Djalma Santos: quatro Copas, muitas glórias e um feito digno de Pelé

ter, 23/07/13
por gm marcelo |

Em sua edição de julho, a revista inglesa “World Soccer” promoveu uma eleição para indicar a seleção dos melhores jogadores de todos os tempos. Setenta e três eleitores, entre jornalistas, treinadores e ex-jogadores, participaram da escolha. E um brasileiro foi indicado para a lateral direita: Cafu. Certamente, grande parte dos votantes não viu jogar um outro lateral-direito. Também brasileiro. Também bicampeão mundial. Se tivessem, provavelmente mudariam de voto. Apenas 11 (um time de futebol) lembraram daquele nome (com sobrenome) que marcou época no futebol nacional e mundial nos anos 50 e 60. E que conseguiu um feito que só Pelé também possui na Seleção: ser titular em jogos de quatro Copas do Mundo.

Djalma Santos, que morreu nesta terça-feira, vítima de pneumonia grave, foi um exemplo de longevidade e técnica. Um talento raro que o permitiu obter algo que só ele conquistou: ser indicado como o melhor de sua posição em uma Copa do Mundo tendo atuado em apenas uma partida.

Djalma dos Santos - o seu nome completo -  estreou na Seleção em 1952. E só se despediu do escrete 14 anos depois, na Copa de 66.

Logo em seu primeiro Mundial, em 1954, com 25 anos, mostrou personalidade. Titular nos três jogos da equipe na Suíça, coube ao então lateral da Portuguesa cobrar – e converter – o pênalti a favor do Brasil no duelo das quartas de final contra o temível time da Hungria de Puskas, Czibor, Hideguti e cia. Mas um de seus três gols pela Seleção não impediu a eliminação do país.

Quatro anos depois, chegou à Suécia como reserva do são-paulino De Sordi. Mas o destino quis que o experiente lateral tivesse a responsabilidade de entrar na decisão contra os donos da casa. O titular sofreu uma lesão muscular e admitiu para o treinador Vicente Feola que não tinha condições de atuar na final. Djalma não sentiu a pressão e teve uma bela atuação em Estocolmo. Marcando com muita eficiência o atacante Skoglund, um dos destaques do time sueco.

O desempenho naquele único jogo fez com que seu nome fosse indicado como o melhor lateral-direito da Copa em uma seleção montada por jornalistas de todo o mundo.

Em 1962, com 33 anos, já como jogador do Palmeiras, chegou ao Chile com status de titular absoluto. E, mesmo veterano, mostrou sua força física privilegiada e jogou nas seis partidas do Brasil no Mundial, ajudando o time a ser bicampeão.

No ano seguinte, foi o único brasileiro convocado para defender a Seleção da Fifa no amistoso contra a Inglaterra, em Wembley. Foi titular, atuando ao lado de craques como Di Stefano, Puskas, Yashin e Eusébio.

E aos 37 anos, foi convocado pelo mesmo Vicente Feola de 58 para o Mundial da Inglaterra. Atuou na vitória contra a Bulgária (2 a 0), mas foi uma das ‘vítimas’ da derrota para a Hungria (3 a 1). Ameaçado pelo eliminação precoce, Feola mudou oito jogadores para o duelo contra Portugal. Incluindo o velho lateral, que contra a mesma Hungria de 54 fez a sua última partida da Seleção.

Se despediu com um total de 111 jogos pelo Brasil (sendo 98 contra selecionados nacionais).

Mas seguiu nos gramados e somente abandonou o futebol em janeiro de 1971, prestes a completar 42 anos. Com a camisa do Atlético-PR, pelo qual foi campeão paranaense em 1970.

Além de seus títulos e belas atuações, Djalma Santos é dos raríssimos brasileiros que disputaram quatro Copas do Mundo. Como ele, só possuem esta honra no currículo  o também bicampeão mundial Nilton Santos (50/54/58/62), Castilho (idem), Leão (70/74/78/86), Cafu (94/98/2002/2006), Ronaldo (idem). E Pelé (58/62/66/70). Mas só Djalma Santos se igualou ao Rei do futebol ao ser titular em pelo menos uma partida de cada um dos quatro Mundiais.

Um feito digno de um craque eterno.

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A história dos ‘lados’ das torcidas no Maracanã

sex, 19/07/13
por gm marcelo |

A volta dos clubes cariocas ao Maracanã neste domingo, após três anos sem que os torcedores do Rio pudessem ver seus times do coração no estádio mais emblemático do país, está marcada não pelo duelo em campo entre Fluminense e Vasco. E sim pelo local em que as torcidas dos dois clubes deverão ocupar. Como um dos novos ‘donos’ do Maracanã, o Fluminense decidiu ‘reservar’ para os fãs tricolores o espaço à direita das cabines de imprensa. Exatamente o local tradicionalmente ocupado pelos vascaínos.

E como ocorreu essa ‘ocupação de território’ em um dos estádios mais famosos do mundo? A tradição remonta a 1951, ano seguinte à inauguração do Maracanã. Segundo pesquisa realizada pelo jornalista Fábio Grijó, do SporTV, o Vasco teve o direito a escolher o lado em que desejava que sua torcida ficasse por ter sido o primeiro campeão carioca da Era Maracanã. Com o título de 1950, em 28 de janeiro de 51, conquistado na final diante do América pelo time que era a base da Seleção da Copa disputada no Brasil (Ademir Menezes, Danilo Alvim, Chico, Barbosa, Augusto, Maneca, Eli, Alfredo II).

O Vasco decidiu escolher o lado direito. Coube ao Flamengo, por ter a maior torcida, ficar com o lado esquerdo, ganhando também um espaço fixo no estádio.

Em relação a Botafogo e Fluminense, houve um acordo tácito. Os alvinegros passaram a ficar sempre do lado direito, com exceção dos clássicos diante do Vasco. E os tricolores ficaram à esquerda, menos nos Fla-Flus.

Se essa divisão atrás dos gols surgiu já nos anos 50, a separação das entradas dos torcedores é mais recente. Até meados dos anos 90, os acessos das rampas do Bellini e da Uerj não ficavam restritos a uma torcida. Havia uma entrada conjunta nos dois acessos. Para evitar problema maiores, policiais se colocavam na parte central das rampas. E os torcedores se dividiam no final dela. Um grupo ia para a esquerda. Outro, para a direita.

Com o acirramento da tensão entre organizadas, a Polícia Militar decidiu limitar os acessos. Os torcedores do Flamengo passaram a entrar sempre pelo acesso localizado na Avenida Maracanã, marcado pela estátua do Bellini. E os do Vasco deveriam entrar pela rampa situada na Avenida Radial Oeste. Botafoguenses e tricolores mudavam de local conforme o setor que fossem ocupar.

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