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Número 749, Maio 2013

Política

Mauricio Dias

Monteiro Lobato, racista empedernido

Estudo comprova a admiração do escritor pela Ku Klux Klan, que usava métodos violentos contra os negros nos Estados Unidos
por Mauricio Dias publicado 17/05/2013 13:00, última modificação 18/05/2013 09:31
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Ziraldo

Diversão... mas como a cor não pega...

A revista dados, publicação acadêmica editada pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipesp-Uerj), resgata na edição 56, a polêmica de 2010, em torno das obras infantis do escritor Monteiro Lobato. Artigo assinado pelos professores João Feres Júnior, Leonardo Fernandes Nascimento e Zena Winona Eisenberg não deixa dúvidas: os contos escritos por ele disseminam preconceito.

Lobato, um influente autor brasileiro do século XX, era racista de perigosa influência nos bancos escolares, consumido com avidez pelas crianças. Porém... “Há evidências suficientes para afirmar que (...) Monteiro Lobato era de fato racista (...) foi membro da Sociedade Eugênica de São Paulo e amigo pessoal de expoentes da eugenia no Brasil, como os médicos Renato Kehl (1889-1974) e Arthur Neiva (1880-1943). Uma carta escrita por Lobato a Neiva, em 1928, desmancha dúvidas dos mais intransigentes. Eis um trecho dela, conforme o original: “Paiz de mestiços onde o branco não tem força para organizar uma Kux-Klan, é paiz perdido para altos destinos. André Siegfried resume numa phrase as duas attitudes. ‘Nós defendemos o front da raça branca – diz o Sul – e é graças a nós que os Estados Unidos não se tornaram um segundo Brazil’. Um dia se fará justiça ao Klux Klan (...) que mantem o negro no seu lugar”.

O estudo não foi provocado pela passagem do 125º aniversário do 13 de maio e, sim, pela controvérsia de 2010, que envolveu diretamente o Ministério da Educação a partir, especificamente, do livro Caçadas de Pedrinho, que contém trechos como este: “Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou que nem uma macaca de carvão pelo mastro de São Pedro acima, com tal agilidade que parecia nunca ter feito outra coisa na vida...”; ou este outro: “Não vai escapar ninguém, nem tia Nastácia, que tem carne preta”.

O MEC tem o livro no catálogo do Programa Nacional Biblioteca na Escola. Anotam os autores que, no livro Reinações de Narizinho, Nastácia é chamada “negra de estimação” e Lobato se refere a ela “56 vezes usando o termo a negra”. No confronto, a imprensa, segundo os autores, “assumiu uma postura normativa e militante” com uma forte tendência a “atribuir a responsabilidade” diretamente à “linha ideológica do PT”.

O tema, como é comum no Brasil, acabou carnavalizado. Um tradicional bloco de foliões da zona sul carioca desfilou, inclusive, de camiseta ilustrada com desenho conciliador do cartunista mineiro Ziraldo. Reações inúteis. Lobato não poderia escrever sem o peso da crença no aprimoramento genético por meio de cruzamentos seletivos em que acreditava.

Vetar a publicação? Nunca. Os pais têm o direito de comprar as obras do autor e, com elas, presentear os filhos. Pelo aniversário ou por qualquer outra razão.

Mas o poder público não pode propagar a visão racista de Monteiro Lobato.

Andante mosso

Funeral do “mensalão” I
Aspas para o procurador-geral da República, Roberto Gurgel:

“Não se pode presumir, sem que tenha havido a respectiva condenação judicial, que outros parlamentares foram beneficiados pelo esquema e, em troca, venderam seus votos para a aprovação da Emenda nº 41”.

Esse parecer de Gurgel de terça-feira 14, contrário à anulação da Reforma da Previdência por suposta compra de votos, é o epitáfio do “mensalão”.

Funeral do “mensalão” II
O PSOL alegou junto ao Supremo que a compra de votos “comprovada” no julgamento da Ação 470 anularia a emenda aprovada.

Somente sete parlamentares que votaram a Reforma da Previdência foram condenados e Gurgel alegou ser um número “insuficiente” para dar quórum ou para comprovar que o “mensalão” realmente influenciou a votação para alterar o resultado.

Gurgel desarmou o mecanismo de funcionamento do crime sem provas sustentado por ele na acusação e na qual se basearam ministros do STF.

Apoiado nesse argumento falso, o “psolismo” foi para o ralo.

Um Silva inusitado
No dia 30 de abril, a Secretaria Nacional de Justiça fez a primeira 2ª via de Certificado de Naturalização, com acréscimo de nome em razão de casamento homoafetivo.

Naturalizado brasileiro desde 1982, o requerente José Evaristo de Faria contraiu matrimônio, em 2012, com Laércio Teixeira e incorporou o “Silva” do cônjuge.

O acontecimento é inédito no País. O Silva é apenas mais um brasileiro.

Cabral: guerra à vista
É tenso o clima político no lar de Rosinha e Anthony Garotinho. Ele pressiona Rosinha, prefeita de Campos (RJ), para ela disputar o governo do estado por onde passou (2003-2007).

Eleito deputado com 700 mil votos, Garotinho tem força para transferir votos no interior, área política de Luiz Fernando Pezão, candidato de Sérgio Cabral (PMDB).

Se Rosinha ceder, competirá, pelo segundo turno, com Lindberg Farias (PT). De qualquer forma, os dois unirão forças contra Pezão. Encurralado, o governador ameaça tirar o apoio a Dilma. Por ora, limita-se a divulgar que jantou recentemente com o tucano FHC.

Pastoreio
Dilma perdeu um galho da árvore de partidos que a elegeram em 2010. O Partido Social Cristão (PSC) lançou o nome do pastor Everaldo Pereira à Presidência.

Perde, em termos de tempo de campanha, 1 minuto e 17 segundos e ganha liberdade para enfrentar francamente a questão do aborto e evitar subir ao palanque com o pastor Marco Feliciano.

O objetivo do PSC é crescer. Quer aumentar a bancada no Congresso e, informalmente, usam o lema: “Time que não joga não tem torcida”. No caso de pastores cada ovelha é um torcedor.

Eu vi
Às 23h33 da noite de quarta-feira 15 surgiu um rodapé branco na tela da TV Câmara, chamado tecnicamente de “foguete”, onde se lia: “Hoje é dia de palhaços”. Para a TV Câmara pode ter sido interferência da operadora.

Pode ser, mas o Dia do Palhaço é comemorado a 10 de dezembro.

Se perguntar não ofende...
Então não custa dirigir à Justiça de Alagoas a pergunta de Ana Luiza Marcolino: “Como é que se termina um julgamento e não aparece o culpado pelo crime?”

Ela é irmã de Suzana, namorada de PC Farias, mortos enquanto dormiam, em 1996. PC foi tesoureiro da campanha de Fernando Collor à Presidência, em 1989.

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Mauricio DiasJornalista, editor especial e colunista de CartaCapital. mauriciodias@cartacapital.com.br
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