Turquemenistão

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Turcomenistão)
Ir para: navegação, pesquisa
Türkmenistan
Turquemenistão / Turcomenistão
Bandeira
Brasão de armas
Bandeira Brasão de Armas
Hino nacional: Garassyz, Bitarap, Türkmenistanyn Döwlet Gimni
Gentílico: turquemeno[1] [2] , turcomeno[3] [4] , turquemenistanês [5] [6]

Localização

Localização de Turcomenistão
Capital Asgabate
37°58′N 58°20′E
Cidade mais populosa Asgabate
Língua oficial Turcomeno
Governo República presidencialista
 - Presidente Gurbanguly Berdimuhammedow
Independência da União Soviética 
 - Declarada 27 de outubro de 1991 
 - Reconhecida 12 de dezembro de 1991 
Área  
 - Total 491 210 km² (52.º)
 - Água (%) 4,9
 Fronteira Cazaquistão, Usbequistão, Afeganistão e Irão
População  
 - Estimativa de 2006 5 171 943 hab. (117.º)
 - Densidade 10,5 hab./km² (208.º)
PIB (base PPC) Estimativa de 2014
 - Total US$ 82,151 bilhões (101.º)
 - Per capita US$ 14 174 (103.º)
PIB (nominal) Estimativa de 2014
 - Total US$ 47,542 bilhões (91.º)
 - Per capita US$ 8 203 (78.º)
IDH (2013) 0,698 (103.º) – médio[7]
Moeda Manate turcomeno (TMT)
 - Verão (DST) +5
Org. internacionais ONU, OSCE, OCE, CEI, OCI, TÜRKSOY
Cód. Internet .tm
Cód. telef. +993

Mapa

O Turquemenistão ou Turcomenistão[8] [9] [10] (em turcomeno: Türkmenistan, pronunciado: [tyɾkmeniˈθtan]; antigamente em alfabeto cirílico: Түркменистан) é um país situado na Ásia Central. Faz fronteira com o Cazaquistão a noroeste, Uzbequistão a nordeste e leste, Afeganistão a sudeste, Irã ao sul e sudoeste, e o Mar Cáspio a oeste.

O atual Turquemenistão encontra-se em territórios que já foram caminhos usados por civilizações por séculos. Na Idade Média, Merv (hoje a cidade de Mary) era uma das grandes cidades do mundo islâmico, e um importante ponto de parada na Rota da Seda, uma imensa rota usada para o comércio com a China até meados do século XV. Anexado ao Império Russo em 1881, o Turquemenistão chegou a ter um papel proeminente no movimento anti-bolchevique na Ásia Central. Em 1924, o Turquemenistão tornou-se uma república constituinte da União Soviética, a República Socialista Soviética Turcomena (RSS Turcomena); tornou-se independente após a dissolução da URSS em 1991.[11]

A taxa de crescimento de 11% do PIB turquemeno em 2012 veio após vários anos de um elevado crescimento econômico, embora proveniente de uma economia muito básica e não-diversificada, sustentada pela exportação de uma única commodity.[12] Possui a quarta maior reserva de gás natural do mundo.[13] Apesar de ser rico em recursos naturais em algumas áreas, a maior parte do país é coberta pelo Deserto de Karakum. Desde 1993, os cidadãos turquemenos recebem eletricidade, água e gás natural do governo gratuitamente, sendo esse auxílio garantido até 2030.[14]

O Turquemenistão foi governado pelo presidente vitalício Saparmurat Niyazov (chamado de "Türkmenbaşy", "Líder dos Turcomenos") até sua morte em 21 de dezembro de 2006. Gurbanguly Berdimuhamedow foi eleito o novo presidente em 11 de fevereiro de 2007.

Um campo de gás natural do país, conhecido como a Porta do Inferno, atrai frequentemente a atenção da mídia, além de ser um grande ponto turístico da região.

História[editar | editar código-fonte]

Os primeiros habitantes do Turquemenistão foram as tribos nômades turcas provenientes da região do atual Cazaquistão desde o século X até o início do século XX. A partir do século XI, essas tribos passaram por um processo de islamização. Entre os séculos XV ao XVII, o território turcomano foi controlado a partir do século XVI pela tribo chaudor, ao norte, e pela tribo salor, ao sul. Os chaudor tornaram-se vassalos do canatos uzbeques de Khiva e Bukhara, enquanto os salor ficavam sob o domínio do Império Safávida. No século XVIII, o domínio passou para os teques e os iomudes, tribos rivais com base respectivamente no oásis de Khorezm e às margens dos rios Atrek, Tedjen e Murgab. A partir dessa época, os russos gradualmente reduzem os canatos à condição de protetorados. Os turcomanos, no entanto, resistem à dominação. Na segunda metade do século XIX, os russos fundaram o porto de Krasnovodisk, a leste do mar Cáspio, que logo se transformou em área militar russa. Na batalha de Gok Tepe, em 1881, cerca de 150 mil turcomanos foram mortos pelo Exército Imperial Russo. Como resultado dessa batalha, o território passou a constituir a província Transcaspiana dos russos, e oito anos depois recebeu um governo-geral. Em 1895, a Rússia e o Reino Unido dividiram entre si o Turquemenistão.

A revolta contra o czar russo Nicolau II aconteceu em 1916 em Tejen. Em 1918, os bolcheviques invadiram o território com o apoio de 1.200 militares britânicos. Aproveitando-se da debilidade do poder bolchevique instalado na Rússia e contando com a proteção de uma guarnição britânica, os turcomanos estabeleceram um governo independente. No ano seguinte, os britânicos se retiraram, e o Exército Vermelho capturou Krasnovodisk e a capital, Asgabate, até que em 1925 o Turquemenistão começou a fazer parte oficialmente da União Soviética. Sua capital passou a se chamar Poltoratsk, em homenagem a um revolucionário local. De 1920 até 1923, os ocupantes dividiram o vasto território do então chamado Turquestão em cinco repúblicas socialistas: Turquemenistão, Cazaquistão, Uzbequistão, Tajiquistão e Quirguistão.

Em maio de 1990, o presidente foi preso e exilado. Em 22 de agosto de 1990, o Soviete Supremo (Parlamento) declarou a independência do país, fato que só demorou dois meses para se concretizar, com a eleição do primeiro presidente do novo país.

A independência do Turquemenistão foi proclamada em 27 de outubro de 1991, sob a liderança do único candidato à presidência, Saparmurat Niyazov e, no ano seguinte, tornou-se o primeiro país da Ásia Central a aprovar uma nova constituição, que institui o Halk Maslahat (Conselho do Povo) como o órgão supremo do governo. No mesmo ano, o Partido Comunista do Turquemenistão mudou seu nome para Partido Democrático do Turquemenistão. O país aderiu-se então à Comunidade de Estados Independentes (CEI). Em 1993, o Turquemenistão adotou o manat como moeda nacional para sair da área de influência do rublo, procurou ampliar a indústria petrolífera. Em julho de 1995, mil pessoas protestaram contra o governo e a situação econômica. Vários manifestantes foram presos. Em dezembro, em resposta a críticas internacionais, Niyazov anunciou que criará um instituto de direitos humanos no país. Este passou a funcionar em outubro de 1996. Em junho de 1997, o Halk Maslahat aprovou novo código criminal, que mantém a pena de morte para assassinato premeditado, crimes contra o governo, atentado contra o presidente ou porte de drogas. Em reunião com o presidente da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), em abril de 1998, Niyazov concordou em libertar oito prisioneiros detidos nos protestos de 1995. Dias depois, Abdy Kuliyev, retornou ao país e foi posto em prisão domiciliar. Kuliyev foi solto dias depois, mediante intervenção do governo russo.

Geografia[editar | editar código-fonte]

Turcomenistão.

Com 488 100km², o Turquemenistão é o 52º maior país do mundo. O país está situado entre as latitudes 35º e 43ºN, e longitudes 52º e 67ºE. Mais de 80% do país é coberto pelo Deserto de Karakum. O centro do país é dominado pela Depressão de Turan.[15]

As áreas montanhosas localizam-se no leste e no sul. Os rios ausentes na maior parte do território, sulcam as regiões de fronteiras, como o rio Amu Dária, que forma parte da fronteira Turquemenistão-Uzbequistão, e o Murgab, que nasce no Afeganistão.

Clima[editar | editar código-fonte]

O Turquemenistão está localizado em um dos desertos mais secos do mundo e, por isso, alguns lugares tem uma precipitação média anual de apenas 12mm. A temperatura mais alta registrada na capital Ashgabat é de 48°C e em Kerki, no interior do país nas margens do rio Amu Dária, 51,7°C.

O clima é um árido subtropical desértico, com pouca chuva. Os invernos são frescos e secos, com períodos de chuva entre janeiro e maio.[16]

Subdivisões[editar | editar código-fonte]

Províncias do Turquemenistão.

O Turquemenistão está dividido em cinco províncias (welaýatilar, singular welaýaty) e uma cidade independente, Aşgabat, que desmembrou-se de Ahal em 1996. As províncias são chefiadas por um governador e são subdivididas em distritos (etraplar), que podem ser condados ou cidades.

Divisão Tipo Capital Área[17] Poppulação (2005)[17] Código
Ashgabat Capital Ashgabat 470 km² 871 500
Ahal Província Anev 97 160km² 939 700 1
Balkan Província Balkanabat 139 270km² 553 500 2
Daşoguz Província Daşoguz 73 430km² 1 370 400 3
Lebap Província Türkmenabat 93 730km² 1 334 500 4
Mary Província Mary 87 150km² 1 480 400 5

Demografia[editar | editar código-fonte]

Muitos dos cidadãos turquemenos são da etnia turcomena, com consideráveis minorias de uzbeques e russos. Pequenas minorias incluem cazaques, tártaros, ucranianos, armênios, azeris e balúchis. A percentagem da etnia russa caiu de 18,6% em 1939 para 9,5% em 1989.[18]

De acordo com um anúncio em Ashgabat em fevereiro de 2001, 91% da população era turquemena, 3% era uzbeque e 2% russo. Entre 1989 e 2001, o número de turquemenos no país dobrou (de 2,5 para 4,9 milhões), enquanto o número de russos caiu dois terços (de 334 mil para cerca de 100 mil)[19]

As maiores densidades demográficas ocorrem na costa do Mar Cáspio, ao longo dos rios e dos oásis. O deserto é despovoado.

Cidades mais populosas[editar | editar código-fonte]

Política[editar | editar código-fonte]

O Turquemenistão é uma república presidencialista. O presidente, autodenominado Turkanbashi, é o chefe de governo e de estado e tem controle quase absoluto da vida do país.

Depois de 69 anos como parte da União Soviética, o Turquemenistão declarou sua independência em 27 de outubro de 1991. O presidente vitalício Saparmyrat Nyýazow, um burocrata do Partido Comunista da União Soviética, governou o Turquemenistão de 1985, quando ele se tornou o chefe do Partido Comunista do Turcomenistão, até sua morte em 2006. Ele manteve o controle absoluto sobre o país após o colapso da União Soviética. Em 28 de dezembro de 1999, Nyýazow foi declarado presidente vitalício do país pelo Parlamento.

Desde dezembro de 2006, com a morte de Nyýazow, os líderes do país fizeram tentativas para abrí-lo. Seu sucessor, Gurbanguly Berdimuhammedow, revogou algumas das políticas mais criticadas de seu antecessor. Na educação, o governo Berdimuhamedow aumentou a educação básica de nove para dez anos, e o ensino superior foi estendido de quatro para cinco anos. Ele também tem aumentado os contatos com o ocidente, que aspira melhorar as relações para ter acesso ao gás natural turquemeno.

Economia[editar | editar código-fonte]

O Turquemenistão é um país predominantemente desértico, com uma agricultura intensiva em oásis irrigados, e com vastas reservas de petróleo e gás natural. Metade de sua área irrigada é plantada com algodão, do qual o país já foi o 10º produtor mundial. Colheitas fracas nos últimos anos levaram a um declínio da produção em quase 50%.

Com um regime ex-comunista no poder, e com uma estrutura social baseada em tribos, o Turquemenistão tem adotado reformas econômicas com cautela, e espera apoiar-se nas exportações de gás natural e de algodão para sustentar sua ineficiente economia. As metas de privatização são limitadas. Entre 1998 e 2005 o país sofreu com a falta de rotas adequadas para exportar gás natural e com a necessidade de pagar os juros de uma grande dívida externa de curto prazo. Ao mesmo tempo, no entanto, as exportações totais do país cresceram cerca de 15% ao ano entre 2003-2006, principalmente devido aos altos preços externos do gás natural e do petróleo. Em 2006, Ashgabat subiu os seus preços de exportação de gás para o seu principal cliente, a Rússia de US$66 por 1000 para US$100 por 1000 m³.

Religião[editar | editar código-fonte]

De acordo com a CIA World Factbook, muçulmanos constituem 89% da população do Turquemenistão, enquanto 9% são seguidores da Igreja Ortodoxa e 2% são representados como sem religião.[20] O islamismo veio para o país principalmente através de atividades missionárias. Os missionários foram adotados como patriarcas dos clãs ou grupos tribais, tornando-se "fundadores".

Na era soviética, todas as crenças religiosas foram atacadas pelas autoridades como superstição e "vestígios do passado". A escolaridade religiosa e a prática religiosa foi proibida, e a grande maioria das mesquitas foi fechada. No entanto, desde 1990, esforços têm sido feitos para recuperar algum patrimônio cultural perdido durante o regime soviético.

Culinária[editar | editar código-fonte]

A culinária do Turquemenistão não difere muito da dos países vizinhos da Ásia Central, principalmente os que têm um passado de pastores nômadas, e é composta principalmente de arroz, vegetais e carne de carneiro, de vaca e de aves, e laticínios. As refeições começam normalmente com uma sopa, a chorba de carne e vegetais. O pão, do tipo naan e conhecido localmente como “çörek” ou churek, tradicionalmente cozido num tandoor, nunca pode faltar. A comida é servida num pano estendido no chão, que os comensais não podem tocar com os pés. [21] [22]

Referências

  1. http://publications.europa.eu/code/pt/pt-5000500.htm#listOfCountriesTable
  2. http://www.priberam.pt/dlpo/turcomeno
  3. http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=23
  4. http://www.priberam.pt/dlpo/turcomeno
  5. http://www.priberam.pt/dlpo/turcomeno
  6. http://www.portaldalinguaportuguesa.org/index.php?action=toponyms&action=toponyms&act=list&letter=t
  7. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD): Human Development Report 2014 (em inglês) (24 de julho de 2014). Visitado em 2 de agosto de 2014.
  8. Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
  9. Dicionário Priberam (O dicionário registra "Turquemenistão" como forma europeia e "Turcomenistão" como forma brasileira).
  10. Xavier Fernandes, I.. Topónimos e Gentílicos. [S.l.]: Editôra Educação Nacional Ltda., Pôrto, 1941. vol. Primeiro Volume. (O português Xavier Fernandes, em 1941, regista apenas "Turcomenistão)
  11. The World Factbook Cia.gov. Visitado em 25 de novembro de 2013.
  12. Turkmen GDP ups by 11.1 per cent since early 2012 En.trend.az (17 de dezembro de 2012). Visitado em 25 de novembro de 2013.
  13. Turkmenistan. Visitado em 6 de novembro de 2012.
  14. Turkmenistan's Leader Promises Citizens Free Gas, Electricity and Water Through 2030 (em inglês) Fox News (25 de outubro de 2006). Visitado em 21 de dezembro de 2014.
  15. Geography of Turkmenistan (em inglês). Visitado em 10 de Janeiro de 2012.
  16. Information About Turkmenistan (em inglês). Visitado em 10 de Janeiro de 2012.
  17. a b Turkmenistan: Provinces, Major Cities & Towns (em inglês). Visitado em 10 de Janeiro de 2012.
  18. Migrant resettlement in the Russian federation (em inglês). Visitado em 10 de Janeiro de 2012.
  19. Composição étnica do Turquemenistão em 2001 (em russo). Visitado em 10 de Janeiro de 2012.
  20. CIA - The World Factbook (em inglês). Visitado em 10 de Janeiro de 2012.
  21. (em inglês) Culinária do Turquemenistão no site Orexca.com
  22. (em inglês) Culinária do Turquemenistão no site da Aramco.com

Ver também[editar | editar código-fonte]