Entrevista com Marco Antônio, gógó do Fruto Sagrado

Publicada por webmaster em 18 de Maio de 2003 às 00:00:00 na categoria Entrevistas

O programa de rádio O Melhor da Música Gospel fez uma super entrevista com o vocalista da banda Fruto Sagrado. Clique no link Leia mais... para ler a entrevista na íntegra.Marco Antonio - Fruto Sagrado

Entrevista exclusiva feita por Marcos Rozenho e Ricardo Carvalho do programa "O Melhor da Música Gospel" - 05/2003


"Marco Antônio nos cedeu esta entrevista em seu consultório odontológico, enquanto isso uma paciente aguardava. Como nossa visita foi um pouco demorada, a paciente foi embora. Espero que ela tenha voltado outro dia..."

Para a gente dar início, gostaria que você comentasse um pouco sobre o início do Fruto Sagrado.

O FS começou em agosto de 88. Eu no baixo e vocal, Bênlio no teclado e guitarra, Marcos Valério no vocal e teclado, Flávio Amorim na bateria. Ficamos dois anos só ensaiando na igreja Presbiteriana Bethânia, aqui em Niterói – RJ. E só em 91 que a gente conseguiu lançar o 1° trabalho em estúdio que foi o álbum “Fruto Sagrado”. Já nessa época a gente lançou em três, porque assim que entramos no estúdio, Marcos Valério teve seus problemas de relacionamento com Deus e literalmente chutou o balde, pulou fora do barco e resolveu nadar contra a maré. Inclusive a música “Livre Arbítrio” do Cd “O Segredo” foi feita para o Marcos Valério. O pessoal fica pensando que foi feita para o Flávio Amorim, porque ele saiu da banda, não foi não.

Ainda sobre a formação da banda: O Fruto Sagrado sempre vinha aí com o segundo guitarrista que não era definitivo, gostaria que você falasse sobre o segundo guitarrista hoje e a formação atual da banda.

O FS sempre teve o que a gente chama de síndrome dos dois anos. Durante dez anos a banda fixa ficou sendo eu, Bênlio e o Flávio, e a gente sempre contava com a participação de um guitarrista que era membro efetivo da banda, só que dava dois anos o cara gravava o disco e aparecia uma oportunidade. Hoje a gente consegue enxergar como um propósito de Deus. Mas, Deus sempre providenciava um guitarrista rápido e a gente nunca ficou na mão de ficar um show sem guitarrista. O Paulo de Barcelos, ficou com a gente até a gravação do “Na Contramão do Sistema”, quando acabou a gravação o irmão dele o convidou para morar nos Estados Unidos e tocar um trabalho evangelístico por lá. Aí entrou o Bene Maldonado que ficou com gente até a gravação do “O Que a Gente Faz Fala Muito Mais Do Que Só Falar” (1995). O estúdio de gravação do pai dele começou a ter um movimento muito grande, muito cliente e ele já não estava conseguindo administrar e o Bene teve que sair do FS para administrar o estúdio. Nessa época, o Bene colocou um aluno dele de guitarra, o Léo Cordeiro, que acabou ficando com a gente até o “Acústico”. Quando terminou, o Kleber Lucas o chamou para tocar na sua banda e a gente deu a maior força, o Kleber Lucas estava tocando bem mais do que o FS e era uma oportunidade muito boa para ele. Com isso, o Bene, que estava morrendo de saudade do FS, acabou voltando com uma postura de guitarrista efetivo da banda. E o Flávio Amorim casou com a Frederica, que conseguiu um emprego na Holanda e tiveram que mudar para lá. Dois dias depois da saída do Flávio, o Sylas Jr. que é um amigo antigão da gente, aliás se você acompanhar a história da gente você vai ver que no nosso 1° trabalho o Sylas fez a edição de bateria. Ele entrou com a gente também com essa postura definitiva.

Beleza, mas só para não deixar a galera confusa, como ficou a formação do FS?

Hoje, eu, Marcão fiquei só no gogó, larguei o baixo nos shows para poder ficar pulando com vocês, o Sylas Jr. na bateria, Bene Maldonado na guitarra e Bênlio Bussinger nos teclados, guitarra ou qualquer outro instrumento que for preciso. E ao vivo, a gente leva o Francisco Falcon, para ficar no contrabaixo que também é um cara da igreja que eu freqüento.

Gostaria que você falasse sobre o novo trabalho do FS, “O que na verdade somos”.

É o nosso 6° Cd, o 1° pela MK Publicitá. E é uma continuação do trabalho que a gente iniciou no “O Segredo”. Com a entrada do Sylas e do Bene, muita coisa na sonoridade da banda sofreu uma mudança. A gente resolveu investir pesado na mistura de acústicos, eletrônicos, regionais no som do FS. A gente sabe que o rock originalmente foi formado e criado nos Estados Unidos, mas tem muita coisa tribal aqui no Brasil que tem tudo haver com a pulsação e o peso do rock. Então, é de propósito mesmo. No meu entender a mistura ficou legal, espero que vocês curtam. A gente conseguiu misturar berimbau, alfaias, zabumba, triângulo, em músicas pesadas, em vários trechos a gente conseguiu regionalizar e resgatar coisa da nossa terra para dentro da música que a gente faz. A gente regravou “Involução” que é uma musica do Cd “. Na Contramão do Sistema” onde a gente colocou uma roupa super nova, onde a base rítmica foi toda feita em cima de maracatu, então a galera vai ouvir e vai achar diferente.

As letras do FS sempre foram em questões sociais do país, mas sempre com uma base bíblica, um fundamento cristão por trás. Como que vêm as letras de novo trabalho?

Vem fortalecer essa idéia. O FS tem consciência que tem um chamado profético; e o que vem a ser um profeta? Profeta é anunciar a palavra, denunciar o opressor em todos os sentidos, no sentido social, e no sentido também dentro da igreja. Tem muita gente na igreja hoje comprimindo o corpo. Então, o nosso chamado é denunciar o opressor, consolar o oprimido, mostrar para ele que existe esperança, que existe o caminho certo a ser seguido. Só que ninguém gostava muito dos profetas, então, nós estamos conscientes que a gente vai levar muita pedrada. Porque só árvore que dá fruto toma pedrada.

Pergunta do ouvinte: Ceará da Banda Exceção
Como é o dia-a-dia da banda Fruto Sagrado?

O FS foi criado com um objetivo de ser um ministério, e na época não imaginávamos em viver do ministério, mas nunca tendo nada contra isso. Mas, por exemplo, o apóstolo Paulo anunciava a palavra de Deus, mas tinha que fazer tenda para comprar comida, né? Bem, eu, Marcão sou dentista. O Bênlio é arquiteto, inclusive está cuidando da construção do templo novo que a gente freqüenta. O Sylas Jr. é baterista profissional, e também tem bacharel em Teologia, está para ser ordenado pastor na igreja que ele congrega. O Bene Maldonado é produtor musical e guitarrista profissional, trabalha diretamente na área da música. Então é assim, cada um se vira para ganhar um dinheirinho extra. E, se Deus um dia achar que a gente pode viver do ministério, amém, porque a gente vai poder ter a dedicação exclusiva para o trabalho. Hoje isso não acontece e a gente sente essa necessidade de poder se dedicar mais tempo ao FS. A gente procura estar nos fins de semana juntos, porque o cristianismo é vida em comunhão, se você não forçar uma barra para estar junto, interagir com seus irmãos não tem sentido você dizer que é cristão.

Falando sobre os ministérios, qual a igreja que cada um congrega hoje?

Eu e o Bênlio somos da Igreja Presbiteriana Bethânia, em Niterói. Mas em congregações diferentes, o Bênlio freqüenta em Icaraí e eu em Itaipu. O Sylas Jr. congrega na Igreja Batista do Calvário em Niterói e o Bene Maldonado, na Comunidade S-8 onde seu pai é pastor.

Pergunta do ouvinte: Tiago da Banda Sentinela
A banda FS tem muita influência musical de bandas seculares?

Nem tanto. Tem muita coisa de secular que a gente escuta mais como referencial de produção em estúdio. O Bene como já tem uma veia de produtor musical, ele compra vários CDs, de vários estilos, bem eclético, mesmo, para poder ouvir o referencial de mixagem, de equalização do trabalho, sonoridade de baterias e guitarras. É importante para ele ter esses referenciais, já que infelizmente aqui no Brasil você não tem um produtor especializado em um estilo. Acaba que, aqui no Brasil, muitas bandas não conseguem ter uma personalidade sonora porque o produtor é eclético demais. Então por isso a gente escuta muita coisa. Hoje, com o que vem lá de fora e o que já existe dentro do Brasil, posso te garantir que 80% do que escuto é só de pessoas cristãs envolvidas com música.

No Cd passado, “O Segredo” teve a participação especial do PG, vocalista do Oficina G3. Para este novo trabalho "O que na verdade somos”, tem alguma participação especial?

Teve várias participações. Mas, é legal citar duas que são pérolas da música cristã que foi o João Alexandre na música “O sangue de Abel” e Amaury Fontenele no heavymix da faixa “Sanguessuga”. São duas pessoas que a gente cultiva amizade há bastante tempo e na gravação deste Cd criamos um espaço, uma oportunidade para que eles pudessem estar com a gente.

A respeito dos CDs da banda, esse já é o 6°, qual você sentiu que teve mais receptividade do público? Aquele que mais deu destaque ao FS?

No começo o que teve muito destaque e repercussão foi “Na contramão do sistema” (1993) que a Gospel Records fez um trabalho de divulgação que realmente correu o Brasil todo. Já o “O que a gente faz fala muito mais do que só falar” (1995), já não teve tanta receptividade assim, porque é um Cd que só músico entende. A banda toda estava curtindo muito o trabalho do “Dream Teather”, uma banda secular americana que tem uma matemática muito louca nas composições. E a gente continuou gostando muito do trabalho da banda, mas vimos que é muito difícil para quem não é músico digerir aquilo que está sendo tocado. O que as pessoas querem realmente é pular, se divertir e com aquelas músicas cabeludas não tinha jeito. Para vocês terem idéia, nós temos dificuldade em tocá-las hoje. Apesar da música “O Amor de Deus” (uma das músicas mais conhecidas do FS) e “A missão” pertencerem a este Cd, ele não foi um trabalho bem recebido. Agora, “O Segredo” teve uma divulgação muito legal. O pessoal da Top Gospel espalhou o Cd no Brasil todo e a galera até falava que nós havíamos ressurgido e coisa tal. Então “O Segredo” conseguiu dar uma alavancada legal de novo na vida do FS, né? Eu acredito que, com o trabalho e profissionalismo da gravadora MK Publicitá, “O que na verdade somos” vai dobrar esse poder de divulgação e de acesso das pessoas ao trabalho do FS.

Uma questão que ronda: O FS na MK ficou pop ou continua rock?

O público vai ter condições melhores de julgar, fica muito ruim para eu deixar essa opinião. Eu posso garantir uma coisa, grande parte do que se fala a respeito da MK é lenda, tá? Eu tinha um preconceito, não sabia o que ia acontecer. Mas, eles nos deram uma liberdade de Deus, mesmo, pra gente. A gente pôde entrar no estúdio e fazer tudo, tudo, sozinho. A direção da gravadora só pôde ter acesso ao trabalho depois que já estava tudo gravado, masterizado, tudo pronto, não tinha como rever, mudar mais nada. Então, foi uma liberdade muito grande mesmo que eles nos deram. O que eu posso garantir é que esse Cd é uma continuação da sonoridade que a gente foi adquirindo no Cd “O Segredo”, com isso que falei no começo da entrevista, a gente só investiu pesado mesmo na mistura de elementos regionais. Você vai ouvir músicas com violino, violoncelo, berimbau, zabumba e guitarra podre. Eu engoli um pedal overdrive para este trabalho. Então você vai ouvir essa mistura maluca, que é a característica principal da FS. O FS sempre foi uma “banda liquidificador”, a gente sempre misturou muitas tendências no nosso som.

Mas aquele espaço para balada vai ter? No “O Segredo”, teve esse espaço e no novo trabalho?

Sim, sim, sim, com certeza. O FS em todos os discos, desde o 1° trabalho de 1991, a gente teve música lenta, né? Mas, porque a gente gosta, não é só para vender o peixe ou para vender o fruto. A gente gosta de ouvir música lenta, a gente sabe como é importante no show um momento acústico, um momento light para as pessoas poderem curtir músicas de reflexão. Então, nesse Cd tem com certeza. Tem muita música que dá vazão para esse lado mais lento, esse lado mais acústico, como prefiro chamar. Tem música que é só voz e violão. Está um Cd muito equilibrado. Porque tem muita coisa pesada, até mais pesadas que todos os outros CDs do FS, fazendo que “Podridown” pareça musiquinha da Disney. E tem muita música lenta que o público pode Ter certeza que é aquilo que a gente gosta de fazer, mesmo. Porque o FS tem prazer em tocar e prazer em ouvir.

Agora, só dando ênfase as letras, no Cd “O Segredo”, vemos que é feita uma análise teológica. Imagino que a preocupação do FS é grande nesta área. Fale um pouco sobre essa análise.

O trabalho mais difícil para o FS hoje, e sempre foi, é a questão das letras das músicas. A gente considera super importante a mensagem que tem que ter inserida na música. A letra tem que ter o mesmo peso daquilo que estamos tocando. A preocupação em colocar os textos bíblicos no encarte é para estimular o cara que curte o trabalho do FS a buscar na palavra a prática na leitura, de começar a ler a bíblia. Porque o que a gente tem visto hoje em dia é uma crise. Por isso, o nome do Cd “O que na verdade somos”, a igreja evangélica no Brasil vive uma crise de identidade. As pessoas não sabem, realmente, quem são. Porque são analfabetas espirituais. As pessoas não lêem mais a bíblia. Se acostumaram a ouvir o que o cara está falando no púlpito, mas nem sempre o que está sendo falado é o que está escrito na palavra de Deus. Daí, tanta doideira, tanta doença no nosso meio. Nós queremos estimular os jovens que voltem à prática da leitura da palavra, que mergulhe na palavra de Deus. Porque é ali que tem base para gente viver. Se a gente não tiver a palavra de Deus como base para nossa vida, no que na verdade vamos nos transformar, o que na verdade seremos? “O que na verdade somos” veio para questionar nossa integridade, nosso caráter, o que realmente o mundo vê quando olha para a gente. Somos aquilo que falamos ou somos só produtos do que falamos. Essa é a nossa preocupação. O Sylas Jr. como tem Bacharel de Teologia, é uma peça importante para rever tudo que escrevo, e depois passa para a banda. Apesar de estar assinada por mim, o público pode Ter certeza que tudo que acontece no FS é revisto pelos quatro da banda. Além disso, todos os outros integrantes são filhos de pastores e acabam as letras passando também pelas mãos deles.

Os fãs de FS, não apenas ouvirão um bom som nos próximos shows, mas também terão muitas novidades. Conta aí para nós, Marcão.

É. A gente conseguiu montar uma equipe onde hoje podemos oferecer um show que tem um lado teatral, um lado de interpretação das músicas. Por eu estar livre do baixo eu consigo mudar de roupa várias vezes durante o show. A gente tem um brother que faz um personagem na música “The time is over”, o que seria um anjo da morte. Enfim, dá uma dinâmica nova nos shows, que é muito mais do que só levar música e rock’n roll para a galera ficar pulando.

Para finalizar, gostaria que você deixasse uma mensagem para os ouvintes do “O Melhor da Música Gospel”.

Vou deixar a mensagem deste novo Cd “O que na verdade somos”. Deixo uma pergunta para você refletir: O que na verdade você é? O que o mundo vê quando te vê? Você realmente está vivendo aquilo que você prega ou ainda existe diferença do seu testemunho com aquilo que você acredita? Eu quero que você ouvinte comece a refletir sobre isso. A minha prática de vida realmente está ligada ao meu discurso ou o meu discurso está muito longe daquilo que eu vivo? E então, O QUE NA VERDADE SOMOS?

Ofertas relacionadas

Comentários Comente

  • Muito ferá a palavra do Marcão, sempre gostei de suas letras, apesar de achar que nos primeiros cds do Fruto ele desafinava paca ... mas hoje dá pra se dizer que ele está 100% melhor ... falô
    Favor logue ou cadastre-se para enviar seu comentário.
  • DEMAIS MESMO. O DIFICIL É VER UM SHOW DOS CARAS EM SP.....
    Favor logue ou cadastre-se para enviar seu comentário.
    • ae aqui é o Marcos Rozeno dá entrevista.
      Ficou muito show o novo cd do Fruto . E o Marcão é um cara muito camarada!!!!
      Favor logue ou cadastre-se para enviar seu comentário.
  • ae , aqui é o Marcos Rozeno da entrevista , o cd do Fruto ficou d+++ , e o Marcão é um cara muito camarada.
    Favor logue ou cadastre-se para enviar seu comentário.


Faça seu Comentário



Meu Dot

Assinar Notícias

Ícone Feed RSS

Receba as notícias do .gospel em seu email gratuitamente!

Quem está online?

8 usuários online;
8 visitantes;
0 usuários registrados;