Epacta

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Epacta (palavra com origem na palavra grega ἐπακταί, com o sentido de [dias] 'acrescentados' ou 'interpolados' que deu origem à palavra latina epactae, -ārum, donde passou à língua portuguesa) é um conceito astronómico usado desde a antiguidade clássica para designar a idade da Lua em qualquer data ou dia do ano, ou também o número de dias que passaram desde a última Lua Nova ou novilúnio[1] . Embora o seu uso original venha da astronomia, o seu uso alargou-se com os cristãos aos cálculos litúrgicos para antecipar a data da Páscoa.

Como o valor médio de uma lunação é de cerca de 29 dias e meio[2] , a idade da Lua pode variar entre 1 e 30 e as Epactas podem ser 30, no máximo.

Epacta juliana e Epacta alexandrina[editar | editar código-fonte]

O dia do ano a que se refere a Epacta, ou idade da Lua, pode ser um dia qualquer do ano que se estabeleça como referência.

O mais vulgar é usar o primeiro dia do ano para se indicar a Epacta desse ano, uma vez que o ano juliano passou a usar esse mesmo dia como referência de novo ano. No entanto, para efeitos do cálculo da Páscoa, os cristãos de Alexandria usavam a Epacta do dia 22 de março, por ser o dia do ano em que pode ocorrer mais cedo o domingo de Páscoa. Assim historicamente podem identificar-se duas Epactas mais utilizadas para os cálculos do ano litúrgico:

  • a Epacta juliana, a mais comum, que se refere-se à idade da Lua no primeiro dia do ano, diminuída de 1 unidade[3] ,
  • a Epacta alexandrina que se refere à idade da Lua no dia 22 de março.

Epacta e calendário solar[editar | editar código-fonte]

De uma forma geral também se pode dizer que a Epacta é o número de dias que o ano solar trópico, de 365 dias, tem a mais que o "ano lunar" comum de 12 lunações, com 354 dias, o que corresponde a 11[4] . O ano lunar seguinte começa assim 11 dias mais cedo e portanto a idade da Lua ou Epacta do ano seguinte avança também 11 unidades.

Assim, se um ano qualquer, como aconteceu em 2007, tem a Epacta 11, no ano seguinte a diferença avança mais 11 e a Epacta será 22 (2008), e no ano seguinte a diferença avança mais 11 e a Epacta será 3 (2009). A soma indica 33 mas sempre que a soma com o valor anterior ultrapassa 30[5] subtrai-se 30 ao valor encontrado.

Dada a diferença de valores entre o "ano lunar" e o "ano solar" podemos agora reparar que ao fim de 3 "anos solares" de 12 meses já temos 36 "meses solares" e 37 "meses lunares" (a diferença acumulado é de 33 dias de idade da Lua), sempre que queremos manter um valor aproximado entre as lunações e as estações ao ano, num calendário lunissolar como calendário juliano eclesiástico.

Quando se diz, por exemplo, que a Epacta do ano de 2014 é 29 -, esse número indica a idade da Lua no último dia do ano anterior[6] , ou seja, que no dia 31 de dezembro de 2013 a idade da Lua era 29, número que indica o total de dias passados desde o dia da Lua Nova do mês de dezembro - em dezembro de 2013 a Lua nova ocorreu a 3 de dezembro[7] . Assim a primeira Lua Nova desse ano de 2014 ocorre no primeiro dia do ano, 1 de janeiro, ano também em que o mês de janeiro que tem duas Luas novas, no dia 1 e no dia 31, não há nenhuma no mês de fevereiro e a terceira Lua nova desse mesmo ano ocorre a 1 de março.

Epacta e Letra dominical[editar | editar código-fonte]

É possível estabelecer um relação entre as Letras dominicais de um ano e a Epacta e construir uma tabela com essa equivalência, mas um dos dados era suficiante, e desde a Idade Média, os calendários litúrgicos cristãos usavam preferencialmente o Número áureo para antecipar o dia da Lua Nova em cada mês, não se referindo habitualmente à Epacta. Conhecer o Número áureo e a Letra dominical de um qualquer ano era suficiente para calcular a data da Páscoa e encontrar a data de todas as festas móveis dela dependentes, cálculo esse que era simplificado muitas vezes com a apresentação de uma tabela com esses mesmos elementos[8] . Até ao ano de 1582, o ano da reforma do Calendário gregoriano, a relação entre a Epacta e o Número áureo era simples, imediata e constante - conhecendo a Epacta sabia-se o Número áureo e vice-versa.

Na reforma introduzida pelo Calendário gregoriano, através da Bula Inter gravissimas, (1582), baseada numa solução apresentada por Luigi Giglio que organizou um novo quadro das sequências das 30 Epactas possíveis, estas foram privilegiadas em relação aos Números áureos, com o objectivo de assim obter simultaneamente uma maior aproximação aos dados astronómicos dos movimentos da Lua e uma solução mais duradoura para o cômputo da Páscoa[9] . No entanto, esta opção tinha como consequência natural que a relação entre as Epactas e os Números áureos se altera algumas vezes ao longo dos séculos de acordo com tabelas também então apresentadas[10] .


Ver também

Referências

  1. Epacta (em espanhol) Wikipedia. Visitado em 6 de agosto de 2014.
  2. Cf.Lua nova e Lunação - valor médio: 29 dias, 12 horas, 44 minutos e 2,9 segundos, ou 29,53 dias; valores extremos: 29 dias e 4 h e 29 dias e 22 h aproximadamente.
  3. Ou, de outra forma, a idade da Lua no íltimo dia do ano anterior.
  4. Cristóvão Clávio. Calendarii a Gregoriaio XIII P.M. restitvti explicatio (em latim). 1ª ed. Romæ: Apud Aloysium Zannetum, MDCIII. p. 19. Página visitada em 13 de agosto de 2014. in https://play.google.com/books/reader?printsec=frontcover&output=reader&id=x1lDAAAAcAAJ&pg=GBS.PA19
  5. O valor inteiro máximo de uma Lunação.
  6. Ou, o que é equivalente, a idade da Lua no primeiro dia do ano menos 1.
  7. OAL - Observatório Astronómico de Lisboa. Fases da Lua em 2013 (pdf) (em português). Visitado em 6 de agosto de 2014.
  8. Cf. Abraão Zacuto. Alamach perpetuum: Reprodução em fac-símile (...) (em latim). 1ª ed. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1986. 409-411 p. Página visitada em 13 de agosto de 2014.
  9. Cf. Compendium novæ rationis (...) e Canon 2 - Acerca das epactas e luas novas in Cristóvão Clávio. Calendarii a Gregoriaio XIII P.M. restitvti explicatio (em latim). 1ª ed. Romæ: Apud Aloysium Zannetum, MDCIII. 19a 24 p. Página visitada em 13 de agosto de 2014. in https://play.google.com/books/reader?printsec=frontcover&output=reader&id=x1lDAAAAcAAJ&pg=GBS.PA19
  10. Wenceslao Segura González. Nuestro Calendario. Una explicación científica, simple y completa del calendario lunisolar eclesiástico (pdf) (em espanhol) 57-58 pp.. Visitado em 6 de agosto de 2014.