Espectro político

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ir para: navegação, pesquisa
Gráfico feito pela Political Compass Organization para definir as posições políticas no espectro político

Espectro político é um sistema de classificar diferentes posições políticas sobre um ou mais eixos geométricos para simbolizar independentes dimensões políticas, dentro do conceito da existência de uma Esquerda e Direita (política).

De acordo com o eixo mais simples Esquerda política e Direita política, o comunismo e o socialismo são geralmente considerados internacionalmente como sendo de esquerda, enquanto o liberalismo e o conservadorismo ficam à direita.

O Liberalismo pode significar coisas diferentes em contextos diferentes, às vezes à esquerda (liberalismo social) ou social democracia, às vezes à direita (liberalismo econômico) liberalismo clássico da escola austríaca.

A política que rejeita o convencional espectro esquerda-direita é conhecido como política sincrética.[1] [2] e nunca poderemos falar dele antes da Revolução Francesa onde tem a sua origem.

Histórico[editar | editar código-fonte]

O primeiro modelo de espectro político coloca as diversas vertentes ao longo de um eixo cujos extremos são esquerda e direita. Esta distinção surgiu originalmente no Antigo regime do parlamento francês no século XVIII, onde os parlamentares alinhados com certas correntes políticas sentavam-se à esquerda ou à direita no plenário.[3]

Investigações Acadêmicas[editar | editar código-fonte]

Leonard W. Ferguson[editar | editar código-fonte]

Exemplo de um digrama de espectro político

Em 1950, Leonard W. Ferguson analisou ​​os valores políticos usando dez escalas de medição de atitudes para: controle de natalidade, pena capital, censura, comunismo, evolução, lei, patriotismo, teísmo, o tratamento de criminosos e guerra. Apresentando os resultados de análise fatorial, ele foi capaz de identificar três fatores, que chamou de "Religionismo", "Humanitarismo", e "nacionalismo". Ele definiu Religionismo como a crença em Deus junto de atitudes negativas em relação a evolução e ao controle de natalidade; Humanitarismo como estando relacionado a atitudes opostas a guerra, a pena capital e o severo tratamento de criminosos; e "Nacionalismo" como a variação de opiniões sobre a censura, a lei, o patriotismo e o comunismo.

Este sistema foi obtido empiricamente, ao invés de conceber um modelo político em bases puramente teóricas e testá-lo, a pesquisa de Ferguson foi exploratória. Como resultado deste método, é preciso ter cuidado na interpretação dos três fatores de Ferguson, pois a análise fatorial irá imprimir um "fator" abstrato quer seja o fator real objetivamente existente ou não.[4] Embora a replicação do fator "Nacionalismo" fosse inconsistente, o "Religionismo" e "Humanitarismo" tiveram um número de repetições por Ferguson e outros.[5] [6]

Hans Eysenck[editar | editar código-fonte]

Pouco depois, Hans Eysenck começou a pesquisar as atitudes políticas na Grã-Bretanha. Ele acreditava que havia algo existencialmente semelhante entre os nacional-socialistas ou os nazistas por um lado, e comunistas por outro lado, apesar de suas posições opostas sobre o eixo esquerda-direita. Como Hans Eysenck descreveu em seu livro de 1956 Sense and Nonsense in Psicology,[7] Eysenck compilou uma lista de declarações políticas encontrados em jornais e panfletos políticos e perguntou a pessoas sobre a concordância ou discordância com cada uma delas. Submetendo os valores deste questionário ao mesmo processo de análise fatorial usado por Ferguson, Eysenck tirou dois fatores, que ele chamou de "Radicalism" (R-Factor) e "Tender-Mindedess" (T-Factor).

Apesar da diferença de metodologia, localização e teoria, os resultados obtidos por Eysenck e Ferguson alinharam; simplesmente girar dois fatores de Eysenck a 45 graus rende os mesmos fatores de Religionismo e Humanitarismo identificados por Ferguson na América.[8]

As dimensões de Eysenck de "R" e "T" foram encontradas por análises fatoriais de valores na Alemanha, na Suécia,[9] França,[8] e Japão.[10]

Uma interessante resultado de Eysenck observado em seu trabalho de 1956 foi que no Estados Unidos e Grã-Bretanha, a maior parte da variância política era englobada pelo eixo esquerda/direita, enquanto na França, o eixo "T" foi maior, e no Médio Oriente, a única dimensão encontrado foi o eixo "T". "Entre árabes do Leste, verificou-se que, enquanto a dimensão é "tough-minded/tender-minded" claramente expresso nas relações observadas entre as diferentes atitudes, não há nada que corresponda ao radical-conservador contínuo".[8]

Milton Rokeach[editar | editar código-fonte]

Insatisfeito com o trabalho de Hans J. Eysenck, Milton Rokeach desenvolveu seu próprio modelo de dois eixos de valores políticos, em 1973, baseando-se esta nas idéias de Liberdade e Igualdade, que descreveu em seu livro, The Nature of Human Values.[11]

Milton Rokeach alegou que a diferença de definição entre as política de esquerda e direita foi que a esquerda salientou a importância da igualdade mais do que a direita. Apesar de suas críticas ao eixo tough-tender de Eysenck, Rokeach também postulou uma semelhança fundamental entre comunismo e nazismo, afirmando que esses grupos não valorizam a liberdade como os sociais-democratas, socialistas democratas e capitalistas e escreveu que "o modelo de dois valores aqui apresentado se assemelha com a hipótese de Eysenck".[11]

Hannah Arendt[editar | editar código-fonte]

Hannah Arendt propôs em 1951 em "Origens do Totalitarismo"[12] a classificação do espectro político considerada "consenso entre os historiadores atualmente".[13] Hannah Arendt não utiliza os termos "esquerda" e "direita". Para Arendt temos "o conjunto dos dois regimes totalitários, como nazismo, os regimes liberais e os regimes autoritários (Itália, Espanha, Hungria, América latina) que provêm das categorias clássicas da ditadura e da tirania, organizadas por Aristóteles."

Outros modelos[editar | editar código-fonte]

Diversos estudiosos procuraram distribuir o espectro político de maneira formal e objetiva. Alguns critérios propostos são:

Dentre os diversos modelos propostos, os modelos em dois eixos propostos por Hans Eysenck e David Nolan se destacam. Eysenck mantém o eixo entre esquerda e direita representando política econômica e acrescenta um eixo vertical, distribuindo as vertentes entre liberais (para cima) e autoritárias (para baixo). O modelo de Nolan, por sua vez, apresenta um eixo associado à liberdade econômica e outro associado à liberdade pessoal.

Referências

  1. Griffin, Roger. Fascism. [S.l.]: Oxford University Press, 1995. 8,307 p. ISBN 978-0-19-289249-2
  2. Eatwell, Roger. The fascism reader. [S.l.]: Routledge, 2003. p. 71. ISBN 978-0-415-24359-9
  3. Knapp, Andrew; Wright, Vincent. In: Andrew. The Government and Politics of France. 5th ed. [S.l.]: Routledge, 2006. ISBN 0-415-35732-2 (em inglês)
  4. SAS(R) 3.11 Users Guide, Multivariate Analysis: Factor Analysis (em inglês)
  5. Ferguson, L.W.. (1941). "The Stability of the Primary Social Attitudes: I. Religionism and Humanitarianism". Journal of Psychology 12 (2): 283–8. DOI:10.1080/00223980.1941.9917075. (em inglês)
  6. Kirkpatrick, C.. (1949). "Religion and humanitarianism: a study of institutional implications". Psychological Monograph 63 (9). (em inglês)
  7. Digital Text International homepage (em inglês)
  8. a b c Eysenck, H.J.. Sense and nonsense in psychology. London: Penguin Books, 1956. (em inglês)
  9. Eysenck, H.J.. (1953). "Primary social attitudes: A comparison of attitude patterns in England, Germany, and Sweden". Journal of Abnormal and Social Psychology 48 (4): 563–8. DOI:10.1037/h0054347. (em inglês)
  10. Dator, J.A.. Comparative judicial behavior: cross-cultural studies of political decision-making in the East and West. [S.l.]: Oxford University Press, 1969. (em inglês)
  11. a b Rokeach, Milton. The nature of human values. [S.l.]: Free Press, 1973. (em inglês)
  12. ARENDT, Hannah. The Origins of Totalitarianism (1951). Rev. ed.; New York: Schocken, 2004; ARENDT, Hannah. Origens do Totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989
  13. Besançon, Alain; A infelicidade do século: sobre o comunismo, o nazismo e a unicidade de Shoah. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]