Think about it...
09 / 09 / 2013
Imagina: um Romeu muito gato garoto, de jeans surrado, coturnos vermelhos, t-shirt branca e cueca roxa. Do outro lado, uma Julieta negra, descalça, cabelos soltos, com um vestido longuete de algodão e mais nada (aparentemente).
Pode parecer que esse casal não tem liga nenhuma e que talvez duas pessoas assim jamais se cruzassem numa balada pra rolar paixão. E rolou. Ladeira abaixo! Mais do que isso: pra mim, foi uma das versões mais lindas e emocionantes da famosa peça Romeu e Julieta, do Shakespeare.
Explico: no sábado fomos assistir à peça estrelada por Orlando Bloom (pausa para suspiros) e pela atriz Condola Rashad (diz que ela estava em Sex And The City 2! Alguem sabe a cena?). Bom, a peça está em cartaz na Broadway, no teatro Richard Rodgers Theatre e, olha: quem estiver ou for passar por Nova York nos próximos meses (não consegui achar a data de até quando ela vai ser exibida!) não pode perder! Tudo bem que a gente já sabe como a história termina… Mas, dessa vez, eu não sabia como ela seria contada!
Orlando, Orlando! Wherefore art thou Orlandoooo
+ Para infos de onde comprar ingressos, horários de apresentação e o email de contato do Orlando (i wish), clique aqui
Achei ousado uma Julieta descalça. Achei ousado um Romeu Hollywoodiano. Mas aí lembrei que o amor é a força mais poderosa do mundo e pensei que essa ousadia toda é, na verdade, aquele tipo de dificuldade romântica que a gente adora criar pra poder superar. Aquele quase-prazer de brigar com o namorado, por exemplo, só pra poder fazer as pazes depois. É alegria certa.
Sabe quem também é ousado na peça? O figurino. Isso mesmo: a roupa do elenco faz piada da gente, tira sarro do nosso espirito consumista que dá um break das lojas de departamento de Nova York e finge que vai ter momento culturete – mentira, a gente vai mesmo pra ver Orlando Bloom de pertinho, pra suspirar por ele no escuro e ficar imaginando uma belezura daquela recitando Shakespeare pra gente….
A verdade é que o figurino DESAFIA a gente mulherada. Essa moça tá lá, sem um parzinho de Louboutin, sem uma tendêncinha de moda, sem um nano acessório no pescoço e é pra ela que o Orlando oh wait! Romeu… Olha todo apaixonado e derrmanda coisas do tipo:
Two of the fairest stars in all the heaven
Having some business, do entreat her eyes
To twinkle in their spheres till they return
What if her eyes were there, they in her head?
The brightness of her cheek would shame those stars
As daylight doth a lamp; her eyes in heaven
Would through the airy region stream so bright
That birds would sing and think it were not night
Veredicto? A gente quer ser essa Julieta.
Tem mais: o figurino é tão louco (mesmo! Daqueles sem nenhuma referência cronológica) que o que pode parecer erro de cálculo do diretor é, na verdade, acerto do universo: paixão não tem calendário, não tem lógica, ajuste histórico e muito menos hora pra acontecer. Paixão é agora. A vida é agora… Se você está afim de usar aquele look de 3 anos atrás, quem se importa se ele está in ou out? Sua vontade própria é que deve estar na moda. SEMPRE!
Sai do teatro e parei na hora a brincadeira “como seria se eu ganhasse na loteria” – confessa aí, todo mundo que está em Nova York faz viagem mental com destino ao mundo do cartão de crédito sem limite… Bom, no lugar de sofrer por mais uma bolsa do momento, que tal aproveitar (o momento) pra conhecer (de verdade) o nome da vendedora da loja? #éominimo
Não falta amor gente. Só falta amar. E de nada adianta um look incrível se ele só cobre um corpo e não uma alma.
O (aparentemente) nada de Julieta é, na verdade, o tudo que a gente precisa: olhar para o outro.