Arquivo da categoria: Do Planalto e afins

Mudou

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Estou convivendo com três intercambistas no trabalho, do Chile, Colômbia e Polônia. Uma experiência incrível, não só pela oportunidade de praticar o inglês e espanhol, mas principalmente por conhecer novas culturas.

Conversei bastante tempo com a Evelyn, uma chilena que concluiu o mestrado e veio para o Brasil fazer um trabalho voluntário na Fundação Pró-Rim. Falamos sobre a força dos universitários chilenos, sobre uma viagem de carro até os Andes e sobre a economia do país.

Lá pelas tantas, digo que o Chile é o país mais evoluído da América Latina, econômica e politicamente. Na mesma hora, ela retrucou: “Era Lívia, agora é o Brasil e todo mundo sabe disso no Chile”.

E eu fiquei feliz.

Entre meias, malas e afins

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Então… estou de volta!

Gente, se nada acontecer com o Arruda e cia, juro que vou desistir de acompanhar a política no Brasil. Quanta vergonha alheia! Acho que o que mais me choca nas imagens é a expressão do rosto deles: aquela alegria incontida, uma naturalidade impressionante, como se estivessem escovando os dentes ou abrindo uma lata de palmito.

É feio, é imoral e, uma pena… é Brasil.

Da série “Eles não sabem o que fazem”

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internetExcelente exemplo do que não fazer quando se trata de Comunicação Digital:

O governo lançou o Blog do Planalto. Maravilha, se fosse um blog. Sem possibilidade de comentários, não é blog.

Dois dias depois, a resposta. Alguém criou um blog idêntico, tanto em layout quando em conteúdo, só que com um detalhe: permite comentários. É um blog.

O que seria pior para o governo? Moderar os comentários de forma cordial ou ter que conviver com um blog-clone que tem comentários do tipo “democracia já!”?

E tudo continua como antes

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eleicaoSempre fui apaixonada por política e devo muito aos meus pais por isso. Até hoje este é assunto certo em nossos almoços, embora sinta eu tremores ao encontrar uma Veja perdida no canto da sala.

 

O tema de minha monografia na faculdade foi: “É melhor sofrer no poder do que longe dele – Um estudo sobre a relação de poder entre Antônio Carlos Magalhães e a Imprensa”. Em minhas pesquisas, pude aprender muito sobre a política no Brasil e seus meandros obscuros, as famosas trocas de favores, a podridão.

 

Confesso que falo cada vez menos sobre política. Meus argumentos sempre acalorados estão sendo sutilmente substituídos por suspiros de desaprovação. E só fui me dar conta disso essa semana, quando um amigo me perguntou o que eu achava do Tarso Genro. Parei, pensei, pensei e tive que admitir: “não tenho opinião formada sobre ele. Sei que foi um bom prefeito em Porto Alegre, mas sei também que ele ainda se deslumbra com o poder que tem nas mãos”. Fossem outros os tempos, saberia de muito mais detalhes sobre o caso Battisti e afins.

 

A verdade é uma só (e sei que ela é importante só pra mim mesmo, já que o blog é ótimo para abrigar meus desabafos e devaneios): cansei e me decepcionei com a política. Até a quase unanimidade do Obama já está caindo por terra, com seu protecionismo democrático (Diogo Mainardi, unanimidade negativa entre os coleguinhas brasileiros, já avisava isso há muito tempo!).

 

Escrevo tudo isso pra dizer que relutei em comentar sobre a eleição de Michel Temer e José Sarney para a presidência da Câmara e do Senado, respectivamente. Mas é impossível depois do que li e ouvi hoje. Vou apenas reproduzir os comentários e saibam, caros leitores, que eles expressam exatamente a minha opinião e revolta com o fato:

 

- Comentário do Ricardo Boechat na Band News FM: O escolhido para corregedor da Câmara foi o deputado Edmar Moreira. Sua função é parecida com a de um policial, pois ele pode punir as arbitrariedades de seus colegas. No entanto, uma de suas primeiras declarações foi: “Sofremos do vício insanável da amizade”, deixando clara sua posição de mafioso. Michel Temer, com aquela pose de arauto da moralidade, assistiu a tudo, inerte.

 

casteloNão bastasse isso, Edmar Moreira, que construiu um castelo no sul de Minas Gerais com 36 suítes, declara como bens para a Receita Federal o valor de R$ 17 mil (especula-se que o imóvel vale R$ 25 milhões). Se não for punido pelo crime acintoso, o deputado teria que pagar pela cafonice do tal castelo.

 

- Trecho da despedida do jornalista Mino Carta, que parou de escrever em seu blog e na Carta Capital: E quanto ao poder político? O Congresso acaba de eleger para a presidência do Senado José Sarney, senhor feudal do estado mais atrasado da Federação, estrategista da derrubada da emenda das diretas-já e mesmo assim, graças ao humor negro dos fados, presidente da República por cinco anos.


Outro que foi para o trono, no caso da Câmara, é Michel Temer, um ex-progressista capaz de optar vigorosamente pelo fisiologismo. Reconstitui-se o “centrão” velho de guerra, uma das obras-primas da conciliação tradicional. Enquanto isso, o Brasil ainda divide com Serra Leoa e Nigéria a primazia mundial da má distribuição de renda, exporta commodities, 55 mil brasileiros morrem assassinados todo ano, 5% ganham de 800 reais pra cima. E 2009 promete ser bem pior que pretendiam os economistas do governo.

 

- Frase de um leitor d’OGlobo, escrita na seção Opinião: “É a famosa troca do nada pelo coisa nenhuma”.

He’s the man

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Barack Hussein Obama, o homem que guarda em seu nome incrível semelhança com dois grandes inimigos dos EUA, toma posse na próxima terça em meio a uma crise de desesperança mundial. Bancos quebraram e até países inteiros, como a Islândia, estão colhendo os frutos de uma prosperidade volátil. Construída sobre bases fracas e rasas. Capitalismo.

 

Obama é o primeiro presidente negro americano (um dia também chegaremos lá!), tem um sorriso largo e um discurso apaixonado. Conseguiu uma unanimidade impensável dois anos atrás. Marketing certeiro, pioneirismo na utilização das ferramentas digitais, estudo profundo da sociedade para a qual governará. Foi mais difícil desbancar a obstinada Hilary do que seu adversário, propriamente dito.

 

“Yes, we can” são palavras tão simples quanto eficazes. Lembro que me arrepiei ao ver, pela internet, aquela multidão ouvindo seu último discurso antes das eleições. Esperança que estava adormecida. Salve, Martin Luther King!

 

Não acredito que Obama irá promover transformações radicais, embora tenha certeza de que elas são imprescindíveis. Talvez ele as vá aplicando aos poucos, para não assustar a grande parcela da população, que tem só o Tico e Teco mesmo.

 

Torço por cada dia de seu governo, assim como faço ainda com o Lula. O significado dessas duas eleições guarda em si só muito poder. Basta saber como e quando usá-lo.

 

Enquanto o dia da posse não chega, o UOL preparou um joguinho muito legal: “Ajude Barack Obama a assumir a presidência dos Estados Unidos”. Não ache que é um jogo gratuito, é super interessante porque mescla perguntas sobre o Obama com curiosidades sobre a cerimônia de posse. Vale a pena!

 

posse

“Sapatos, pra que te quero!”

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sapatadasManifestação em solidariedade ao jornalista das “sapatadas” no Bush / EFE

 

Sem apologia à violência, mas é impossível não concordar com a tentativa de sapatadas ao Bush. O jornalista iraquiano aproveitou o ímpeto de ousadia para desafiar o que ainda resta do presidente dos Estados Unidos. Pena que sua mira não é tão boa…

 

Leio no jornal que “a ignorância dos elementos básicos sobre a sociedade iraquiana e a insegurança do país podem ser uma das causas para o fracasso da guerra”. Jura? Ignorância americana? Quê isso, quanta injustiça!

 

Não bastasse, a matéria ainda relata que o Pentágono chegou a maquiar os progressos da guerra. Tomara que a crise econômica não esconda também a insanidade que cerca todas as mortes já ocorridas. Quantas vidas ceifadas por mais uma tolice de um país que se intitulou o “dono do mundo” e o “juiz da paz”.

 

A única coisa que os americanos conseguiram com essa guerra foi mais um atestado de prepotência, burrice e desamor.

Alguém avisa…

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Mvd151379Alguém avisa ao Lula que a crise já chegou ao Brasil. Que 2009 vai ser um ano difícil e que nosso país, como nunca foi lá essas coisas, não ficará imune a uma crise que afeta o mundo todo.

 

Alguém avisa ao Lula que bolar campanhas publicitárias brilhantes de incentivo ao consumo é um tiro no pé. Afinal, foi justamente a louca corrida às compras e ao crédito que desencadeou a crise. A balela de “compre, senão todos vão perder o emprego” não cola. A saída consciente e racional está longe de ser essa.

 

Alguém avisa ao Lula que, se ele continuar elevando os gastos públicos, o PIB do ano que vem não chega nem a 2%. Quanto mais a 4%, como esbraveja o otimista Guido Mantega, ministro da Fazenda.

 

Alguém avisa ao Lula pra desistir da idéia de demitir o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. Ele é um dos poucos que ainda preserva um discurso são e equilibrado, em meio a tantas galhofas.

 

Alguém avisa ao Lula que a Dilma Roussef precisa ser mais educada ao responder perguntas que não aprecia. Desse jeito, 2010 vai ficar pra 2100…

 

Alguém avisa ao Lula que ele precisa estocar guarda-chuvas para a tempestade que se aproxima, como bem disse hoje o Ricardo Boechat, na Bandnews.

 

Alguém avisa ao Lula que, dependendo das medidas que ele tomar neste fim de ano e em 2009, ele será lembrado como o presidente que fez o Brasil voar em céu de brigadeiro em meio à tormenta; ou como o que fez o país naufragar em meio à tempestade em alto mar.

Um novo dia

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obama4

Nunca fui aos Estados Unidos e não tenho a menor vontade de conhecer este país. É uma opinião muito pessoal, com certeza milhares de pessoas discordam de mim, mas o famoso “american way of life” concentra o que há de pior na raça humana: soberba, intolerância, preconceito e burrice. Sim, os americanos são muito burros. Pergunte a capital de qualquer país que não seja o deles e veja o que acontece.

 

É claro que há exceções. Como em tudo e em qualquer lugar. Ontem, os americanos viveram um dia de glória e demonstraram que estão dispostos a recomeçar. Obama lutou, levou e mereceu.

 

martin

Martin Luther King foi morto aos 39 anos, no auge de sua luta pelos direitos civis nos EUA. O criador do “black power” foi o símbolo de uma segregação racial que parecia não ter fim. Para mim, o principal significado da eleição de Obama é esse: o possível início de uma mudança de mentalidade, de cultura. Um negro na Casa Branca.

 

A filha de Martin Luther King, Bernice King, deu uma declaração muito bonita, que resume bem essa esperança de um novo começo:

 

“Isto significa que o trabalho pelo qual meu pai e minha mãe se sacrificaram não foi em vão. Martin Luther King estaria orgulhoso da grande quantidade de jovens que compareceram às urnas para que isto fosse possível. É um novo dia que começa nos Estados Unidos”.

Havia um feriado no meio do caminho

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Seria cômico se não fosse trágico. O feriado adiantado em plena eleição beira a galhofa. Parece um dos factóides do César Maia. Como pode um governador, em sã consciência, antecipar um feriado no fim de semana mais importante para a cidade? O que ele queria? Ser bonzinho com os cariocas, já que este ano os feriados estão escassos? Não há mesmo outra explicação: ele queria tirar as pessoas da cidade.


Quase 1 milhão de eleitores não votaram no domingo. Não há como saber quantos votariam no Gabeira ou quantos votariam no Eduardo Paes. No entanto, mesmo que todas essas pessoas votassem no candidato PMDBista, a antecipação do feriado continuaria sendo um absurdo sem tamanho. E não foi isso que aconteceu: somente eu, por exemplo, conheço três pessoas que viajaram no fim de semana e deixaram de votar no Gabeira.


Sou capixaba, mas adotei o Rio de Janeiro e tenho amor por essa cidade. Sofro ao ver o abandono em que ela se encontra. Nunca entendi o eleitor carioca, que foi capaz de escolher Rosinha, Garotinho, Conde e César Maia como seus líderes. Desta vez, eu realmente acreditei que o povo do Rio estava decidido a mudar.


Quando vejo as artimanhas tão sujas, as alianças obscuras no apagar das luzes e os panfletos apócrifos de boca-de-urna, tenho uma certeza: o carioca queria mudar, mas não deixaram. Há forças muito poderosas por trás dessa eleição, que não permitiram que o Rio recomeçasse. Tristeza sem tamanho.

Não valeu!

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Não sei muita coisa sobre o Movimento Pró-Democracia, mas estarei sexta-feira, dia 31, ao meio-dia, na Cinelândia. Também quero a invalidação da eleição no Rio de Janeiro. É muita roubalheira, muita corrupção. Vejam o que o Movimento defende:


Protesto pró-moralização democrática nas eleições

de 2008 do Rio de Janeiro

20% de abstenção por causa do feriado adiantadao pelo governo estadual e os milhares de crimes eleitorais feitos por Paes. QUEREMOS INVALIDAÇÃO DA ELEIÇÃO! QUASE 1 MILHÃO DE CIDADÃOS NÃO VOTARAM!

RESUMO:
1. Candidatura registrada fora do prazo de desincompatiblização;
2. 50 milhões de reais de despesa de campanha – quem bancou?
3. Uso político das UPAs (em Barra Mansa o prefeito eleito perdeu o cargo por isso) e restaurantes populares
4. Corrupção eleitoral, coação de leitores na Rocinha, ZN (região da PAvuna) e ZO
5. Boca de urna por vereadores eleitos da coligação oposta (vi e fotografei, posso provar)
6. Campanha difamatória contra Gabeira, claramente bancada e sustentada por políticos da outra coligação (tipo Liliam Sá e Clarissa Garotinho).


Sobre esta eleição tão polêmica, dois artigos obrigatórios:

- “Gabeira, um candidato na contramão“, de Ricardo Noblat

- “A vitória de Gabeira“, de Lula Vieira

Uma imagem: mais que muitas palavras (e palavrões)

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Ouvi pelo rádio parte do debate de ontem, enfim o primeiro entre os candidatos a prefeito do Rio. Com o que li na internet hoje, já pude perceber que a discussão foi bastante acalorada e cheia de ironias.

Mas, se não tivesse ouvido ou lido nada sobre o assunto, entenderia perfeitamente o tom do debate só de olhar a foto abaixo. Reparem que Gabeira e Eduardo Paes estão se cumprimentando, mas ambos nem se olham. E o sorriso dos dois? Fica evidente o desconforto. Ponto pro Marco Antônio Teixeira, repórter fotográfico d’O Globo, que soube captar muito bem esse momento:

Pérola eleitoral

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Enquanto preenchia o formulário de justificativa de voto, ouvi a seguinte conversa entre dois mesários:

- Votei no 43. É o Crivela, né?

- Não, Crivela é 10.

- Ué… então quem é 43?

- É o Gabeira.

Vendo a confusão do rapaz, completei:

- Você votou no concorrente direto do Crivela!

Ao que ele respondeu:

- Ah, tudo bem, não vai mudar nada pra mim mesmo…