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Última atualização: 27/03/13       

REVIEWS
 

Os Invisíveis #1 Título: OS INVISÍVEIS # 1 (Brainstore Editora) - Revista mensal

Autores: Grant Morrison (roteiro) e Steve Yeowell (desenhos).

Preço: R$ 6,90

Data de lançamento: Março de 2002

Sinopse: Beatles Mortos - Dane McGowan, um adolescente revoltado, costuma passar suas noites fumando, roubando carros, jogando coquetéis Molotov em bibliotecas e escolas, e vendo fantasmas dos Beatles vagando pelas ruas de Liverpool. Finalmente, o inevitável acontece: acaba preso numa instituição de correção de menores chamada Casa da Harmonia.

Mas o que Dane não imagina é que ele foi escolhido para ser um novo recruta de uma organização secreta conhecida como Os Invisíveis, e que a Casa da Harmonia é um lugar maligno infestado pelos inimigos desse misterioso grupo.

Positivo/Negativo: Antes de tudo, parabéns para a Brainstore pela iniciativa de lançar uma edição decente de Os Invisíveis no Brasil. Muito sabiamente, a editora decidiu publicar a série do início, ignorando as desastrosas tentativas das editoras Magnum e Metal Pesado.

A Magnum chegou a publicar esse número 1, porém, numa edição ruim e com cortes de páginas absurdos. A série já é complexa, faltando páginas, então, a coisa fica impossível!

O título é um projeto muito pessoal de Grant Morrison, um veículo para suas idéias polêmicas e, dependendo de quem lê, indigestas. Basicamente, a trama é sobre uma sociedade secreta de rebeldes, conhecida como Os Invisíveis, que luta para salvar a Terra de invasores transdimensionais que já mandam no planeta há muito tempo.

Mas esse breve resumo não dá conta de insinuar as muitas complexidades da série. Seus "heróis", se é que o termo se aplica, são tudo menos convencionais. Morrison não tem a menor pressa de explicar nada do que está acontecendo, deixando o leitor imerso numa constante perplexidade.

Dane McGowan, de início, parece ser apenas um típico rebelde sem causa, mas logo o leitor é informado que ele pode ver fantasmas dos Beatles e outras coisas mais assustadoras. King Mob, aparentemente o líder dos Invisíveis, utiliza-se de amuletos egípcios, tarô, armas futuristas e LSD como ferramentas de suas atividades de, digamos, agente secreto (chega a invocar John Lennon num ritual lisérgico fantástico, retratado em duas páginas pra lá de psicodélicas). A Casa da Harmonia usa métodos sinistros como lobotomia e lavagem cerebral e assemelha-se muito à escola massacrante do filme Pink Floyd - The Wall. Além disso, seus diretores e funcionários mantêm relações com seres horrendos, vindos de outras dimensões, e alguns têm a capacidade de transferir suas consciências para os corpos de insetos.

Todos esses elementos, aparentemente disparatados vão sendo apresentados ao leitor numa narrativa enxuta e vibrante, desafiadora, pois exige não apenas a atenção do leitor, mas também sua capacidade de abrir a mente para novas idéias e pontos de vistas.

A série costuma ser criticada por ser confusa demais. Morrison responde com todo o seu estilo inglês de ser: "Não acho que minhas histórias sejam mais confusas do que aquela (…) de X-Men!". Claro que ele não imaginava que seria escritor dos mutantes um dia, mas isso não vem ao caso agora. O fato é que Os Invisíveis é um dos melhores exemplos do que o selo Vertigo se propunha ser: quadrinhos provocadores, exigentes, trazendo abordagens não convencionais e temas menos convencionais ainda, elaborados para tomar de assalto o leitor, mexer com sua cabeça.

Em vez de procurar agradar o leitor e alavancar as vendas, a idéia é exigir que ele pense, reflita, deixe-se absorver pela história e seja alterado por ela. Quadrinhos pra quem pensa, de fato. A Vertigo perdeu muito de sua essência com o passar dos anos, mas Os Invisíveis é um fino representante dessa safra clássica.

Na terceira capa dessa edição, Morrison explica melhor do que ninguém, num texto bem-humorado, qual era a filosofia da Vertigo, mostrando como Os Invisíveis se encaixa naquilo que o selo tinha de melhor.

Outro ponto bastante positivo da série é sua originalidade, em relação aos demais títulos do selo. Magia é o seu tema central (embora mesclada à ficção científica), mas é uma abordagem do tema totalmente diferente da de Hellblazer, por exemplo. E, acima de tudo, bastante diversa de Sandman, o que é ótimo, pois a Vertigo anda sobrecarregada de títulos derivados da obra-prima de Neil Gaiman. Já era hora de os leitores brasileiros terem a oportunidade de mergulhar num universo novo, pra variar.

A edição da Brainstore está excelente (exceto pelo preço, claro) e o texto, traduzido por Jotapê Martins, não apresenta, felizmente, os irritantes erros de português que se tornaram comuns nos últimos tempos.

A arte de Steve Yeowell, velho parceiro de Morrison dos tempos de Zenith, é simples e eficiente, conduzindo o leitor pela narrativa, sem que ele nem sequer se dê conta disso. Que Os Invisíveis tenha chegado pra ficar. Quadrinhos inteligentes estão cada vez mais raros.

Classificação: - Rodrigo Emanoel Fernandes

 
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