Autoria: Benedito Ruy Barbosa Colaboração: Edmara Barbosa e Edilene Barbosa Direção: Luiz Fernando Carvalho, Carlos Araújo, Emílio di Biasi e José Luiz Villamarim Direção de núcleo: Luiz Fernando Carvalho Período de exibição:17/06/1996 - 14/02/1997 Horário: 20h30 Nº de capítulos: 209
TRAMA PRINCIPAL -O Rei do Gado mostra o romance do latifundiário pecuarista Bruno Mezenga (Antonio Fagundes) com a boia-fria Luana (Patrícia Pillar), ambos descendentes de duas famílias de imigrantes italianos rivais, os Mezenga e os Berdinazi, que fizeram fortuna no Brasil com criação de gado e plantações de café, respectivamente. A novela, dividida em duas fases, levantou um debate sobre a luta por posse de terra que ultrapassou o universo ficcional e ganhou repercussão na mídia e na sociedade em geral. - Em 1943, durante o período de decadência do café, a bela Giovanna (Letícia Spiller) vive sob ostensiva vigilância dos pais, Marieta (Eva Wilma) e Giuseppe Berdinazi (Tarcísio Meira). A moça descobre a paixão nos braços de Henrico (Leonardo Brício), filho de Nena (Vera Fischer) e Antônio Mezenga (Antonio Fagundes), inimigos ferrenhos de sua família. Leia mais!
- Antônio Mezenga é um homem forte, determinado e sofrido. Teve o pai morto na travessia de navio da Itália para o Brasil, no final do século XIX. Conquistou sua lavoura de café com muito sacrifício e costuma vangloriar-se de suas origens e obstinação dizendo: “Meu pai emprenhô minha mãe debaixo de um pé de oliva, na Itália; e ela me pariu aqui, debaixo de um pé de café.” - Giuseppe Berdinazi, pai de Giovanna, é igualmente passional ao defender seus interesses. Também imigrante italiano e proprietário de uma fazenda de café, vive em guerra declarada com o vizinho Mezenga por causa de uma faixa de terra na divisa das duas fazendas. É um pai severo, porém carinhoso, mas espera que os quatro filhos nutram pelos Mezenga o mesmo ódio que o corrói. Sofre grande desgosto quando Giovanna declara seu amor por Henrico, e aceita o casamento apenas pela promessa de receber o pedaço de terra que disputa há anos. O acordo não é cumprido, e Berdinazi tranca a filha em casa, a sete chaves. O esforço é em vão: Giovanna foge com o marido. - Berdinazi termina seus dias louco, inconformado com a traição da filha e com a morte do filho mais velho, Bruno (Marcello Antony), na Segunda Guerra Mundial, durante a tomada do Monte Castelo, na Itália. Giovanna e Henrico começam uma nova vida longe das famílias e dos cafezais. O primeiro emprego de Henrico é como peão boiadeiro numa pequena fazenda. Aos poucos, o rapaz começa a criar o próprio rebanho, e Giovanna dá à luz um menino. - A segunda fase da novela tem início no final do sétimo capítulo, em 1996, quando o filho de Henrico e Giovanna já é um rico proprietário de terras e de milhares de cabeças de gado. Bruno Berdinazi Mezenga (Antonio Fagundes) – nome que recebeu em homenagem ao tio morto na Segunda Guerra – é conhecido por todos como o “Rei do Gado”. Com as referências do pai, escolheu o sobrenome Mezenga para sua assinatura, deixando de lado o Berdinazi e a história de sua família materna. Ele é um obstinado pelo trabalho, querido por seus amigos e empregados. Embora casado com Léia (Silvia Pfeifer), e pai dos jovens Marcos (Fábio Assunção) e Lia (Lavínia Vlasak), Bruno é um homem solitário, dedicado integralmente aos negócios. Léia, por sua vez, é amante do mau-caráter Ralf (Oscar Magrini), que só está interessado no dinheiro que ela pode lhe dar. - Um personagem fundamental na segunda fase de O Rei do Gado é Geremias Berdinazi (Raul Cortez), irmão de Giovanna. Rico e poderoso, seus negócios estão ligados à cafeicultura e à produção de leite. Apesar de muito bem-sucedido, é um homem cheio de culpa por ter construído seu império traindo a família. Primeiro, uniu-se ao irmão Giácomo Guilherme (Manoel Boucinhas) para roubar as terras da mãe e da irmã. Depois, roubou também o irmão, deixando que ele morresse na pobreza. Arrependido, vive ansioso para encontrar um herdeiro, já que não reconhece Bruno Mezenga como seu sobrinho. Geremias acaba sendo enganado pela impostora Marieta (Glória Pires), que se faz passar por sua sobrinha, filha de Giácomo. A moça levanta as suspeitas de Judite (Walderez de Barros), fiel e ciumenta criada do fazendeiro, que desconfia que Marieta quer roubar a fortuna do patrão. - O debate sobre posse de terra se amplia na trama quando uma das fazendas de Bruno Mezenga é invadida por um grupo liderado por Regino (Jackson Antunes), um sem-terra contrário à violência e à radicalização do movimento – marcando o tom conciliatório do autor em relação à questão. Regino critica a ocupação de terras produtivas e se opõe à corrupção que envolve a desapropriação de terras por parte do governo. É um idealista, e seu lema na luta pela reforma agrária é “terra, sim; guerra, não”. O personagem vive um dilema com a mulher, Jacira (Ana Beatriz Nogueira), sua brava companheira na marcha. Saudosa da quietude de uma casa onde possa criar o filho com tranquilidade, ela discorda do ideal do marido de querer resolver o problema de todos à sua volta. A discussão ganha a adesão do incorruptível senador Roberto Caxias (Carlos Vereza), político dedicado, defensor dos direitos das minorias. Idealista e responsável, ele passa os fins de semana em Brasília, e não falta a uma sessão no Congresso Nacional. Muito amigo de Bruno, é a ele que o fazendeiro recorre quando suas terras são invadidas. Ao longo da trama, Caxias se envolve na luta pela reforma agrária. - Entre o grupo dos sem-terra está a bela e valente Luana (Patrícia Pillar), a verdadeira sobrinha de Geremias. Sobrevivente de um acidente que matou sua família, Luana desconhece a própria origem. Já no primeiro encontro com Bruno Mezenga, ela desperta o amor do pecuarista, que a emprega em uma de suas fazendas. Tratada com a dignidade e o carinho que nunca teve, Luana se encanta por Bruno, e os dois se envolvem numa forte história de amor. Juntos, ambos passam por duras adversidades, até que Luana engravida e desperta a ira de Léia, que vê ameaçada sua parte na herança do marido. - No final da novela, Luana e Bruno têm um filho, e ela convence o marido a registrar a criança também com o sobrenome Berdinazi. O menino é batizado como Felipe Berdinazi Mezenga. Após muitas brigas e disputas por terras, Bruno e Geremias se reconciliam, em cenas de grande emoção. Geremias reconhece Luana como sobrinha, e as duas famílias se enlaçam, num clima de alegria e pressa de viver a harmonia sempre adiada. Para completar a felicidade, Giuseppe (Emilio Orciollo Netto), sobrinho que Geremias desconhecia, surge no final da trama. - Judite e Geremias terminam juntos, num romance inesperado, pontuado de ternura e cumplicidade. Numa das últimas cenas da novela, ela enche a banheira e se deita sob a espuma, cantarolando Mamabem alto. Ele se aproxima intrigado com tamanha animação e a recrimina. Ela tenta seduzi-lo, puxando-o para dentro da banheira, e ele desabada dentro d’água. Os dois se abraçam, e a câmera vai mostrando as roupas dele sendo jogadas para fora da banheira. - Na última cena, sobre a imagem de milhões de pés de café, lavouras de soja, milho e cana de açúcar, sobe um letreiro que diz: "Deus, quando fez o mundo, não deu terra pra ninguém, porque todos os que aqui nascem são seus filhos. Mas só merece a terra aquele que a faz produzir, para si e para os seus semelhantes. O melhor adubo da terra é o suor daqueles que trabalham nela”. A câmera volta para Bruno Mezenga e Geremias Berdinazi, que aparecem discutindo, em meio a um imenso cafezal, deixando no ar a pergunta: “vai começar tudo de novo?” Esconder
TRAMAS PARALELAS Amor bandido - Chamou a atenção na trama a relação doentia de Léia (Silvia Pfeifer) com o amante, Ralf (Oscar Magrini). Ela dá dinheiro a ele, sustentando sua vida fácil, que inclui outras amantes. Malandro fino e envolvente, Ralf está de olho na fortuna que receberá no caso de Léia se divorciar de Bruno Mezenga (Antonio Fagundes). Mas o marido desconfia da traição, põe um detetive para espioná-los e arma um flagrante; em seguida, abandona a esposa. Ralf também rompe com a amante que, desesperada, implora por seu amor. Ele a esbofeteia, dando início a uma história de violência e coerção, em que a obriga a extorquir dinheiro de Bruno e a aceitar sua vida de cafajeste. Volta e meia, Ralf a espanca.
Zé do Araguaia - Outro grande personagem da novela é Zé do Araguaia (Stênio Garcia), que traz no nome a região em que nasceu e foi criado, Goiás, onde também fica a principal fazenda de Bruno Mezenga (Antonio Fagundes), seu patrão. Ele ajudou o pecuarista a derrubar as primeiras árvores e plantar suas pastagens iniciais. Zé recebe Luana (Patrícia Pillar) de braços abertos quando a moça chega à fazenda e, junto com a mulher, Donana (Bete Mendes), adota a moça como a filha que não teve. Ambos têm grande respeito e carinho pelo patrão, mas não medem palavras para dizer-lhe o que pensam, formando a dupla de conselheiros de Mezenga. Em determinado momento da trama, o avião em que o empresário viaja cai na região, e ele desaparece. O copiloto é encontrado morto. São 18 capítulos de angústia e suspense, até que Mezenga reaparece, vivo, às margens do rio. GALERIA DE PERSONAGENS ANTÔNIO MEZENGA (Antonio Fagundes) - Descendente das levas de italianos que chegaram ao Brasil no finalzinho do século XIX. Atravessou o Atlântico na barriga da mãe, mas nasceu no Brasil, por volta de 1890. O pai morreu na travessia, vítima, como tantos outros, da peste que assolou o navio. Homem forte, determinado, mas muito sofrido. Sua lavoura de café, conquistada com muito sacrifício, é a sua vida. É casado com Nena (Vera Fischer) e pai de um único filho, Henrique (Leonardo Brício), a quem chamam de Henrico, com o devido sotaque. É do tipo que não leva desaforo para casa, e chega a ser passional se precisar defender os próprios interesses e os da sua família. NENA (Vera Fischer) - Mulher de Antônio Mezenga (Antonio Fagundes). Brasileira de nascimento, como o marido, mas nascida e criada entre os imigrantes italianos, nas colônias das fazendas de café. Mulher forte, batalhadora, muito amorosa com o marido e o filho, Henrique (Leonardo Brício). HENRIQUE/HENRICO (Leonardo Brício) - Único filho de Antônio Mezenga (Antonio Fagundes) e Nena (Vera Fischer), rústico como os pais. É o braço direito do pai na lida, mas não gosta de trabalhar na lavoura do café. Apesar de ter herdado do pai o ódio pela família Berdinazi, nutre uma paixão intensa pela bela Giovanna (Letícia Spiller), a filha caçula deles. É capaz de fazer loucuras por esse amor. Sem ela, prefere se arriscar na guerra. Depois, impedido de viver com a própria esposa, tem a coragem, de roubá-la de sua casa e desaparecer com ela pelo mundo afora. É quando começa a trabalhar como peão de boiadeiro, sua verdadeira vocação. O tempo vai passando e, de boi em boi, Henrique consegue adquirir um pequeno rebanho, negócio que se torna próspero nas mãos de seu filho, Bruno (Antonio Fagundes) – nome que homenageia o tio morto na guerra –, que virá a ser o “Rei do Gado”. Leia mais!
GIUSEPPE BERDINAZI (Tarcísio Meira) - Italiano proprietário de uma fazenda de café, igualmente obstinado e passional ao defender seus interesses, assim como Mezenga (Antonio Fagundes). Vive em guerra declarada com o vizinho por causa de uma faixa de terra localizada na divisa das duas fazendas, que não fica bem delimitada nas respectivas escrituras. É casado com Marieta (Eva Wilma) e tem quatro filhos: Bruno (Marcello Antony), Giácomo Guilherme (Manoel Boucinhas), Geremias (Caco Ciocler) e Giovanna (Letícia Spiller). Pai amoroso, mas severo, mantém os filhos sob absoluta autoridade, e espera que eles tenham pela família Mezenga o mesmo sentimento rancoroso. Encara como uma afronta imperdoável o fato de sua filha amar Henrique (Leonardo Brício). Concorda com o casamento apenas pela promessa de receber o pedaço de terra pelo qual briga há muitos anos. Como o acordo não é cumprido, arrasta a filha de volta para casa, e a tranca a sete chaves. Sofre um grande desgosto quando Giovanna foge com o marido. Mais ainda quando também fica sem Bruno, que morre na guerra. Acaba seus dias completamente louco. MARIETA (Eva Wilma) – Mulher de Giuseppe Berdinazi (Tarcísio Meira), mãe de Bruno (Marcello Antony), Giácomo Guilherme (Manoel Boucinhas), Geremias (Caco Ciocler) e Giovanna (Letícia Spiller). Brasileira, com fala meio italianada pela convivência com o marido. Uma espécie de fiel da balança na relação dele com os filhos. É muito ligada à caçula Giovanna, e fica entre a cruz e a espada quando sabe do amor dela por Henrico (Leonardo Brício). Sofre muito na vida, por conta das obstinações do marido, da fuga da filha e da morte de Bruno na guerra. Como se não bastasse, é traída pelos dois filhos que lhe restam. BRUNO (Marcello Antony) - Filho mais velho de Giuseppe Berdinazi (Tarcísio Meira) e Marieta (Eva Wilma), irmão de Giácomo Guilherme (Manoel Boucinhas), Geremias (Caco Ciocler) e Giovanna (Letícia Spiller). O mais sensato,estudado e sensível. Herdou da mãe o espírito conciliador e generoso e, quando descobre que Giovanna está apaixonada por Henrique (Leonardo Brício), procura apaziguar a situação junto à família, mas nada consegue. No dia em que recebe a inesperada convocação para servir no batalhão da FEB, procura Henrique e o aconselha a roubar a irmã, a única saída para viver ao lado dela. Morre como herói na tomada de Monte Castelo, na Itália. GIÁCOMO GUILHERME (Manoel Boucinhas) - Segundo filho de Giuseppe Berdinazi (Tarcísio Meira) e Marieta (Eva Wilma), irmão de Bruno (Marcello Antony), Geremias (Caco Ciocler) e Giovanna (Letícia Spiller). Lida na terra e, como o pai, tem um ódio profundo pelos vizinhos, a ponto de ameaçar a irmã e o indesejado cunhado, caso insistam no romance. Orgulha-se de ser um Berdinazi, mas é do tipo que parece ter nascido para ser mandado. Está sempre pronto a obedecer o pai e Geremias, seu irmão inseparável. Mas é traído por este. GEREMIAS (Caco Ciocler/Raul Cortez) - Terceiro filho de Giuseppe Berdinazi (Tarcísio Meira) e Marieta (Eva Wilma), irmão de Bruno (Marcello Antony), Giácomo Guilherme (Manoel Boucinhas) e Giovanna (Letícia Spiller). Assim como Giácomo, faz tudo como o pai manda. Mas tem espírito de liderança, e essa é a característica que prevalece na sua trajetória. Após a morte de Bruno e, mais tarde, do velho Berdinazi, sua ambição o leva a tomar atitudes cruéis, primeiro com a mãe e a irmã, depois com o próprio irmão. De todos os filhos, é o que mais se parece com o pai. Único personagem que aparece na primeira fase e se mantém na história, além do pequeno Bruno Mezenga. Na segunda fase da trama, aparece como um homem bastante conservado para sua idade, embora com algumas safenas no peito. Costuma dizer que “quem trabalha não tem tempo para envelhecer”. Foi casado duas vezes, mas não teve nenhum filho – tornou-se estéril devido à caxumba que teve na infância. Mergulhou no trabalho com redobrada energia. É um homem rude, mas muito arguto e inteligente, dono de um grande espírito empreendedor. Visando a herança materna, primeiro tirou a mãe e a irmã do caminho, depois o próprio irmão, de quem comprou as terras no norte do Paraná, adquiridas pelos dois depois do golpe na família. Uma vez sozinho, trabalhou feito um mouro, caiu e levantou muitas vezes, até virar dono de tantos cafezais que nem sabe direito quantos. Na região onde vive, é conhecido como o “Rei do Café”. Mas diversificou suas atividades. Começou criando gado de leite, foi um dos maiores produtores de leite B e C e hoje ordenha duas mil vacas da melhor qualidade, produzindo leite A, considerado um dos mais puros do país. É um vencedor, em todos os sentidos. Mas traz consigo a frustração que a riqueza não paga: é um homem sozinho, sem ninguém para herdar seu império. Vive carregado de remorso e ansiedade e, por esse motivo, a princípio recebe a impostora Marieta (Glória Pires) comovido e sem defesas, ainda que não tenha muita certeza se ela é mesmo filha de seu irmão Giácomo Guilherme. GIOVANNA (Letícia Spiller) – Filha caçula de Giuseppe Berdinazi (Tarcísio Meira) e Marieta (Eva Wilma), irmã de Bruno (Marcello Antony), Giácomo Guilherme (Manoel Boucinhas) e Geremias (Caco Ciocler). Bela e gentil, vive sob a intensa vigilância do pai e dos irmãos, mas nem por isso deixa de descobrir a paixão, nos braços de Henrique Mezenga (Leonardo Brício). Dócil e submissa durante toda a vida, revela o sangue da família ao enfrentar todos para fugir com Henrique, com quem tem um filho, Bruno (Antonio Fagundes). TONI VENDACCHIO / DONO DA VENDA (Cláudio Corrêa e Castro) - Dono de uma dessas vendas de beira de estrada, onde se proseia à vontade. É amigo de todos e faz o possível para não tomar partido na eterna rixa entre os Mezenga e os Berdinazi. Sabe da vida de todo mundo. TETSUO (Yamay Keniche) - Japonês de nascença, fez parte dos primeiros grupos de “amarelos” que aportaram no Brasil. É um personagem de fundo, mas de muita importância para a reprodução deste período histórico. Pequeno sitiante, segue em paz com sua família, prosperando na vida, até ser morto pela Shindô-Remei por reconhecer que seu Japão perdeu a guerra. BEPO (Osmar Di Pieri) - Sitiante de origem italiana, está sempre participando das discussões na venda. Sofre em função da mudança de comportamento dos amigos e vizinhos depois que vira “inimigo”, durante a Segunda Guerra. BRUNO BERDINAZI MEZENGA (Antonio Fagundes) – Filho de Henrique (Leonardo Brício) e Giovanna (Letícia Spiller). Criança ainda, quando viajava na garupa do pai, tangendo boiadas pelas estradas da vida, soube que se chamava Bruno por causa de um tio que morreu na guerra, e que o Mezenga de seu nome era por causa do avô paterno, Antônio Mezenga (Antonio Fagundes). Esse, para ele, era um herói. Do outro avô, Giuseppe Berdinazi (Tarcísio Meira), ele sabia muito pouco, porque o pai pouco se referia a ele e, quando falava, era com raiva; raiva dele e dos tios que nunca chegou a conhecer. Escondido, o pai contava para ele: “Seus tios roubaram sua mãe.” E foi por causa dessa rivalidade que Bruno cresceu sem nunca incluir o nome Berdinazi na sua assinatura. Conhecido como “Rei do Gado”, Bruno é um homem muito rico, dono de várias fazendas. Um obstinado pela terra e incansável trabalhador, muito querido pelos amigos e empregados, mas triste e só, apesar de ser casado com Léia (Silvia Pfeifer) e ter dois filhos jovens, Marcos (Fábio Assunção) e Lia (Lavínia Vlasak). LUANA (Patrícia Pillar) – Moça simples, de beleza singela, sobreviveu a um trágico acidente que matou toda a sua família e, como órfã, enfrentou todos os tipos de dificuldade. Foi salva pelos cuidados de uma freira, que a batizou com o nome de Luana, mas sua identidade verdadeira é desconhecida. Empregou-se em muitas casas de família, trabalhou pesado no campo, e muitas vezes foi assediada por patrões e outros homens de quem era subalterna, mas nunca cedeu. Por causa disso, sempre teve aversão ao sexo oposto. Dotada de uma grande força de vontade e rara inteligência, aparenta certa ingenuidade, o que a faz ainda mais graciosa. Tem um espírito valente e um brio a toda prova. Por acaso, junta-se ao grupo dos sem-terra que invade uma das fazendas de Bruno Mezenga (Antonio Fagundes), de quem chama a atenção desde o primeiro momento em que se veem, e acaba sendo “adotada” por ele como empregada. Luana nunca havia sido tratada com dignidade e carinho, por isso se envolve profundamente com o patrão. Eles enfrentam várias adversidades para assumir o romance, mas ela é capaz de dar a volta por cima das humilhações da família e dos serviçais dele, principalmente depois que descobre sua verdadeira identidade: Marieta Berdinazi, filha de Giácomo (Manoel Boucinhas), e, portanto, a sobrinha que Geremias (Raul Cortez) tanto procura. A história de Luana é uma história de luta e de amor. LÉIA (Silvia Pfeiffer) - Mulher de Bruno Mezenga (Antonio Fagundes), mãe de Lia (Lavínia Vlasak) e Marcos (Fábio Assunção). Bonita, charmosa, mas vazia. O casamento dos dois foi um grande equívoco, cometido pelos seus pais. O que eles quiseram foi juntar pastos e boiadas, mas do lado dela havia muito pouco o que juntar, porque estava tudo bloqueado pelos credores. No início havia amor, corroído pela decepção dele, que se sentiu enganado e traído. Os filhos Lia e Marcos são o único motivo pelo qual Bruno e Léia ainda sustentam a relação. Ela sempre suportou calada as ausências do marido, mais preocupado em aumentar seu rebanho do que em viver ao lado dela. Mas chegou o dia em que a carência falou mais alto e, deixando-se arrastar por uma paixão que julgou verdadeira, aventurou-se num relacionamento extraconjugal com Ralf (Oscar Magrini), transformando-se em vítima e vilã dessa história. LIA (Lavínia Vlasak) - Filha mais velha de Bruno (Antonio Fagundes) e Léia (Silvia Pfeifer), irmã de Marcos (Fábio Assunção). Bonita, culta e inteligente, nasceu e cresceu em meio ao clima de desentendimentos entre o pai e a mãe. Teve muitos namorados, mas nunca se apaixonou de verdade. Materialmente, sempre teve tudo o que quis. Emocionalmente, teve um pai sempre ausente e uma mãe que nunca soube dizer não, provavelmente para compensar a ausência paterna. Não é nenhuma “perdida”, mas já chegou perto disso, envolvendo-se, inclusive, com drogas pesadas. Tem adoração pelo pai, ao mesmo tempo o odeia por se sentir preterida por qualquer cabeça de gado. Quando a história começa, está com a pulga atrás da orelha por causa dos constantes sumiços da mãe. É parceira e amiga do irmão: encobre as farras dele, e também conta com sua cumplicidade. Como é a figura do pai que ela idealiza - um homem forte, peão de boiadeiro bem-sucedido na vida que não liga para as futilidades deste mundo -, acaba se apaixonando por alguém que, mesmo não sendo rei de coisa nenhuma, parece ter esse perfil. MARCOS (Fábio Assunção) – Filho de Bruno (Antonio Fagundes) e Léia (Silvia Pfeifer), irmão de Lia (Lavínia Vlasak). Síntese de todos os “filhinhos de papai” deste mundo. Bonito, envolvente, simpático, mas malandro como ele só. Um mulherengo incorrigível. Diz-se formado em Agronomia e Veterinária, mas seus diplomas são fajutos. Pouco frequentou a faculdade, porque sempre esteve mais preocupado em viver a vida. Formou-se na “faculdade” de malandragem. O pai é o “Rei do Gado”, e ele é o rei da noite. Apronta muito e, quando o pai corta a verba, recolhe-se quietinho em seu canto. Quando cobrado, faz-se de vítima. Sempre bate de frente com o pai, porque se amam e se odeiam. É justamente por causa desse amor que faz uma grande bobagem na vida. Mas bota os pés no chão e, quando encontra um amor verdadeiro, vive quase a repetição daquele sentimento arrebatador que deu origem à história da novela. RALF (Oscar Magrini) - O amante de Léia (Silvia Pfeifer). Malandro fino e envolvente, vive às custas de mulheres ricas e mal-amadas. Fica com Léia porque está de olho na fortuna que receberá, em caso de divórcio. Um aventureiro simpático, mas com um fim trágico. MARITA (Luciana Vendramini) – Garota de programa que sai eventualmente com Ralf (Oscar Magrini) e está a par de suas reais intenções com Léia (Silvia Pfeifer). JÚLIA (Maria Helena Pader) - Governanta dos Mezenga em Ribeirão Preto. Profissional competente, de muita classe, tem uma visão crítica de tudo o que acontece na casa. Ela é aquela que acaba se envolvendo, mesmo sem querer. LURDINHA (Yara Jamra) – Cozinheira e arrumadeira, cumpre todas as funções com muita competência, mas depende da ajuda de Júlia (Maria Helena Pader). Ao contrário da governanta, fala mais do que a boca. Tem uma língua ferina, mas sempre diz que “não está falando nada”. É constantemente assediada por Marcos (Fábio Assunção) e, de vez em quando, deixa isso no ar. Sabe de tudo e, por isso mesmo, é perigosa, embora não pareça. DIMAS (Paulo Coronato) - O motorista da família Mezenga. Serve a todos, quando preciso, com a mesma discrição. Nas horas vagas, lava os carros, cuida da piscina e faz pequenos reparos na casa. Está sempre de boca fechada, mas de olhos abertos. Morre de medo de ir para a rua por conta das mentiras que Léia (Silvia Pfeifer) o obriga a contar, e das verdades que Mezenga (Antonio Fagundes) insiste em saber. Vive se equilibrando para não trair nenhum dos dois. GERALDINHO (Marcelo Galdino) - Marinheiro que Marcos (Fábio Assunção) contrata para cuidar do iate que ele compra logo nos primeiros capítulos da novela, sem o consentimento do pai. Profissional muito competente, que também procura fazer o estilo “não vê, não ouve, não fala”. Mas é arrastado pelos acontecimentos, e torna-se uma peça-chave na elucidação de fatos importantes da história. LILIANA (Mariana Lima) - De todas as namoradas de Marcos (Fábio Assunção), é a mais importante. É filha do senador Caxias (Carlos Vereza), grande amigo de Mezenga (Antonio Fagundes). Foi arrastada por Marcos para o submundo das drogas, mas já saiu desse buraco. Sabe que ele é um “peixe ensaboado”, mas assim mesmo gosta dele, e se satisfaz quando ele finge que a ama. SENADOR CAXIAS (Carlos Vereza) - Grande amigo de Mezenga (Antonio Fagundes), casado há muitos anos com Rosa (Ana Rosa) e pai de Liliana (Mariana Lima). Exemplo de político honesto, idealista e responsável. Nem vai para a casa, passa os fins de semana em Brasília, e não perde uma sessão do Congresso. Está realmente preocupado com as questões da terra. ROSA (Ana Rosa) – Mulher do senador Caxias (Carlos Vereza), mãe de Liliana (Mariana Lima). Vive preocupada com a filha, e acha o marido honesto demais. ZÉ DO ARAGUAIA (Stênio Garcia) - Capataz da fazenda de Bruno Mezenga (Antonio Fagundes) o Araguaia. Figura simpática, de uma lealdade absoluta ao patrão. Ajudou-o a derrubar aquelas matas e plantar as primeiras pastagens. Casado com Donana (Bete Mendes), é um marido fiel, até tomar uns goles a mais e ficar meio bagunceiro. Mas é incapaz de se deitar com alguém, ainda que passe a noite inteira de farra, num bordel de estrada. Traz no nome a região onde nasceu e foi criado, à beira daquelas águas. Quando recebe Luana (Patrícia Pillar) na fazenda, a pedido do patrão, praticamente a adota como a filha que nunca teve. É totalmente do bem e da paz mas, se for preciso, é bom de briga. Muito respeitado pelos peões. DONANA (Bete Mendes) - Mulher de Zé do Araguaia (Stênio Garcia), cuida sozinha da casa grande da fazenda do Araguaia. Trabalhadora, honesta, rústica, semianalfabeta, mas dotada de muita sabedoria. Vira uma grande aliada de Luana (Patrícia Pillar), pois também a toma como filha. Assim como o marido, tem respeito e adoração pelo patrão, mas não se esquiva em dizer o que pensa quando acha necessário. Zé do Araguaia e Donana são os maiores conselheiros de Mezenga (Antonio Fagundes). APARÍCIO / PIRILAMPO (Almir Sater) - Canta e toca viola como poucos. Figura romântica, simpática, embora um pouco estranha, é uma espécie de andarilho, com um sentimento de liberdade que já o prejudicou muito na vida. Ninguém sabe de onde veio nem para onde vai. Ele e o parceiro, Saracura (Sérgio Reis), não têm paradeiro, até que Lia Mezenga (Lavínia Vlasak) o pega pelo laço. ZÉ BONITO / SARACURA (Sérgio Reis) – Parceiro inseparável de Pirilampo (Almir Sater), com quem forma uma dupla que respira liberdade. Adora um rabo de saia, desde que não tenha que assumir maiores compromissos. Não sabe fazer outra coisa na vida a não ser cantar e tocar viola ou violão. MAURITI (Francisco Carvalho) - Homem maduro, bem vivido, administrador da fazenda na qual Mezenga (Antonio Fagundes) cria gado em confinamento, a mesma que é invadida pelo grupo de sem-terra liderado por Regino (Jackson Antunes). Reza pela cartilha do patrão, e não discute suas ordens, mesmo que não concorde com elas. REGINO (Jackson Antunes) - O líder dos sem-terra, casado com Jacira (Ana Beatriz Nogueira). Forte, decidido, um homem consciencioso, que tem vocação para o trabalho no campo. Não é um sem-terra profissional, e é contra a violência e a politização do movimento. Nunca foi a favor de que seu grupo fechasse estradas ou fizesse algo que pudesse prejudicar as outras pessoas. Critica a ocupação em terras produtivas, opõe-se à corrupção que envolve a desapropriação de terras por parte do governo, e se sente um idiota, “massa de manobra”, quando é orientado pela direção a ocupar a fazenda de Mezenga (Antonio Fagundes). É um idealista. Quando consegue assentar um grupo, segue em frente, para conquistar terras para outras pessoas que não têm onde viver. Seu lema é: “Terra, sim; guerra não”. Ele acha que só merece a terra aquele que a faz produzir para si e para seus semelhantes. JACIRA (Ana Beatriz Nogueira) – Mulher de Regino (Jackson Antunes). Briga muito com o marido porque queria viver quieta, no seu pedaço de terra, criando o filho em paz. Não concorda com o ideal dele, de querer resolver o problema de todo inundo. MARIETA / RAFAELA (Glória Pires) - Jovem bonita e esperta, aparentemente muito sofrida, que se apresenta a Geremias (Raul Cortez) como filha de seu irmão Giácomo (Manoel Boucinhas), morto no acidente de um caminhão de boias-frias. Provoca a imediata reação dos empregados do fazendeiro, que seriam ricamente beneficiados pelo seu testamento. A trama apresenta a personagem como uma impostora, mas há um mistério que cerca Marieta e, aos poucos, a história vai revelando quem ela realmente é. Independente disso, sua chegada fortalece o exército Berdinazi na fase da briga contra os Mezenga. JUDITE (Walderez de Barros) - Criada de Geremias (Raul Cortez), fiel defensora da casa. Leal, respeitosa, mas muito ciumenta. Faz frente a Marieta (Glória Pires), certa de que se trata de uma vigarista, disposta a roubar o que seu patrão levou tantos anos para construir. OLEGÁRIO (Rogério Márcico) – Espécie de gerente de Geremias (Raul Cortez) nas fazendas de café, de leite e de todo o complexo industrial que ele construiu na vida. Tem pelo patrão uma admiração profunda e jamais seria capaz de traí-lo, mas fica evidentemente esperançoso quando ele diz que está disposto a criar uma fundação ou o que quer que seja para deixar seu patrimônio para os empregados, especialmente para os que o acompanharam a vida toda. E ele é o principal deles. Entra em conflito com a chegada de Marieta (Glória Pires). DR. FAUSTO (Jairo Mattos) – Advogado de Geremias Berdinazi (Raul Cortez), conhece tudo sobre seu passado. Foi seu grande aliado na tentativa de localizar o irmão, e é quem está encarregado de encontrar uma fórmula para que o “Rei do Café” não deixe suas riquezas para o governo. E, claro, considera-se um dos premiados, caso consiga. Tipo galã maduro, inteligente e de boa aparência.
E MAIS: Adenor de Souza – Lupércio Adilson Barros - Motorista da fazenda de cana Altamiro Martins – Tabelião Amilton Monteiro - Detetive Clóvis Antônio Castiglioni - Bruno Mezenga criança Antonio Pompeo – Dominguinhos Arietha Corrêa – Chiquita Armando Valsani – Cantor Átila Iório - Caiçara Beto Bellini - Jagunço Carlos Takeshi - Piloto de Mezenga (Antonio Fagundes) Carolina Brada - Companheira de Regino (Jackson Antunes) no grupo dos sem-terra Celso Frateschi - Motorista Chica Xavier – Madre que cuida de Luana (Patrícia Pillar) Chico Expedito - Pedro Chiaramonte Cosme dos Santos – Formiga David Y Pond - Líder do grupo extremista japonês Davis Otane - Companheiro de Regino (Jackson Antunes) no grupo dos sem-terra Décio Trota – Músico/Bandolim Edmilson Capeluppi – Músico/Violão Emilio Fontana – Delegado Emilio Orciollo Netto - Giuseppe Berdinazi Eraldo Rizzo – Representante dos ingleses Flavio Antonio - Dr. Castanho Genésio de Barros - Superlíder dos sem-terra Gisele Sumar - Empregada do senador Caxias (Carlos Vereza) Guilhermino Domiciano – Policial Guilherme Fontes – Otavinho Helio Cícero - Walfrido Henrique Lisboa – Carteiro lberto Perez - Senador Ilva Niño - Joana José Augusto Branco - delegado Josimar José Marinho – Jagunço Juliana Monteim - Companheira de Regino (Jackson Antunes) no grupo dos sem-terra Jurandir Oliveira - Líder sem-terra Leila Lopes - Suzane Liana Duval - Quitéria Lucelia Machiavelli - Geni, esposa de Mauriti (Francisco Carvalho) Luiz Baccelli – Oficial Luiz Carlos Rossi - Representante dos ingleses Luis de Lima – médico Luiz Parreiras - Orestes Luiz Serra - Fazendeiro Luiza Fiori - Gema, mais velha Malu Valle - Apresentadora TV Mara Carvalho - Bia Marcelo Decária – Praça Marcos Antônio Lauro Marcos Vinícius Gomes Maria Ribeiro – Prostituta Mariana Pereira - Rafaela, neta de Gema (Sônia Tozzi/Luiza Fiori) Mercedes de Souza – Parteira Mii Saki - Mulher de Tetsuo (Yamay Keniche) Milton Gonçalves Nelson Baskerville – Repórter Neusa Borges – Marta Newton Moreno - Companheiro de Regino (Jackson Antunes) no grupo dos sem-terra Nino Valsani – Cantor Paulo Goulart – Juiz Pedro Gabriel - Uerê (Rafael) Poena Vianna - Companheiro de Regino (Jackson Antunes) no grupo dos sem-terra Regina Dourado - Magu Renato Master - Delegado Bordon Ricardo Homuth - Piloto de helicóptero Rodrigo - Filho de Regino (Jackson Antunes) e Jacira (Ana Beatriz Nogueira) Roney Vilela – Genivardo Sérgio Milleto – Dr. Arnô Silvia Andro Síria Betti – Inês, mãe de Gema (Sônia Tozzi) Sônia Tozzi - Gema, moça que Bruno (Marcello Antony) conhece na Itália Tácito Rocha - Promotor Tadeu di Pietro - Delegado Valdir Tanah Correa – Juiz Tarcísio Meira - Giuseppe Berdinazi (primeira fase) Toninho Ferragutti – Músico Acordeon Venerando Ribeiro- Delegado em Araguaia Wald Stern – Alemão Zéluiz Pinho – Jau/Peão velho Esconder
CENAS MARCANTES - O senador Roberto Caxias, interpretado por Carlos Vereza, protagonizou uma das cenas mais emblemáticas da novela: aquela em que o personagem faz um discurso emocionado sobre os sem-terra para um plenário ocupado apenas por três colegas – um cochilando, outro lendo jornal e o terceiro falando ao celular. A cena causou protestos de senadores. No dia seguinte, o então senador Ney Suassuna subiu à tribuna do Senado para protestar contra o que classificou de “distorção da realidade”. Segundo ele, a cena induzia a população a acreditar que não havia senadores honestos no país. Leia mais!
- O líder Regino (Jackson Antunes) e o senador Caxias são assassinados em uma emboscada num acampamento de trabalhadores sem-terra, no Pontal do Paranapanema, em São Paulo. Mais uma vez na novela, o autor Benedito Ruy Barbosa fundiu realidade e ficção, desta vez na cena do velório do político, que contou com a participação dos senadores Eduardo Suplicy e Benedita da Silva. A princípio reticente em fazer uma cena dentro de um caixão, Carlos Vereza acabou dormindo durante a gravação. Esconder
PRODUÇÃO - Para as gravações de O Rei do Gado, foram utilizados pelo menos cinco pólos de produção: Itapira, Ribeirão Preto e Amparo (SP), Guaxupé (MG) e Aruanã (GO) – por onde se espalhavam as fazendas usadas como locação –, além do Projac, onde ficavam os estúdios e a cidade cenográfica construída para a novela. - A reconstituição das cenas de batalha da Segunda Guerra Mundial, exibidas na primeira fase da história, foi feita com cerca de 300 figurantes, na cidade de Craco, uma das regiões mais pobres da Itália. As cenas foram filmadas em película 16mm. Leia mais!
- Na Itália, também foram feitas algumas sequências em Guardiã Perticara e no monumento dos pracinhas brasileiros, na Toscana. - Luiz Fernando Carvalho dirigiu sozinho toda a primeira fase de O Rei do Gado. Na segunda fase, dividiu o trabalho com Carlos Araújo, Emílio di Biasi e José Luiz Villamarim. Esconder
FIGURINO E CARACTERIZAÇÃO - A maquiagem dos atores da primeira fase de O Rei do Gado mereceu atenção especial. Para caracterizar os personagens, imigrantes trabalhadores da terra, queimados pelo sol e endurecidos pelo tempo, a equipe supervisionada por Isabel Arbizu fez um curso com Ve Neill, maquiadora de Hollywood, indicada ao Oscar pela maquiagem de Jack Nicholson no filme Hoffa (1992), de Danny DeVito. Fotos em close dos atores, com todas as medidas necessárias, foram enviadas à maquiadora que, em seguida, veio ao Brasil para treinar as profissionais da novela com o material que seria usado.
CENOGRAFIA E PRODUÇÃO DE ARTE - A sede da maior e mais querida fazenda de Bruno Mezenga (Antonio Fagundes) foi construída na cidade cenográfica, no Projac. Era, até então, a maior casa já feita pelo cenógrafo Raul Travassos, idealizada para gravações externas e internas. A sede contava com dois pavimentos de 600m² de construção. Só as paredes eram cenográficas, mesmo assim ganharam revestimento de argamassa. O chão era de pedra e tijolo, as vigas de maçaranduba, o teto de pau do mato e eucalipto, e portas e janelas foram feitos com madeira de demolição. - As paisagens bucólicas da região do Araguaia, onde ficava uma das fazendas de Bruno Mezenga, encantaram os telespectadores. A área é formada por ecossistemas típicos do Pantanal, da Floresta Amazônica e do Cerrado, abrigando extensa diversidade de flora e fauna. FOTOGRAFIA - Reforçando o olhar cinematográfico do diretor, a novela contou com a fotografia de Walter Carvalho, um dos mais prestigiados fotógrafos de cinema do país, que já havia trabalhado com Luiz Fernando Carvalho em Renascer (1993), também de autoria de Benedito Ruy Barbosa. - Para dar o tratamento da luz na primeira fase da novela, o diretor Luiz Fernando Carvalho se inspirou em pinturas italianas, do final do século XIX até a era romântica. A intenção era captar a atmosfera dos imigrantes do interior de São Paulo na década de 1940. Segundo o diretor, em vez da luz dilacerada, de cores fortes e altos contrastes de Renascer, quando estudou pintores baianos, em O Rei do Gado a luz criava uma atmosfera mais tênue, clara, sem muitos claros e escuros. “Tinha que passar a impressão de que a luz tem cheiro, um perfume, não é ardida, não bate no rosto da pessoa, mas perfuma, como se estivesse em volta dela, e não sobre ela”, afirmou ele à época do lançamento da novela. CURIOSIDADES - Stênio Garcia, Bete Mendes, Antonio Fagundes e Patrícia Pillar foram escalados para passar um tempo no Mato Grosso pesquisando a região, suas paisagens e os tipos humanos locais. Ali Stênio Garcia foi construindo seu personagem que, junto com o de Bete Mendes, tinha a responsabilidade de representar na novela o clima bucólico da vida rural brasileira. Em depoimento ao Memória Globo, o ator contou que, ao trabalhar sobre a foto de Zé das Águas – um habitante local no qual os passarinhos gostavam de pousar –, ele pôde vislumbrar um personagem já realizado. A imagem havia sido um presente do poeta Manoel de Barros ao ator. - Antonio Fagundes conta que foi prometido ao elenco um intervalo de pelo menos um mês entre as duas fases da novela. Como ele fazia o avô na primeira e o neto na segunda, engordou para o primeiro personagem e esperava perder peso até a outra fase. Mas o intervalo foi de apenas 12 horas. Segundo o ator, os sete capítulos da primeira fase levaram cerca de três meses para ficar prontos, tamanho o capricho e a dedicação da equipe. Leia mais!
- Alguns atores se submeteram a laboratórios intensos antes da novela. Letícia Spiller e Patrícia Pillar, por exemplo, ensaiaram com a atriz e bailarina Gisela Rodrigues, professora e pesquisadora do Departamento de Artes Corporais da Unicamp, para comporem suas caboclas. Leonardo Brício, Caco Ciocler, Manoel Boucinhas e Marcello Antony também fizeram laboratórios, sob coordenação do diretor Emílio de Biase. Eles viajaram para a região de Amparo, em São Paulo, onde tiveram várias aulas com os colonos locais, aprendendo a montar, cavalgar, bater feijão e colher café, entre outras atividades, para interpretar rapazes da roça. - Paralelamente à história romântica da primeira fase de O Rei do Gado, Benedito Ruy Barbosa fez o retrato de uma época que viveu pessoalmente. Na juventude, o autor morou em fazendas e acompanhou o recebimento do café, aprendeu a selecionar os grãos, conferir o peso, ver a amostragem das impurezas e o tempo da broca, etapas que mostrou na novela. - O Rei do Gado estreou dois meses após a morte de 19 trabalhadores sem-terra em Eldorado dos Carajás, no Pará.A reforma agrária e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) foram abordados pela primeira vez numa telenovela. O tema teve grande repercussão na mídia e na sociedade em geral. - A novela marcou a estreia na TV Globo de Marcello Antony, Caco Ciocler, Emilio Orciollo Neto e Lavínia Vlasak. - Argentina, África do Sul, Canadá, Cuba, Grécia, Nicarágua, Noruega, Polônia e Rússia foram alguns dos mais de 30 países que exibiram O Rei do Gado. - Entre 15 de março e 13 de agosto de 1999, a novela foi reapresentada no Vale a Pena Ver de Novo. Esconder
TRILHA SONORA - Foram lançados dois CDs da novela, O Rei do Gado 1 e 2. Juntos, garantiram a maior vendagem de cópias de trilhas de novelas até então. A dupla Pirilampo e Saracura assinou sete das 12 canções do segundo CD. Leia mais!
Volume 1: Rei do Gado – Tema de abertura Compositores: Teddy Vieira Intérprete: Orquestra da Terra
Coração Sertanejo – Tema de Bruno Mezenga Compositores: Neuma Morais/ Neon Morais Intérprete: Chitãozinho & Xororó
Admirável Gado Novo – Tema do núcleo dos Sem-Terra Compositores: Zé Ramalho Intérprete: Zé Ramalho
La Forza della Vita – Tema do Senador Caxias Compositores: Paolo Vallest/ Beppe Datti Intérprete: Renato Russo
Eu Te Amo, Te Amo, Te Amo – Tema de Léia Mezenga Compositores: Erasmo Carlos/ Roberto Carlos Intérprete: Roberta Miranda
Correnteza – Tema de Luana Compositores: Antonio Carlos Jobim/ Luiz Bonfá Intérprete: Djavan
À Primeira Vista – Tema de Marcos e Liliana Compositores: Chico César Intérprete: Daniela Mercury
Sem Medo de Ser Feliz – Tema de Ralf Compositores: Zezé Di Camargo Intérprete: Zezé Di Camargo & Luciano
Doce Mistério – Tema de Lia e Pirilampo Compositores: Nill Bernardes/ Luiz Schiavon/ Marcelo Barbosa Intérprete: Leandro & Leonardo
Vaqueiro de Profissão – Tema de Zé do Araguaia Compositores: Mário Maranhão/ Iranfe Maciel Intérprete: Jair Rodrigues
The Woman In Me (Needs The Man In You)– Tema de Suzane Compositores: Shania Twain/ Lange Intérprete: Shania Twain
O Que Vem a Ser Felicidade – Tema de Rafaela Compositores: Orlando Moraes Intérprete: Orlando Moraes (Partic. especial Dominguinhos)
Cidade Grande Compositores: Intérprete: Metrópole
Caminhando Só Compositores: Intérprete: Evara Zan
Volume 2: Cabecinha no Ombro Compositores: Paulo Borges Intérprete: Pirilampo e Saracura
Mia Gioconda – Tema de Jeremias Berdinazzi Compositores: Vicente Celestino Intérprete: Chrystian & Ralf (Partic. especial Agnaldo Rayol)
Pirilume Compositores: Almir Sater Intérprete: João Paulo & Daniel
No Fim do Asfalto Compositores: Nil Bernardes/ Luiz Schiavon/ Marcelo Barbosa Intérprete: Orquestra da Terra
Cortando Estradão Compositores: Anacleto Rosas Júnior Intérprete: Pirilampo e Saracura
Vagabundo Compositores: Carreirinho Intérprete: Pirilampo e Saracura
Siá Mariquinha Compositores: Luiz Assunção/ Evenor Pontes Intérprete: Dominguinhos
Brasil Poeira Compositores: Almir Sater/ Renato Teixeira Intérprete: Pirilampo e Saracura
Boiadeiro Errante Compositores: Teddy Vieira Intérprete: Pirilampo e Saracura
Travessia do Rio Araguaia Compositores: Dino Franco/ Dicró dos Santos Intérprete: Pirilampo e Saracura
Você Vai Gostar Compositores: Elpídio dos Santos Intérprete: Pirilampo e Saracura
Rei do Gado Compositores: Teddy Vieira Intérprete: Pirilampo e Saracura Esconder
AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS - As cenas em que Ralf (Oscar Magrini) espanca Léia (Silvia Pfeifer) chamaram a atenção dos telespectadores para o tema da violência contra a mulher. PRÊMIOS - O Rei do Gado recebeu o Certificado de Honra ao Mérito no San Francisco International Film Festival, concorrendo com 1.525 produções de 62 países. - A primeira fase da novela, considerada um dos grandes momentos da teledramaturgia brasileira, e cujos sete capítulos mostravam a decadência do ciclo do café e a participação do Brasil na II Guerra Mundial, foi transformada pela Divisão Internacional da Rede Globo na minissérie Giovanna e Henrico. A obra foi selecionada como hors-concours no Festival Banff, do Canadá, entre 720 produções de 38 países. - O Rei do Gadoconquistou excelentes índices de audiência e ganhou o Troféu Imprensa de melhor telenovela. FONTES Leia mais!
[Depoimentos concedidos ao Memória Globo por: Antonio Fagundes (06/03/2002), Benedito Ruy Barbosa (04/12/2000), Carlos Vereza (14/06/2002), Eva Wilma (11/05/2001), Raul Cortez (19/06/2002), Ruy Mattos (06/06/2001) e Stênio Garcia (19/06/2002); Boletim Especial de Programação da Rede Globo, número 1223; Centro de Documentação da TV Globo (Cedoc); “A estética do cinema no vídeo” In: O Globo, 16/06/ 1996; ELIAS, Eduardo. “Parlamentares se irritam com o senador de Vereza” In: O Estado de S. Paulo, 04/08/1996; FERNANDES, Ismael. Memória da Telenovela Brasileira. São Paulo, Brasiliense, 1994, p.442; MEMÓRIA GLOBO. Dicionário da TV Globo, v.1: programas de dramaturgia & entretenimento. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2003; MEMÓRIA GLOBO. Entre Tramas, Rendas e Fuxicos – O Figurino na Teledramaturgia da TV Globo, Editora Globo, 2007; MEMÓRIA GLOBO. Guia Ilustrado TV Globo - Novelas e Minisséries. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2010; MEMÓRIA GLOBO. Autores – Histórias da Teledramaturgia. São Paulo, Editora Globo, 2008; PADIGLIONE, Cristina. “O rei do gado ganha prêmios em festivais” In: Folha de S. Paulo, 15/05/1997] Esconder