icons.title signature.placeholder Bruno Cassucci
João Henrique Marques
07/04/2012
08:00

O esquadrão santista, que encantou o mundo nos anos 50, 60 e 70, e faturou nada menos do que 63 títulos nessas três décadas, alavancou o clube a um patamar inédito na história. Antes um time regional, o Peixe ganhou torcedores em todo o Brasil.

Em 1968, um estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou o Santos como o segundo clube com maior torcida no Brasil, atrás apenas do Flamengo. No ano seguinte, o IBOPE (Instituto Brasileiro de Opinião e Pesquisa) indicou o Alvinegro como o time mais popular do país, com 49%, à frente do Fla (20%) e do Corinthians (14%).

“Segundo time” de muitos brasileiros, o Peixe acostumou-se a “dividir” arquibancadas em clássicos desde então. Porém, com os tempos de seca, o clube caiu para oitavo no ranking das torcidas, posição que ocupa atualmente.

Naquela época, até os rivais se acostumaram a torcer pela equipe de Vila Belmiro.

- O Santos era nosso segundo time, de quase todos os brasileiros. O são-paulino também adorava que o Corinthians “apanhava” deles - conta João Paulo de Jesus Lopes, vice-presidente do São Paulo, que acompanhou aquela época.

Jogos do Santos, mesmo fora de São Paulo, lotavam (Foto: Arquivo)

O cartola tricolor tem razão ao recordar as "surras" que o Santos aplicava no seu maior rival. O Peixe da década de 60 tinha um rival predileto: o Corinthians, que sofreu com quase 11 anos sem vitórias pelo Paulista. Foram 22 jogos pelo estadual em que o Santos se manteve hegemônico.

O tabu caiu em 6 de março de 1968, quando o Timão venceu por 2 a 0, no Pacaembu. Após o clássico, os corintianos gritavam ironicamente: “Um, dois, três, o Santos é freguês”.

O principal carrasco do Corinthians não podia ser diferente: Pelé. O Rei é o jogador que mais balançou as redes sobre o rival, com 51 gols. Enquanto o camisa 10 esteve no Santos, o Timão jamais sagrou-se campeão estadual.

Ao todo, o camisa 10 do Santos disputou 50 jogos contra o Corinthians, sendo 25 vitórias, 16 empates e nove derrotas.

Contra o Palmeiras, a situação era um pouco mais delicada. O time de Palestra Itália era um dos poucos que conseguia rivalizar com o Peixe, com a "Academia de Futebol", liderada por Ademir da Guia.

- Não tínhamos uma fórmular para derrotá-los, mas conseguíamos ir bem. Jogar contra eles era especial. A semana já era diferente. Ficávamos compenetrados, sabíamos que era um jogo diferente. Nossa maior preocupação era não tomar gols logo. Procurávamos jogar atrás, no contra-ataque...Podia ser no Pacaembu, Palestra ou Vila, era sempre difícil - recorda-se o Divino, como é chamado.

Ademir ainda conta que as vitórias alviverdes sobre o Santos eram festejadas de forma especial:

- Quando ganhávamos, a comemoração era muito maior. Parecia que tínhamos conquistado um título - afirma.

A supremacia santista era tão grande, que fez surgir um mito de que o São Paulo sequer investia em contratação de jogadores, já prevendo ser derrotado pelo Santos. Ou seja, melhor economizar e perder, do que investir e ser não ganhar da mesma forma.

- É mentira. O clube não tinha recursos, devido à construção do Morumbi, que ficou pronto apenas em 70, período que coincidiu com o Santos de Pelé - argumenta Jesus Lopes.

á uma lenda de que o São Paulo deixou de investir no time durante a década de 60 porque não conseguiria competir com o Santos de Pelé. É mentira. O clube não tinha recursos, devido à construção do Morumbi.