As
Ruínas de S. Paulo referem-se ao conjunto formado pela fachada da antiga Igreja
da Madre de Deus, construída entre 1602 e 1640, e as ruínas do antigo Colégio de
S. Paulo, que ficava localizado ao lado da igreja, ambos destruídos por um
incêndio em 1835. Em conjunto, a antiga Igreja da Madre de Deus, o Colégio de S.
Paulo e a Fortaleza do Monte eram todas construções jesuítas e formavam um
conjunto que pode ser identificado como a "acrópole" de Macau.
A fachada das Ruínas de S. Paulo mede 23 m de
largura por 25,5 m de altura, estando dividida em cinco níveis. Seguindo o
conceito clássico da divina ascensão, as ordens da fachada em cada nível
horizontal evolvem da base para o topo da ordem jónica, passando pela ordem
coríntia até à ordem compósita.
Os dois níveis superiores estreitam gradualmente
para suportar um frontão triangular no topo, que simboliza o último estado da
divina ascensão - o Espírito Santo. A fachada é de estilo maneirista,
incorporando alguns elementos decorativos tipicamente orientais. Os temas
escultóricos incluem imagens bíblicas, representações mitológicas, caracteres
chineses, crisântemos japoneses, um barco português, vários motivos náuticos,
leões chineses, estátuas de bronze com imagens dos santos jesuítas fundadores da
Companhia de Jesus e outros elementos que integram influências europeias,
chinesas e de outras partes da Ásia. No seu todo, essa composição reflecte uma
fusão de influências à escala mundial, regional e local. Hoje em dia, a fachada
de S. Paulo funciona simbolicamente como o altar da cidade. O seu traçado
barroco/maneirista de granito é único na China (tal como refere a publicação
Atlas mundial de la arquitectura barroca, da UNESCO). As Ruínas de S. Paulo
são um dos exemplos mais eloquentes do valor universal excepcional de Macau.
Na proximidade da fachada, os vestígios
arqueológicos do antigo Colégio de S. Paulo apresentam um testemunho do que foi
em tempos a primeira universidade de modelo ocidental no Extremo Oriente, que
contava com um programa académico extenso, incluindo as disciplinas de Teologia,
Matemática, Geografia, Chinês, Português, Latim, Astronomia, entre outras.
Contribuiu significativamente para a preparação de um elevado número de
missionários no seu trabalho de difusão da missão católica romana na China, no
Japão e em toda a região. O trabalho missionário protagonizado pelos jesuítas de
Macau por toda a região foi crucial na disseminação do catolicismo na China, no
Japão e noutros países, permitindo também um maior intercâmbio noutros domínios,
como no científico, no artístico e no cultural.