“Campo Sintético para o Sporting”
Publicamos aqui, com algum atraso, um texto do blogue ma-schamba, que simpaticamente e em devida altura nos foi enviado.
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José Eduardo Bettencourt anunciou o desejo de instalar um recinto sintético no estádio do Sporting (a expressão “relvado sintético” é uma mera aldrabice, típica da prostituição jornalística). A opção é apresentada como solução de um problema, o constante mau estado dos sucessivos relvados. Uma das causas para tal é murmurada, o facto de o estádio ter “defeitos estruturais”, pois é tão elevado (achaminado, digo eu, ou seja em formato de chaminé) que provoca alterações climáticas internas arrasadoras para os relvados.
Em suma, foi mal construído. Mal planeado, mal avaliado, mal fiscalizado. Uma bronca gigantesca, milhões e milhões de euros, um estádio construído no centro da capital, e ineficaz nos seus propósitos – ter um campo de futebol. É óbvio que aí vem uma cortina de fumo em forma de enxurrada de notícias sobre as benesses e o actual desenvolvimento tecnológico dos sintéticos. Mas há dois factores adversos: por um lado nenhum dos melhores ou médios campeonatos optam por sintéticos; por outro esta opção do clube não é uma decisão positiva, é uma reacção que tenta minorar os defeitos de um brutal erro. Convém então receber as tais notícias como elas são: um serviço prestado por jornalistas corruptos, a pretenderem dar uma visão optimizadora de uma decisão menorizadora (de um mal).
Um erro – a tal chaminé de estádio, uma reduzida inclinação – que tem uma causa óbvia. Todo o processo de transacção de terrenos e sua urbanização que antecedeu esta construção implicou esta voragem imobiliária, que levou a direcção do Sporting a encerrar o estádio no menor espaço possível – com o patético episódio de sendo obrigatória a lotação de 50 000 espectadores se ter tentado contabilizar os lugares atrás dos painéis gigantes, atribuindo-os aos cegos, já que estes não viam o campo …). Foi essa vertigem de ganhar espaço urbanizável que levou a esta situação. Agora tudo correu mal, 400 milhões de euros de passivo, um estádio impraticável. É esta a elite “social” “económico-financeira” (das zezinhas e dos pituchos, do grandes bancos e das grandes construtoras) que se passeia em Portugal. Também no Sporting.
É, obviamente, um múltiplo caso de guilhotina.
jpt
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Em http://ma-schamba.com/desporto/sporting/estadio-alvalade-2/.