diziam que o saldo comercial ia evaporar, e o saldo comercial cresceu. Diziam que o mercado interno estava estagnado, e o consumo interno está batendo recordes no varejo. O poder de compra dos salários sobe, a inflação cai, a dívida pública externa foi ZERADA. A vida do povo melhorou muito, ao mesmo tempo em que a economia foi estabilizada e a dívida pública reduzida. Mas os comentaristas/economistas/jornalistas não perceberam, e seguem dizendo que Lula é "igual a FHC". Para o povo, não é. Para a história, com certeza também não será. No fundo, os economistas é que são iguais entre si, no endeusamento do crescimento pelo crescimento, na negação arrogante das políticas que não são da sua aprópria pauta de recomendações. E agora, vendo o sólido apoio popular a Lula, dizem que ele "está com sorte". Há uma sorte, porém, que o Lula não teve: a de contar com a isenção da mídia e dos economistas. Que tal fazer um pequeno exercício, e pensar no que vai acontecer ao Brasil com a continuação da atual política econômica? A economia estabilizada, a inflação abaixo de 4%, a Selic caindo para baixo dos 10%, a redução da relação dívida pública/PIB, o investment grade, o crescimento sustentado acima de 5% ao ano, e com inclusão social, a redução da miséria a níveis marginais, o aumento ainda mais significativo do emprego e dos salários. O Brasil merece essa sorte toda. Boa votação em 29 de outubro, brasileiros.


João Cayres - 17/10/2006
Gostaria de fazer uma observação: no final de 2002, o IBGE alterou a metodologia o que hoje dificulta comparações. Creio que se estivesse utilizando a metodologia antiga, o desemprego no Governo Lula aferido pelo IBGE estaria bem mais baixo, em torno de 7 a 8%.

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