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Sem elas, o mundo (também nas HQs) não teria a menor graça De simples figurantes a estrelas de primeira grandeza, elas continuam ganhando cada vez mais espaço nos quadrinhos
Por Marcus Ramone (29/01/2004) Dona Tetê, secretária do General Dureza, vive esquivando-se das investidas do velho devasso. O assédio sexual a que é submetida diariamente no Quartel Swampy, porém, tem rendido excelentes situações cômicas nas histórias do Recruta Zero até hoje. Quanto à junkie Rê Bordosa, a mistura de drogas, sexo livre e noites mal-dormidas a tornou símbolo dos "porraloucas". Suas contradições, ânsias, conflitos internos e filosofias etílicas, mais que motivos para reflexão, eram pura picardia. Curiosamente, sua morte não se deu por conta de uma dose a mais de suas preferidas (e devastadoras) misturas químicas. O criador da personagem, o paulistano Angeli, a "matou" no auge da fama, no especial A Morte da Rê Bordosa, um clássico do underground brasileiro. Supermulheres É verdade que, muitas vezes, o sucesso que essas mulheres fazem se deve aos atributos físicos que a natureza (ou, no caso, os autores) lhes proporcionou. Mas, convenhamos, elas têm muito mais a mostrar. Num universo em que pancadaria é o que vale, certas super-heroínas conseguem se destacar não só pela força bruta. É o caso da advogada Jennifer Walters, que nas horas vagas é a Mulher-Hulk, um talento em sua profissão e tão reconhecida por isso quanto pelo fato de salvar o mundo entre uma causa e outra. Emblemática no papel de esteio familiar, Susan Richards, a Mulher-Invisível do Quarteto Fantástico, é a mãe e esposa aguerrida que já derrotou sozinha uma equipe de supervilões, em nome da proteção de sua família. Situações como esta são muito exploradas na personagem, que já provou seu espírito de liderança quando Reed Richards, seu marido, esteve desaparecido. E por falar em mães, a Supermãe, criação de Ziraldo, é uma dessas superprotetoras que não se conformam com o fato de que os filhos crescem e se tornam adultos. A todo instante, coloca seu rebento nas situações mais constrangedoras (e engraçadas), mas tudo na maior boa-fé e com a única finalidade de promover seu bem-estar. Até mesmo Margarida, namorada do Pato Donald, encarou o fardo do heroísmo como Superpata, para provar que a boa e velha intuição feminina suplanta qualquer lógica super-heroística. Foi também a primeira e única "mulher" da Disney a ganhar uma revista seriada no Brasil. Com o visual reformulado, nunca repetindo uma roupa em cada história, a patinha levou o gibi à marca de mais de 200 edições lançadas. Sucesso incontestável para quem, antes, sempre estivera apagada pelos demais, e que passou a encarnar uma personalidade marcante como pouco se viu em uma HQ Disney. Outro bom exemplo de mulher vencedora é Bárbara Gordon - ou Oráculo, se preferir. A ex-Batgirl se tornou mais relevante ainda como personagem após ficar paralítica, em decorrência de um atentado a bala perpetrado pelo Coringa. Atualmente, é a expert em sistemas de informação que presta serviços ao Batsquad e à Liga da Justiça. U-lá-lá! As mulheres dos quadrinhos também despertam desejos. Não só nos personagens com quem contracenam, mas também na imaginação dos leitores. Já nos anos 30, uma pequenina musa fazia todos suspirarem. Em seus shows nos pubs nova-iorquinos, não havia mulher que não invejasse seu sex appeal, ou homens que não a cortejassem ao fim da noite. Betty Boop era assim, jeitinho ingênuo e atitudes de uma loba no cio. Valentina também não deixa nada a dever. A italiana de cabelo chanel exala erotismo em quaisquer gêneros de aventura em que se arrisca, seja ficção científica ou detetivesca. Quando busca prazer, tanto faz que seja homem ou mulher a lhe saciar o voraz apetite. Mas nada que Druuna não faça melhor. Os desenhos pra lá realistas da exuberante personagem têm estimulado a imaginação de milhares de fãs há anos, e traduzem a fêmea perfeita: linda, corpo escultural, insaciável e disposta a realizar toda e qualquer fantasia, seja na Terra ou em qualquer mundo em que se encontre em suas incríveis viagens pelo caminho da luxúria. E não se pode esquecer das quase anônimas beldades que abrilhantavam os quadrinhos eróticos de Carlos Zéfiro, como Nayá, por exemplo. Gerações de rapazes tiveram sua iniciação sexual por meio dos chamados "catecismos" do papa do underground tupiniquim, vendidos nos cantinhos escuros das bancas de revistas do Brasil, nos distantes anos 40, 50 e 60. |