Os esforços de Peter Jackson foram recompensados no grau de satisfação que este último capítulo da saga “O Hobbit” proporciona aos fãs. Apesar de começar exatamente onde parou “A Desolação de Smaug” (2013), a derradeira destruição causada pelo dragão Smaug é vista rapidamente como apenas um prólogo, antecedendo o enfrentamento que dá título ao filme. É como se os primeiros minutos pertencessem ao filme anterior, transformados em apêndice deste, para que “A Desolação de Smaug” não superasse as 3 horas de projeção.
A trilogia foi realmente grandiosa, em escala e duração. E inevitavelmente arrastada. É apenas quando se supera a conclusão do arco de Smaug que surge a nova história, em torno da “doença do ouro” que afetou Thorin (Richard Armitage), o líder dos anões, que passa a ficar com a mente nublada e perturbada, a ponto de não pensar em mais nada a não ser repousar sobre a grande quantidade de ouro da Montanha conquistada.
Mas o grande diferencial de “A Batalha dos Cinco Exércitos” é a inclusão de um ritmo non-stop de ação, com muitas batalhas.
As cenas do conflito chegam a ser tão empolgantes quanto as de “O Senhor dos Anéis: As Duas Torres” (2002). Mais até, se considerarmos a duração e a diversidade de personagens. São praticamente duas horas de lutas entre anões, elfos, orcs, gigantes, humanos, e há também um forte link com “O Senhor dos Anéis”, em especial na sequência que mostra Saruman (Christopher Lee) com Gandalf (Ian McKellen) e uma Galadriel (Cate Blanchett) intensa e assustadora.
A brilhante fotografia de Andrew Leslie, que inclui lindas panorâmicas, fazem do embate uma experiência completamente imersiva no cinema. A trilha sempre bem cuidada de Howard Shore completa o capricho técnico.
O apuro cinematográfico, por sinal, ajuda a compensar a falta de um maior interesse no destino dos personagens. Quando um deles morre, por exemplo, quase não há sofrimento. Além do mais, não deixa de ser notável que o hobbit apareça tão pouco no final da trilogia que tem o seu nome. Bilbo parece um coadjuvante perdido no meio da ação. Como ele próprio diz, é um hobbit, não tem a habilidade de lutar, como os anões e elfos, mas é justamente isso que o aproxima do espectador, bem como o fato de não ser um herói perfeito – mente, rouba, trapaceia e, ainda assim, é o personagem mais nobre e querido.
Embora seja o capítulo mais bem resolvido da trilogia, também falta a “Batalha dos Cinco Exércitos” uma cena tão fascinante quanto a do encontro de Bilbo com a criatura Gollum em “Uma Jornada Inesperada” (2012). Mas, após três filmes, fica clara a tarefa hercúlea que Peter Jackson se dispôs a cumprir, adaptando um livro infantil de poucas páginas numa trilogia épica de cerca de 8 horas de duração – ou quase 10 horas na versão estendida. Se em alguns momentos a jornada pareceu interminável, ao final Jackson fez seu filme mais curto, deixando no público a vontade de querer continuar maravilhado por aquele mundo fantasioso, criado pelo escritor J.R.R. Tolkien. “A Batalha dos Cinco Exércitos” inspira a vontade de rever a trilogia “O Senhor dos Anéis”, num sinal de que esta saga perdurará e servirá de entretenimento para muitas gerações.
O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos
The Hobbit: The Battle of the Five Armies(EUA, 2014)
Cotação:
1 Comentário
Putz, matéria vendida. Os 3 filmes do Hobbit são horríveis, péssima adaptação do livro e com direção que estende o tédio até não poder mais. Nem a milhonésima versão de Lago Azul ficaria tão ruim.