António Vieira
Padre António Vieira | |
---|---|
Retrato do Padre António Vieira, de autor desconhecido do início do século XVIII. | |
Nascimento | 6 de fevereiro de 1608 Lisboa, Reino de Portugal |
Morte | 18 de julho de 1697 (89 anos) Salvador, Estado do Brasil, Ultramar Português |
Nacionalidade | Português |
Ocupação | Religioso, escritor e orador |
António Vieira (português europeu) ou Antônio Vieira (português brasileiro) (Lisboa, 6 de fevereiro de 1608 — Salvador, 18 de julho de 1697), mais conhecido como Padre António Vieira ou Padre Antônio Vieira, foi um religioso, filósofo, escritor e orador português da Companhia de Jesus.
Uma das mais influentes personagens do século XVII em termos de política e oratória, destacou-se como missionário em terras brasileiras. Nesta qualidade, defendeu incansavelmente os direitos dos povos indígenas combatendo a sua exploração e escravização e fazendo a sua evangelização. Era por eles chamado de "Paiaçu" (Grande Padre/Pai, em tupi).
António Vieira defendeu também os judeus, a abolição da distinção entre cristãos-novos (judeus convertidos, perseguidos à época pela Inquisição) e cristãos-velhos (os católicos tradicionais), e a abolição da escravatura. Criticou ainda severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição.
Na literatura, seus sermões possuem considerável importância no barroco brasileiro e português. As universidades frequentemente exigem a sua leitura.
Índice
Biografia[editar | editar código-fonte]
Nascido em lar humilde, na Rua do Cónego, perto da Sé, em Lisboa, foi o primogénito de quatro filhos de Cristóvão Vieira Ravasco, de origem alentejana cuja mãe era filha de uma mulata ou africana, e de Maria de Azevedo, lisboeta.[1] [2] [3]
Cristóvão serviu na Marinha Portuguesa e foi, por dois anos, escrivão da Inquisição. Mudou-se para o Brasil em 1614, para assumir cargo de escrivão em Salvador, na Bahia, mandando vir a família em 1618.
No Brasil[editar | editar código-fonte]
António Vieira chegou à Bahia, onde em 1619 seu pai passou a trabalhar como escrivão no Tribunal da Relação da Bahia, o que motivou a vinda de toda a família. Em 1614, iniciou os primeiros estudos no Colégio dos Jesuítas de Salvador,[4] onde, principiando com dificuldades, veio a tornar-se um brilhante aluno. Segundo o próprio, foi a partir de um "estalo" na cabeça que, de súbito, tudo clareou: passou a entender com facilidade e a guardar tudo o que lia na memória. Até hoje muitos se referem a fenômeno semelhante a esse como "o estalo de Vieira".[5]
Ingressou na Companhia de Jesus como noviço em maio de 1623.
Em 1624, quando na invasão holandesa de Salvador, refugiou-se no interior da capitania, onde se iniciou a sua vocação missionária. Um ano depois tomou os votos de castidade, pobreza e obediência, abandonando o noviciado. Prosseguiu os seus estudos em Teologia, tendo estudado ainda Lógica, Metafísica e Matemática, obtendo o mestrado em Artes. Foi professor de Retórica em Olinda, ordenando-se sacerdote em 1634. Nesta época já era conhecido pelos seus primeiros sermões, tendo fama de notável pregador.
Quando a segunda invasão holandesa ao Nordeste do Brasil (1630-1654), defendeu que Portugal entregasse a região aos Países Baixos, pois gastava dez vezes mais com sua manutenção e defesa do que o que obtinha em contrapartida, além do fato de que os Países Baixos eram um inimigo militarmente muito superior à época. Quando eclodiu uma disputa entre Dominicanos (membros da Inquisição) e Jesuítas (catequistas), Vieira, defensor dos judeus, caiu em desgraça, enfraquecido pela derrota de sua posição quanto à questão da guerra.
Em Portugal[editar | editar código-fonte]
Após a Restauração da Independência (1640), em 1641 regressou a Lisboa iniciando uma carreira diplomática, pois integrava a missão que ia ao Reino prestar obediência ao novo monarca. Sobressaindo pela vivacidade de espírito e como orador, conquistou a amizade e a confiança de João IV de Portugal, sendo por ele nomeado embaixador e posteriormente pregador régio. Ainda como diplomata, foi enviado em 1646 aos Países Baixos para negociar a devolução do Nordeste do Brasil, e, no ano seguinte, à França. Caloroso adepto de obter para a Coroa a ajuda financeira dos cristãos-novos, entrou em conflito com o Santo Ofício, mas viu fundada a Companhia Geral do Comércio do Brasil.
No Brasil, outra vez[editar | editar código-fonte]
Em Portugal, havia quem não gostasse de suas pregações em favor dos judeus. Após tempos conturbados acabou voltando ao Brasil, de 1652 a 1661, missionário no Maranhão e no Grão-Pará, sempre defendendo a liberdade dos índios.[6]
Diz o Padre Serafim Leite em Novas Cartas Jesuíticas, Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1940, página 12, que Vieira tem "para o norte do Brasil, de formação tardia, só no século XVII, papel idêntico ao dos primeiros jesuítas no centro e no sul», na «defesa dos índios e crítica de costumes". "Manuel da Nóbrega e António Vieira são, efectivamente, os mais altos representantes, no Brasil, do criticismo colonial. Viam justo - e clamavam!"
Naufrágio nos Açores[editar | editar código-fonte]
Em 1654, pouco depois de proferir o célebre "Sermão de Santo António aos Peixes" em São Luís,[6] no estado do Maranhão, o padre António Vieira partiu para Lisboa, junto com dois companheiros, a bordo de um navio da Companhia de Comércio, carregado de açúcar. Tinha como missão defender junto ao monarca os direitos dos indígenas escravizados, contra a cobiça dos colonos portugueses. Após cerca de dois meses de viagem, já à vista da ilha do Corvo, a Oeste dos Açores, abateu-se sobre a embarcação uma violenta tempestade. Mesmo recolhidas as velas, à exceção do traquete, correndo o navio à capa, uma rajada mais forte arrancou esta vela, fazendo a embarcação adernar a estibordo. Em pleno mar revolto, na iminência do naufrágio, o padre concedeu a todos absolvição geral, bradando aos ventos:
- "Anjos da guarda das almas do Maranhão, lembrai-vos que vai este navio buscar o remédio e salvação delas. Fazei agora o que podeis e deveis, não a nós, que o não merecemos, mas àquelas tão desamparadas almas, que tendes a vosso cargo; olhai que aqui se perdem connosco."
Após essa exortação, obteve de todos a bordo um voto a Nossa Senhora de que lhe rezariam um terço todos os dias, caso escapassem à morte iminente. Ainda por um quarto de hora o navio permaneceu adernado até que os mastros se partiram. Com o peso da carga, estivada até às escotilhas, o navio voltou à posição normal, permanecendo à deriva, ao sabor dos elementos.
Nesse transe uma outra embarcação foi avistada, mas sem que prestasse qualquer auxílio. Ao cair da noite a mesma retornou, mas tratava-se de um corsário neerlandês que recolheu os náufragos a bordo e pilhou a embarcação à deriva, que acabou por ser afundada. Nove dias mais tarde, quarenta e um portugueses, despojados de seus pertences pessoais, foram desembarcados na Graciosa, onde o padre António Vieira, com o auxílio dos religiosos da Companhia de Jesus, procurou providenciar-lhes roupas, calçado e dinheiro durante os dois meses que permaneceram na ilha. Dali, também, creditou Jerónimo Nunes da Costa para que este fosse a Amesterdão resgatar os papéis e livros que lhe haviam sido tomados pelos corsários, o que se acredita tenha sido cumprido uma vez que dispomos hoje de cerca de duzentos sermões (este naufrágio é relatado no vigésimo-sexto) e cerca de 500 cartas do religioso, muitas das quais anteriores ao naufrágio.
O grupo passou em seguida à Ilha Terceira, onde Vieira obteve o aprestamento de uma embarcação para que os seus companheiros de infortúnio pudessem seguir para Lisboa. Instalado no Colégio dos Jesuítas em Angra, ele aqui permaneceu mais algum tempo, tendo instituído a devoção do terço, que pela primeira vez foi cantado na Ermida da Boa Nova. Entre os sermões que pregou em diversos locais da ilha, destacou-se o que proferiu na Igreja da Sé, na Festa do Rosário, celebrada anualmente a 7 de outubro, com aquele templo repleto.
Uma semana mais tarde, Vieira passou à Ilha de São Miguel, onde proferiu o sermão de Santa Teresa, um dos mais destacados de sua autoria. Dali partiu para Lisboa, a bordo de um navio inglês, a 24 de outubro. Após atravessar nova tempestade, o religioso chegou finalmente ao destino, em novembro de 1654.
Em Portugal, outra vez[editar | editar código-fonte]
Em Portugal, António Vieira tornou-se confessor da “regente”, D. Luísa de Gusmão que foi a primeira rainha de Portugal da quarta dinastia. Com a ascensão ao trono de D. Afonso VI, Vieira não encontrou apoio.
Abraçou a profecia Sebastiana e por isso entrou em novo conflito com a Inquisição que o acusou de heresia com base numa carta de 1659 ao bispo do Japão na qual expunha sua teoria do quinto império segundo a qual Portugal estaria predestinado a ser cabeça de um grande império do futuro.
Em Roma[editar | editar código-fonte]
Em Roma, ficou 6 anos, encontrou o Papa a beira da morte, mas deslumbrou a Cúria com seus discursos e sermões. Com apoios poderosos, renovou a luta contra a Inquisição, cuja actuação considerava nefasta para o equilíbrio da sociedade portuguesa. Obteve um breve pontifício que o tornava apenas dependente do Tribunal romano. A mesma extraordinária capacidade oratória que seduzira, primeiro, o governo geral do Brasil, a corte de Dom João IV, e que depois, iria convencer o Papa e garantir assim a anulação das suas penas e condenações.
Entre 1675 e 1681, a actividade da Inquisição esteve suspensa por determinação papal em Portugal e no império, uma determinação que encontrou o seu maior fundamento nos relatórios sobre os múltiplos abusos de poder que o jesuíta deixou em Roma, nas mãos do Sumo Pontífice. Desta forma conseguia dois feitos raros e históricos, por um lado conseguia parar pela primeira vez durante sete anos a actividade do Santo Oficio em Portugal e, feito não menor, lograva escapulir da perigosa malha que inquisidores derramavam sobre si.
Em Portugal[editar | editar código-fonte]
Regressou a Lisboa seguro de não ser mais importunado. Quando, em 1671, uma nova expulsão dos judeus foi promovida, novamente os defendeu. Mas o Príncipe Regente passara a protector do Santo Ofício e recebeu-o friamente. Em 1675, absolvido pela Inquisição, voltou para Lisboa por ordem de D. Pedro, mas afastou-se dos negócios públicos.
No Brasil, pela última vez[editar | editar código-fonte]
Decidiu voltar outra vez para o Brasil, em 1681. Dedicou-se à tarefa de continuar a coligir os seus escritos, visando à edição completa em 16 volumes dos seus Sermões, iniciada em 1679, e à conclusão da Clavis Prophetarum. Possuía cerca de 500 Cartas que foram publicadas em 3 volumes. As suas obras começaram a ser publicadas na Europa, onde foram elogiadas até pela Inquisição.
Já velho e doente, teve que espalhar circulares sobre a sua saúde para poder manter em dia a sua vasta correspondência. Em 1694, já não conseguia escrever pelo seu próprio punho. Em 10 de junho começou a agonia, perdeu a voz, silenciaram-se seus discursos. Morre na Bahia a 18 de julho de 1697, com 89 anos.[6]
Obra[editar | editar código-fonte]
Deixou uma obra complexa que exprime as suas opiniões políticas, não sendo propriamente um escritor, mas sim um orador. Além dos Sermões redigiu o Clavis Prophetarum, livro de profecias que nunca concluiu. Entre os seus sermões, alguns dos mais célebres são: o "Sermão da Quinta Dominga da Quaresma", o "Sermão da Sexagésima", o "Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda", o "Sermão do Bom Ladrão","Sermão de Santo António aos Peixes" entre outros. Vieira deixou cerca de 700 cartas e 200 sermões.
A Obra Completa do Padre António Vieira[7] , anotada e atualizada, começou a ser publicada em 2013, quase quatro séculos após o seu nascimento. Esta publicação em 30 volumes inclui a totalidade das suas cartas, sermões, obras proféticas, escritos políticos, sobre os judeus e sobre os índios, bem como a sua poesia e teatro, e é a primeira edição completa e cuidada de toda a sua vasta produção escrita. Um dos maiores projetos editoriais do seu género, foi o resultado de uma cooperação internacional entre várias instituições de investigação e academias científicas, culturais e literárias Luso-Brasileiras, sob a égide da Reitoria da Universidade de Lisboa. Mais de 20 mil fólios e páginas[8] de manuscritos e impressos atribuídos a Vieira foram analisados e comparados, em dezenas de bibliotecas e arquivos em Portugal, no Brasil, em Espanha, França, Itália, Inglaterra, Holanda, México e Estados Unidos da América. Cerca de um quarto da Obra Completa consiste em textos inéditos. Este projeto, sob a direção de José Eduardo Franco e Pedro Calafate, foi desenvolvido pelo CLEPUL em parceria com a Santa Casa da Misericórdia, e publicado pelo Círculo de Leitores, com o último volume a ser lançado em 2014. Embora esta seja uma edição portuguesa, uma seleção de textos será publicada em 12 línguas como parte do projeto.
Lendas[editar | editar código-fonte]
Existem muitas lendas sobre o padre António Vieira, incluindo a que afirma que, na juventude, a sua genialidade lhe fora concedida por Nossa Senhora, e a que, uma vez, um anjo lhe indicou o caminho de volta à escola quando estava perdido.
Festa litúrgica[editar | editar código-fonte]
Embora não seja considerado santo na Igreja Católica, Padre Antônio Vieira consta no calendário de santos da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil como sacerdote e testemunha profética, sendo sua festa litúrgica celebrada em 18 de julho.[9]
Obras[editar | editar código-fonte]
Antônio Vieira escreveu mais de 200 sermões, 700 cartas, além de tratados proféticos, relações etc. Seguem abaixo alguns de seus sermões:[6]
- Sermão da Sexagésima
- Sermão de São José (1642) ligação externa
- Maria Rosa Mística
- Sermão de Santo António aos Peixes
- Sermão de Nossa Senhora do Rosário
- Sermão da Quinta Dominga da Quaresma
- Sermão do Mandato
- Sermão Segundo do Mandato
- Sermão de Santa Catarina Virgem e Mártir
- Sermão Histórico e Panegírico
- Sermão da Glória de Maria, Mãe de Deus
- Sermão da Primeira Dominga do Advento (1650)
- Sermão da Primeira Dominga do Advento (1655)
- Sermão de São Pedro
- Sermão da Primeira Oitava de Páscoa
- Sermão nas Exéquias de D. Maria de Ataíde
- Sermão de São Roque
- Sermão de Todos os Santos
- Sermão de Santa Teresa e do Santíssimo Sacramento
- Sermão de Santa Teresa
- Sermão da Primeira Sexta-feira da Quaresma (1651)
- Sermão da Primeira Sexta-feira da Quaresma (1644)
- Sermão de Santa Catarina (1663)
- Sermão do Mandato (1643)
- Sermão do Espirito Santo
- Sermão de Nossa Senhora do Ó (1640)
- Quarta parte, licenças e privilégio real
- Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal Contra as de Holanda
- Sermão da Segunda Dominga da Quaresma (1651)
- Maria Rosa Mística Excelências, Poderes e Maravilhas do seu Rosário
- Sermão das Cadeias de São Pedro em Roma pregado na Igreja de S. Pedro. No qual sermão é obrigado, por estatuto, o pregador a tratar da Providência, ano de 1674
- Sermão do Bom Ladrão
- Sermão da Dominga XIX depois do Pentecoste (1639)
- Sermão XII (1639)
- Sermão XIII
- Sermão de Dia de Ramos (1656)
- Quarta Parte em Lisboa na Oficina de Miguel Deslandes
- Sermão do Quarto Sábado da Quaresma (1640)
- Sermão XIV (1633)
- Sermão Nossa Senhora do Rosário com o Santíssimo Sacramento
- Sermão XI Com o Santíssimo Sacramento Exposto
- Sermão da Quinta Dominga da Quaresma (1654)
- Sermão nas Exéquias de D. Maria da Ataíde (1649)
- Sermão de São Roque (1652)
- Sermão Segundo do Mandato (II)
- Sermão do Mandato (1655)
- Sermão da Epifania (1662)
- Sermão da primeira Oitava da Páscoa (1656)
- História do Futuro
- Esperanças de Portugal
- Defesa do livro intitulado Quinto Império
Cronologia[10] [editar | editar código-fonte]
- 1608 – Nasce a 6 de fevereiro em Lisboa, na freguesia da Sé, António Vieira, filho primogénito de Cristóvão Vieira Ravasco e de Maria de Azevedo.
- 1614 – Desembarca com a família em Salvador da Bahia, onde frequentará as aulas do Colégio dos Jesuítas.
- 1624 - Em Maio, as forças holandesas ocupam a cidade do Salvador.
- 1626 – Com 18 anos de idade, o noviço António Vieira é encarregue de redigir a Carta Annua ao Geral dos Jesuítas, relatório anual da Companhia de Jesus no Brasil. Constitui o seu primeiro escrito.
- 1627 – Transfere-se para o Colégio dos Jesuítas de Olinda, onde passa a ministrar aulas de Retórica.
- 1633 – Prega o primeiro sermão público, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, em Salvador.
- 1634 – É ordenado sacerdote, a 10 de dezembro, celebrando a 13 do mesmo mês a sua primeira missa.
- 1638 – É nomeado Lente em Teologia.
- 1640 – Prega o "Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal Contra as de Holanda", na Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, em Salvador.
- 1641 – Vieira viaja para Lisboa, onde residirá até 1646.
- 1642–1644 – Prega pela primeira vez na Capela Real, em Lisboa, o "Sermão dos Bons Anos". Em atenção ao brilhantismo das suas prédicas recebe, em 1644, o título de Pregador de Sua Majestade e alguns dos seus sermões são publicados separadamente. É, igualmente, nomeado Tribuno da Restauração.
- 1645 – Prega o "Sermão do Mandato", na Capela Real, em Lisboa.
- 1646–1652 – Profissão solene na Igreja de São Roque, em Lisboa. Pregador e conselheiro de D. João IV, é por este enviado como embaixador em diversas missões diplomáticas aos Países Baixos e à França, negociando Pernambuco, a paz europeia, o financiamento da guerra contra Castela e a futura Companhia Geral do Comércio do Brasil. É o período de grande actividade diplomática e política de Vieira, que se desloca por grande parte da Europa, representando e defendendo os interesses portugueses. Faz, ainda, parte da embaixada portuguesa nas negociações da Paz de Münster, cujo objectivo era pôr fim à Guerra dos Trinta Anos. Em Ruão e Amesterdão encontra-se e negoceia com representantes da comunidade judaica portuguesa aí refugiada, o que lhe valeria, desde então, a hostilidade do Santo Ofício.
- 1652 – Em novembro parte de volta para a América Portuguesa, a fim de se dedicar às missões junto dos indígenas do estado do Maranhão, dos quais assumirá corajosamente a defesa, contra os interesses esclavagistas dos colonos.
- 1654 – Prega o "Sermão de Santo António aos Peixes", na véspera de embarcar para Lisboa, onde, em breve visita, pedirá providências favoráveis aos índios e às missões jesuítas no estado do Maranhão.
- 1655 – Antes de retornar às missões do Estado do Maranhão, em Abril, prega na Capela Real, em Lisboa, durante a Quaresma: abre com o "Sermão da Sexagésima" e fecha com o "Sermão do Bom Ladrão".
- 1657 – Prega o "Sermão do Espírito Santo", no Maranhão.
- 1659 – Visita cinco aldeias da etnia Nheengaíba. No regresso a Belém do Pará, encontrando-se doente em Cametá, redige o seu primeiro tratado futurológico "Esperanças de Portugal, V Império do Mundo".
- 1661 – Em resultado do seu combate à escravidão dos índios, Vieira e os seus companheiros jesuítas são expulsos do Estado do Maranhão e embarcados para Lisboa.
- 1662 – Prega o importante "Sermão da Epifania" diante da rainha-regente.
- 1663–1667 – É desterrado para Coimbra e começam os interrogatórios da Inquisição, que o persegue devido às suas ideias milenaristas e messiânicas inspiradas no profetismo de António Gonçalves Annes Bandarra ("Quinto Império") e, também, por causa das suas alegadas simpatias pela "gente da nação", os judeus. Em 1666, a Inquisição ordena que seja retirado da cela de religioso, a que estava confinado, e colocado em cárcere de custódia. Apesar de praticamente desprovido de livros para consultas, redige duas Representações da Defesa e, em segredo, parte do livro "História do Futuro" e da "Apologia". Em 1667 é proferida a sentença: "… seja privado para sempre da voz activa e passiva e do poder de pregar…"
- 1668 – É amnistiado a 12 de junho.
- 1669 – Prega o "Sermão do Cego", na Capela Real, em Lisboa. Parte para Roma em busca de revisão da sua sentença, onde permanece seis anos, pregando, em italiano, aos cardeais da Cúria romana e à exilada rainha Cristina da Suécia.
- 1675 – Regressa a Lisboa munido de um Breve do Papa Clemente X, isentando-o "por toda a vida de qualquer jurisdição, poder e autoridade dos inquisidores presentes e futuros de Portugal", mas permanecendo sujeito à autoridade da Cúria romana.
- 1679 – Declina o convite da rainha Cristina da Suécia para ser seu confessor.
- 1681 – Regressa à América Portuguesa, a Salvador, na Bahia, em Janeiro, e passa a residir na Quinta do Tanque, casa de campo do Colégio dos Jesuítas, onde prepara a publicação dos seus Sermões e redige a "Clavis Prophetarum".
- 1686 – Vieira é um dos poucos a não ser afectado pela epidemia de "mal da bicha" (febre amarela). Devido a essa calamidade, a Câmara de Salvador faz votos a São Francisco Xavier, proclamando-o Padroeiro da Cidade do Salvador, em 10 de maio.
- 1688 – É nomeado Visitador-Geral da Província do Brasil (até 1691).
- 1690 – Promove a Missão entre os índios Cariri da Bahia, financiando-a com o lucro da venda dos seus livros.
- 1694 – Emite parecer a favor da liberdade dos índios, contra as administrações particulares na Capitania de São Paulo.
- 1695 – Envia carta-circular de despedida à nobreza de Portugal e amigos, por não poder escrever a todos.
- 1696 – É transferido da Quinta do Tanque para o Colégio dos Jesuítas, no Terreiro de Jesus.
- 1697 – Termina a revisão do tomo XII dos Sermões; dita a sua última carta ao Geral da Companhia de Jesus, Tirso Gonzalez, a 12 de julho. Falece a 18 de julho, no Colégio, aos 89 anos. Os ofícios fúnebres realizam-se na Igreja da Sé, oficiados pelos Cónegos. É sepultado na Igreja do Colégio.
Notas
- ↑ RevelarLX based on CARDOSO, Maria Manuela Lopes – António Vieira: pioneiro e paradigma de Interculturalidade. Lisboa: Chaves Ferreira Publicações S.A., 2001. p. 37-57; DOMINGUES, Agostinho – O Padre António Vieira: um património a comunicar. Porto: Edição Artes Gráficas, Lda., 1997. p. 6-37; DOMINGUES, Mário – O drama e a glória do Padre António Vieira. 2ª edição. Lisboa: Livraria Romano Torres, 1961. p. 9-31. MENDES, João, S.J. – Padre António Vieira. Lisboa: Editorial Verbo, imp. 1972. p. 9-23.
- ↑ http://www.companhiadasletras.com.br/trechos/12824.pdf
- ↑ http://digitalblue.blogs.sapo.pt/77449.html
- ↑ Coelho, Geraldo Mártires. (dezembro de 2010). O visionário da Amazônia. Revista de História da Biblioteca Nacional, n.63
- ↑ Sermões: http://educarparacrescer.abril.com.br/leitura/sermoes-401724.shtml
- ↑ a b c d Antonio Vieira (em português) UOL - Educação. Visitado em 06 de fevereiro de 2013.
- ↑ http://www.circuloleitores.pt/catalogo/1061674/padre-antonio-vieira
- ↑ http://expresso.sapo.pt/lancada-obra-integral-do-padre-antonio-vieira=f785286
- ↑ "Normas para o Ano Cristão". Igreja Episcopal Anglicana do Brasil. 27 de novembro 2014. Disponível em: [1]. Página visitada em 20 de julho de 2015.
- ↑ Revista Oceanos, nrs. 30/31, Abril/Setembro 1997.
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- José Pedro Paiva. Padre Antonio Vieira, 1608-1697: bibliografia, Biblioteca Nacional, Lisboa 1999 ISBN 972-565-268-1
- João Lúcio de Azevedo. História de Antônio Vieira. São Paulo: Alameda, 2008, 2v.
- José Van Den Besselaar. António Vieira: o homem, a obra, as ideias. Lisboa: ICALP, 1981 (Colecção Biblioteca Breve - Volume 58)
- Thomas Cohen. The fire of tongues. Stanford, EUA: Stanford University Press, 1998.
- Margarida Vieira Mendes. A oratória barroca de Vieira. 2ª ed., Lisboa: Caminho, 2003.
- Alcir Pecora. Teatro do sacramento. 2ª ed., São Paulo/Campinas: Edusp/Ed. Unicamp, 2008.
- Revista Semear. Revista da Cátedra Padre António Vieira de Estudos Portugueses , n. 2, 1998.
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Sermões do Padre Vieira (primeira edição) na Brasiliana Digital da USP
- Cartas do Padre Vieira na Brasiliana Digital da USP
- Sermões (vol I), org. Alcir Pécora , (vol. II)
- Cartas do Brasil (org. João Adolfo Hansen)
- comemorações dos 400 anos do nascimento de Vieira (portal da Universidade de Aveiro)
- Biografia do Padre António Vieira
- Biografia do Pe. António Vieira, no site Patrimônios de São Luís
- Lista de Sermões
|