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De Época: Paraná: O alvorecer de um Pólo Textil

Enquanto, no Brasil inteiro, se fala de recessão e da crise que, entre outros, castiga severamente o setor têxtil e de confecção, no Paraná, espraiando-se pelas terras roxas de seis municípios - tendo como centro a cidade de Goioerê; como suporte técnico-científico a Universidade Estadual de Maringá; e como força propulsora a iniciativa privada - surge um projeto agro-industrial que tem por objetivo criar um pólo têxtil moderno dentro do Estado que se posicionou como o maior produtor brasileiro de algodão. Os fundamentos e as características deste projeto constituem matéria de capa desta edição e formam um dossier que nenhum interessado pode deixar de ler.

Projeto de Goioerê, um exemplo

Indiferente ao crescente processo recessivo que o país atravessa, seis municípios localizados na região noroeste do Estado do Paraná começam a modificar o rumo da história do desenvolvimento industrial têxtil. Apoiada pela Universidade Estadual de Maringá, esta comunidade paranaense - onde está concentrada a maior produção de algodão do País - criou seus próprios recursos para desenvolver meios que atendam as duas prioridades da região: a formação de mão-de-obra especializada (com técnicas de melhoria da qualidade produtiva) e a criação de um pólo têxtil, fortalecido em todos os setores, desde a fiação à confecção final.

Muito mais que uma expansão regional, o projeto em desenvolvimento na cidade de Goioerê representa mais um exemplo de solução para a estagnação econômica, sem a depenD6encia exclusiva de recursos governamentais. O trabalho que vem sendo feito na região acompanha o esperançoso cenário refletido na cidade de Sertãozinho, no interior do Estado de São Paulo, onde a união dos grupos comunitários do município foi responsável pelo final das demissões em empresas metalúrgicas, melhoria das condições sócio-econômicas da população e redução de preços da cesta básica, que apresenta uma variação inferior à do governo federal.

Como tudo começou

A origem do projeto - que visa a implantação de um curso de engenharia têxtil e de um centro de pesquisa - ocorreu a partir do processo de interiorização da Universidade do Paraná. Em 1969, o governo estadual resolveu formalizar a independência universitária de cada região do Estado. Com isto, foram implantadas três novas universidades: Universidade Estadual de Maringá (UEM), Universidade Estadual de Londrina (UEL) e Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Até 1986, estas novas instituições passaram por um trabalho gradual de consolidação, através do qual, ao longo dos anos, cada região cuidou da sua infra-estrutura, o que possibilitou oferecer aos estudantes um melhor nível universitário.

Em 1987, a Universidade de Maringá criou o programa denominado "Universidade e Desenvolvimento Regional". Para isto, a entidade fez uma seleção entre os 120 municípios da região noroeste do Estado, procurando aqueles que tivessem um projeto de desenvolvimento sócio-econômico ligado à ciência e tecnologia. Após um minucioso estudo, a UEM chegou a escolher seis municípios onde se originaram os núcleos de desenvolvimento regional. "Chegamos a este número reduzido porque corríamos o risco de fazer um trabalho extenso e demorado e não obteríamos os resultados desejados. Por esta razão escolhemos os seis municípios mais significativos em termos de potencial de desenvolvimento. Esta foi uma iniciativa nova na relação universitária brasileira-comunidade", observa o coordenador do projeto, prof. Manoel Jacó Garcia Gimines.

Agricultura algodoeira: terra e incentivos a favor

Em 1991 , o Estado do Paraná, sozinho, contribuirá com mais de 50% de toda a produção nacional de algodão. Esta significativa participação no "bolo algodoeiro" vem crescendo nos últimos anos (ver quadro) e deverá acentuar-se no futuro em função do projeto em análise, principalmente se os demais Estados produtores de algodão não estimularem o plantio e a colheita no setor.

O alto desempenho da agricultura algodoeira paranaense não se deve, apenas, à fertilidade das terras roxas a noroeste do Estado e, sim, também, à preocupação na melhoria das técnicas de produção, ao desenvolvimento de novas espécies, mais produtivas, e ao aperfeiçoamento do combate às pragas que sempre ameaçam as culturas.

Produção Nacional de Algodão
(toneladas)

Ano Brasil Paraná Participação
1989

1.844.254

805.277 43,66%

1990

1.763.027 852.600 48,36%

1991

(Previsão)

2.193.156 1.100.000 50,16%


Mas, apesar de produzirem uma quantidade imensa de caroço de algodão, os produtores paranaenses, em que pese a ação das grandes cooperativas, ainda vendem, hoje, grande parte dessa produção na forma de algodão em pluma, para fiações sediadas noutros estados, sendo pequeno, por enquanto, o volume de produto que é transformado em fios pelas cooperativas e indústrias locais.

O Núcleo de Desenvolvimento Regional é basicamente um convênio firmado com a prefeitura do município-sede, onde se instalou um escritório da UEM sem grandes investimentos estruturais, como construções, folha de pessoal e equipamentos. "É uma espécie de embaixada, que passa a servir como um canal de comunicação entre a região e a universidade", explica Gimenes. Após um pequeno período de trabalho, o coordenador da UEM percebeu que dois dos núcleos superavam as expectativas e prometiam um maior avanço num curto espaço de tempo: Goioerê e Loanda.

"Resolvemos, então, que estes núcleos deveriam ceder estes lugar a campus universitários: um voltado para o área têxtil e de alimentos, em Goioerê; e o outro, para o setor de couro, em Loanda", frisou. De acordo com Gimenes, o objetivo da UEM era o de acompanhar a pesquisa conforme a necessidade e o potencial de cada núcleo e não, simplesmente, criar cursos de extensão universitária sem qualquer relação direta. "Começamos a pesquisar a vocação e a identidade das regiões e chegamos à conclusão de que a presença da UEM, em Goioerê, deveria ser diferente do que em Maringá, onde o aprendizado de 21 anos de existência (com curso de graduação e mestrado) estivesse relacionado com esta vocação regional", afirmou.

Desta necessidade, surgiu a idéia de se implantar em Goioerê o "Centro de Ensino e Pesquisa em Agro-lndústria" com o surgimento dos cursos de Engenharia Têxtil, preparado para iniciar em 1992, e o de Engenharia de Alimentos, previsto para 1994. Para isto, a comunidade de Goioerê doou 8,5 alqueires para a construção do campus. Paralelo ao funcionamento do CEPA como formador universitário, serão ministrados cursos para a comunidade, visando o aprimoramento das mais avançadas técnicas de desenvolvimento de produção e melhoria da qualidade industrial.

A união faz a força

Para que o projeto se desenvolvesse com mais rapidez e a UEM atuasse com mais independência, evitando entraves burocráticos governamentais, a prefeitura de Goioerê uniu-se aos cinco municípios mais próximos (Moreira Salles Mariluz, Juranda, Janiópolis e Boa Esperança) para criar a "Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico", de caráter privado, que passaria a administrar o projeto.

Este consórcio inter-municipal conta hoje, também, com a participação da Cooperativa Agropecuária de Goioerê (Coagel), além de empresas e órgãos representativos da sociedade civil. A cada dia, a Fundação recebe novas adesões e expande seu potencial. "A UEM não poderia ter criado a Fundação porque, sendo um órgão estaduaI, dependeria uma lei aprovada pela Assembléia para fazê-lo. Mas as lideranças da região de Goioerê criaram-na e convidaram a UEM para participar como representante", salientou Gimenes.
Prof. Manoel Jacó Garcia Gimenes, coordenador do projeto.
"Esta foi uma iniciativa pioneira na relação universidade-comunidade"

"Historicamente, no nosso País o desenvolvimento estanca no eixo Rio-São Paulo ou no litoral. Se o interior não tem estrutura suficiente para trazer as linhas de financiamento governamentais como a Finep ou CNPq, nunca conseguirá apoio para a região. A Fundação surgiu, então, para viabilizar a implantação dos cursos em Goioerê", explica o professor. Os recursos da entidade vêm de dotações orçamentárias das seis prefeituras onde o município-sede destina a verba mais significativa, ou seja, 2% do orçamento de Goioerê (participação estimada, hoje, em Cr$ 140 milhões). Além deste montante, as cooperativas liberam recursos em programas de interesse industrial. A FADCT gera, também, recursos próprios através da prestação de serviços - planejando e vendendo projetos. Em termos de cooperação internacional, há uma frente de convênios com agências internacionais (Japão, Estados Unidos, etc.), tudo através da iniciativa privada, onde o governo funciona, apenas, como mediador, quando os acordos são firmados oficialmente.

A razão de se instituir cursos de Engenharia Têxtil deve-se, principalmente, ao fato do algodão representar a fonte agro-industrial por onde se canalizará o desenvolvimento de uma região fértil e quase inexplorada. A partir compromisso firmado, em 1.969, de dedicar-se prioritariamente à região, a Universidade Estadual de Maringá, captou os anseios sócio-econômicos dos municípios citados e identificou o que se mostrava crônico: um processo de verticalização da produção de algodão em contraste direto com um território novo, carente de mão-de-obra especializada. Hoje, após selecionar esta área agro-industrial, procura-se iniciar a implantação dos dois cursos essenciais ao processo: Engenharia Têxtil e Engenharia de Alimentos.

Por que Goioerê?

Apesar da cidade de Goioerê ter apenas 35 anos de existência, o esforço de sua comunidade em desenvolver rapidamente o seu município foi o fator responsável poro elege Ia como município-sede deste projeto tecnológico-industrial. Um exemplo disto é que o município abriga a primeira tinturaria têxtil do Estado do Paraná. Antes disso, o produto desenvolvido destinava-se a São Paulo ou Santa Catarina e retornava com um preço superior, após o tingimento.

Para o curso de Engenharia Têxtil, a UEM fez um convênio com a Faculdade de Engenharia Industrial (FEI-SP) cuja coordenação está a cargo do prof. Paulo Alfiére. Até o início do curso, em março de 1.992, o engenheiro pretende administrar outros cursos para os micro-empresários da região, como o aprimoramento de novas técnicas industriais de malharia.

"Neste processo todo, a UEM está procurando alternativas e um modelo universitário mais próximo de nossa realidade. O importante é não se prender apenas a atender os vestibulandos para os cursos de graduação ou os bolsistas para os cursos de pos-graduação", reitera o professor Manoel Jacó Gimenes. Este "mais próximo da realidade" a que o acadêmico se refere, significa o conhecimento de sua região, seu povo, sua cultura, suas potencialidades. Destes parâmetros, o trabalho universitário passa a se desenvolver com um infinito grau de intensidade. "Somente através desta integração comunidade-Universidade o processo se solidifica e se transforma de um interesse local para um interesse estadual e, finalmente, nacional", analisa Gimenes, que já festeja a possível adesão ao projeto de Goioerê da Cooperativa Agrícola de Cotia/SP e de outros municípios.

De acordo com o coordenador do projeto, o objetivo principal é a maior geração de renda para a região noroeste. "Nós produzimos uma quantidade imensa de caroço de algodão, que é vendida para outros estados. Temos que agregar renda fortalecendo e criando um pólo industrial", observa. Um passo significativo foi dado neste processo através da construção do Centro de Pesquisas do Algodão, numa área de 45 alqueires, fruto de um projeto conjunto entre a prefeitura de Goioerê, a COAGEL e a Organização das Cooperativas do Paraná (OCEPAR). Este Centro estudará e desenvolverá novas variedades do produto que atendam às necessidades qualitativas dos produtores e da indústria.

"Com isto, nós chegamos ao seguinte quadro: maior produção de algodão, um centro de pesquisas para novas variedades e controle de pragas e, finalmente, o apoio técnico de uma universidade. Como resultado, Goioerê se tornará o centro de todo o processo tecnológico", acrescenta Gimenes, lembrando, ainda, que até hoje a pesquisa do produto esteve centralizada no Centro Nacional de Pesquisa do Algodão (CNPA), em Campina Grande (MS) e no Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Assim, a região de Maringá, apesar de estar localizada no Vale do Paraná e limitada até o rio Ivaí, passa a ter uma relação histórica com o município de Goioerê, localizado no Vale do Piquirí e distante 160 km.

Como será o curso

Segundo o prof. Gimenes, o objetivo do Centro de Ensino e Pesquisa em Agro-lndústria de Goioerê é fazer com que toda mão-de-obra ali formada seja aproveitada na região. O curso de Engenharia Têxtil terá a duração de cinco anos e se iniciará em março de 1992. Anualmente, o Centro aceitará 40 novos alunos.

Gimenes explica que não há qualquer restrição em receber estudantes de outros estados. "O vestibular é público. Todos têm direito à inscrição. Do total de vestibulandos selecionaremos os 40 melhores alunos", conclui. Com a área de pesquisa têxtil em desenvolvimento, a prefeitura de Goioerê já iniciou a implantação do distrito industrial e um local para a instalação de novas empresas (Condomínio Industrial).

A Fundação está construindo, ainda, junto ao campus, o seu Parque Ecológico, onde serão desenvolvidas pesquisas de preservação do meio ambiente.

O convênio com as agências internacionais já está proporcionando um proveitoso intercâmbio tecnológico.

A Fundação está negociando para os próximos meses a vinda de especialistas estrangeiros para fornecer apoio técnico às empresas já instaladas, conforme acordos de cooperação em desenvolvimento firmados com a França, Alemanha, Canadá, Estados Unidos e Japão.

No período de 24 de setembro a 3 de outubro, os representantes da Fundação estarão participando da Feira Internacional de Equipamentos Têxteis - ITMA, considerada o maior evento da tecnologia têxtil mundial, e que ocorre a cada quatro anos.

Desta vez, será realizado em Hannover, Alemanha.

De acordo com o prof. Paulo Alfiére, o curso de Engenharia Têxtil encontra-se em atividade somente na Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), em São Bernardo do Campo/SP. "Existem outras iniciativas neste sentido como a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), que deve formar a primeira turma este ano. Outros cursos superiores do setor são de formação de tecnólogos na área têxtil, em três anos, como a FATEC em Americana (SP) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte", explica.

Nos países desenvolvidos, a Engenharia Têxtil é bem consolidada há muitas décadas, sendo extremamente especializada. "Em países como os Estados Unidos e Inglaterra, existem de seis a sete tipos de engenharia têxtil. No Brasil, não há como comportar estas especializações porque o mercado de trabalho é bem restrito" ressalta Alfiére.

Durante o período de implantação do Centro de Ensino e Pesquisa em Agro-Indústria da UEM, em Goioerê, o engenheiro da FEI, que é coordenador do curso de Engenharia Têxtil, pretende realizar outros eventos voltados aos empresários da região, como cursos de aperfeiçoamento (melhor utilização e manutenção de equipamentos, controle e melhoria de qualidade dos produtos), nas áreas de malharia e confecções, com a duração de uma semana (de 20 a 30 horas).

Um pouco da história de Goioerê

Para se saber exatamente a razão de Goioerê ter sido escolhida como município-sede para iniciar um processo de desenvolvimento industrial e tecnológico a nível nacional, é necessário se conhecer um pouco da história da cidade, desde sua fundação pelo colono Francisco Scarpari, em 1955.

O município de Goioerê está situado na região noroeste do Paraná, sendo fruto de um longo trabalho de colonização e povoamento do planalto paranaense que, apesar de ser conhecido desde o século XVI, só foi efetivamente explorado e povoado no início século XX, com o desenvolvimento de uma nova e florescente civilização. Em 1934, os irmãos Scarpari (Francisco, Carlos e Vlademir) fundaram as primeiras fazendas de café às margens do rio Goioerê. Era, ainda, uma terra selvagem, onde os pioneiros tiveram que explorar a região, abrindo picadas e veredas, sem qualquer ajuda governamental.

Alguns anos mais tarde, os irmãos Scarpari resolveram lançar os fundamentos de uma cidade, organizando, para sua concretização, uma empresa denominada Sociedade Goioerê, à qual coube a responsabilidade de planejar e executar a idéia de construção de um centro urbano. Em 1953, foi fundada a primeira hospedagem na futura cidade, por Dário de Castilho e praticamente na mesma época começaram a funcionar os primeiros estabelecimentos comerciais atacadistas, de José Robleski e dos irmãos Agostinho. Paralelamente, as atividades agrícolas se desenvolviam na zona rural, tanto na agro-pecuária como no cultivo de algodão, milho, trigo e soja.

Em 10 de agosto de 1955, o então distrito judicial de Campo Mourão foi elevado à categoria de município. Em 1956, o fundador da cidade, Francisco Scarpari, assumia o cargo de primeiro prefeito, sendo sucedido por Ladislau Schicorski, Gil Marques de AImeida, Alcyr Araújo, Vicente Okamoto, Luiz Kamide, Okamoto (reeleito), e, atualmente, Fuad Kffuri, que iniciou o projeto junto à Universidade de Maringá.

Goioerê tem a área de sua cidade delimitada em 561 km2, sendo que, somada aos seus três distritos (IV Centenário, Rancho Alegre D'Oeste e Bandeirantes D'Oeste), compreende uma área total de 1.136 km2. O município limita-se ao norte com Moreira Salles; ao sul com Ubiratã; a leste com Janiópolis; a oeste com Formosa do Oeste; a noroeste com Mariluz; a sudeste com Juranda e Boa Esperança; e a Sudoeste com Nova Aurora. Goioerê faz parte de uma micro-região do noroeste do Paraná composta por 22 municípios, sendo a sede em Campo Mourão, onde se concentram os postos de serviço público estadual.

Todos os rios que banham o município de Goioerê pertencem à grande Bacia do Rio Piquirí, que faz a divisa com os municípios de Formosa do Oeste e Nova Aurora. Os rios que fazem o limite de Goioerê são: Piquirí, Comissário, Ribeirão Água Branca, Água Braço do Rio do Salto e Arroio Água Grande. O relevo da região se apresenta ondulado em declive constante no sentido Nordeste-Sudoeste, enquanto a sede se localiza numa pequena colina entre o Ribeirão Água Branca e o Rio Água Bela. O solo, excelente para a agricultura, tem uma pequena predominância de Latossol Vermelho-Escuro Destrófico, além de texturas argilosa-mista, argilosa-arenosa e areno-argilosa.

O clima da região é subtropical úmido, mesotérmico, com verões quentes e geadas menos freqüentes. Há uma tendência de concentração das chuvas nos meses de verão acima do Paralelo 24º Sul, sem estação seca definida e com temperatura média oscilando entre 17º e 28º C. A altitude é de 550 metros acima do nível do mar

Com uma população estimada em 51.500 habitantes para 1991 (IBGE) e densidade demográfica de 45,30 hab/km2, Goioerê tem como predominância de suas atividades econômicas, a agro-pecuária, seguida do comércio, indústria e prestação de serviços. Existem 2.712 estabelecimentos agrícolas no município, com 108.983 hectares cultivados. A qualidade das terras está dividida da seguinte forma: 75% são boas para cultura, 20% para pastagens e 5% inaproveitáveis. O cultivo de algodão é feito numa área de 32 mil hectares, com a produção atingindo 852.600 toneladas em 1990.

Outras culturas que mantêm o desenvolvimento econômico do município são: trigo, soja, milho, café, feijão, cana de açúcar, mandioca e arroz em casca. A criação avícola (mais de 395 mil aves) é responsável pela produção anual de 2,1 milhões de ovos e o rebanho bovino (42.803 cabeças) produz 9,7 milhões de litros de leite.

Para a produção de seda, os produtores da região chegam a cultivar 81 mil quilos de casulos por ano. Dotada de três cooperativas - a COAGEl, COTIA e a Cooperativa dos Trabalhadores Rurais Volantes de Goioerê, a comunidade procura intensificar a comercialização de sua produção agro-pecuária através de eventos em seu extenso Parque de Exposições, como a EXPO TÊXTlL, a Festa das Nações e a Feira/Exposição Agro-Pecuária Comercial e Industrial de Goioerê.

A participação ativa da prefeitura

Um dos motivos que levaram o prefeito de Goioerê, Fuad Kffuri, a assumir o projeto da implantação do Centro de Ensino e Pesquisa em Agro-lndústria foi a tradição no plantio de algodão na região, onde está concentrada a maior produção do País.

Mas o que mais o impulsionou na direção dessa iniciativa foi o resultado de uma pesquisa de opinião pública feita junto à população, que tinha como maior exigência a vinda de indústrias para Goioerê. "Como temos a matéria-prima, nada mais justo do que trazermos indústrias que a utilizam na fabricação de seus produtos", salienta Kffuri.

A outra necessidade da comunidade apontada pela pesquisa é o acesso a cursos universitários. "Logo que iniciei a administração da cidade, foi criado o núcleo de Desenvolvimento Regional da UEM. A partir de então, passamos a estudar quais os cursos ideais para nossa região. O curso de Engenharia Têxtil e o de Alimentos atende às exigências da população e das necessidades para o seu desenvolvimento", explica.

Apesar de lhe restar, apenas, um ano e meio de mandato, o prefeito de Goioerê não acredita que a sua saída da administração possa significar mudanças ou falta de continuidade no projeto. "Eu sempre acredito no bom senso das pessoas. Não imagino que no próximo governo surja alguém com idéias tão diferentes que cheguem a comprometer o processo em andamento", afirma.

"Não estou implantando algo para meu benefício pessoal e sim para as futuras gerações. Acredito que um projeto tão promissor para a região terá o mesmo tipo de empenho do próximo prefeito", acrescenta Kffuri.

A rivalidade partidária e política da região deixa de existir quando o assunto é melhoria vida da comunidade e desenvolvimento econômico.

Como prova disto, o prefeito lembra que o consórcio inter-municipal para a criação da "Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Ciêntífico e Tecnológico" foi firmado entre prefeitos de diferentes partidos: Antonio Ferreira Danguy (PMDB), prefeito de Janiópolis; Edvaldo Carrero (PRN), de Moreira Salles; Luis Lucacin (PL), de Mariluz; Adolfo Vallezi (PMDB), de Boa Esperança; Antonio Hernandez (PMDB), de Juranda. Para que haja uma integração do projeto, não só por parte do Poder Executivo, mas, também, do Legislativo, cada município tem um representante da Câmara dos Vereadores que participa das reuniões da Fundação.

Através do Departamento de Desenvolvimento Econômico do município, a prefeitura de Goioerê está procurando incentivar a implantação de indústrias de malharia e confecções na região. Para facilitar a instalação dessas empresas, Kffuri garante que a prefeitura, além de afastar os entraves burocráticos, oferece alguns benefícios como terrenos com infra-estrutura, onde a indústria pode se Instalar sem pagar aluguel e tributos municipais durante dez anos. O prefeito acredita que a meta de implantação de um parque fabril deve ser alcançada paralelamente à formação de pessoal altamente especializado. "Os objetivos se complementarão quando se conseguir um bom desenvolvimento

 

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Por: Fernando Porto

Data de publicação: 01/09/1991

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Soluções de automação ajudam setor têxtil a reduzir custos na retomada econômica
Depois de um ano difícil, a indústria brasileira de moda começa a retomar seu ritmo, mas se vê diante de um novo desafio: reduzir os gastos para manter a lucratividade. Na produção, o custo da energia elétrica tem sido um dos grandes vilões. A Aneel já informou que, por conta da crise hídrica, houve reajuste e a cobrança a cada 100 kWh consumidos passou de R$ 6,24 para R$ 9,49.  2021-08-16 - Tags: delta maquinas texteis industria retomada producao volnei mathias automacao negocios

Edana e Inda anunciam nova edição da padronização para nãotecidos
As principais associações globais de nãotecidos, Edana e Inda, anunciaram em conjunto o lançamento da edição 2021 do Nonwovens Standard Procedures (NWSP) de procedimentos padrão para os nãotecidos e indústrias relacionadas. A linguagem harmonizada nos EUA e na Europa aumentará a eficiência para comunicar descrições, produção e testes globalmente consistentes para os produtos.  2021-08-03 - Tags: edana naotecidos nonwovens standard procedures wiertz inda dave rousse padronizacao

ID-Cotton e AG Surveyors elevam algodão brasileiro a novo patamar de qualidade
A ID-Cotton, desenvolvedora de solução para rastreamento do algodão por meio da tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID), e a AG Surveyors, que realiza inspeção e certificação do algodão, com base em Santos (SP), anunciaram parceria de 10 anos que terá impacto no mercado da principal matéria-prima têxtil.  2021-08-02 - Tags: cotton algodao rastrabilidade codigo ag surveyor id cotton

Tecnologia usada em roupas de astronautas ajuda Vale a proteger trabalhadores
Um material cinco vezes mais forte que o aço, utilizado em blindagem de tanques, coletes policiais e até na proteção de astronautas e naves espaciais, está garantindo a segurança de trabalhadores da companhia Vale no Terminal Marítimo Porto da Madeira, em São Luís do Maranhão. A mineradora utiliza Kevlar® em luvas e vestimentas para reduzir riscos de corte e perfuração.  2021-07-21 - Tags: tecnologia dupont kevlar vale uniforme protecao mineradora

Fitesa investe R$ 280 milhões e amplia fábrica em Cosmópolis
A Fitesa, uma das líderes mundiais na indústria especializada na fabricação de um tipo de material têxtil conhecido como nãotecidos para a indústria de saúde e higiene, vai investir R$ 265 milhões para ampliar sua fábrica instalada no município de Cosmópolis, no interior de São Paulo. A multinacional de origem brasileira vai expandir sua linha de produção e agregar pelo menos 28 novos empregos para ampliar o fornecimento de matérias-primas para a produção de fraldas descartáveis, máscaras, aventais e campos cirúrgicos, entre outros.  2021-07-20 - Tags: fitesa expansao naotecido fabrica cosmopolis interior sao paulo

The LYCRA Company reforça ações de economia circular no setor têxtil
A The Lycra Company lançou os seus primeiros fios feitos 100% de resíduos têxteis. Os fios sustentáveis Coolmax® EcoMade e Thermolite® EcoMade resultam de uma colaboração estratégica com a Itochu Corporation, uma empresa japonesa de comércio e desenvolvimento de negócios internacionais, com força nos setores relacionados ao consumidor final, incluindo o setor têxtil.  2021-07-16 - Tags: the lycra company economia circular itochu corporation julien born coolmax ecomade thermolite ecomade