Filmes do Chico

Um Amor Jovem , de Ethan Hawke
Cristóvão Colombo - o Enigma , de Manoel de Oliveira
Estômago , de Marcos Jorge
A Casa de Alice , de Chico Teixeira
Meu Nome é Dindi , de Bruno Safadi

Ethan Hawke está sempre querendo parecer mais cool do que realmente é. Um Amor Jovem é uma história de primeiro amor cheia de clichês - e não problema nisso -, mas Hawke filma como se quisesse impor uma aura cult a seu filme que, por vezes, o deixa artificial. Mark Webber está muito bem, o que não se pode dizer de Catalina Sandino Moreno. No entanto, o grande destaque é a genial Laura Linney, que surge em duas cenas. Na primeira, mostra que porque, no cinema americano de hoje, ela só perde para Julianne Moore.

Cristóvão Colombo - o Enigma tem um quê de Um Filme Falado na forma. Ficção com traços documentais tenta investigar a história, mas, ao contrário de sua obra-prima, aqui Manoel de Oliveira não tem muito material a fornecer e, principalmente, não nos oferece grandes reflexões. Então, sobra um filme pequenininho, no tamanho e na proposta, onde o carisma da dona Manoela (Maria Isabel, na verdade) de Oliveira, atriz péssima, conquista imediatamente.

Vencedor do Festival do Rio, Estômago é uma obra difícil de se ver no cinema brasileiro. O passeio pelo submundo de putas e presidiários não tem aqueles ranços pliniomarquianos e o filme flui com desenvoltura, tanto na direção nada maniqueísta de Marcos Jorge, que consegue estabelecer um universo bastante convincente sem muitos chavões, como na interpretação genial de João Miguel, maior ator brasileiro de hoje, que sabe como não deixar o seu nordestino simpático aprisionado na mesma forma.

A Casa de Alice é uma bela surpresa. A idéia é a do filme em que os pequenos pecados de uma família são revelados ao pouco, mas esqueça de Beleza Americana. No longa de Chico Teixeira, não há intenção de choque mas das pequenas decepções como extensões da vida cotidiana. Tudo é natural e entendível. A única questão talvez seja como o roteiro se acomoda a essa máxima (embora o final seja extremamente plausível). A protagonista é ótima.

Meu Nome é Dindi é uma peça à parte da nossa cinematografia. Começa como um filme narrativo ruim, com atores mal conduzidos e um roteiro meio sem graça para ganhar elementos quase fantásticos e partir para a abastração. O resultado é que de ruim ela passa para ridículo e risível - a platéia entendeu bem essa última parte, por sinal. Mas, no fim de tudo, parece bem redondo e concebido exatamente para ser essa massa abominável que termina sendo. Coerentemente vergonhoso.