Siga-nos

Perfil

Economia

Economia

Cofina já não vai comprar a TVI

11.03.2020 às 0h58

Paulo Fernandes, presidente-executivo da Cofina

Clara Azevedo

Empresa dona do Correio da Manhã e da CMTV informou a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários de que não conseguiu concluir com sucesso o aumento de capital indispensável para a compra da Média Capital

Pedro Lima

Pedro Lima

Editor-adjunto de Economia

A Cofina desistiu de comprar a Média Capital, empresa proprietária da TVI e da Rádio Comercial. É o resultado do insucesso da operação de aumento de capital que o grupo presidido por Paulo Fernandes pretendia realizar para concretizar a compra da Media Capital, detida pelo Grupo espanhol Prisa.

"A Cofina vem informar que, terminado o período da oferta pública de subscrição de 188.888.889 novas ações ordinárias, escriturais e nominativas, sem valor nominal, e estando em fase de finalização o apuramento dos respetivos resultados, é desde já possível concluir que o número de ações subscritas não atinge o total de ações objeto da oferta pública", começa a empresa por dizer em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O facto de os mercados financeiros terem sofrido nos últimos dias uma forte derrocada contribuiu para o abortar da compra da Media Capital. Como explica a Cofina, proprietária do Correio da Manhã, CM TV, Record, Sábado e Jornal de Negócios, "tendo especialmente em consideração a recente e significativa deterioração das condições de mercado, a Cofina entendeu não estarem reunidas condições para o lançamento de uma oferta particular para colocação das ações sobrantes, cuja possibilidade se encontrava prevista no prospeto da oferta pública de subscrição".

Assim, prossegue a empresa, "não tendo sido verificada a condição de subscrição integral do aumento de capital, a oferta ficou sem efeito. O montante entregue pelos investidores no momento da emissão das respetivas ordens será colocado à respetiva disposição pelos intermediários financeiros junto dos quais tenham emitido as suas ordens".

A Cofina explica também que "em consequência de a oferta pública ficar sem efeito, o aumento de capital não será objeto de registo comercial, não se encontrando verificada a última condição suspensiva de que depende o fecho da operação de aquisição, pela Cofina à Prisa, de ações representativas de 100% do capital social e direitos de voto da Vertix, que por sua vez é titular de ações representativas de 94,69% do capital social e direitos de voto da Média Capital, conforme estabelecida no contrato de compra e venda celebrado em 20 de setembro de 2019 e alterado em 23 de dezembro de 2019".

"Por conseguinte, não se encontram reunidas as condições de que depende a conclusão do negócio de compra e venda das ações da Vertix (e indiretamente da Média Capital) previsto no contrato", conclui a Cofina no comunicado enviado ao mercado.

Negócio já tinha luz verde do regulador

A Cofina tinha a correr a operação de aumento de capital (em que pedia dinheiro aos acionistas) para financiar a operação. O objetivo era ir buscar 85 milhões de euros (sendo que Paulo Fernandes, atual CEO, se comprometeu a investir 20 milhões, o mesmo montante que Mário Ferreira, da Doura Azul, que assim se tornaria no segundo maior acionista). Só que não houve procura para adquirir todas as novas ações. E a hipótese da Cofina era avançar para uma oferta particular das novas ações sem comprador a investidores qualificados (como fundos ou bancos ou gestores de ativos), como já tinha admitido no prospeto. Foi nessa fase que a operação protagonizada pela dona do Correio da Manhã travou.

Este aumento de capital tinha de se realizar para que a compra se concretizasse. Aliás, a Cofina já tinha recebido a luz verde da Autoridade da Concorrência para comprar a Media Capital, uma transação que iria juntar a CMTV, o Correio da Manhã, o Record e o Jornal de Negócios à TVI, à produtora Plural e a rádios como a Comercial.

A Cofina iria pagar 123 milhões de euros por 95% da Media Capital aos espanhóis da Prisa, que também já tinham aprovado a operação. Depois iria lançar uma oferta de aquisição pelos restantes 5%. A Cofina iria financiar-se com este aumento de capital, bem como em financiamentos do Société Générale e do Santander.