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Jwana Godinho, a mulher forte dos festivais portugueses

Em vésperas do festival Vodafone Mexefest, a "mulher forte" da Música no Coração desvendou ao Observador os gostos musicais, onde é que descobre bandas e o que mais a incomoda no trabalho que faz.

© André Correia

Fez 40 anos este ano e, mais uma vez, não pôde celebrar com a família porque estava no Super Bock Super Rock, um dos festivais com a chancela da Música no Coração. “Mas tive Eddie Vedder a cantar para mim, que maior prazer podia ter?”. Jwana Godinho, a mulher forte da Música no coração, é uma apaixonada por música que é paga para ir a festivais. Coachella, South by Southwest, Eurosonic e, claro, os festivais da casa, como o Vodafone Mexefest, que acontece esta sexta-feira e sábado em Lisboa.

Em entrevista ao Observador, a booker que também é filha de Sérgio Godinho contou que concertos não perderia no Mexefest. Admite que tem um emprego de sonho, mas nem tudo são rosas.

Que música é que gosta de ouvir?

Eu preciso de ouvir muita coisa. Se calhar as coisas que eu gosto mais de ouvir têm a ver com a descoberta total, ou de músicas que eu não conheço. Se vamos pegar nas coisas que eu oiço em casa, eu oiço muita música brasileira, gosto muito e sempre esteve presente na minha vida. Mas sou incrivelmente eclética, e uma das coisas boas e más em fazer o que eu faço – e eu trabalho há muito tempo em música, não só na contratação de artistas mas trabalhei muito tempo em editoras – é que, por um lado, toda a música que nós ouvimos, fazemo-lo com algumas segundas intenções, mas por outro lado temos acesso a imensa música. E eu gosto sobretudo de descobrir músicas novas, artistas que nunca ouvi, isso é a parte mais fantástica e bonita do nosso trabalho.

Ainda dá para ouvir música só pelo prazer? Ou está sempre a pensar “o que é que eu posso fazer com esta banda”?

Estás sempre a pensar. Apesar de ouvir com algum prazer. Há uns tempos tive o privilégio incrível de estar presente num pequeno encontro de alguns músicos, a propósito de uma visita a Portugal do Nelson Motta, que é uma figura icónica da música brasileira, e ele convidou uma série de fadistas para fazerem um pequenino sarau onde ele estava hospedado. E eu estava a pensar: “realmente, esta coisa de se juntarem uns amigos e de ouvir pelo prazer da música é raro acontecer-me na vida”. Mas vou tentando. Vou tentando ter esse prazer. E depois há um prazer incrível que é dar a conhecer música a outras pessoas. Começa num círculo pequeno, quando estamos na fase de contratação de artistas e mostra-se às pessoas do escritório, que ainda não conhecem. Porque as pessoas que fazem as contratações resumem-me a mim, à minha colega Vanessa [Careta] e ao Luís [Montez]…

Para todos os festivais?

Sim, somos três pessoas e discutimos entre nós. Algumas bandas são nomes incontornáveis que toda a gente conhece, mas há outros que são nomes novos – e o Vodafone Mexefest está cheio desses nomes novos – que vamos ouvindo no nosso círculo e partilhando. Depois, partilhar com os jornalistas, com outros músicos, com o público, com a minha família, com os meus amigos… O dar a conhecer, e depois the ultimate pleasure é de repente ver não sei quantas a vibrar com aquela música que nos, de alguma forma, lhes trouxemos. Isso é um prazer enorme. Mas há muito pouca música que eu ouça pelo simples prazer.

Como é que se chega mais cedo aos nomes que depois explodem nos grandes festivais de verão?

É preciso estar incrivelmente atento. O princípio do Vodafone Mexefest tem muito a ver precisamente com esta novidade, com a descoberta, com o trazer a Portugal e a Lisboa alguns artistas que nunca vieram, ou em formatos diferentes. A premissa é que as pessoas descubram, que se desafiem e que vejam coisas que nunca viram. Nós falamos sempre disto um bocadinho como se fosse um menu de degustação, em que as pessoas provam um bocadinho de várias coisas.

Jwana Godinho, Vodafone Mexefest, Música no Coração,

Montar o horário do Mexefest é um quebra-cabeças. ©André Correia

Para que festivais é que olha como exemplo?

O Mexefest inspira-se num grande festival que existe no Texas, que é o South by Southwest, ao qual eu tenho o privilégio de ir, já fui sete vezes. Quando chega o cartaz desse festival, eu olho para aquilo e não conheço praticamente nada, depois saio dali e percebo que não sei quantas bandas têm um valor incrível ao vivo e depois muitas delas estão a crescer. Aqui é preciso estar muito atento. Mas em relação à programação de um festival, tem de haver muito trabalho de casa para que as coisas façam sentido num palco ou noutro, juntar um artista ou outro. Uma das grandes vantagens em trabalhar na Música no Coração tem a ver com a nossa paixão pela música. Para o bem e para o mal. Já todos cometemos grandes erros à custa de algum artista pelo qual nos apaixonámos [risos]. Mas isso é bom também, porque se isto fosse uma ciência exata não teria graça nenhuma.

O que não quer dizer que por ter tido pouco público não tenha qualidade.

Sim, mas depois temos de pagar a fatura económica da coisa [risos]

Onde é que descobre as bandas que depois vão formar o cartaz do Mexefest?

Eu trabalho muito em conjunto com a Vanessa, que é uma especialista em blogues, ao que dizem os críticos certos, há que perceber o que é que se ouve, lidar com as pessoas certas, quer em Portugal quer fora… E depois é preciso ter algum ouvido. Quando se ouve, perceber onde é que aquilo se encaixa. Hoje em dia, felizmente, e comparando com há cinco anos, quando começou o Super Bock em Stock, que depois deu origem ao Vodafone Mexefest, temos um acesso muito mais próximo do público por causa das redes sociais. As plataformas online são, por excelência, as plataformas onde este tipo de público está a ouvir música. Não quer dizer que não sejam consumidores de discos, mas os tops de discos aqui não interessam tanto. Consegue-se de repente ver que um artista tem um perfil muito grande só pelo que se está a dizer sobre ele online.
Para além das redes sociais básicas há os ‘Pitchforks da vida’, os outros festivais internacionais, revistas como a NME e a Pigeons and Planes, depois em Portugal os críticos e pessoas que só escrevem sobre música, como o Davide Pinheiro na Mesa de Mistura, as rádios, as editoras, há uma série de coisas que vamos vendo. O Soundcloud, obviamente, que é por definição o sítio onde se vão ouvindo mais coisas, Spotify também, a ligação entre uns artistas e outros… Há uma amálgama de sítios onde procuramos informação.

Em 2012 houve pela primeira e única vez Mexefest no Porto. Não resultou?

Resultou bastante bem, mas por questões estratégicas optámos por não o fazer, em conjunto com a Vodafone, mas na altura correu muito bem. Uma das artistas que esteve lá na altura, a St. Vincent, é um prazer tê-la novamente este ano, mas quem sabe se não será para repetir no Porto. Não abandonámos o Porto, é uma pausa. AIiás, o Porto tem um público muito curioso também. E é uma cidade que está com uma dinâmica incrível, com o aumento do turismo e da necessidade da própria cidade de dar resposta a isso, a esse cosmopolitismo.

Há pouco falava do muito trabalho de casa que é necessário para desenhar os horários do Mexefest. É uma dor de cabeça montar este puzzle?

No Mexefest ninguém consegue ver as bandas todas. Vai haver sobreposições, há sempre alguém que quer ver uma banda ao mesmo tempo que outra, há o desafio de ver uma metade e outra metade, de planear o que é que é melhor… Nós dizemos sempre que é absolutamente fundamental a pessoas fazerem muito trabalho de casa antes de virem. É claro que também podem chegar lá, do nada, e ver o que está a dar, mas se a pessoa for com o trabalho de casa vai ser muito melhor. Quando nós estamos a construir o horário pensamos: “as pessoas estão-se a movimentar em que zona da Avenida da Liberdade? Vamos juntar as capacidades das salas para garantir que não há espaços vazios”. Porque imagina que há um momento do dia em que só há duas salas a funcionar e eram as duas mais pequenas do festival. Haveria obviamente complicações. Há muitas variáveis. Mas quando nós lançamos os horários já sabemos que nem todos vão gostar. Nos horários não é possível atender aos pedidos das pessoas, porque isto é um dominó, alterando uma banda é preciso mexer em tudo o resto. Mas no que toca à escolha dos artistas, o público do Mexefest tem mesmo uma palavra a dizer. E nós temos muitas vezes em consideração os pedidos e vamos procurar, porque é um público muito atento, mas nem sempre é possível, ou por valor, ou por calendário, ou por disponibilidade. Há uma série de fatores a ter em conta.

Vai a muitos festivais?

Vou a menos do que gostava. Vou ao South by Southwest todos os anos, como disse, nos últimos cinco ou seis anos tenho ido Coachella, vou ao Eurosonic também, tudo festivais que acontecem em alturas de menos trabalho para nós. Agora o pico dos festivais é na altura em que também nós estamos a trabalhar, por isso vou a muito menos festivais do que gostaria. Eu tinha assim um projeto de vida, um dia quando os meus filhos fossem um bocado mais crescidos, em que eu me reformava disto e passava durante um ano só a ir a festivais no mundo inteiro [risos]. Provavelmente não vou conseguir porque os meus filhos não me vão deixar fazer isso nessa altura.

Provavelmente eles vão querer ir também.

Claro. Tive um filho que se estreou com oito dias no Sudoeste! Acho que eles naturalmente vão ser festivaleiros. Mas pronto, em Portugal tento também ir ao máximo que posso, não só aos meus, embora acabe por começar a pensar em trabalho. Mas pronto!

Trabalho à parte, que bandas é que gostava de ver este ano no Mexefest?

Veria… [olha para o cartaz]. Capicua, Clã e Convidados, Francis Dale, Sinkane, KindnessKing Gizzard & The Lizard Wizard, absoutamente, Tune-Yards, St. Vincent, claro, mas como já vi teria de passar ali no Príncipe Showcase… Isto é um bocadinho difícil, porque eu ia ver tanta coisa! Ah… No sábado Adult Jazz, Perfume Genius, absolutamente, Curtis Harding sem dúvida, Tiago Iorc, mais uma vez aqui a minha veia brasileira a falar, Wild Beasts também, super-banda ao vivo… Mas eu se calhar saltei aqui uma ou outra sala, e eu acho, enquanto espetadora, que um dos prazeres deste festival também é o lado inusitado em que são vistos concertos. A música pode ser ouvida em qualquer sítio, em qualquer circunstância, e o ambiente também transforma a experiência. Eu apanhei o início da grande febre da pirataria e o declínio, de alguma forma, da indústria da música como ela era até então… E os concertos são a única coisa em que não há qualquer hipótese de tu replicares aquilo que tu sentes quando vês uma banda ao vivo. E eu sou ávida consumidora de concertos, até na Internet e na televisão, como parte de prazer e como parte de trabalho. É raro uma banda ser contratada por nós sem que tenhamos visto como é que ela funciona ao vivo, nem que seja virtualmente. Mas a experiência de tu estares ali, nada se compara a isso. E tu estares a ver um concerto numa igreja, como é o caso da Johanna Glaza, que vai estar na Igreja de São Luís dos Franceses, ou de JJ que também está na igreja. Ou mesmo o espaço da Sociedade de Geografia, que é tão especial, tão bonito, tão mágico, que as pessoas não conhecem. A Casa do Alentejo é ali no centro de Lisboa e as pessoas não conhecem. Ali a experiência do concerto pode ser diferente.

Wild Beasts

Os Wild Beasts atuam sábado, às 00h15, no Coliseu dos Recreios. ©Klaus Thymann / divulgação

A parte da construção dos horários é a mais difícil?

No Mexefest é das mais difíceis, conseguir fazer uma conjugação de cartaz que faça sentido, que o máximo de público veja o máximo possível de bandas e que os artistas tenham sempre as salas cheias. Para isso tens de ver. “ok, enquanto esta está a tocar não pode haver concorrência direta, um mesmo perfil de artista”. E como é que se faz isso? É complicado.

Mais difícil do que um grande festival de verão?

Aí consegue-se fazer. São quatro ou cinco palcos com grandes dimensões e é muito mais fácil. Mas dá um gozo dos diabos [risos]

Em termos gerais, é mais fácil contratar agora ou em 2007, quando entraste para a Música no Coração?

É assim, eu tenho mais experiência agora do que quando comecei, e isso também conta. Agora o que é que mudou desde que comecei a trabalhar aqui: há muito mais eventos, em Portugal e na Europa. Porque a nossa concorrência não é só nacional, muitas vezes perdemos bandas para outros festivais que estão em regiões mais centrais. Há vários países que não existiam na rota de festivais, como a Croácia por exemplo, que hoje em dia tem um perfil de festivais muito forte… 2007 foi o momento em que as bandas perceberam: “ok, a indústria musical está a acabar, os concertos vão ser o nosso ganha-pão”. E há sempre uns grandes desequilíbrios, das bandas acharem que são donas de um grande valor. Nós hoje em dia muito facilmente, com as redes sociais, conseguimos contrapor. “Vocês acham que têm este valor, mas nós fizemos aqui uma sondagem e percebemos que vocês não são tão grandes quanto isso”. Por outro lado existem muito mais bandas hoje em dia do que existiam porque é muito mais fácil pôr música cá fora do que antes. Eu tenderia a dizer que é mais fácil contratar agora, mas há outros fatores a criar dificuldades.

Por exemplo?

Já não tantas mega bandas como havia. E a verdade é que hoje em dia, nos nossos festivais, primamos muito por pegar em bandas que não são as mega bandas de antigamente, mas que no seu conjunto tornam o lado musical todo muito mais interessante. E é um desafio. Todos os eventos em Portugal são bastante sponsorizados, o patrocinador também tem uma palavra a dizer porque eles querem estar próximos do que é que é o espírito do festival e nós também queremos isso. Mas nem sempre é uma relação 100% fácil, o que é normal, tal como não é fácil a minha relação com o departamento de marketing ou financeiro porque eu sou um centro de custos [risos]. Mas não consigo dizer que antigamente era mais fácil. Há mais música, há mais promotores, é mais fácil fazer coisas pequenas e interessantes, que também tiram espaço às coisas grandes. Temos é uma vantagem: é que Portugal está completamente na moda. E isso sente-se. As bandas acham que Portugal é um país muito relevante.

Ainda o sol, a praia e o público caloroso, ou há mais alguma coisa que tenha mudado?

É assim, Portugal é um país difícil para captar bandas em termos geográficos. Então se estivermos a falar de bandas maiores, que trazem o material todo em camiões, para bandas que viajam por terra ou começam aqui, ou acabam aqui. Eu adoraria ser promotora na Bélgica ou na Holanda, porque é a coisa mais fácil do mundo porque qualquer banda passa por ali. Aqui é muito difícil nesse aspecto, mas é um público muito generoso, para bandas que estão a começar também temos muito mais voos e mais acessíveis, com as low costs, temos um encanto como país que atrai as bandas até cá, indiscutivelmente.

Jwana Godinho, Vodafone Mexefest, Música no Coração,

É frequente dizerem a Jwana Godinho que tem um emprego de sonho. ©André Correia

Em 2014 houve mais de 100 festivais em Portugal. Isto é um pró ou um contra?

É um misto. É bom nesta questão de que quanto mais bandas vierem a Portugal, mais bandas têm vontade de cá vir. E Portugal já ser considerado um dos principais países no circuito de festivais é muito importante para nós enquanto promotores de espetáculos. Mas também é um contra no sentido de que o país está com problemas financeiros bastante complicados e a capacidade para o público de investir num bilhete para um festival, e com tudo o que isso implica em termos de deslocações e refeições, não há muita capacidade, nem para o público nem para as marcas. Agora, eu gosto de pensar no lado positivo. Se nós [Música no Coração] fossemos os únicos festivais que existissem no mercado seria muito mais difícil porque estávamos isolados e as pessoas não se interessavam tanto por nós. Prefiro pensar assim. E quando falamos em eventos sponsorizados, não é tão fácil que as marcas se interessem se só houverem dois ou três eventos de música. Se há muitos, outras marcas que à partida não estriam interessadas num festival pensam: “Olha, a música é uma coisa boa para estarmos envolvidos!”.

Os concertos e festivais estão na moda, Portugal também está na moda… É uma boa fase para as promotoras?

Mas está em crise também! [risos]. Para mim a música é um bem de necessidade básica, mas não é assim para toda a gente. Se eu não tivesse dinheiro para dar de comer aos meus filhos, não gastava em música. Nós estamos dependentes também da economia, por isso não se pode dizer que seja um bom momento.

Mas o público dos festivais aumentou em tempo de crise, não foi?

Sim. Agora, a música e os festivais continuam a ser um value for money muito bom. O Voafone Mexefest é um bom exemplo. Há quem diga que não tem 40 euros para gastar em dois dias de festival. Mas num fim de semana em que a pessoa vai sair, e que se calhar vai beber uns copos e jantar fora, gasta provavelmente 40 euros. E aqui tem-se uma experiência incrível. Também este é um festival incrivelmente barato, mas quer dizer, aquilo que as pessoas trazem de bom desse evento perdura muito para além daquele consumo imediato desse valor monetário. E é uma coisa que faz juntar os amigos, que trabalha na comunhão das pessoas umas com as outras. Com o aumento do turismo o público estrangeiro também aumentou nos eventos de música. Nesse aspecto acho que é um bom momento. Vamos ver como é que evolui porque todos os anos são diferentes e estamos sempre atentos. Nada está garantido. E não há estudos em Portugal sobre o consumo unitário de música per capita, o consumo unitário de festivais per capita, isso não existe porque somos um país relativamente pequeno são estudos que, para serem bem feitos, custam muito dinheiro.

“Às vezes é um bocadinho dura a opinião que as pessoas têm sobre o trabalho que tu fazes sem terem a mínima ideia noção. Porque eu contratei uma banda por isto e por aquilo, e porque eu não percebo nada disto, ou porque eu gastei dinheiro numa banda quando devia ter contratado outra”.

Dizem-lhe muitas vezes que tem um emprego de sonho?

Já, já, imensas vezes. E eu tento, não é desmistificar, mas eu tenho uma sorte inacreditável porque trabalho com um dos melhores produtos do mundo, que é a música – se esquecermos os artistas que a fazem, que muitas vezes são muito complicados [risos] – mas posso dar o prazer a tanta gente de ouvir boa música. Agora, o meu emprego é das 09h00 às 18h00 em frente a um computador, a responder a e-mails, a ver informação, ao telefone, e depois muitas vezes aos fins de semana tenho de ir a concertos. Eu tenho três filhos, portanto vou a menos concertos do que gostaria. As minhas férias são sempre mais curtas do que as das outras pessoas, porque os meses de verão eu estou a trabalhar ativamente e de resto temos concertos à noite, sem que o trabalho pare durante o dia. Nós que estamos na contratação de artistas, no caso do Vodafone Mexefest fazemos 300 propostas para termos 50 artistas. Levamos muitas negas, às vezes é difícil manter o espírito. E às vezes é um bocadinho dura a opinião que as pessoas têm sobre o trabalho que tu fazes sem terem a mínima ideia noção. Porque eu contratei uma banda por isto e por aquilo, e porque eu não percebo nada disto, ou porque eu gastei dinheiro numa banda quando devia ter contratado outra, ou porque nós somos incompetentes, e é muito duro. Porque eu não pedi para estar na ribalta quando fazem comentários. Às vezes é um bocadinho duro. Agora, poder ouvir música todos os dias, poder ir a festivais no estrangeiro como vou, poder trabalhar com uma equipa muito boa, e ter uma pessoa acima de mim [Luís Montez] que tem a paixão pela música que tem, é uma coisa única. Já apanhei grandes secas com ele em viagens, à porta de lojas de discos, e ele fica lá a fazer as perguntas todas sobre música. Sem esquecer a Vanessa, que também tem uma enorme paixão pela música. Nesse aspecto sim, tenho um emprego de sonho.

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