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Escola Base: o pré-julgamento de pessoas suspeitas

Preso durante o caso diz temer novos pré-julgamentos. "A luta é genuína, mas não pode haver caça às bruxas"

Matheus Pichonelli, iG São Paulo |

Preso e investigado durante o caso Escola Base, em que donos de uma escola de São Paulo foram acusados de pedofilia e, mais tarde, inocentados, o americano Richard Pedicini afirma temer que o combate à pedofilia no País gere outro tipo de abuso: o pré-julgamento de pessoas suspeitas.

O episódio, ocorrido há 16 anos, é até hoje citado em cursos de direito e jornalismo como exemplo de como erros cometidos durante investigações podem resultar em problemas para acusados inocentes. Pedicini mora hoje em São Paulo com a mulher e a filha brasileiras, trabalha como tradutor e diz realizar uma espécie de monitoramento de casos como o da Escola Base que ainda acontecem no País.

“Quase sempre existe muito barulho para pouca evidência. Vocês continuam condenando inocentes como já fizeram no passado”, disse ele, dirigindo-se a jornalistas e militantes antipedofilia presentes num debate sobre o tema durante o 5º For-JVS (International Forum of Justice), em São Paulo.

Pedicini, que estava na plateia, citou um caso ocorrido na cidade de Catanduva, no interior de São Paulo, onde duas pessoas foram condenadas sob suspeita de praticar abusos em dezenas de crianças. Segundo Pedicini, os suspeitos foram condenados à prisão mesmo não havendo qualquer laudo que provasse que as crianças haviam sido molestadas. Diante da manifestação, o clima ficou tenso no auditório, e levou o deputado José Bruno (DEM), um dos participantes do debate, a pedir que o americano não usasse sua experiência pessoal como forma desacreditar a luta contra um problema “grave”.

“A luta é genuína, mas não pode haver caça às bruxas. Quando aconteceu comigo não queriam ouvir o que eu tinha a dizer”, respondeu o americano. “É preciso tomar cuidado com as denúncias. No Paraná, as delegacias especializadas dizem que 80% das denúncias que recebem são levianas”, afirmou.

Logo após a manifestação, a advogada Roseane Miranda, criadora do primeiro site de denúncias online contra pedofilia no País, comentou sobre as dificuldades para se filtrar acusações do tipo. “É realmente delicado. Mesmo no caso de padres envolvidos, é preciso diferenciar quem são as pessoas e quem são as instituições. Conheço padres que dizem ter receio até de abraçar crianças hoje em dia com medo de ser mal-interpretado. Acompanhei também o caso dos padres de Arapiraca. Aquilo que a CPI do Senado fez na cidade foi um circo. É preciso tomar cuidado com isso”.
 

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