Neste mês de março, Adélia Sampaio foi celebrada ao batizar uma categoria do Festival Palmares de Cinema, o FepalCine. A categoria "Adélia Sampaio" foi pensada para refletir as questões étnico-raciais enfrentadas pela comunidade negra no Brasil, em especial com recorte de gênero, seja pelo conteúdo ou por terem sido dirigidas e/ou roteirizadas por mulheres negras. Ou seja, visa tirar da invisibilidade o rico trabalho de jovens mulheres negras.
Sim! Não é brincadeira: foi protocolado na semana passada um pedido de impeachment contra o governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin. Por algum motivo, isso não virou manchete no Jornal Nacional. Mas sim, ele existe. E não. Não foi nenhum deputado estadual do PT ou do PSOL que protocolou o pedido. Não, não foi os sem-teto do MTST e nem os manifestantes do Passe Livre. O pedido foi protocolado por um empresário. Sim! Um empresário!
Fãs são criaturas complicadas. Demais. E quando você trabalha diretamente com eles, acaba nutrindo uma certa rejeição ao termo. Fã é quase igual mãe: não existe erro que ele não perdoe.
É muito triste ver mulheres se ofendendo, citando os defeitos da coleguinha e até criando alguns que não existem. Antes de julgar o nude, lembre-se que quando a Kim Kardashian publica uma foto mostrando o seu corpo, alguém vai se identificar com ela e querer se amar mais.
Quem acompanha o noticiário político, sabe: desde a última eleição presidencial, em 2014, instalou-se no Brasil um clima de extrema intolerância, principalmente quando se trata de política. Ambos os lados, defensores do governo e opositores, disparam ataques a todo o momento, tanto através das redes sociais quanto do mundo analógico. Pior: além de manifestarem-se espontaneamente em seus perfis e rodas de conversa, os militantes têm cada vez mais buscado o confronto.
Então o questionamento que se faz é: em que momento a vítima passou a ocupar o lugar do réu, para ter seu comportamento sexual julgado pelo magistrado, para quem a manutenção da família incumbe à mulher e seu "rompimento" autorizaria a violência que sofreu?
Precisamos reaprender a conviver com o tédio. Vamos parar de evitá-lo procurando refúgio no smartphone, comprando coisas novas, comendo ou fazendo qualquer coisa para "preencher o vazio". Não vamos mais confundi-lo com fracasso como se você precisasse estar fazendo coisas legais o tempo inteiro. O tédio faz parte da vida e pode ser uma coisa boa. Significa que nada de terrível está acontecendo.
Para proteger os avanços conquistados até agora e continuar avançando, precisamos investir em melhores dados, identificar novas oportunidades de atuação e seguir incentivando os países a respeitar e adotar o Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2016, temos a oportunidade de destacar a experiência bem-sucedida do Brasil em promover mudanças no cenário de amamentação em todos os níveis necessários: político, no local de trabalho, no sistema de saúde e em casa.
Quando você é criança a construção da memória não é linear como muitas vezes supomos. Mas quando se é criado em um orfanato a sua memória é uma colcha de retalhos. Você não se lembra da sua festa de aniversário, pois comemorava-se de todos ao mesmo tempo. Você não tem um brinquedo especial, pois tudo é de todos.
Os livros são perigosos, podem gerar turbulências sociais e, precisamente por isso, devem ter a sua publicação tutelada - e até mesmo proibida - pelo Estado. Esse é o pensamento e prática recorrente de qualquer ditador e regime totalitário ao longo da história. Inversamente, as democracias não devem temer o amplo e irrestrito debate de ideias. Pelo contrário, as democracias são tão fortes quanto a abertura das mesmas ao debate. Por isso, este é ainda mais necessário quando se está diante de ideias odiosas e execráveis, como as apresentadas no livro de Hitler, precisamente para que estas sejam frontalmente combatidas, desmentidas e tornem-se natimortas.
Recentemente assisti a Whiplash e fiquei surpreso com quão relevante é esse filme para quem estuda e ensina medicina. O filme acompanha um baterista de jazz, estudante em prestigiado conservatório, e o professor que o submete a abusos e humilhações. É belíssimo e muito bem realizado, mas bastante polêmico.
Fazer malabarismo definitivamente é uma arte muito praticada por brasileiros, pelo menos no caso das finanças. Equilibrar os pratos de mercado, restaurantes, contas residenciais, moradia, transporte, telefone, entre muitas outras não é nada fácil, mas os brasileiros têm ganhado bastante experiência no assunto.
A legalização do aborto hoje luta contra as religiões, dogmas sociais, e claro, com as frases feitas travestidas de lições de moral, e que são na realidade, um retrato de uma sociedade machista que finge que o aborto não acontece, e quando se é feito, a mulher paga atrás das grades por exercer o seu direito de liberdade de escolha.
Conhecida pelo seu ativismo em prol da alimentação saudável, a chef de cozinha natural e apresentadora Bela Gil, protagonizou na semana passada uma campanha de mobilização online para uma consulta pública realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Somos 318 mulheres e 767 homens no Ministério Público Federal. Correspondemos a cerca de 30% do total dos membros. Somos, portanto, minoria numa instituição que defende a sociedade brasileira na qual as mulheres somam mais do que 50% da população. Essa situação vem de longe e não vai mudar se não forem adotados mecanismos para aumentar o número de inscrições de mulheres nos concursos de ingresso na carreira.
Dono de uma aparência física distintiva, Dafoe sempre intimida: não importa se vampiro ou espião canadense. No novo filme de Hector Babenco, 'Meu Amigo Hindu', ele interpreta o seu alter-ego: Diego Fairman. E não decepciona. Na verdade, arrisco dizer que ele é a melhor coisa nas duas horas de projeção.
Não se finja de morto quando vir abuso no ônibus, quando ouvir sua vizinha gritando, quando seu filho postar vídeo de sexo da namorada ou quando seu chefe fizer piada com o tamanho da saia das mulheres que trabalham com você. Nós não vamos responder à violência masculina com violência. Vamos tentar, todos os dias, tornar nossa convivência melhor e mais digna.
Não somos contra as flores. Muitas de nós gostamos receber flores em qualquer ocasião. Mas de que adianta flores, se a desigualdade permanece, se somos violentadas diuturnamente. De que adianta receber flores se não somos respeitadas? De que adianta flores se o nosso discurso é banalizado? O Dia Internacional das Mulheres ainda é para nós um dia de luta, um dia de marcha, um dia de indignação.
É preciso escavar os escombros que parecem se fechar sobre a história das mulheres que lutaram pelo dia 8 de março, impedir tentativas de apagamento de seus rastros e de seus nomes. Retomar o significado político da história do Dia Internacional das Mulheres é uma importante ferramenta contra as fogueiras materiais e simbólicas que continuam acesas.