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  • Vargas não esperava manifesto de generais

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Tempo de leitura: 5 min 9 seg    Publicado em: 17/Agosto
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Se a crise política já era muito séria, a posição dos generais deixou Presidente sob uma forte pressão e sem alternativa

Se a crise político-militar de 1954 já era grave desde a morte do major Vaz, ela foi ganhando proporções à medida que novos fatos iam sendo conhecidos, todos desfavoráveis ao governo de Vargas. Um deles, porém, deu a dimensão do problema: o manifesto de lideranças militares pedindo a renúncia do Presidente Vargas. Com ele a instabilidade temida pelo Catete virou realidade. E ele acabou divulgado dois dias antes do suicídio de Vargas, em 24 agosto de 1954. Um manifesto de generais, sem meias palavras, e assinado pelas lideranças do Exército, tornava dramática a situação do Presidente. Nem uma reunião ministerial realizada em plena madrugada, que não concluiu nada, mudou o cenário que terminou tragicamente com o suicídio do Presidente.


Missa de sétimo dia do Major Vaz virou um ato político contra o governo, reunindo lideranças políticas e militares

O manifesto decisivo

" Considerando que o inquérito policial-militar em andamento na base aérea do Galeão, já apurou indiscutivelmente, que foi a guarda pessoal do presidente da República, sob a chefia de Gregório Fortunato, homem de sua absoluta confiança, que planejou e preparou, dentro do palácio presidencial, ou fez executar, o atentado em que foi assassinado o major-aviador Rubens Fiorentino Vaz;

Considerando que depois de haver o Presidente da República assegurado à Nação que o crime seria apurado e os culpados entregues à justiça, elementos de sua imediata confiança, ainda dentro do palácio presidencial, alertaram os criminosos e lhes forneceram os meios necessários à fuga, inclusive vultosa quantia em dinheiro;

Considerando que é, assim, duvidoso que se possa chegar à punição de todos os culpados;

Considerando que as diligências do inquérito trouxeram à luz farta documentação em que se demonstra a corrupção criminosa nos círculos mais chegados ao presidente da República;

Considerando que tais fatos comprometem a autoridade moral indispensável ao presidente da República para o exercício de seu mandato;

Considerando, enfim, que a perduração da atual crise político-militar está trazendo ao País irreparáveis prejuízos em sua situação econômica e poderá culminar em graves comoções internas, em face da intranquilidade geral, repulsa e indignação de que se acham possuídas todas as classes sociais do País, os abaixo-assinados, oficiais-generais do Exército, conscientes de seus deveres e responsabilidades perante a Nação, honrando compromissos públicos e livremente assumidos, e solidarizando-se com o pensamento dos camaradas da Aeronáutica e da Marinha, declaram julgar, em consciência, como melhor caminho para tranqüilizar o povo e manter unidas as Forças Armadas, a renúncia do atual presidente da República, processando-se sua substituição de acordo com os preceitos constitucionais.


Inquérito policial-militar foi realizado na base aérea do Galeão e virou centro de atenções do país durante tenso mês de agosto de 1954

Rio, 22 de agosto de 1954

General Álvaro Fiúza de Castro; general Canrobert Pereira da Costa; general Nicanor Guimarães de Souza; general Juarez Távora; general Alcides Etchegoyen; general-Brigadeiro Emílio Ribas Junior; general Edgard do Amaral; general Altair de Queiroz; general J. Machado; general Peri Constantant Bevilacqua; general Humberto Castelo Branco; general Paulo Krueger da Cunha; General Ignácio José Veríssimo; general Barros Falcão; general João Bastista Tangel; general Nilo Horácio de Oliveira Sucupira; general Antonio Coelho dos Reis; general Delso Fonseca e general Henrique Lott."

O último deles acabou sendo o ministro da Guerra ( Exército) do novo Presidente, Café Filho, mas dele divergiu um ano e meio depois, quando da crise conhecida como novembrada. O general Lott foi demitido pelo presidente em exercício, Carlos Luz, enquanto o titular Café Filho pretextava doença e se hospitalizara. O golpe falhou e o general Lott reassumiu o posto, enquanto os dois presidentes sofriam impeachment.

Por Carlos Fehlberg


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