Por causa da morte de uma imigrante japonesa durante a viagem ao
Brasil, mudas de pimenta-do-reino foram parar no município de
Tomé-Açú. Elas foram cultivadas e se transformaram no diamante
negro da Amazônia.
Veja o site do Globo Rural
O município de Tomé-Açu fica no nordeste do Pará.
O primeiro grupo de japoneses, formado por 42 famílias, chegou
em 1929. O museu guarda fotos, ferramentas usadas na lavoura e
até um alojamento daquela época.
“Eu tinha dois anos quando cheguei ao Brasil. O
vim no colo da minha mãe”, contou Hajime Yamada. A adaptação foi
difícil. “Naquela época não existia assistência médica. Tinha
bastante doença. Não tinha recurso para socorro e nem
transporte”, lembrou Yamada.
As famílias plantavam arroz e hortaliças. Escoar a
produção da lavoura era um desafio.
"Nós gastávamos quatro horas de viagem para
levar produto daqui até chegar ao porto de Tomé-Açu para fazer o
embarque. E gastava mais 15 ou 20 horas para chegar à capital.
Muito chegava na capital e não tinha o comércio para vender
tudo. Muitas vezes, jogamos até no rio”, recordou Yamada.
O destino da colônia começou a mudar em 1933, por causa de uma
fatalidade. A caminho do Brasil, um navio de imigrantes
japoneses teve que aportar em Cingapura, depois da morte de uma
passageira.
O chefe da embarcação comprou o que anos mais
tarde viraria o diamante negro da Amazônia. Eram 20 mudas de
pimenta do reino. Duas vingaram e transformaram Tomé-Açu no
maior produtor mundial da especiaria, após a Segunda Guerra
Mundial. Cinco mil toneladas eram colhidas por ano. Até que os
japoneses foram surpreendidos pela fusariose, uma doença causada
por um fungo.
A colônia não desistiu da pimenta. A doença foi
combatida. E passaram a investir também cultivo de frutas
tropicais. O negócio deu certo. O açaí é o novo diamante negro.
“São exportadas de 1,3 mil a 1,5 mil toneladas por
ano em polpa congelada. O Japão e os Estados Unidos são os
maiores compradores”, disse Francisco Sakaguchi.
Hoje Tomé-Açú tem 500 famílias de descendentes. Os
mais novos aprendem o idioma desde cedo.
É difícil é acreditar que em Tome-Açú exista um
time de baseball, formado por famílias de agricultores. O
esporte é tradicional. Exige dedicação e união. Qualidades que
os japoneses da Amazônia têm de sobra. No ano do centenário da
imigração, o agradecimento ao povo brasileiro é tímido e
sincero, à moda japonesa.
“O que eu posso dizer é arigatô no idioma japonês,
que quer dizer muito obrigado”, concluiu Yamada.
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