Institucional
Eventos
Cursos
Jornal JBHM
Biblioteca Virtual
História das Instituições
História das Especialidades
Livros de Hist. da Medicina
Artigos da Hist. da Medicina
Medicos do Brasil
Congressos
Museus de Hist. da Medicina
Links
Contato
 
João Cândido Ferreira

*Governo do Estado do Paraná

João Cândido Ferreira nasceu na fazenda Taboão, distrito da Lapa, a 21 de abril de 1864 – filho de alferes João Cândido Ferreira e de Ana Leocádia. Provém de antigos troncos curitibanos do século XVII e tinha parentesco com Diogo Antônio Feijó. Cursou as primeiras letras na terra natal, o secundário em Curitiba e finalmente a Faculdade de Medicina, no Rio de Janeiro. 
Voltou à Lapa para começar a vida profissional. Embora não desejasse imiscuir-se em política, viu-se de repente engajado por influência do coronel Joaquim Lacerda desde 1892. 
Quando a Lapa foi sitiada pelos federalistas em 1894, era o prefeito. Aceitou a chefia do corpo médico da legislação legalista sob a insistência do coronel Antônio Gomes Carneiro (apesar da anormalidade de semelhante imposição, visto que o Exército dispunha de profissionais seus nas fileiras). 
E nessa condição tornou-se o assistente assíduo, o médico dedicado e até confessor do heróico chefe militar, quando Gomes Carneiro se feriu mortalmente no dramático combate de 07 de fevereiro. 
Depois que a tempestade passou e outra se armava, João Cândido foi designado comandante da praça, mas logo destituído por não desejar perseguir ninguém. Em 1896 elegeu-se deputado ao Congresso Legislativo pelo Partido Republicano, e em 1901, deputado federal. 
A 17 de junho de 1903, instado por Vicente Machado A aceitar candidatar-se à vice-presidência do Estado, na eleição de 24 de agosto, assentiu sem muito entusiasmo, pois era do seu feitio uma postura discreta de pouco ambiciosa. Foi eleito juntamente com o notável líder republicano. 
Assumiu a presidência, várias vezes, nas longas ausências do titular, já comprometido com moléstia incurável. Vicente Machado faleceu a 03 de março de 1907. Como vice-presidente em exercício, João Cândido sentiu o crescimento do seu prestígio pessoal. Ganhou as simpatias do presidente da República, Affonso Pena, o que lhe valeu em contrário, a má vontade do senador Pinheiro Machado o qual dominava a política nacional. 
Com o desaparecimento de Vicente Machado, abriu-se um vácuo no comando do Partido Republicano. Em memorável encontro político em Paranaguá, o nome de João Cândido foi aclamado para candidatar-se à sucessão governamental. Unido e coeso, o partido majoritário elegeu-o no pleito de 20 de outubro de 1907, assim como Ottoni Maciel, primeiro vice e Olegário Macedo, segundo vice-presidente, como previa a Constituição de 07 de abril. 
Processou-se a seguir outro episódio inusitado. Não interessava ao senador Pinheiro Machado a eleição de João Cândido, aliado a Affonso Pena, com o qual se desaviera o caudilho gaúcho. Estava em jogo a sucessão da República. Affonso Pena insistia na candidatura de David Campista. Pinheiro Machado vetava-o. Em face dessas circunstâncias no plano federal, armou-se um golpe para impedir a posse de João Cândido. Um movimento liderado por Manoel de Alencar Guimarães, de nítida influência e liderança na política estadual, deputado ao Congresso Legislativo e porta voz de Pinheiro Machado no Paraná, logo fortalecido pela adesão do senador Xavier da Silva, ganhou maioria parlamentar. O deputado Caio Machado encarregou-se de propor a impugnação da eleição sob o pretexto extemporâneo e descabido, da inelegibilidade de João Cândido e do vice Ottoni Maciel. Líder da oposição, Generoso Marques dos Santos, engrossou a corrente pelo impedimento. 
Sendo pressionado de todos os lados, e disposto a manter a unidade do partido, João Cândido renunciou. Poderia ter resistido, mas certamente chocado pelas traições, resolveu sacrificar-se. Sacrifício inútil de um governante sério. Aliás, homem de ciência, não tolerava conchavos, nem perfídias. Aquelas atitudes intempestivas afrontavam-lhe o temperamento pessoal, desabituado às maquinações dos bastidores, às ocultas, sob o disfarce da lealdade. 
Operada a vacância do poder, velhos inimigos estavam recolhidos para dividir o bolo palaciano. Eram os pica-paus e maragatos confraternizando numa festa bizarra e surpreendente. Estava vitorioso o pacto político. Para a nova eleição Xavier da Silva foi alçado à presidente, representando a ala do Partido Republicano (pica-pau) e Generoso Marques dos Santos, a vice-presidência (chefe dos maragatos). Parecia a concórdia, por fim. Mas, os novos tempos dirão o contrário. Essa aliança ficou conhecida como “Coligação republicana”. 
Desiludido com esses acontecimentos, João Cândido voltou-se inteiramente à profissão em que magnificamente se havia iniciado, inclusive na cátedra, onde seu nome se tornou aureolado pela profundidade da erudição e brilho da didática. Sua bibliografia médica é enorme e valiosa. 
A vocação para os estudos e especulações científicas revelam a ampla visão do universo em que pesquisava. Escreveu também inúmeros opúsculos históricos. Grande clínico, pareceu ensaiar, em 1930, seu retorno à política, mas tal não aconteceu. 
Abatido pela morte de um filho, Murilo, com quem tinha extraordinária afinidade, não resistiu a esse tremendo golpe e faleceu pouco depois, a 20 de fevereiro de 1948, em Curitiba.

*Biografia: História biográfica da república no Paraná, de David Carneiro e Túlio Vargas, 1994. Este texto encontra-se disponível no site do Governo do Estado do Paraná: http://www.pr.gov.br/casacivil/gov_joaocandidoferreira.shtml

 

 
 
 
Desenvolvimento: ASP Solutions