SÉCULO XVIII - 1769
Santana surge como uma fazenda citada em documentos
da cidade de São Paulo.
Os bairros da vertente direita, muitas vezes ilhados além do Tietê,
em virtude das inundações, da falta de acesso e separados do centro
da área urbana pela várzea, permaneceram mais tempo que os outros
com aspecto rural, só tendo função comercial ou industrial, bem
mais tarde, em pleno século XX, no auge da expansão de São Paulo.
Origem de Santana
Santana é o principal bairro além do Tietê e o mais
antigo núcleo de povoamento situado na zona norte da capital. Tem
sua origem com a doação de uma sesmaria do Colégio São Paulo da
Companhia de Jesus em 1673. Recebeu o nome de Fazenda Tietê ou Santana
e era uma das propriedades da Companhia de Jesus no Brasil. Em meados
do século XVIII, esta é a fazenda mais importante do Colégio São
Paulo e possuía 300 cabeças de gado bovino, 10 cavalos, fornecia
leite à cidade, além de mandioca, legumes e frutas. Em 1771 havia
47 casas com 176 habitantes.
O tempo passa. A cidade cresce, mas Santana, ao iniciar o século
XIX, conserva seu ar provinciano, com suas modestas casas de taipa
de pilão, várias pontes de madeira, becos e terreiros.
Um Colégio será instalado em Santana
Em 1894,
as Irmãs
da Congregação de São José de Chambéry
transferem para o alto da colina, em precárias instalações,
o Colégio Sagrado Coração de Maria que havia se instalado, anteriormente,
na Avenida Angélica em 18/12/1892, com
50 pensionistas e 60 órfãs. Sua Diretora era Irmã Maria Virgínia
Faraldi. Com a intalação do Colégio, o progresso, timidamente, atravessará
a Ponte Grande. A construção do prédio foi iniciada pelo Padre Hipólito
Boga em 1892, para um Colégio de meninos, tendo sido adquirido dois
anos depois, pelas irmãs de São José que precisaram derrubar a construção
que ameaçava ruir e construíram um novo prédio no estilo mais moderno
da época e com engenharia avançada.
Troca de Nomes
As irmãs decidiram substituir o nome do Colégio de Sagrado
Coração de Maria pelo de Santana, padroeira do Bairro, por ocasião
da chegada em São Paulo de uma Congregação com o nome de Sagrado
Coração de Maria. O edifício do Colégio Santana foi construído junto
ao terreno onde se erguera a pequena Igreja erigida à Santa Cruz,
para cuja construção muito contribuíra a família Baruel que tinha
a sede de sua chácara à Rua Voluntários da Pátria.
Por muito tempo, a Santa Cruz e o Colégio Santana serão os pontos
de referência em documentos oficiais da cidade. Este Colégio, junto
com o Obsevatório Astronômico de Santana, são considerados marcos
culturais do Bairro.
Em 1908, por solicitação das Irmãs do Colégio Santana, a linha de
bonde elétrico que até então não percorria o bairro é prolongada
da Ponte Grande até a colina de Santana para atender às alunas e
funcionários.
A 16/03/1912, a Companhia Telefônica instala o primeiro aparelho
com ligação direta para a cidade e o local escolhido é o Colégio
Santana que, na época, já atendia a mais de 300 alunas.
Colégio Santana: Ponto de referência
É inegável que o crescimento de Santana está atrelado
à vinda das Irmãs de São José de Chambéry para a instalação do
Colégio. Este, tem sido para o Bairro ponto de referência de bom
e moderno ensino, preocupado com a formação do homem integral.
O Colégio Santana é espaço de produção cultural, social, científica
e religiosa; é espaço de "re-cordação"da história do
Bairro e de sua origem como centro vivo de expansão de informações
e conhecimentos; é ainda, um espaço de preservação das raízes
dos moradores da área que desejam se comprometer com a construção
de uma sociedade mais comprometida com o bem-estar de todos os
homens.
Sílvia Helena Neuber ( ex-aluna do Colégio, in
Jornal comemorativo do Centenário do Colégio )
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