Anfibologia
A anfibologia (do grego amphibolia) é considerada um vício de linguagem[1] que vem a ser, na lógica e na lingüística moderna, um sinônimo de ambigüidade (do latim ambiguitas, atis), isto é, a duplicidade de sentido em uma construção sintática. Um enunciado é ambíguo e, portanto, anfibológico quando permite mais de uma interpretação[2] .
Na lógica aristotélica, designa uma falácia baseada no dúbio sentido - proposital ou não - da estrutura gramatical da sentença de modo a distorcer o raciocínio lógico ou a torná-lo obscuro, incerto ou equivocado.
A ambigüidade pode ser proposital ou inconsciente (ato falho) ou, ainda, dar-se por mero descuido do falante ou do escritor ao organizar as palavras do enunciado. [1]
Além disso pode ser usada como recurso falacioso de argumentação ou como recurso estilístico.[1] O uso estilístico da ambigüidade é comum na poesia (licença poética) e também na linguagem informal, sobretudo no cotidiano do registro falado de uma língua (em brincadeiras, insinuações, por meio de trocadilhos e jogos de palavras). Neste caso, a utilização da ambigüidade se vale da polissemia das palavras ou da semelhança fonética, fenômenos lingüísticos presentes em praticamente todas as línguas.
De um modo geral, a ambigüidade é considerada um vício de linguagem ou recurso estilístico, e a anfibologia, uma falácia.
Uma vez que a anfibologia ou a ambigüidade está estreitamente associada à sintaxe, isto é, à posição e organização das palavras dentro de um enunciado, à relação delas entre si e, de um modo geral, à construção das frases, a ocorrência dessa falácia ou desse vício de linguagem assumirá diferentes formas de acordo com a língua de que se trate, pois cada idioma possui sua própria estrutura e sua sintaxe.
Exemplos[editar | editar código-fonte]
1) Uso de sujeito posposto a verbo que seja transitivo direto:
- Venceu o Brasil a Alemanha - Quem foi o vencedor: o Brasil ou a Alemanha?
2) Uso de pronome possessivo na terceira pessoa - "seu", "seus", "sua", "suas" - (é um uso que, se o escritor não estiver atento, frequentemente produz ambiguidade):
- Meu pai(Caio) foi à casa de Vitor Alexsandro em seu carro. - No carro de quem, de Vitor ou do pai?
- Oi, Macedo , Lindomar lavou seu carro sujo hoje. - O carro de quem, de Macedo ou da segunda pessoa (você)?
3) Uso de certas comparações:
- Na década de 70, os jogadores do Vasco não levavam os treinos a sério, como acontecia no Cruzeiro. - O que acontecia no Cruzeiro? O autor da frase quis equiparar os jogadores do Cruzeiro aos do Vasco ou, ao contrário, quis fazer uma oposição, afirmando que os cruzeirenses levavam os treinos a sério, diferentemente dos vascaínos?
4) Uso da preposição "de" em certos casos entre dois substantivos - as preposições também são frequentemente fonte de ambiguidade:
- Onde está a cadela da Karine? - Está-se referindo à cadela que pertence à Karine ou está-se insultando-a?
5) Uso do pronome relativo quando há substantivos num adjunto adnominal:
- O Rafael roubou o carro do homem que estava perto da árvore. - O que estava perto da árvore, o carro ou o homem?
6) Uso de certos adjuntos adverbiais entre duas orações:
- Pessoas que desobedecem as leis de trânsito frequentemente são multadas. - Desobedecem as leis frequentemente ou são multadas frequentemente?
7) Confusão com o que um termo se refere
Alexandro conversou com Rayanne sentado no muro. - Quem estava sentado no muro?
8) Uso do verbo deixar:
Agostinho deixou as pessoas felizes. - Agostinho fez as pessoas ficarem felizes ou saiu de onde estão as pessoas que eram felizes?
9) Uso do verbo ficar:
- Após o leilão, a empresa brasileira ficou com a empresa de Duque de Caxias. - A empresa brasileira foi vendida ficando com a de Duque ou a brasileira comprou a de Duque e por isso ficou com ela?
Referências
- ↑ a b c ANFIBOLOGIA... afinal, o que é isso?? FATEC Rio Preto. Visitado em 23 jan 2013.
- ↑ Anfibologia - Guia de Falácias Lógicas de Stephen Downes