Lucro

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Lucro é o retorno positivo de um investimento. Na economia, o termo lucro tem dois significados distintos, mas relacionados. O lucro normal representa o custo de oportunidade total (explícitos e implícitos) de uma empresa de um empreendedor ou investidor, enquanto que o lucro econômico é, pelo menos na teoria neoclássica, que domina a economia moderna, a diferença entre a receita total da empresa e todos os custos, inclusive o lucro normal[1] . Em ambos os casos o lucro econômico é o retorno a um empresário ou um grupo de empresários. O lucro econômico é, portanto, o retorno ao proprietário do capital social, dinheiro ou títulos investidos inicialmente. Um conceito relacionado, muitas vezes considerado como sinônimo em determinados contextos, é o de renda económica - o lucro econômico pode ser considerado como a renda empresarial[2] .

Outros tipos de lucro têm sido referenciadas ao conceito, incluindo os lucros sociais (relacionados às externalidades). Não deve ser confundido com o lucro em finanças e contabilidade, que é igual à receita menos custos explícitos, ou superprofit, um conceito na teoria econômica marxista. Na verdade, a definição dominante do termo hoje deve ser diferenciado do que o que foi dado pela economia clássica, que define o lucro como o retorno ao empregador do estoque de capital (como máquinas, fábricas, e arados), em qualquer exercício que envolva o trabalho produtivo. As definições da teoria neoclássica, no entanto, somente equivalem quando se considera que devolve-se lucros a quem investiu capital (financeiro). Segundo os princípios da Economia Aziendal, o lucro pode ser originário do funcionamento (lucro operacional) e do rédito (lucro da gestão econômica).

História[editar | editar código-fonte]

Durante a Idade Média, a ética religiosa foi um poderoso impedimento a práticas gananciosas e especulativas nas relações econômicas ocidentais. Com o crescimento do comércio e o advento do Mercantilismo, essa ética foi deixada de lado mas ainda não se apercebia do lucro ser causado pela expansão econômica e aumento da capacidade produtiva. O empenho existente era pelo monopólio imposto pelos comerciantes marítimos e pelas proibições de exportação de matérias-primas e importação de produtos manufaturados, pelos industriais. Somente com a influência de Adam Smith que se posicionaria contra essas práticas, defendendo a liberdade de comerciar e consumir, com o bem-estar de todos garantido pela expansão do processo produtivo, é que o quadro antigo começaria a se alterar. Otávio Gouveia de Bulhões afirma que no Mercantilismo "o lucro está subordinado à valorização ou desvalorização do produto". O autor assinala também que, durante a Revolução Industrial, Karl Marx defendeu que o lucro seria a parcela não paga ao assalariado enquanto a "Escola Austríaca", através de Böhm-Bawerk, teorizou que o produto acabado tem maio valor do que o alcançado pelos fatores de produção pois acreditavam na ideia de que os produtos do presente possuem mais valor do que os produtos futuros. Bulhões chama o primeiro de "lucro-confisco (advindo da transferência de renda)" e o segundo de "deságio". Conclui que o "lucro de investimento, como soma adicional de renda" somente seria compreendido no Século XX. Segundo Bulhões, foi Knut Wicksell que, a partir de 1934, "deu ênfase à mudança de escala de produção como característica do investimento e assinalou o acréscimo de produtividade como fonte de lucro". [3]

Lucro normal[editar | editar código-fonte]

O lucro normal é um componente (implícito) dos custos, e portanto, não um componente do lucro econômico. O componente de lucro normal da empresa é, portanto, o lucro que o empresário considera necessário para fazer funcionar o seu investimento, ou seja, é comparável ao custo de oportunidade.[1] . Se a é empresa não o inclui como um fator de produção, ele também pode ser visto um retorno de investimento de capital, o que equivale ao retorno do capital que o proprietário poderia ter esperado (em um investimento seguro), uma compensação pelo risco.[4] . Em outras palavras, o lucro normal varia dentro e entre os custo dos investimentos, e é compatível com o grau de risco associado a cada tipo de investimento, conforme a taxa de risco-retorno.

Apenas os lucros normais surgem em circunstâncias de concorrência perfeita, quando o equilíbrio econômico de longo prazo é alcançado, não há incentivo para as empresas entrarem ou saírem do mercado.

Lucro econômico[editar | editar código-fonte]

O lucro econômico surge quando a receita ultrapassa o custo de oportunidade dos insumos, observando que estes custos incluem o custo de capital próprio que é preenchido por lucros normais. Se uma empresa está tendo uma perda econômica (o seu lucro econômico é negativo), segue-se que todos os custos previstos não estão sendo cumpridos na íntegra, bem como a empresa faria melhor em deixar a mercado no longo prazo. Em termos da economia em geral, o lucro econômico indica que os recursos estão sendo empregados em empreendimentos úteis, enquanto as perdas econômicas indicam que os recursos seriam melhor empregados em outros investimentos[2] .

Categorias de Lucro[editar | editar código-fonte]

Otávio Gouveia de Bulhões cita o erro histórico no Brasil de considerar-se lucro a elevação de preços, tanto que o termo em inglês "valorization" foi definido pelo Dicionário Webster como um neologismo de origem brasileira, difundido no mundo com a expressão "valorização do café". [5] Esse autor foi um dos defensores da metodologia da correção monetária que procuraria expurgar do cálculo do lucro os efeitos relacionados com a inflação.

Contabilmente, Lucro nada mais é do que valores excedentes de um investimento capitalizacional, relacionando isso ao mais puro cálculo de subtração em relação a receita e despesa. Cujo valor será positivo em sua diferença realizada no cálculo simples de receitas menos despesa. Em épocas de alta inflação como nas décadas de 1970 a 1990, essa subtração no Brasil teve que ser ajustada pelo cálculo das correções monetárias dos investimentos civilizacionais.

De acordo com a estrutura das Demonstrações Contábeis de Resultados utilizados no Brasil, o lucro sob esse conceito é ainda desdobrado nas seguintes categorias:

  • Lucro Operacional: diferença positiva do lucro bruto e das despesas operacionais;
  • Lucro não operacional: resultado positivo das receitas e despesas não operacionais;
  • Lucro Líquido: diferença positiva do lucro bruto menos o lucro operacional e o não operacional;
  • Lucro a ser distribuído: lucro líquido menos a quantia destinada a Reservas de Lucros ou compensada com os Prejuízos Acumulados;

A legislação tributária criou outras categorias de Lucro, a saber (vide Contabilidade tributária):

  • Lucro Real: Base de Cálculo do Imposto de Renda das pessoas jurídicas. (Contabilmente, seria o Lucro Líquido menos as adições e exclusões de despesas feitas para fins de apuração do tributo citado).
  • Lucro Inflacionário: parcela do Lucro Real, composta do saldo credor da correção monetária de balanços ajustado pelas variações monetárias e cambiais, e que podia ser diferido, ou seja, devido em exercícios futuros).
  • Lucro de Exploração: parte do Lucro Real formado pelas Receitas oriundas de incentivos fiscais do Imposto de Renda (isenção ou redução).
  • Lucro Presumido: outra base de cálculo do imposto de renda, basicamente sobre Receitas, e com escrituração simplificada no Livro Caixa.
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Referências

  1. a b Carbaugh, 2006. p.84.
  2. a b Hirshleifer et al., 2005. p. 160.
  3. BULHÕES, OCTÁVIO GOUVEIA DE - Dois conceitos de Lucro - Apec Editora S.A - 1969, Rio de Janeiro - pgs. 27-35
  4. Lipsey, 1975. p. 217.
  5. BULHÕES, OCTÁVIO GOUVEIA DE - Dois conceitos de Lucro - Apec Editora S.A - 1969, Rio de Janeiro - pg. 26
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