O Brasil recebeu dia 20, em Praga, a Triga de Ouro, da Quadrienal de Praga. O Brasil participa de quatro mostras do evento que acontece até o próximo dia 26 na capital Tcheca. A Triga de Ouro é concedida ao país, pelo conjunto de sua participação. Esta é a segunda vez que o Brasil é premiado como a melhor representação. A primeira vez foi em 1995.
Além da Triga de Ouro, a peça BR-3 de Antonio Araújo, do Grupo Teatro de Vertigem foi considerada a melhor produção teatral do mundo inteiro dos últimos cinco anos, pela inovação de usar o espaço da cidade como espaço cênico.
A 12ª Quadrienal de Praga está reunindo, entre 16 e 26 de junho, obras de cenógrafos, figurinistas, designers, arquitetos e artistas visuais de mais de 60 países. O Brasil participa das quatro principais mostras desta edição,com recursos da Fundação Nacional de Artes (Funarte).
O presidente da Funarte, Antonio Grassi, foi designado em abril de 2010 curador-geral da representação brasileira em Praga pela Organização Internacional de Cenógrafos, Técnicos e Arquitetos de Teatro no Brasil (ABrIC/OISTATBr), responsável pela curadoria adjunta. Segundo ele, desde 1967, a Quadrienal vem pautando algumas das mais importantes discussões relativas ao espaço cênico. “Este ano os debates são ampliados à luz das novas tecnologias digitais e das relações cada vez mais estreitas entre as diversas linguagens artísticas”, afirma Grassi.
A nova edição da Quadrienal propõe aos participantes refletir sobre os questionamentos impostos pela contemporaneidade. O que é o espaço cênico? Um local propositalmente construído para a encenação? Um mundo virtual? Ou qualquer lugar usado criativamente para a performance? As exposições exploram a ideia da cenografia como arte provocadora e autônoma, que se estabelece na fronteira entre múltiplas linguagens. Não à toa, a curadoria internacional decidiu trocar a nomenclatura do evento de “Exposição Internacional de Cenografia e Arquitetura Teatral” para “Espaço e Design Cênico”.
Inspirado por essa discussão, o Brasil leva mais de 50 trabalhos a Praga, envolvendo cerca de 300 artistas de vários estados brasileiros. Da Mostra Nacional, sob o tema Território Cenográfico Brasileiro, participam projetos cenográficos de diferentes produções artísticas que circularam pelo país nos últimos anos. Na Mostra de Arquitetura, o Brasil apresenta o projeto do Teatro Estádio Universidade Popular, concebido a partir de uma ideia de José Celso Martinez Corrêa para ampliar a atuação do Teatro Oficina no bairro do Bixiga, em São Paulo. As fotos, plantas, vídeos e cadernos em exposição mostram que cada detalhe do trabalho foi pensado para facilitar o diálogo entre a ação dramática, os elementos cênicos e o espaço urbano.
A exposição Figurinos Radicais, realizada pela primeira vez na Quadrienal, apresenta quatro trabalhos nacionais criados para performances e espetáculos de dança. Cada país pôde enviar até cinco trajes para concorrer às trinta vagas da exposição. O Brasil é o país com maior participação na Mostra. Por fim, os 30 trabalhos brasileiros que participam da Mostra das Escolas foram desenvolvidos de acordo com a temática Fronteiras de Linguagem e Espaço Cênico. Doze instituições de ensino brasileiras participaram do processo seletivo e produziram, ao todo, 50 trabalhos sobre o tema proposto.
Além dessas, o evento promove muitas outras mostras. Interseção: Intimidade & Espetáculos, por exemplo, reúne ambientes cenográficos interativos, criados por trinta artistas de renome internacional, ao ar livre, no centro de Praga. Há também uma programação paralela de oficinas, debates, leituras e performances, promovendo o intercâmbio entre milhares de profissionais, estudantes e espectadores das artes de todo o mundo. Mais de 40 mil visitantes são esperados este ano no evento, que ocupará galerias, igrejas, teatros e espaços públicos de Praga.
Histórico
A Quadrienal de Praga foi criada em 1967 para fomentar e difundir trabalhos de arquitetos, cenógrafos, figurinistas, iluminadores, sonoplastas, designers e artistas visuais que se dediquem ao espetáculo contemporâneo. O evento se estabeleceu como o maior e mais importante da área, reunindo na capital da República Tcheca milhares de profissionais, estudantes e espectadores de várias partes do mundo. A ideia da Quadrienal surgiu nos bastidores da Bienal de São Paulo, depois do sucesso que a representação da então Tchecoslováquia conquistou no evento brasileiro. A ex-Tchecoslováquia emergiu então como um lugar para troca de conhecimentos e experiências relacionadas às artes da cenografia e indumentária.
(Texto: Oswaldo Carvalho, Ascom/Funarte)
(Fotos: Martina Zakova e Divulgação/Quadrienal de Praga)
Participação do Leitor
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