Guia do Estudante

Nova proposta de redação: “O legado da escravidão e o preconceito contra negros no Brasil”

Ana Prado | 10/02/2015

A proposta de redação desta semana foi tirada do vestibular 2015 da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Leia os textos de apoio e as instruções abaixo:

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Pintura de Jean-Baptiste Debret (1768-1848), um dos principais pintores das condições dos escravos no Império do Brasil (Wikimedia Commons)

Texto 1

O Brasil era o último país do mundo ocidental a eliminar a escravidão! Para a maioria dos parlamentares, que se tinham empenhado pela abolição, a questão estava encerrada. Os ex-escravos foram abandonados à sua própria sorte. Caberia a eles, daí por diante, converter sua emancipação em realidade. Se a lei lhes garantia o status jurídico de homens livres, ela não lhes fornecia meios para tornar sua liberdade efetiva. A igualdade juridical não era suficiente para eliminar as enormes distâncias sociais e os preconceitos que mais de trezentos anos de cativeiro haviam criado. A Lei Áurea abolia a escravidão mas não seu legado.

Trezentos anos de opressão não se eliminam com uma penada. A abolição foi apenas o primeiro passo na direção da emancipação do negro. Nem por isso deixou de ser uma conquista, se bem que de efeito limitado.

(Emília Viotti da Costa. A abolição, 2008.)

 

Texto 2

O Instituto Ethos, em parceria com outras entidades, divulgou um estudo sobre a participação do negro nas 500 maiores empresas do país. E lamentou, com os jornais, o fato de que 27% delas não souberam responder quantos negros havia em cada nível funcional. Esse dado foi divulgado como indício de que, no Brasil, existe racismo. Um paradoxo. Quase um terço das empresas demonstra a entidades seriíssimas que “cor” ou “raça” não são filtros em seus departamentos de RH e, exatamente por essa razão, as empresas passam a ser suspeitas de racismo. Elas são acusadas por aquilo que as absolve. Tempos perigosos, em que pessoas, com ótimas intenções, não percebem que talvez estejam jogando no lixo o nosso maior patrimônio: a ausência de ódio racial.

Há toda uma gama de historiadores sérios, dedicados e igualmente bem-intencionados, que estudam a escravidão e se deparam com esta mesma constatação: nossa riqueza é esta, a tolerância. Nada escamoteiam: bem documentados, mostram os horrores da escravidão, mas atestam que, não a cor, mas a condição econômica é que explica a manutenção de um indivíduo na pobreza. [...]. Hoje, se a maior parte dos pobres é de negros, isso não se deve à cor da pele. Com uma melhor distribuição de renda, a condição do negro vai melhorar acentuadamente. Porque, aqui, cor não é uma questão.

(Ali Kamel. “Não somos racistas”. www.oglobo.com.br, 09.12.2003.)

 

Texto 3

Qualquer estudo sobre o racismo no Brasil deve começar por notar que, aqui, o racismo é um tabu. De fato, os brasileiros imaginam que vivem numa sociedade onde não há discriminação racial. Essa é uma fonte de orgulho nacional, e serve, no nosso confronto e comparação com outras nações, como prova inconteste de nosso status de povo civilizado.

(Antonio Sérgio Alfredo Guimarães. Racismo e anti-racismo no Brasil, 1999. Adaptado.)

 

Texto 4

Na ausência de uma política discriminatória oficial, estamos envoltos no país de uma “boa consciência”, que nega o preconceito ou o reconhece como mais brando. Afirma-se de modo genérico e sem questionamento uma certa harmonia racial e joga-se para o plano pessoal os possíveis conflitos. Essa é sem dúvida uma maneira problemática de lidar com o tema: ora ele se torna inexistente, ora aparece na roupa de alguém outro.

É só dessa maneira que podemos explicar os resultados de uma pesquisa realizada em 1988, em São Paulo, na qual 97% dos entrevistados afirmaram não ter preconceito e 98% dos mesmos entrevistados disseram conhecer outras pessoas que tinham, sim, preconceito. Ao mesmo tempo, quando inquiridos sobre o grau de relação com aqueles que consideravam racistas, os entrevistados apontavam com frequência parentes próximos, namorados e amigos íntimos. Todo brasileiro parece se sentir, portanto, como uma ilha de democracia racial, cercado de racistas por todos os lados.

(Lilia Moritz Schwarcz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário, 2012. Adaptado.)

 

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma redação de gênero dissertativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

O legado da escravidão e o preconceito contra negros no Brasil.

ORIENTAÇÕES

1. Redija seu texto de acordo com a norma culta escrita da língua.

2. O texto deve ter entre 10 e 20 linhas no Word.

Você pode enviar seu texto até quarta-feira, dia 18 de fevereiro, para o e-mail: redacaoguia@gmail.com, em um anexo ou no corpo na mensagem. Coloque seu nome completo, idade e cidade. Ele poderá ser avaliado e publicado aqui no blog.

Importante: apenas uma redação será corrigida, mas lembre-se de que a melhor forma de se preparar para a prova de redação é treinando, certo?

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4 passos para iniciar sua preparação para as provas de redação

Ana Lourenço | 09/02/2015

As férias já acabaram e o ano de estudos está só começando. Enquanto você vai retomando o ritmo dos livros, é hora de planejar bem qual vai ser o seu método e por onde começar a estudar. Para a prova de redação, o planejamento deve ser feito do mesmo jeito – ao contrário do que pode parecer, é necessário bem mais do que só treinar a escrita dos textos. É claro que escrever o máximo de redações possível é essencial, mas há várias outras coisas que você pode colocar em prática ao longo do ano e que serão o seu diferencial para a banca corretora.

Para começar o ano com o pé direito, preste atenção nas quatro etapas que você deve seguir para ir bem em redação. Mas lembre-se: para que essas dicas façam realmente a diferença, você precisa colocá-las em prática desde já, mesmo que ainda faltem vários meses até as provas. Vamos lá!

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1. Construa o seu repertório

A prova de redação, tanto do Enem quanto de qualquer outro vestibular, é sempre muito dinâmica. Não só porque os temas podem variar muito, mas também porque é a prova que mais dá possibilidades ao candidato – no caso específico do Enem, a única dissertativa de todo o exame. Não se engane: poder escrever e soltar a criatividade é um fator muito positivo e que, se bem usado, pode te fazer alcançar notas muito altas.

Na redação, é possível que você expresse as informações e conhecimentos que adquiriu durante a vida, tanto na escola quanto na cultura que foi absorvendo ao longo dos anos. Para fazer o máximo dessa vantagem, você deve investir muito na ampliação dos seus conhecimentos, ou seja, na formação do seu repertório cultural. Fazer uso dessas táticas pode mostrar ao corretor que você está bem informado, consegue sair do senso comum e sabe articular os conhecimentos que tem em outras áreas.

Aqui, não estamos nem falando de estudar, no sentido “chato” do termo, mas sim de consumir o máximo de cultura que puder. Assista a filmes, leia livros, vá a peças de teatro, visite museus, busque conhecer música e artistas que se tornaram ícones. Não há exatamente um guia de como construir um bom repertório cultural, mas saiba que é bastante amplo. E o melhor: você pode fazer tudo isso enquanto se diverte, nos fins de semana.

2. Fique atento ao noticiário

Você já deve estar mais do que cansado de ouvir que o vestibulando precisa ficar ligado em tudo que acontece no mundo, porque é muito provável que os assuntos mais comentados nos noticiários podem acabar virando tema de questões. Pois é, não dá para fugir, é verdade. Ano após ano, os vestibulares sempre baseiam parte de suas questões em temas recorrentes da mídia. Na redação, especialmente a do Enem, não é diferente. A tendência, mais recentemente, é que as provas priorizem os temas com pegada mais atual, que proponham reflexões sobre assuntos que interessem ao mundo moderno.

Nossa recomendação é que você procure sempre ficar atento ao que bomba na mídia. Não é necessário que você acompanhe obsessivamente cada pequena notícia que aparece no jornal, mas é importante acompanhar, pelo menos uma vez por dia, o que está rolando no mundo, e principalmente o que vira notícia recorrente.

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3. Acostume-se a observar de maneira crítica

De alguns anos para cá, os exames de vestibular vêm adotando uma postura diferente na formulação de questões e dos temas de redação: ao invés de exigir a reprodução de conteúdos, o aluno vem sendo estimulado a dar sua opinião e construir um raciocínio. Por isso, é importante que, sobretudo na prova de redação, você se desconecte do modo “decoreba” e procure refletir sobre o tema e o que você pensa sobre ele.

Esse exercício de reflexão vale para absolutamente tudo. Se ler uma notícia ou acompanhar alguma repercussão pela televisão, tente formular uma ideia a respeito do ocorrido, ou imaginar possíveis causas e desdobramentos do fato. Se ler um livro ou assistir a um filme, procure fazer uma crítica dele. Em suma, tente se acostumar a pensar de maneira crítica. Esse pequeno exercício pode te acostumar a construir argumentações, o que é vital no preparamento para a redação.

4. Procure ler artigos de opinião

A dissertação, tipo de texto mais comum das provas de vestibular, baseia-se em desenvolver uma ideia, um problema ou um questionamento em cima de opiniões favoráveis e contrárias à que o estudante vai defender. Por isso, é importante conhecer ideias diferentes das suas.

Artigos são a maneira mais fácil de entender as diferentes opiniões, mas você deve procurar de vários autores – para isso, é só vasculhar o máximo de jornais, revistas e blogs possível. Procure analisar o modo com que o autor desenvolve a sua argumentação e no que se baseia para dar sua opinião.

LEIA MAIS

>> Especial redação do Enem: Tudo que você precisa saber
>> Saiba como são as provas de redação da Unesp, Fuvest e Unicamp
>> Academia GE: Como mandar bem na prova de redação?

*Com informações do GUIA DO ESTUDANTE Redação Vestibular + Enem 2015

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Quais são os erros de quem zerou a redação do Enem?

Ana Lourenço | 14/01/2015

Nesta terça-feira (13), o Ministério da Educação divulgou que mais de meio milhão de candidatos (no total, 529.374) zeraram a redação do Enem. O número é bastante superior ao do Enem 2013, em que 106.742 receberam a nota zero, e, por isso, o resultado deste ano foi bastante surpreendente.

Afinal, por que tantas pessoas zeraram a redação deste ano?  É claro que é muito difícil descobrir o que, exatamente, foi o grande problema para os candidatos nesta edição do Enem, mas dá para fazer algumas análises de acordo com os números divulgados pelo MEC. Vamos lá!

Os motivos que levam à anulação de um texto no Enem são: fuga ao tematextos com menos de sete linhas (ou com menos de sete linhas originais, ou seja, que contenha citações em excesso da coletânea); trechos desconexos com a argumentação, ou seja, em que um parágrafo não tenha nada a ver com o outro; desenhos e palavras ofensivasdesrespeito aos direitos humanos; fuga do tipo dissertativo. Veja:

Motivo da anulação Número de candidatos
Fuga do tema 217.339
Cópia de texto da coletânea 13.039
Texto com menos de 7 linhas 7.824
Texto não dissertativo 4.444
Partes desconectadas 3.362
Fere direitos humanos 955
Outros motivos 1.508

De acordo com os dados, a grande maioria dos candidatos com redação zerada fugiram ao tema proposto em suas redações. Pode-se dizer que é um dos erros mais graves, mas relativamente simples de evitar. A fuga ao tema normalmente acontece quando o candidato não lê com bastante atenção a proposta, ou tenta experimentar escrever algo mais “inovador”, mas acaba passando do ponto e deixando de fazer sentido para o tema original.

Para que isso não aconteça, a recomendação é a mais simples possível: leia a proposta com muita (muita mesmo) atenção. Não leia só uma vez: leia duas, três, quatro vezes, a quantidade que for necessária para que você compreenda bem o tema e o que a banca espera que você escreva. Assim, você pode evitar não só de fugir ao tema, como também de usar uma argumentação sem sentido – o que também pode causar anulação.

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A redação que apenas copia os textos da coletânea também sofre anulação. Nem precisamos explicar o porquê, certo? Além disso, os textos que têm menos de sete linhas originais, ou seja, menos de sete linhas escritas por você, também são anuladas. Nesse caso, mesmo que sua redação tenha 20 ou 30 linhas, mas menos de sete foram escritas por você mesmo, sendo o resto cópias de trechos da coletânea, não dá outra: é zero. Por isso, é importante que o candidato mantenha o bom senso e tente desenvolver sua própria argumentação, fazendo alusão à coletânea, mas sem abusar.

Outro aspecto é a fuga do tipo dissertativo. A dissertação é um texto argumentativo, que pede que o autor desenvolva uma ideia ou um questionamento com uma consideração final que deve estar de acordo com os argumentos. É importante, também, que o estudante saiba colocar ideias favoráveis e contrárias à sua própria opinião. Não é difícil, mas sabemos que, na hora da prova, é possível que o nervosismo faça errar uma ou outra exigência da dissertação.

Uma possibilidade é listar, na hora da prova, tudo que você precisa fazer no texto dissertativo. Por exemplo: um parágrafo de introdução, dois ou três de argumentação, e mais um de conclusão. Em seguida, anote em algum canto os seus argumentos e procure formular os contrários. Por fim, bole alguma proposta de solução para o problema do tema. Treinar este passo a passo é fundamental para não cair na bobeira e errar justamente o tipo de texto bem na hora da prova.

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Análise de redação para a proposta “Corrupção no Congresso Nacional”

Ana Prado | 18/11/2014

Com base na proposta extraída do vestibular 2014 da Universidade Estadual Paulista (Unesp), o estudante deveria produzir uma redação de gênero dissertativo sobre o tema “Corrupção no Congresso Nacional: reflexo da sociedade brasileira?“.

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Leia o texto escolhido (os grifos em vermelho são da professora de redação da Oficina do Estudante, Ednir Barboza): 

Os imorais falando dos desonestos

A descrença dos brasileiros nos políticos vem de um estereótipo histórico de que todos os políticos são corruptos e aproveitadores. Apesar de alguns casos reforçarem essa rotulação, os cidadãos não percebem que os atos desonestos não são exclusivos dos que estão lá em Brasília, mas de todos nós. 

A sociedade que constituímos é totalmente hipócrita; cobra-se honestidade dos políticos mas, na primeira chance que uma pessoa encontra, passa a perna em alguém. E, o que mais assusta, é que essas atitudes se incorporaram, de fato, na nossa cultura. Um exemplo disso é quando alguns indivíduos querem ir contra a corrente,eles são instantaneamente criticados. Porém a aprovação desses atos só é encarada com naturalidade pela população quando se diz respeito às atitudes da própria. [O trecho ficou confuso e contraditório – talvez, pela forma como foi escrito.]

Embora as pessoas tentem desvincular as atitudes dos governantes com as da sociedade, eles nos representam. Mesmo estando em realidades diferentes eles continuam sendo como uma grande fatia esmagadora da população que não perde tempo na aplicação do nosso famoso jeitinho [que jeitinho? Esclarecer o o que significa o termo] que está cada dia mais disseminado.[Idem à observação do parágrafo anterior]

Logo nota-se uma enorme incoerência no que a sociedade diz e, realmente, faz no dia a dia. Na procura desesperada para uma justificativa da “cultura dos espertalhões” [explicar o que significa] encontram os governantes que reproduzem os mesmos atos mas em proporções diferentes como uma válvula de escape [como? explicar] e não percebem que estão apontando o dedo para eles mesmos.

 

Comentários da professora sobre a redação:

1. O texto iniciou-se muito bem.  O 1º parágrafo, bem escrito, prometia uma boa discussão. O aluno apresentou o assunto (a desonestidade histórica brasileira) e apresentou sua tese: nem sempre os cidadãos percebem que também são desonestos assim como aqueles que criticam – os políticos. Esperava-se que, a partir daí, o aluno se dedicaria a explicar como os políticos (com algumas exceções) são corruptos e de que forma a população os imita. Deveria então apresentar fatos, dados e análises que justificassem a opinião expressa.

2. Entretanto, o 2º parágrafo, que começou bem, na análise tornou-se confuso até o final, texto difícil de ser entendido. Precisa de uma melhor redação para se tornar compreensível.

3. O mesmo problema surge no 3º parágrafo. O aluno enuncia uma ideia, mas não consegue desenvolvê-la compreensivelmente na parte final.

4. O que se nota, neste texto, é que o aluno encontra uma boa e consistente forma de desenvolver o tema – o conteúdo –, mas perde-se na forma como redige a análise e explicação dos fatos. A exemplificação, que daria embasamento ao que ele expõe, fica confusa e, por isso, incompreensível.

5. Na conclusão ocorre o mesmo erro: na análise conclusiva dos fatos, há um agrupamento de palavras bem dispostas, mas de significado discutível.

Sugestão: rever o texto e procurar escrever as partes finais dos parágrafos de forma mais clara e objetiva. Não supor que o leitor conheça todos os termos: “jeitinho brasileiro”; “cultura de espertalhões”. É preciso esclarecer do que se está falando para dar unidade ao texto. Os exemplos, que são a base das afirmações, precisam ser claros para o leitor de forma a facilitar-lhe o entendimento.

Apesar de alguns deslizes na pontuação, é um texto com poucos problemas de gramática. O que falhou, na escrita, foi a dificuldade de expressar-se mais coerente e claramente.

Nota: (de zero a dez): seis

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Nova proposta de redação: Bolsa Família

Ana Prado | 23/10/2014

Já que esse é um assunto debatido com frequência nas redes sociais e em conversas ao vivo que envolvam política, resolvemos explorá-lo como tema de redação no blog. Para isso, selecionamos a proposta da prova de “Interpretação do Brasil Contemporâneo” do vestibular 2013/1 da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para os cursos de Administração de Empresas e Pública. Leia as instruções a seguir.

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Foto: Alina Souza/Especial Palácio Piratini/FotosPúblicas

A partir dos dois trechos citados abaixo, escreva uma dissertação que analise os argumentos favoráveis e contrários ao Programa Bolsa Família. Ao final da redação, realce sua posição pessoal sobre o assunto.

TRECHO 1

O Programa Bolsa Família está combatendo, ao mesmo tempo, a pobreza e a desigualdade. Consegue ser eficiente contra a pobreza porque aumenta a renda das famílias pobres do país, atuando de forma focalizada e, portanto, não desperdiçando recursos com quem não precisa. E ataca a desigualdade para além da questão da renda, chegando à origem do problema: a Educação. As famílias que recebem o Bolsa Família precisam mandar seus filhos para a escola, de modo que a próxima geração terá muito mais anos de estudo do que seus pais – e as pesquisas já mostram o quanto isto está reduzindo a repetência e a evasão escolares. Mais do que um alívio imediato, o programa faz um combate intergeracional da pobreza e da desigualdade, por meio de um direito, e não de um favor. Desta forma, seus melhores frutos, portanto, virão no futuro.

 

TRECHO 2

Distribuir dinheiro para os mais pobres, sem garantir as condições de trabalho para os pais e as mães, pode reduzir a culpa das elites brasileiras, mas não vai efetivamente resolver os problemas da pobreza e da desigualdade. O que o país precisa é de políticas para aumentar o emprego, e não de um assistencialismo de curto prazo, que não gera mudanças estruturais para as famílias mais pobres. Ensinar a pescar sempre é melhor do que dar o peixe. Além disso, esta distribuição farta de recursos pode ser apenas uma forma de ganhar votos dos mais pobres, sobretudo no Nordeste brasileiro. Também é preciso pensar em “portas de saída” para os beneficiários, para que não fiquem eternamente dependentes do Bolsa Família. Seria triste ver os filhos de hoje transformarem-se, no futuro, na imagem atual de seus pais.

 

Para avaliar a redação, serão levados em conta os seguintes aspectos:

- A percepção da importância do problema para a sociedade brasileira;

- A capacidade de apresentar argumentos de forma clara e equilibrada;

- A utilização da norma culta da língua portuguesa;

- A capacidade de expressar opiniões baseadas em argumentos logicamente bem fundamentados e não apenas de senso comum.

- A redação deve ter entre 15 e 25 linhas no Word.

Você pode enviar seu texto até quarta-feira, dia 29 de outubro, para o e-mail: redacaoguia@gmail.com, em um anexo ou no corpo na mensagem. Coloque seu nome completo, idade e cidade. Ele poderá ser avaliado e publicado aqui no blog.

Importante: apenas uma redação será corrigida, mas lembre-se de que a melhor forma de se preparar para a prova de redação é treinando, certo?

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Categoria: Proposta

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Análise de texto para a proposta sobre mobilidade urbana (Unicamp 2014)

Ana Prado | 01/10/2014

Com base na proposta de redação extraída do vestibular 2014 da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o estudante deveria elaborar uma carta aberta a ser divulgada nas redes sociais com o objetivo de reivindicar, junto às autoridades municipais, ações consistentes para a melhoria da mobilidade urbana na sua cidade.

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Imagem: Marcelo Horn/iStock

Leia o texto escolhido:

Carta aberta aos cidadãos fluminenses sobre a mobilidade urbana do Rio de Janeiro.

A cidade do Rio de Janeiro é uma das metrópoles mais desenvolvidas e populosas do país, fazendo com que seja consequentemente uma das cidades que mais possuem congestionamento. No entanto, este problema torna-se cada vez mais difícil de ser solucionado pela da falta de transportes públicos e de investimentos nesta área pela prefeitura.

A necessidade de remanejo na mobilidade urbana do Rio de Janeiro, tem se tornado cada vez mais evidente nos últimos anos. Segundo uma pesquisa da empresa de tráfego ‘’Tom Tom ‘’ a urbe é indicada como a terceira cidade que mais possuí congestionamento no ranking mundial, com 55% de suas ruas congestionadas, perdendo apenas para Moscou e Istambul com 74% e 62 % de transito, respectivamente.

Especialistas no assunto, dizem que se o automóvel continuar a ser privilegiado, o problema dificilmente será resolvido. A forma mais viável para os cidadãos e o governo do Rio, são os investimentos e uso dos transportes públicos para que o número de opções de mobilidade aumente e o fluxo de automóveis decresça.

Contudo, a Prefeitura Municipal deve descentralizar os serviços essenciais e os locais de trabalho para aproximar os fluminenses de suas atividades diárias e dessa forma preencher os vazios urbanos, usando como exemplo, projetos que foram satisfatórios em outros países como na metrópole de Londres onde foram implantadas as bicicletas públicas de aluguel.

Leia agora a análise da professora de redação da Oficina do Estudante, Liliane Negrão:

O texto em questão, infelizmente, é bem abaixo da média, por apresentar desempenho fraquíssimo em dois dos três critérios de avaliação redacional da Unicamp – Propósitos e Gênero –e por receber nota zero no terceiro critério – Interlocução.

Quanto aos Propósitos, estava claro, na avaliação redacional, que o texto a ser redigido pelo aluno deveria “reivindicar ações consistentes para a melhoria da mobilidade urbana na sua cidade”. Na produção textual em questão, a reivindicação só começa a ser feita ao final do penúltimo parágrafo; mesmo assim, com uma explicação generalizada, pouco explicada, apenas parafraseada da coletânea. Aliás, é somente no último parágrafo da carta que o aluno utiliza – de forma pouco proveitosa, como já apontado: de forma parafrástica – a leitura de trechos oferecidos pela prova. Isso, como se sabe, é muito ruim, é mal visto pela banca avaliadora. Tem-se, portanto, uma qualidade bem regular quanto ao cumprimento do objetivo da proposta, somada a uma pouca e fraca utilização dos textos-fontes.

Com relação ao critério Gênero, o texto também se mostra abaixo do que era esperado: a característica que o tipifica como carta está apenas e tão somente no título (uma exceção: a carta aberta é a única que o tem). O fato de aparecer a expressão “carta aberta” “salva”, apenas “salva” o aluno da anulação, também nesse critério. As marcas de

autoria daquele que escreve a carta estão completamente ausentes; muito menos, é possível notar um trabalho específico de autoria, voltado para o que a proposta exigia: o autor da carta seria um representante de associação de bairro. Não há nada disso na carta.

No item de avaliação Interlocução, o texto recebe nota zero: a proposta pedia que se endereçasse a carta às autoridades municipais (prefeito e/ou vereadores, etc), mas o aluno, equivocadamente, destina a missiva aos “cidadãos fluminenses”. Um grave erro. Tendo o texto anulado em um dos três principais critérios de avaliação, as chances de o candidato continuar na disputa com chances de aprovação são drasticamente reduzidas.

Há, ainda, no texto, problemas com pontuação e erros de coesão (como exemplo, o elemento coesivo “contudo” é erroneamente utilizado no início do último parágrafo).

 

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Análise de texto para a proposta sobre ostentação (UPF 2014/2)

Ana Prado | 28/08/2014

Imagem tirada do tumblr  Rich Kids of Instagram

Imagem tirada do tumblr Rich Kids of Instagram

Com base na proposta extraída do vestibular 2014/2 da Universidade de Passo Fundo (UPF), o estudante deveria produzir um texto dissertativo-argumentativo que abordasse a ostentação na sociedade atual

Leia o texto escolhido:

Ter para ser aceito

Se o mundo fosse uma balança que pesasse as proporções de posse, seu desequilíbrio não poderia ser compreendido apenas com o olhar. O desequilíbrio existente funcionaria de uma maneira desproporcional, onde o prato de quem tem muito muito não seria a parte que tombaria, mas a prato de quem tem pouco é o qual pesaria mais.

Dessa pequena parcela da população mundial que muito possui – tanto em valores materiais e de capital – originam-se fatores devastadores que afetam a todos. Entre eles a desigualdade, onde um tem mais do que o outro; a ganância, onde nunca há satisfação, apenas uma vontade maior, e o status, que traz o ar de superioridade e o “triunfo” de possuir bens.

A grande questão é que uma parte considerável de quem não apresenta muito, quer fazer parte deste recorte luxuoso de quem apresenta demais o que se tem. Ao se “ostentar”, o sentimento de fazer parte de um grupo isolado, mas com importância, se concretiza. Se é preciso mostrar que se tem o poder de posse para subir nos degraus da sociedade e ser aceito, por quê não?

A extravagância toma o lugar de questões mais importantes, como as condições de vida do lado de fora do muro e o próprio “outro”; tudo estará bem se uma foto for postada em uma rede social com algum objeto de valor nas mãos. A sociedade atual nos diz que o importante é mostrar nossas vantagens e o que temos.

“Ostentar” é mais uma das consequências do capitalismo e suas facetas, onde a visão foca-se apenas em um único lugar: o próprio indivíduo. O reflexo social se anula em comparação ao reflexo do indivíduo que segura um aparelho caro no espelho para tirar uma “selfie”

 

Leia agora a análise da professora de redação da Oficina do Estudante, Ednir Barboza:

O texto aborda o tema apenas tangencialmente, ou seja, discorre sobre ele, mas não o analisa nem o discute.

Primeiramente, vamos apontar alguns problemas de linguagem:

  1. Uso do pronome onde: essa é uma palavra que deve ser usada quando se quer se referir a lugar. Onde não pode substituir todos os pronomes relativos da língua portuguesa. Nos usos feitos pela aluna, ele deveria ser substituído por em que. Também o uso de pronome o qual no final do primeiro do parágrafo está incorreto; nesse caso, o certo seria : “(…) mas o prato de quem tem pouco é aquele que pesaria mais”.
  2. Há algumas expressões mal redigidas e que confundem o leitor: “de quem não apresenta muito” (terceiro parágrafo); “do lado de fora do muro e o próprio outro” (quarto parágrafo) Essas expressões precisam ser melhor definidas e escritas de outra forma.
  3. Há uso excessivo de aspas: triunfo, outro, ostentar. O único uso que se justifica é com a palavra “selfie”
  4. Um outro aspecto a considerar, desse ponto de vista de linguagem, é a ausência de palavras de coesão unindo os parágrafos, mas isso tem a ver com estrutura do texto.

 

Análise do conteúdo e estrutura do texto:

  1. A aluna faz uso da figura de uma balança, no primeiro parágrafo, mas a ideia de que quem tem menos pesaria mais no prato da balança não fica devidamente esclarecida, nem nesse parágrafo, nem nos seguintes. Isso já mostra um problema de conteúdo e de estrutura: aquilo que se propões como tese não é discutido ou analisado no restante do texto.
  2. Os parágrafos seguintes discorrem sobre vários aspectos do possuir bens, mas não há uma ligação clara entre essas ideias. O segundo parágrafo fala dos “fatores devastadores” dos mais ricos; o terceiro parágrafo fala dos que não têm muito e que querem ostentar, mas sem ligação com o que se discutiu no parágrafo anterior; o quarto parágrafo se refere à necessidade de mostrar o que se tem; e o quinto parágrafo, que deveria concluir o texto, retomando as ideias discutidas até então, volta a falar da necessidade de ostentação, sem que o texto tenha discutido ou analisado esse aspecto.

 

Conclusão:

O texto aborda o tema de forma superficial.  Não tem a unidade de uma dissertação, não há coesão ou coerência entre os parágrafos. Além disso, falha na construção da estrutura de um texto dissertativo, que deveria expor uma tese e analisá-la nos parágrafos seguintes, apresentando a conclusão, ou seja, uma retomada das ideias discutidas e analisadas no texto.

O texto perde nota em: tema; tipo de texto; coerência e coesão.

Minha sugestão é que você repense o texto a partir do que escreveu no início do último parágrafo:  “‘Ostentar’ é mais uma das consequências do capitalismo e suas facetas, onde a visão foca-se apenas em um único lugar: o próprio indivíduo.”  Com essa ideia, daria para você escrever um bom texto sobre o tema proposto.

 

Nota: 5,0 (escala de 0 a 10)

 

 

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Proposta de redação: Corrupção no Congresso Nacional

Ana Prado | 26/08/2014

A proposta de redação desta semana foi tirada do vestibular 2014 da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Leia as instruções abaixo:

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Texto 1

Dos 594 deputados e senadores em exercício no Congresso Nacional, 190 (32%) já foram condenados na Justiça e/ou nos Tribunais de Contas.

As ocorrências se encaixam em quatro grandes áreas: irregularidades em contas e processos administrativos no âmbito dos Tribunais de Contas (como fraudes em licitações); citações na Justiça Eleitoral (contas de campanha rejeitadas, compra de votos, por exemplo); condenações na Justiça referentes à lida com o bem público no exercício da função (enriquecimento ilícito, peculato etc.); e outros (homicídio culposo, trabalho degradante etc.).

(Natália Paiva. www.transparencia.org.br. Adaptado.)

Texto 2

Nossa tradição cultural, por diversas razões, criou um ideal de cidadania política sem vínculos com a efetiva vida social dos brasileiros. Na teoria, aprendemos que devemos ser cidadãos; na prática, que não é possível, nem desejável, comportarmo-nos como cidadãos. A face política do modelo de identidade nacional é permanentemente corroída pelo desrespeito aos nossos ideais de conduta.

Idealmente, ser brasileiro significa herdar a tradição democrática na qual somos todos iguais perante a lei e onde o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade é uma propriedade inalienável de cada um de nós; na realidade, ser brasileiro significa viver em um sistema socioeconômico injusto, onde a lei só existe para os pobres e para os inimigos e onde os direitos individuais são monopólio dos poucos que têm muito.

Preso nesse impasse, o brasileiro vem sendo coagido a reagir de duas maneiras. Na primeira, com apatia e desesperança. É o caso dos que continuam acreditando nos valores ideais da cultura e não querem converter-se ao cinismo das classes dominantes e de seus seguidores. Essas pessoas experimentam uma notável diminuição da autoestima na identidade de cidadão, pois não aceitam conviver com o baixo padrão de moralidade vigente, mas tampouco sabem como agir honradamente sem se tornarem vítimas de abusos e humilhações de toda ordem. Deixam-se assim contagiar pela inércia ou sonham em renunciar à identidade nacional, abandonando o país. Na segunda maneira, a mais nociva, o indivíduo adere à ética da sobrevivência ou à lei do vale-tudo: pensa escapar à delinquência, tornando-se delinquente.

(Jurandir Freire Costa. http://super.abril.com.br. Adaptado.)

Texto 3

Se o eleitorado tem bastante clareza quanto à falta de honestidade dos políticos brasileiros, não se pode dizer o mesmo em relação à sua própria imagem como “povo brasileiro”. Isto pode ser um reflexo do aclamado “jeitinho brasileiro”, ora motivo de orgulho, ora de vergonha.

De qualquer forma, fica claro que há problemas tanto quando se fala de honestidade de uma forma genérica, como quando há abordagem específica de comportamentos antiéticos, alguns ilegais: a “caixinha” para o guarda não multar, a sonegação de impostos, a compra de produtos piratas, as fraudes no seguro, entre outros. A questão que está posta aqui é que a população parece não relacionar seus “pequenos desvios” com o comportamento desonesto atribuído aos políticos.

(Silvia Cervellini. www.ibope.com.br. Adaptado.)

 

Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma redação de gênero dissertativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

Corrupção no Congresso Nacional: reflexo da sociedade brasileira?

 

ORIENTAÇÕES

1. Redija seu texto de acordo com a norma culta escrita da língua.

2. O texto deve ter entre 10 e 20 linhas no Word.

Você pode enviar seu texto até quarta-feira, dia 3 de setembro, para o e-mail: redacaoguia@gmail.com, em um anexo ou no corpo na mensagem. Coloque seu nome completo, idade e cidade. Ele poderá ser avaliado e publicado aqui no blog.

Importante: apenas uma redação será corrigida, mas lembre-se de que a melhor forma de se preparar para a prova de redação é treinando, certo?

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Categoria: Proposta, Unesp

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Análise de texto para a proposta sobre a Copa no Brasil

Ana Prado | 13/08/2014

Alternative Views - 2014 FIFA World Cup
Imagem: Clive Rose/Getty Images Sport

Com base na proposta de redação extraída do vestibular de inverno 2014 da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), o estudante deveria abordar, em um texto argumentativo, as implicações de uma Copa do Mundo no Brasil e seus possíveis efeitos em nossa estrutura social e econômica.

Leia o texto escolhido:

Os Impactos da Festa

          Dois dias após a final da Copa do Mundo, ainda encontramos muitas pessoas nostálgicas com os jogos e com a festa feita aqui no Brasil, afinal, uma copa realizada no “país do futebol” não pode deixar a desejar no quesito animação, entretanto, a parte essencial para a realização do evento, costuma passar despercebida, assim, como o legado deixado por ela.

         Há muito, vemos críticas na imprensa, e até mesmo, nas ruas, sobre os gastos exorbitantes com as obras e com a construção de estádios, em que se afirma serem os novos “elefantes brancos” brasileiros, no entanto, existem projetos para a utilização desses locais em grandes espetáculos, além, de já ter sido comprovado que os investimentos empregados na copa são muito pequenos se comparado com que o governo gasta em saúde e educação anualmente, haja vista, que existem exemplos de outros países que já sediaram o mundial e que aproveitam as gigantescas estruturas como fonte de renda, como é o caso da Alemanha, que baixa os preços dos ingressos para mais pessoas terem acesso. Há também, as obras de infraestrutura, em especial, as de mobilidade urbana, que melhoram a qualidade de vida da população, mesmo depois da copa.

        Apesar da euforia do momento, a primeira semana de jogos acumulou mais de vinte protestos pelas cidades sedes, representando um a tentativa frustrada de parte da população de acabar com as mazelas que afligem a sociedade, esquecendo essas pessoas, que os problemas sociais e a corrupção do Brasil advêm de muitos séculos e que a solução para estes, não ocorrerá instantaneamente. No entanto, as festividades foram otimistas para a economia, deixando não só números positivos para o comércio e para o setor de serviços, mas também, para famílias que alugaram suas casas.

         A Copa do Mundo de 2014 deixou um rastro de melhorias para o Brasil, representou oportunidades para alguns e festividades para outros, mas para todos os brasileiros, constituiu um sentimento de nação e amor pela pátria. 

 

Leia agora a análise da professora de redação da Oficina do Estudante, Ednir Barboza:

O tema é bastante amplo e na proposta não há instruções limitadoras. Por isso, a aluna poderia escrever livremente sobre o tema: as implicações e os efeitos da Copa do Mundo no Brasil.

No que diz respeito a implicações, a aluna poderia discorrer sobre as preocupações que cercaram a organização desse evento no Brasil: a falta de planejamento, o atraso na execução das obras, a preocupação com o desenrolar das atividades, como deslocamento aéreo e terrestre, hospedagem, informações seguras para turistas e atletas, segurança, etc. Quanto aos efeitos na estrutura social e econômica, seria importante dispor de dados mais técnicos e precisos: abordar a finalidade dos estádios pós-copa, a melhoria no sistema de transporte, números que revelassem como a população de baixa renda se beneficiou com o mega evento. Para escrever um bom texto, a aluna deveria ter lido bastante sobre o assunto ou visto entrevistas e comentários nos meios de comunicação.

Vejamos o que ela fez. Ela escreveu de forma muita generalista sobre o tema. Repetiu o que se falou e comentou antes e depois da Copa, mas não foi específica em suas afirmações. Não dissertou sobre o tema; limitou-se a expor algumas ideias fartamente discutidas, porém sem profundidade. O texto dissertativo requer uma análise crítica e argumentativa sobre um ponto de vista. É um texto que se inicia com uma proposição que será analisada, dissecada e explorada durante os demais parágrafos. Se o texto não se inicia com essa proposição, que chamamos de tese, dificilmente teremos uma dissertação, pois não há como dar continuidade à discussão e exposição das ideias.

Portanto, o texto não pode ser considerado argumentativo, como requer a proposta. Além disso, as ideias se truncam dentro dos parágrafos, sem aprofundamento, coesão ou encadeamento. No primeiro parágrafo, ela fala de nostalgia, festa, animação, ignorância e legado.  Parte, no segundo parágrafo, para a enumeração de outros aspectos: gastos, elefantes brancos, comparações (sem revelar números ou porcentagens); cita a Alemanha, preços de ingressos… Ou seja, as ideias se misturam sem definição ou objetivo. No terceiro parágrafo, fala dos protestos, da perpetuidade dos problemas e depois de otimismo e números positivos, sem, novamente, citar dados estatísticos mais precisos que justifiquem sua afirmação. Na conclusão, o texto refere-se a um rastro de melhorias, oportunidades e festividades que não foram especificadas no corpo do texto e, por isso não poderiam aparecer na conclusão.

Do ponto de vista gramatical, há erros de concordância nominal e verbal que comprometem a qualidade. Há falhas na pontuação, na divisão dos períodos e no uso de conectivos.

Orientações sobre títulos e conclusão

O título deve ser sugestivo, criativo, usando-se poucas palavras que causem impacto. Ele deve sugerir, motivar, sem ser óbvio. O que foi usado, Impactos da Festa, é um bom título. Poderia ser Impactos pós Festa, já que a proposta propõe análise de resultados.

Quanto à conclusão: ela deve resumir o que foi discutido no corpo da redação. A conclusão nada mais é que a retomada da tese inicial seguida do balancete da argumentação feita durante a exposição das ideias. Não deve trazer elementos novos que não foram abordados anteriormente. Observe que a conclusão do texto não condiz com o restante. Como há lacunas na argumentação, a autora não conseguiu produzir uma conclusão adequada. Para se escrever uma boa conclusão, o texto precisa estar dentro das especificações do gênero dissertativo.

Nota: 5,0 (de zero a dez)

 

 

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Categoria: Correção

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Proposta de redação: mobilidade urbana

Ana Prado | 08/08/2014

O tema desta semana foi tirado da prova de redação do vestibular 2014 da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Leia as instruções e os textos de apoio:

transito

Em virtude dos problemas de trânsito, uma associação de moradores de uma grande cidade se mobilizou, buscou informações em textos e documentos variados e optou por elaborar uma carta aberta. Você, como membro da associação, ficou responsável por redigir a carta a ser divulgada nas redes sociais. Essa carta tem o objetivo de reivindicar, junto às autoridades municipais, ações consistentes para a melhoria da mobilidade urbana na sua cidade. Para estruturar a sua argumentação, utilize também informações apresentadas nos trechos abaixo, que foram lidos pelos membros da associação.

Atenção: assine a carta usando apenas as iniciais do remetente.

texto1

texto2

texto3

INSTRUÇÕES:

• Redija seu texto de acordo com a norma culta escrita da língua.

• A redação deve ter até 20 linhas no Word.

• Não copie trechos da proposta.

Você pode enviar seu texto até quinta-feira, dia 14 de agosto, para o e-mail: redacaoguia@gmail.com, em um anexo ou no corpo na mensagem. Coloque seu nome completo, idade e cidade. Ele poderá ser avaliado e publicado aqui no blog.

Importante: apenas uma redação será corrigida, mas lembre-se de que a melhor forma de se preparar para a prova de redação é treinando, certo?

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