Segunda, 8 de Janeiro de 2007
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Invasão de Goa foi "ilegal, ilegítima e contra os direitos humanos"



Fernando Zamith*
Leonardo Negrão (imagem)
A invasão dos territórios portugueses de Goa, Damão e Diu, consumada em 1961 pelas tropas indianas, foi "ilegal, ilegítima e contra os direitos humanos", disse à Lusa o general Carlos Azeredo.

"Foi um ataque absolutamente ilegal, ilegítimo e contra os direitos humanos. O que lá vai lá vai, mas isso é uma verdade histórica, e a verdade não se torce", afirmou Carlos Azeredo, em entrevista à agência Lusa, no Porto, onde vive.

Carlos Azeredo, então com 31 anos, estava em Goa como oficial de ligação do comandante da Polícia do Estado da Índia (PEI, designação dada ao Exército português na Índia), general Vassalo e Silva, quando 50 mil tropas da União Indiana invadiram o Estado Português da Índia, ao anoitecer de 17 de Dezembro de 1961. "Eles tinham armas automáticas e nós umas Kropatchek de 1892, armas de origem checa completamente obsoletas, que era preciso carregar depois de cada tiro. Não tínhamos qualquer meio aéreo e eles atacaram-nos com aviões a jacto. Foi a primeira vez que vi um avião a jacto", recordou Carlos Azeredo.

O ataque foi feito por terra, com carros de combate blindados, por ar, com inúmeros caças e bombardeiros, e por mar, com vários navios de guerra. A resistência durou pouco. O então capitão Azeredo tinha a incumbência de comandar as tropas no último reduto, em Goa, mas não chegou a entrar em acção. Com apenas uma metralhadora antiaérea, escassa artilharia, poucas munições e só um navio de guerra, um aviso de primeira classe, os portugueses não podiam resistir muito tempo. Menos de dois dias depois, às 17.00 de 19 de Dezembro, aceitaram o cessar-fogo e a União Indiana consumou a ocupação, mas a anexação unilateral só foi reconhecida por Portugal e pelas Nações Unidas depois de 1974.

Com o cessar-fogo, que não constituiu uma rendição oficial, como sublinhou Carlos Azeredo, a União Indiana enviou para campos de prisioneiros os cerca de 3500 militares da PEI. Impedidos de tentar fugir, sob pena de serem considerados "traidores", só seis meses depois um navio português foi buscar os prisioneiros, recebidos em Lisboa sob a ameaça de pistolas, dado Salazar os ter acusado de "covardes" por não terem lutado até à morte. "Goa foi uma tragédia, um desastre nacional", frisou Carlos Azeredo , ex-chefe da Casa Militar do Presidente da República Mário Soares. Para Carlos Azeredo, não havia qualquer razão, "a não ser geográfica", para integrar Goa, Damão e Diu na União Indiana, que era de constituição bem mais recente do que a Índia Portuguesa. * Lusa
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