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Afro-descendente recebe medalha 

 

Dia 20 deste mês comemoramos o `Dia Nacional da Consciência Negra', uma história cheia de cicatrizes profundas e muita dor embebecida por sua garra e beleza, dança e música que penetrou em nosso sangue, nossa alma, tornando-se nossa raiz.Em um século em que se fala da igualdade é lamentável que seja necessário uma data para conscientização popular, mas se este é o inicio de um caminho para este fim então que seja louvável que todos participem deste movimento.
A lei 10.639 mudou a lei de Diretrizes de Base da Educação (LDB) e tornou obrigatória a inclusão de História da África e Cultura Afro-brasileira na grade curricular de escolas pública e privada e também incluiu no calendário escolar o 20 de novembro como Dia Nacional da Consciência Negra.
A partir de 1995 foram realizadas as primeiras comemorações nacionais à memória de Zumbi. O ano marcou o início de um debate sobre a situação das comunidades quilombolas remanescentes, para as quais esse dia significa refletir sobre a importância de Zumbi para a construção da identidade negra no país. Herói negro, sujeito histórico que cumpriu uma função social no Brasil colonial e que hoje é retomado como ícone e instrumento de ruptura do racismo brasileiro.
Quilombo dos Palmares
Fundado em 1597 com cerca de 40 escravos foragidos de um engenho situado em terras pernambucanas, em pouco tempo, se tornou uma verdadeira cidade, destino de todo negro fugitivo.
Em 20 de novembro de 1605, Zumbi, o último líder do quilombo, foi traído por um de seus principais comandantes, que revelou seu esconderijo. Zumbi foi capturado pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, que o torturou e decapitou, levando sua cabeça até a Praça do Carmo, onde ficou exposta por anos seguidos até sua completa decomposição.
Como Ubatuba festeja
A Fundart está promovendo a "Exposição da Consciência Negra" até o próximo dia 26 com trabalhos realizados pela AMA (Associação das Mulheres Afro-descendentes).
Nesta segunda-feira, dia 20, o afro-descendente Luiz Antônio Azevedo recebeu a "Medalha Zumbi dos Palmares", honraria que lhe foi conferida pela Câmara Municipal de Vereadores em reconhecimento ao seu trabalho junto à Pastoral Afro da Diocese de Caraguatatuba.
A cerimônia contou com a presença dos vereadores Claudinho Gulli (PMDB), Osmar de Souza (PFL), Edílson Félix e Jairo dos Santos (PT), autor do projeto aprovado este ano, e do vice-prefeito Domingos dos Santos (PT).
O homenageado destacou que a cidade tem que acordar para o fato de que temos uma história negra, que a educação não trata como deveria. "Parece que tem medo de estudar nossa história, como se fosse algo medonho", revelou.
Luiz Antônio comparou-se a outras pessoas que vêm trabalhando pela causa do negro. "Acho que não tenho histórico para merecer tamanha honraria, mas espero que os outros não caiam no esquecimento", solicitou modestamente.
O vice-prefeito recordou um pouco da luta do herói Zumbi,lutador pela liberdade e justiça, inspirando todos que estão na batalha por seus direitos, e citou as grandes diferenças sociais. "As cadeias ainda não foram rompidas, mas já temos um diferencial com uma ministra negra e o Governo Federal empenhado em fazer valer as leis dos quilombolas, de cotas para negros e outras", explicou.
O padre Mauro José Ramos, administrador diocesano da paróquia Nossa Senhora de Fátima, do Ipiranguinha, usou a tribuna para contar algumas histórias de discriminação por ele presenciadas e disse que o preconceito é enraizado no ser humano, mesmo ele não queira. "Vamos partir para um gesto concreto: um monumento para a Praça da Paz, onde foi a igreja de Nª Srª do Rosário dos Homens Pretos", sugeriu.
Padre Mauro aproveitou para convidar para a visita oficial de D. Altieri, bispo da diocese de Caraguá, que vai ministrar o Sacramento da Crisma, no próximo sábado, dia 25, às 19h, na igreja do Ipiranguinha.