Blog do Juca Kfouri

Tabelinha com Juca

Segundas-feiras, às 15h



30/04/2010

A maldição da apendicite tricolor

Coisa de louco!

Não que seja raro alguém operar o apêndice, essa coisa inútil que trazemos no corpo só para inflamar e dar problemas.

Mas em duas semanas seguidas, dois jogadores do mesmo time como nos casos de Alan e Fred eu jamais tinha ouvido falar.

E olhe que presto atenção em apendicites.

Quando criança, ali pelos 10 anos, tive uma crise de apendicite horas antes de um Corinthians e São Paulo que não pude ir ver, no Pacaembu.

E quase morri porque, operado só no dia seguinte, o danado do apêndice tinha supurado.

Por coincidência, outra doença me deu a chance de conhecer um fantástico time do…Fluminense.

Republico um capítulo do livro “Meninos, eu vi”, que lancei anos atrás, pelas editoras DBA e Lance!:

Depois da frustração, a surpresa tricolor que me marcou
Corria o ano de 1956, e, sem pieguice, eu não podia correr.

Uma tuberculose ganglionar quase tinha me matado, e eu andava fraco.

Já fora de perigo, me mandaram passar uns dias em Ilhéus, na Bahia, na casa de parentes.

Tio Pacheco era médico, dono do hospital da cidade, e um figuraço, casado com tia Esther, irmã de minha avó.

Estava lá eu em franca recuperação quando foi anunciada a presença do Fluminense em Itabuna, ali perto.

Foi então que tio Pacheco chegou em casa no fim de uma bela quinta-feira com dois ingressos na mão e prometeu que iríamos ao jogo.

Havia dias que eu não tinha febre, mas, sei lá se a excitação mexeu demais comigo, fato é que na sexta-feira amanheci febril.

Assim foi durante todo o dia, 38, 39 graus de febre, e, quando o tio Pacheco chegou e soube, nem pestanejou: sentou-se ao meu lado e disse que era melhor esquecer o jogo, mas que de todo modo me faria uma surpresa no domingo. Desnecessário contar o tamanho da frustração, e, na verdade, não havia surpresa possível que me interessasse ou consolasse.

Passei o sábado bem jururu e fui acordado no domingo com o anúncio de que tinha uma surpresa para mim na sala.

Lavei o rosto, escovei os dentes, fui para a sala e dei de cara com um bando de gente que eu não sabia bem quem era.

Era o time do Fluminense!

Tio Pacheco havia conseguido levar o time do Flu à casa dele, para visitar o sobrinho doente.

Ganhei autógrafos do Castilho, do Pinheiro, do Telê Santana, do Escurinho, uma beleza!

Muitos anos depois, às vésperas da Copa de 82, perguntei a Telê se ele se lembrava do episódio, e ele disse que sim, vagamente. E, sempre que de alguma maneira divergíamos, ele me ameaçava: “Vou espalhar para todo mundo que você já sentou no meu colo”.

Mas foi em 1984 que essa história teve seu fecho de ouro.

Num programa de tv, com Castilho, o maior goleiro da história do Flu, e Telê, perguntei a eles, piscando o olho para Telê, se guardavam alguma lembrança de visitas a crianças doentes em excursões do Flu.

E Castilho imediatamente se virou para Telê e disse: “Sim, é claro. Você se lembra, Telê, de um menino paulista que fomos visitar na Bahia, estava com uma doença grave, bem fraquinho, acho até que morreu?”

Antes que Telê falasse qualquer coisa, eu disse a Castilho que o garoto era eu.

O velho e sensível goleiro se emocionou às lágrimas.

Foi a última vez que o vi.

Três anos depois, deprimido, Castilho suicidou-se.

Deixou saudade.

Por Juca Kfouri às 14:07

30/04/2010

A maldição dos laterais corintianos

O lateral-direito Moacir fez um pênalti infantil em Juan e ajudou a decretar a derrota corintiana contra o Flamengo.

Que Moacir não leve a culpa sozinho porque, na verdade, não só jogava bem como, no lance imediatamente anterior, deu um passe perfeito para Ronaldo virar e marcar.

O Fenômeno, porém, matou de canela, na direção oposta, e armou o contra-ataque rubro-negro.

Moacir é mais um lateral marcado por erros em jogos do Corinthians na Libertadores.

E pela quarta vez seguida.

Primeiro foi o lateral-direito Daniel, que virou avenida explorada pelos avanços do lateral-esquerdo Júnior, do Palmeiras, no célebre jogo em que São Marcos pegou o pênalti cobrado por Marcelinho Carioca, em 2000.

Depois foi o lateral-esquerdo Kléber, hoje no Inter, que, em 2003, arrumou uma expulsão boba no Monumental de Nuñes, contra o River Plate, quando o Corinthians tinha um jogador a mais e ganhava por 1 a 0.

Com 10 contra 10, o River virou para 2 a 1 nos minutos finais.

No jogo seguinte, no Morumbi, o substituto de Kléber, o menino Roger, que depois até se deu bem no Flamengo, virou Roger Guerreiro, e foi jogar na Europa, também foi expulso, no último minuto do primeiro tempo, quando o jogo estava 1 a 1.

Com um a mais, o River repetiu o 2 a 1.

Finalmente, em 2006, o lateral-direito Coelho marcou contra quando o Corinthians ganhava de 1 a 0 do mesmo River Plate, no Pacaembu, placar que eliminava o time portenho.

O River acabou por ganhar de 3 a 1 e o estádio virou praça de guerra.

Que Moacir, ou Alessandro?, e Roberto Carlos se cuidem no jogo da volta contra o Mengão.

Afinal, uma vez pode ser pouco, como em 2000.

Duas já não foi nada bom, como em 2003.

Três, então, foi demais como em 2006.

E quatro?!!!

Nem pensar!

Por Juca Kfouri às 12:04

30/04/2010

As três festas neste domingo de futebol

Festa no Olímpico, no Pacaembu e no Mineirão.

No Olímpico, a festa do 36o. título estadual do Grêmio, provavelmente tendo os reservas do Inter como coadjuvantes.

No Pacaembu, a festa do 18o. título estadual do Santos, certamente contra a bem organizada equipe do Santo André.

E, no Mineirão, a festa do 40o. título estadual do Atlético Mineiro, agora contra o Ipatinga.

Consagração de dois técnicos da nova geração, como Paulo Silas e Dorival Júnior, além da aparente reação de um da velha, Vanderlei Luxemburgo.

Mais que os técnicos, porém, a confirmação do talento de um goleiro como Vítor, de um atacante como Jonas, a maturidade de meninos brilhantes como Neymar e Paulo Henrique Ganso, assim como a redenção de Diego Tardelli.

Comentário para o Jornal da CBN desta sexta-feira 30 de abril de 2010.

Por Juca Kfouri às 06:55

29/04/2010

Show tricolor, vitória gaúcha

Sem o suspenso  Conca, sonho de Muricy Ramalho no São Paulo e no Palmeiras, e sem, na última hora, Fred, com problemas estomacais, o Fluminense começou seu jogo contra o Grêmio a todo vapor.

E jogava tão melhor que não demorou a fazer seu gol, com André Lima.

Foi como se soasse o despertador gaúcho.

E o Grêmio passou a dominar o clássico tricolor.

Até empatar, em belo gol de Douglas na conclusão de uma jogada brilhante de Jonas.

O mesmo Jonas que, já aos 31 minutos de um ótimo primeiro tempo, virava o jogo, ao receber de Borges na cara do goleiro: 2 a 1.

O ex-são-paulino Paulo Silas levava vantagem sobre o ex-são-paulino Muricy Ramalho.

Mas, aos 35, Wellington teve a chance do empate e Victor o evitou.

Só que a resposta gremista não demorou, em lindo bate-pronto de Jonas, neutralizado pelo goleiro Rafael.

O 2 a 1 estava bem para o que acontecei no primeiro tempo, mas poderia ter sido 2 a 2, 3 a 2 para o Grêmio ou, até mesmo, 3 a 3.

Galo e Santos, ontem, e Cruzeiro e Nacional e Flu e Grêmio, hoje, jogaram futebol.

Pena que, aos 45, Rodrigo foi expulso e deixou o Grêmio com 10.

Rafael Marques e Hugo entraram nos lugares de William Magrão e Leandro, para jogar com três zagueiros, coisa que o Flu, com um jogador a mais, abandonou, ao tirar Digão para a entrada de Equi Gonzáles.

O Flu passou os 10 primeiros minutos do segundo tempo com o domínio do jogo e tentando, sem conseguir, levar perigo ao gol gremistas.

Mas foi o Grêmio, com Hugo, que, aos 10, quase surpreendeu o goleiro Rafael, com um tirambaço de fora da área.

Só aos 15 Victor precisou intervir, em cabeçada de Wellington.

Fabio Rockemback entrou no lugar de Jonas e Adeílson e Williams entraram nos lugares de Júlio César e Wellington.

Virtual campeão gaúcho, o Grêmio também está virtualmente nas semifinais da Copa do Brasil, porque, aos 28, em combinação de Borges com Douglas, o meia bateu cruzado para fazer 3 a 1.

A exemplo da Inter de Milão e do Flamengo, mesmo com 10,  o Grêmio se dava bem para enfrentar Galo ou Peixe.

Para deixar o jogo ainda aceso, porém, o argentino Equi González conseguiu o segundo gol carioca, em bola que Adeílson salvou, deitado,  em cima da linha de fundo, com a cabeça, depois de saída em falso de Vítor.

Aos 39, Victor fez ótima defesa em arremate de Adeílson.

Um jogaço, à altura das melhores tradições do Fluminense  e do Grêmio.

Tão bom que o árbitro deu mais cinco minutos de acréscimo, com direito a lances heroicos dos dois lados, o Flu no ataque, o Grêmio na defesa.

Por Juca Kfouri às 23:30

29/04/2010

Palmeiras se salva no fim

A torcida palmeirense estava claramente disposta a apoiar seu time.

E bateu o recorde do ano, com mais de 23 mil pagantes.

Mas o Atlético Goianiense de bobo não tem nada e jogou de igual para igual.

Em certos momentos, até melhor.

A ponto de criar chances claras de gol, de mandar bola na trave e de exigir dois milagres de São Marcos.

Mal alinhado taticamente, ao contrário do Dragão, o Porco levou a sério demais a ideia de Antônio Carlos  de que o jogo é de 180 minutos.

E pouco fez para buscar um gol.

Daí, quando aos 22 dos segundo tempo, o Palmeiras trocou Robert por Ewerthon, ouviram-se as primeiras vaias.

Não seria o caso de ficar com ambos em campo?

Ewerthon teve a possibilidade, dois minutos depois de entrar em campo,  de mostrar que nem era preciso, mas perdeu gol certo, em enfiada de bola de Diego Souza, na melhor chance alviverde em Palestra Itália.

Diego Souza que saiu sob fortes vaias e fazendo sinais obscenos aos que o xingavam para a entrada de Paulo Henrique, que nem bem entrou foi derrubado na área em lance que o árbitro não viu.

Segundos antes o Atlético Goianiense tivera um gol anulado em impedimento pra lá de duvidoso, daqueles lances que o bandeirinha pode deixar seguir.

Aos 48, Paulo Henrique foi outra vez derrubado na área e desta vez o árbitro viu, o que valeu o gol palmeirense de Cleiton Xavier.

O 1 a 0 acabou ótimo para os objetivos palmeirenses que, além do mais, no Serra Dourada, deverá ter mais torcida que o rival.

Outra boa notícia para a torcida palmeirense foi a convincente estreia de Marcos Assunção.

Só que o Dragão, em casa, tem feito coisas do arco da velha, que o diga outro alviverde, o Esmeraldino Goiás.

Por Juca Kfouri às 21:26

29/04/2010

Faltou pouco para ser ótimo para o Cruzeiro

O Cruzeiro continua a ser o melhor time brasileiro na Libertadores quando se apresenta em casa.

Basta dizer que já marcou 21 gols em cinco jogos em casa, média de mais de quatro por partida.

E se enfrentou molezas como o Real Potosí, em quem enfiou sete, pegou também o Colo-Colo, que tomou de quatro, e o Velez Sarsfield, que levou mais três.

Desta vez a vítima foi o Nacional.

Que veio do Uruguai com uma campanha tão boa que lembrava até os bons tempos do time vencedor, mas que foi simplesmente dinamitado por uma atuação impecável do time mineiro, que fez 3 a 0 ainda no primeiro tempo.

Thiago Ribeiro estava com o diabo no corpo e marcou aos 7, aos 21 e aos 41

Vinha bola da esquerda, da direita, pelo meio e ele tratava de aproveitá-las como se fosse o Kléber, o cara com quem os uruguaios estavam mais preocupados.

No primeiro gol, não satisfeito, enfiou a bola entre as pernas do goleiro.

O Nacional voltou para o segundo tempo como tinha mesmo de voltar, na base do perdido por três, perdido por seis.

Afinal, um golzinho melhoraria substancialmente a sua situação.

Com tal estratégia, os uruguaios logo de cara exigiram uma boa defesa de Fábio e, em seguida, fizeram seu gol: 3 a 1.

Só que foram em busca de mais.

E, na verdade, assustaram o Cruzeiro.

Que precisava de pelo menos mais um gol para recuperar o conforto de jogar no Gran Parque Central podendo perder por dois gols.

E chances houve, não concretizadas por detalhes.

Mas não foi possível e embora a vantagem brasileira seja boa, a fatura não está liquidada.

Seja como for, o Cruzeiro derrubou mais um invicto.

Por Juca Kfouri às 20:51

29/04/2010

O gênio de Tom Zé e a Copa do Mundo

http://tomze.blog.uol.com.br/

Por Juca Kfouri às 19:21

29/04/2010

Nababesca CBF

Da coluna “Radar”, da Veja, assinada por LAURO JARDIM:
Os números da CBF: do lucro milionário ao valor dos patrocínios passando pelos 47 milhões de reais do jatinho

A CBF fechou o balanço financeiro referente ao ano de 2009 e o publicou num minúsculo jornal que circula no Rio de Janeiro, o Monitor Mercantil.

Nele, se encontram informações relevantes para os torcedores brasileiros.

Estão lá desde o lucro (de 72,3 milhões de reais) até o preço que a CBF pagou pelo seu jatinho (47,5 milhões de reais).

Eis algumas informações que aparecem no balanço:

*O lucro da CBF entre 2008 e 2009 mais do que dobrou: passou de 32 milhões de reais para 72,3 milhões de reais.

*O Citation Sovereign que a CBF comprou no ano passado custou 47,5 milhões de reais.

*O volume de patrocínios que a CBF recebeu em 2009 foi de 164,9 milhões de reais. No ano anterior havia sido 104,7 milhões – um aumento de 60%. Nada como ano de Copa…

*Da Nike a CBF recebeu 59 milhões de reais. O Itaú pagou 33 milhões de reais à entridade. A Vivo, 30,9 milhões de reais. A AmBev investiu 19 milhões de reais na seleção e a TAM 7,2 milhões de reais.Pão de Açúcar, Procter&Gamble e Volkswagen gastaram menos: 3,2 milhões, 3,7 milhões e 2,7 milhões de reais, respectivamente. A Traffic, de J. Hávila, segundo o balanço da CBF, pagou 3,9 milhões de reais.

*A CBF arrecadou 29,5 milhões de reais como pagamento pelos amistosos que a seleção jogou.

*A Globo pagou 11,3 milhões pelos dieitos de exclusividade dos jogos da seleção.

*As despesas da CBF subiram bastante entre 2008 e 2009: passaam de passaram de 66 milhões de reais para 84,8 milhões de reais.

Nota do blog: E a CBF cobra comissão dos clubes da Série B por negociar os direitos de TV…

Por Juca Kfouri às 18:55

29/04/2010

Uma quinta de primeira

Às 19h, no Mineirão que precisa virar um caldeirão de novo, como ontem, o Cruzeiro recebe o Nacional, pela Libertadores.

O time uruguaio não é mais aquele poderoso, tricampeão da Libertadores (1971, 1980 e 1988) e, nos mesmos anos, tricampeão mundial.

Mas está invicto, foi lider de seu Grupo, e ainda não levou gols jogando fora de casa, além de ter batido no Banfield, na Argentina.

O Cruzeiro, que venceu bem os quatro jogos  que fez no Mineirão nesta Libertadores, terá uma parada duríssima e precisa fazer novo resultado que lhe dê  um mínimo de conforto no jogo da volta.

Às 19h30, no Palestra Itália, que estará lotado, o Palmeiras recebe o Atlético Goianiense, pela Copa do Brasil.

Também o alviverde precisa fazer um bom resultado diante do virtual campeão goiano, time que desbancou o Goiás no Brasil Central.

Sim, os palmeirenses têm o trauma do ASA de Arapiraca, mas o Dragão, como é chamado o time goiano,  movido por um dinheiro que não se sabe bem de onde vem, é bem mais forte que o alagoano.

E, finalmente, para terminar está quinta-feira que se não é “super” é de primeira, às 21h30, no Maracanã, o Fluminense, agora de Muricy Ramalho, recebe o Grêmio, virtual campeão gaúcho.

Duas escolas tão diferentes em jogo pra lá de interessante.

Por Juca Kfouri às 13:24

29/04/2010

Coincidências

O que São Paulo, Inter e Flamengo têm em comum, além de estarem na Libertadores-2010 e, ontem, terem jogadores expulsos?

Os três votaram contra o candidato de Ricardo Teixeira no Clube dos 13…

A expulsão de Richarlyson, diga-se, foi corretíssima.

A de Michael foi discutível, questão de interpretação, ainda mais que o árbitro não expulsou Roberto Carlos que meteu a mão na bola já com cartão amarelo.

E a de Kléber foi um absurdo, coisa estampada também na imprensa argentina.

Por Juca Kfouri às 13:04



Sobre o autor

Formado em Ciências Sociais pela USP. Diretor das revistas Placar (de 1979 a 1995) e da Playboy (1991 a 1994). Comentarista esportivo do SBT (de 1984 a 1987) e da Rede Globo (de 1988 a 1994). Participou do programa Cartão Verde, da Rede Cultura, entre 1995 e 2000 e apresentou o Bola na Rede, na RedeTV, entre 2000 e 2002. Voltou ao Cartão Verde em 2003, onde ficou até 2005. Apresentou o programa de entrevistas na rede CNT, Juca Kfouri ao vivo, entre 1996 e 1999. Atualmente está também na ESPN-Brasil. Colunista de futebol de "O Globo" entre 1989 e 1991 e apresentador, desde 2000, do programa CBN EC, na rede CBN de rádio. Foi colunista da Folha de S.Paulo entre 1995 e 1999, quando foi para o diário Lance!, onde ficou até voltar, em 2005, para a Folha.