Friolfe.com -  Memôria da Galiza rural

Publicado o xoves, 16 de outubro de 2014
TIROS EM FRIÓLFE
Friólfe sempre teve sona por ouvir-se tiros pela noite, ao que contribuia em boa parte que tem muito monte e a abundância de caça noutros tempos.

Hogano os tiros que se ouvem de noite, e de dia, nom proceden de actividades clandestinas senon de trevelhos alimentados por bombonas de butano, cuja missom é expantar aos paxaros dos cultivos, o qual fia perigar a sua sobrevivença e que proliferem as pragas sobre umas plantas nas que se nota bastante a falta dos polinizadores.

Afortunadamente, alguma gente nom está embrutecida, e voltaram-se vêr ferreirinhos entre os fatoeiros.

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 25 de fevreiro de 2014
DUAS MULHERES DE FRIÓLFE
Um dia preguntei pela Aurora, a monja de Seoane, e dixeram-me que morrera. Ela ensinou-nos que o café nom se botava no leite, senom que lhe engadia uma vez feito em auga. Dizeiam que se metera monja pelos desenganos amorosos. Eu admirei o seu comportamento humano que reflectia que a religiosidade nom tem porque sêr sectária, e respetava a todo o mundo. Era mulher de agradadável comversa e aberta a todo o que supuxo-se realizaçom do ser humano.

Também ouvim que morrera a Generosa de Escouprim, a quem conhecim a princios dos noventa de seculo passado, pois vinhera da Argentina depois de muitos anos, a onde marchara porque nom a deizaram casar con o noivo que tinha, mas quando achou lá nom se casaram.

Mantivemos longas conversas sobre a Galiza e a Argentina e sobre muitas coisas. A ela apenava-a o estado de abandono em que estava o rural galego, e recordava quando o rego dos prados era verdadeira engenaria e também quando a gente era mais solidária. Era a uma mulher cheia de saudade e sem esperança do futuro que nos vinha encima,embora teve-se claro que soluçons tinhamos. Ao ano seguinte ven uma sobrinha sua e comheu-me por uma foto que lhe ensinara na que estava eu.

Vaia a minha pequena homenage a estas duas mulleres que nom renunciaram ás suas origes nom a integridade humana.

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 25 de fevreiro de 2014
O JAIME DO ROSENDE
Era carpinteiro, mas no Páramo os carpinteiros também eran louseiros, e eu relacionei-me con ele por isto último, pois vinha trabalhar bastante a Friólfe, e mesmo eu trabalhei algo con ele. Era un home que lhe preocupava fazer o trabalho como lho pediam, mas nom soia tomar decissions como facian outros que levaran a sua terra ao feismo e ao uso de materiais contaminantes.

Era bebedor de brandi, e bebeu uma botelha que eu fixera quase ele só. Também gostava muito de comer polbo.

Ele era de Beleigan e pertencia á paróquia de Adai, pois esta aldeia está partida entre as Paróquias de Adai e San Vicenço detrás da Devesa. O cura da sua paróquia denunciou-no uma vez por trabalhar o domingo, pois ele guardava pouco as formas, e nem sequer sabia que trabalhar em domingo era delito.

Morreu duma doença que ignoro, mas sei que nos últimos tempos anidou em cadeira de rodas. Eu nom pudem ir-lhe ao enterro porque nom me inteirei.

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 25 de fevreiro de 2014
FRIOLFE E A PRAÇA DE ABASTOS
Há muitos anos, as minhas vizinhas, Elvira e Lisa, ian vender a Lugo fruta e hortaliças à Praça de Abastos e contavan-me das relaçons sociais que faciam lá. Eu admirava-as e pensava que algun dia iria eu e fazeria dinheiro á marge de aquela comercio que havia na parróquia, onde os tratantes abusavan duma gente alienada.

Estando em Lugo frequentei a Praça de Abastos porque entendía que era um comercio autoctome que havia que defender, e tambén vendim, e mesmo venderia haja se fisicamente pude-se. Conhecim gente marabilhosa, e vaia o meu recordo para o "Chantada", com o que compartim posto. Vim ai uma forma de comercio defendivel que havia que apoiar e assim o fixem dentro das minhas escasas posibilidades.

A minha ideia cambiou quando certa gente presumia de que vendia o que criara e tratara con veneno. Vendo aquelas hortaliças cujo tamanho e cor demostravan que estavan cheias de nitritos.

Afortunadamiente alguns postos fixos vendem produtos ecológicos, e isso agrada-me e fai-me sentir sandade recordando aquela mulher que me regalou uma banana há tantos anos.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 17 de fevreiro de 2014
A CRECIDA DO QUELLE
Sobre Friólfe cai abondosa auga. Veu a chuva, embora noutros sitios seja mais feroz. Os regueiros suponho que irán a tope, mas desde Vigo só pósso vêr o quelhe, o pequeno regato que baixa pela aldeia e recolhe a auga das fontes, mas a da chuva nom vai a ele como ia noutro tempo, pois agora baixa baixo cimento e corre cara vários sitios, mas o cimento fendeu nalguns sitios e a auga mete-se nas casas. No cauze do quelhe nom há poças porque forom destridas, e mail pódem criar-se anfibios, que já o tinham dificil pela contaminaóm. Nalguns sitios o quelhe vai por tubos de cimento e nom aporta minerais a terra e à sua beira nom há bioiversidade.

E bonito vèr o medre dum regueiro tam pequeno e sentir o seu som, mas a semhardade produze-se ao saber que já nom há ras do monte, nem aquelas sabandijas escasas noutros regueiros, nem há tanto sapo que deixava as hortas sem pragas, junto ao ouriço gacho que também se banhava no qerelhe.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 16 de janeiro de 2014
DOIS HOMRES QUE MORRERAM DE CANCRO
Recordo amiúdo ao Benjamim e o Anjo, porque tinham muitas coincidências e tambén na morte a teveram. Os dois morreram de cancro, e os dois a uma idade semelhante, e nom o meresciam porque os dois estavam contra a contaminaçom. A minha relaçon com o Bejamim vên de termos trabalhado juntos na construiçon;era un home respetuoso com a arquitectura popular, o qual o levava mesmo a nom aconselhar muito aos propietários que lhe pagavan porque nom queria sêr complize do feismo. O Anjo tambén traballhava na construiçon, mas en do que mais o conhecim foi pelas relacons familiares que tihna na minha aldeia.

Reflexiono bastante sobre as duas pessoar, porque se bem noutras coisas podemos eligir, na contaminaçom temos muita pouca marge. Mas paga a pena aproveitar essa margen porque sempre nos valera de algo, e contribuimos a que as futuras geraçcons achem um mundo mais saudável.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 16 de janeiro de 2014
PELO ESTALAR
Há anos quando ia de Friolfe a San Martinho ou Vilar Mosteiro soia ur pelo Estalar, sitio que dá nome a un regueiro no que soia achar uma muller que ia ao lavadoiro que lá há e ao Manuel do Mogerras que tinha lá uma finca, pela que se passava á Chousa Redonda. O Manuel era un home con o que pagava a pena falar; era critico com o poder. Fora na II República do Partido Galeguista, ainda que fora forcado a ir ao bando contário. O Manuel sabia blable apessar de que estivera pouco em Asturies. Era uma pessoa com bastante capacidade intelectual, apessar de que pouco fora a escola, como soera passar-lhe á gente do sen tempo. Senia-se satisfeito porque comprara um prado que minito desejara, mas tardaran em venderlho e ademais sempre pensara que nom ia têr dinheiro para comprá-lo.

No Estalar havía uma pequena turbina que dera luz a uma casa, como outras de Friólfe. Mas quando ven a luz de FENOSA estas pequenas plantas abandonaran-se.

Sinto saudade de nom poder andar pelo Estalar, e ignoro se o caminho segue transiável.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 16 de janeiro de 2014
O JESUS DE VIGO
Ao Jesus chamavan-lhe de Vigo porque era o nome da sua aldeia, na parroquia de Ssan Martinho da Torre. Unha aldeia rodeada de carvalhos e pela que pasa un regueiro que leva o mesmo nome. O primeiro matrimonio "gay" do Paramao foi desta aldeia, o que lhe dá sona de liberdade, mas o Jesus já morrera quando se celebrou este matrimonio.

O Jesus na sua mocidade fora do Partido Galeguista, mas como ele dizeia depois vinheran quarenta anos de silêncio, nos que se manteve afastado da politica, até que com a chegada da transiçon se afilia a un sindicato labrego, participando activamente na loita contra a quota empresarial, que tinhan que pagar os labregos sem distingui-los dos lavradores de classe meia. Logo foi concelhal polo PSOE, tempo no que se limitou a apoiar a alcaide, ainda que oferecendo.se ao movimiento vezinhal. Una vez que saiu simpatizaría con partidos mais á esquerda, pois Filipe Gonçalez defraudara-o. Sería tambén huiz de paz, ainda que pouco há que dizer disto.

O certo é que já há anos que morreu e aquela fieu quase valeira. E cumpre lembrá-lo porque defendeu sempre una agricultura sustentável, e foi un bon vizinho, idenpendentemente de que se comparta ou non o seu passo pela politica.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 23 de dezembro de 2013
OS SAÚDOS DA ZELIA
A Zelia mandou-me saúdos. Havia muito tempo que nom sabia nada dela.

A Zelia era uma pequena singular, que jogava ao futebol. Compartimos a escola de Outeiro e ela admirava a minha literatura “perdida”.

A Zelia puxo a parte femenina na Associaçom de Vizinhos de Friólfe e na Agrupaçom cultural Lume Novo, quando falar com as mulheres de algo associativo era proibido.
Passei muitas noites conela e para quem nunca quiseram entender era a minha noiva, mas para min era uma companheira, malia que nom fôsse lésbica, Ficavamos juntas na cozinha fuma casa, que agora está desabitada e rodeada de feismo urbanistico, e comentávamos muitas coisas mirando o televisor que de aquela nom era tam alienante, pois saiam os cantautores e havia filmes um tanto decentes. Naquela casapedíusse-me que escrevera sobre a estafa do leite, e fixem-no, embora se publicou resumido. E naquela casa estava o Froilam, velho socialista, e vinha o Gerardo do Castro, velho republicano.

Tudo se perdeu, ou nom. Eu já nom fou ao Mato pelo caminho que cruzava os Moinhos, porque nom pósso e porque está intransitável, nom vou pelo caminho de Penenca, cruzando o Río da Ponte, onde havia grandes amenciros e agora há eucaliptos.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 11 de novembro de 2013
A VITÓRIA NOM DESAPARESCEU
A Vitória era uma mulher maior da minha aldeia, a quem as circunstâncias deram duros golpes na vida, mas também uma fortaleza psíquica enorme para superar essas circunstâncias.

Eu passava horas com a Vitória, falando da história da aldeia e da paróquia. Ela vivera um mundo desfeito na pos-guerrra, e morreu noutro mundo desfeito por um absurdo comunismo e desenvolvismo ao serviço unicamente do capitalismo.

A Vitória nunca foi franquista. O franquismo matara ao seu padrinho, católico como ela, mas quiçá fora esse catolicismo o que lhe facia odiar de forma preconceituosa a Rúsia e aos comunistas, até o ponto de que uma vez que lhe deram uma publicaçom as testemunhas de Jeová á tirou porque creu que eram comunistas ao nom estar de acordo com a Igreja católica.

Surpreendentemente o meu ateismo coincidia com o cristianismo da Vitória, no amor pela naturaleza, na solidariedade com os desfavorecidos,…
A Vitória contava-me coisas, como quando ia a feira de Sárria com uma dúzia de ovos e lhe caíram ao cháo e lhe romperam antes de chegar. Histórias nas que eu via essa superaçom que sempre teve parte do povo galego.

A casa da Vitória sempre esteve aberta aos mais pobres, e embora resulta que foi comunista sem sabê-lo.

Suso L. Gaioso
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Publicado o mércores, 28 de agosto de 2013
DA LITERATURA DE MEU AVÔ
Meu avô materno nom era propriamente um artista, mas sim um home de gosto e um bom canteiro. Ele mesmo destruiu uma casa que comprara, que nom por pobre deixava de sêr arquitectura harmoniosa, e fixo outra medianamente lograda. Era home de certa capazidade intelectual e tinha uma formaçom nom academica superior à meia.

Pôde dizer-se que nom era home de livros, agas almanaques que tevessem a vêr com a agricultura. Gostava da chamada literatura oral-toda literatura está para escrever e a interpetaçom só lhe dá mais autorias. Afinais dos anos ´970 conheceu a minha literatura "perdida" e gostava dela; conheceu também alguma publicada, misturada com uma militância politica que inicialmente aceitou e logo nom viu bem asustado pela involuçom social mas temém porque questionava dependências ás que ele estava já muito afeito. Nos últimos tempos da sua vida, quando apenas podia mover-se, dou em escrever sobre a vida naquela aldeia; uma aldeia tam singular e à vez tam galega, onde os tratos se facian de palavra ou com documentos privados, onde a maioria eram da familia. Reflexionava nums micro-ensaios sobre cacicadas e outras coisas dum jeito que seria util, algo mais que como curiosidade dúm sitio e duma época. Mas estas escritas foram destruidas e som um mero recordo, junto ao recordo dumas cosas que hoje som montons de escombro, junto ao recordo de fincas bem trabalhadas onde hoje as augas ricas em minerais mantém o verde.
A perda das escritas de meu avô foi triste para mim, porque com elas perdim também a aldeia.

Suso L. Gaioso
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Publicado o venres, 2 de agosto de 2013
O CIPRIAM, UM JEITO DE EMPRESA.
Manuel, o Cipriam, nascera em Paradela e defenia a meu avô, o Freijo, como o mellor amigo que tevera.
Suponho que os dois eram pessoas fora do comun num undo fechado que se abriria com a II República, mas voltaria fechar-se pronto.

Na posguerra, o Cipriam facia viages em bomboio a Madrid, levando coisas como manteiga do Neo, de extraperlo, como podia. Mas aginha descobreria que o ferro era um negócio que dava para viver, e empeçou a carretar ferro para as lareirlas e outras coisas.
O Cipriam casaria com uma mulher de perto de Sárria, que desgraciadamente pronto morreria, e seria à beira da casa da mulher onde monteria o armacem-obradoiro. Lá fazeriam-se parilhas para as cozinhas, caldeiros,…, e afinal esqueletos para vigas da construiçom.

O Cirpiam chegou a têr nove operários e manejar muito dinheiro, mas nom tinha da sua propiedade mais que dois automóveis.

O Cipriam era grande amigo da Natureza, e acompanhava-o quase sempre o seu can.
Na transiçom, ele, de ideias comunistas teve que batalhar com os seis própios operários para que secundassem greves gerais.

Durante meio curso esteve estudando F.P. em Sárria e comia com o Cipriam numa daquelas fondas onde havia um ambiênte familiar. Lá falavasse de muitas coisas. Mas aquilo acabousse pelos meus problemas de saúde e de outro tipo, e perdim quiçá a ocassom de trabalhar para aquele empresário singular.

O Cipriam morreu num acidente de automóvel, e com ele foi-se um jeito de fazer empresa, que quiçá seja importante rescatar.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 22 de julho de 2013
RETRASO INTELECTUAL E DESFEITA SOCIAL
Preocupa-nos a algumas pessoas o grave retraso intelectual que há na excasa mocidade do Páramo, alheia á histórica e ao que está passando no mundo. Mas certo é que outra gente diz que hoje as crianças som espaviladas porque vem muito a tevevisom, estudan muitos anos,... Isto é evadir uma realidade ben vissível que se nos jornais e noutros sitios, e sangrante é a situaçom de violência á que alguma gente califica de antisistema e em realidade som as cloacas do própio sistéma social, que nom só no Páramo está degradado.

Uma criança do Páramo vive pensando que com os primeiros aforros comprará uma moto e um automóviel, tem telefone móbil e ate pôde usar internet para comprar. Pouco lhe importa o que suceda na Natureza porque o mundo rural leva muitos anos subsidiado. As vezes até têm grandes cadeias de música, embora nom sabam que música lhes pôr. O cinema é sistituido pelas grandes superficies. Comprar, comprar,... Há ofertas.

Generalmente no Páramo há trabalhos de tipo marginal onde está ausente o companheirismo "burgueses" cheios de auto-odio,... A realizaçom humana nom vale nada, reproduzir o patriarcado é o que lhe ensinaram a muita gente. Nom é que se trate de algo que nom rompa, nom é que haja gente com outros esquemas, mas já sabe que tem que emigrar, deixar a brutalidade, e quando venha verá como a impunidade desfixo mais.

Se as nóssas crianças nom som animadas a estudar pora valorar e trabalhar em harmonia com a Natureza, o futuro é negro.

Suso L. Gaioso
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Publicado o venres, 19 de julho de 2013
UMA FESTA QUE NOM É DO POVO
Celebra-se emFriólfe a festa de Sam Joam, que nom é o dia de S. Joam, pesse a sêr festa tremendamente católica, numa paróquia em que os nom católicos nom contamos. Os da Montanha nunca ajudaram a fazer esta festa, pois eles têm S. Lourenço. Esta festa supom hoje uma agressom ao nósso idioma e á nóssa toponimia. A agressom de quem desprezam a cultura popular e defendem uma agricultura convencional que nom tem futuro, nem queremos muitas e muitos que nom o tenha pelas suas repercussons na saúde, na Natureza e numa economía sustentável.

Mas o triste de tudo é que o dinheiro dum baldio que é de todos vaia para esta festa e para outras coisas que nom som de todas e todos, e que de passo se fomentem uns valores patriarcais, machistas, homófobos, transfóbos e racistas. Atrás ficam as festas libertadoras de seculo passado quando havia uma forte participaçom de toda a parróquia e na que também participavam citanos. Hoje a nova vizinhança é alheia ao que fai a oligarquía da parróquia, que se representa a sim mesmo e que defende uma agricultura convencional que tem os dias contados. Friólfe hoje tem novos vizinhos, embora nom vivam toda a semana na paróquia, e a nóssa gente emigrada e a sua descendência exige também o seu sitio na vida da paróquia. Nada tem a vêr a Friólfe de uma minoria maioritária com a Friólfe que sentimos outras e outros, e que enraíza com a Friólfe histórica.

Isso sim, a Deputaçom de Lugo, que nom tem dinheiro para nada, dá muito em Friólfe, e mesmo dou para um campo de festa, apessar de que o Pepe de Seoane nom botou a naide do outro, e el e eu quixemos fazer um local social nel.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 6 de junho de 2013
ARDEU UMA PALHEIRA EM FRIÓLFE
Em Friólfe ardeu uma palheira que ademais era adega, despensa e garage. Numa parte dessa obra estava a primeira escola á que fum eu.

Rumoreiasse que o incêndio foi causado por um curto-circuito. Isto pôde produzir debate sobre a construiçom no Páramo, onde nom bastou com destruir a arquitectura popular senon que a instalaçom eléctrica e a fontanaria soim sêr um desastre, numas obras inseguras nas que se usam materias mesmos proíbidos no mercado, coma "uralita" com amianto, com um despilfarro de energia insólito nesta zona, embora noutras partes da Galiza isto já passava com as casas de indianos, como bem escreveia recentemente o Jaureguizar.

é um facto lamentável, e é de esperar que nom passe em muito tempo, porque dizer nunca mais quiçá eja muito pedir. Mas nom é de confiar muito que a desgraça traia algo positivo, que só podia sêr reavivar o pensamento, porque já fai tempo que morreram num poço duas pessoas e seguem-se fazendo poços iguais, sem ventilaçom, de cimento que quita porosidade da terra.

Necessita-se control administrativo e que quem fam dinheiro com a construiçom adquiram uns conhecimentos. Mas pouco cabe aguardar onde as arquetas dos caminhos municipais nom têm psifom e vam directamente aos regueiros.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 20 de maio de 2013
ERVA BOA
Ao entrar en Friólfe vim um pouco ao longo a érva pequena, em fincas que estám no meio de outras que têm tojos e carvalhos pretos, entre outras plantas, e vim ai uma sustentabilidade que noutras partes nom há porque a química, os rebaixes,… , a destruiram. Pudem rememorar o sabor dos queijos e do leite feito de outros tempos, e quiçá hogano aínda haja quem o faça.

Santema já pouco pastoreio tem, mas a Natureza nom foi alterada como noutras partes, e suponho que a gente seguerá mantendo conversas como noutros tempos, malia que a morte e a emigraçom levaram muita sem sêr relevada pelas novas geraçoms, que praticamente nom existem.

Isso sim, hoje buscar cogomelos em Santema já nom é nada visto como anormal, e possivelmente este seja o maior aporte económico do nósso mistico monte, onde as recomendaçons fam que volte haver transeuntes, e por algo se desgraça mas também por sorte nom há estradas que o atravessem. Recordo quando ia por cá com o Domingos do Xestre e outra gente caminho de Adai, e algumas vezes topavamos com o Etelvino de Cendoi e outras pessoas com as que valia a pena falar, que predizcian a crise na que nos meteram os capitalistas para evitar a sua.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 6 de maio de 2013
REVOLUÇOM NUMA ALDEIA
Este era o titulo dum livro de Mao Tse Tung que lim há muitos anos, que reflectia um mundo harmonioso dos camponeses, que podia sêr transportável á Galiza, mesmo sem mudar o regime politico. Mas os paraissos maoistas deram no brutal capitalismo que nos vêm encima.

As aldeias galegas som estruturalmente igualitárias, e tinham umas costumes de apoio mutuo e uma jurisrudência popular, que levavam ao sonho duma sociedade comunitária. Mas a única revoluçom que chegoy ás aldeias galégas foi o consumismo, e aquilo que nos fixo sonhar nos anos ´970 acabou tan mal como a revoluçom maoista, e a melhor gente geralmente emigrou, mentres o capitalismo mais brutal facia o seu negócio com maquinária desnecessária e uma construiçom que nada tinha de arquitectura. Cultivos imageitados eram excussa para tirar carvalheiras e soutos que levavam anos dando vida nom só no seu fruto senom no souto-bosco ou no eir que respiravamos, na auga que regava os nóssos prados, …

Agora podemos ir a uma aldeia imaginária, sem forçar muito a imaginaçom, e escrever Involuóm numa aldeia. A Involuçom que dou um capitalismo incapaz de sair da sua crise, e que nos ofrece suicidis, coucros, ...

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 18 de abril de 2013
QUE TENHO?
Friólfe está triste; e um dia temprado, às vezes chuvoso, com vento. O tempo invita à saudade; eu tenho-a, mas nom sei o que é, houvo quem dixo que era um sentimento imaterial, mas para uma ateia materialista como eu, nom há nada imaterial. Estou nessa dêveda com o Ramom Muntxaraz por nom têr escrito algo concretizado sobre a saudade. Ele também nom acabou de explicar-me o que era a psicoanalise. Freud era progressosta, mas um neno ben da pequena burguesia; isso é o que sei. Possivelmente saudade e psicoanalises pódam explicar o meu estado de ânimo nestes momentos, e se saia dele sei que entro no delirio, por isso melhor seguer.

Um menino na paróquia próxima teve um premio por bom rendimento escolar. É xordo mudo. Teve accesso à minha literatura. O seu premio é um reconhecemento a todos os minusválidos dum concelho no que abonda o retraso intelectual, e que penso que é o pior problema social.

Passei hoje por junto do caseto de referência, e volto ao Ramom Muntxaraz porque o de referência vêm porque ele o usava como tal quando me vinha vêr. A propietária que queria que o restaurasemos para um pequeno museu vendeu a sua parte. Nom pôde sêr, mais a fica, e mesmo se cai e retiran os seus escombros será uma referência, e à sua beira as gentes que colhem o auto-carro ou lindam vacas seguerám contando histórias e, quiçá olhando a lebre e o gato montês. E eu recordo quando ao baixarme do auto-carro tirava numa pequena carvalheira comida já nom apta para o meu consumo. A carvalheira já nom está, mas sim o pinheiral da casa Nabica, com tojos que absorvem o suficiente nitrogênio para os pinheiros. O Antom Moreda já nom pôde fisicamente andar por cá comigo, mas é caro em Friólfe.

Isto quê é?, saudade? Quiçá sim; e quero-a têr.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 4 de abril de 2013
DO PARAMO A COMPOSTELA
A finais dos oitenta e principios dos noventa de seculo passado viajava eu bastante a Compostela, com um projecto politico como motor, mas adoptando esta circunstância a outros que-fazeres vitais.

Recordo quando lhe dixem ao Jacobe que para mim Compostela era a sintese do rural e o urbano. Estava numa terraça junto a pedras de cantaria. Lugo era de aquela um urbano sem jeito alheio ao rural que entrava numa cultura mais de suburbio marginal que de aldeia.

Em Compostela sentia-me realizada intelectualmente, malia que me suspenderam nas Provas de acceso à Universidade. Conhecím grandes artistas como o Manolinho de Amoedo.

Passeando por Compostela mirava os escaparates de lençaria e outra roupa femenina, mas nom era a transexualidade o que mais reivindicava.
Um dia passei por um bairro cujo nome nom recordo, e vim uns adolescentes citanos perfectamente integrados. Uma era belissima. Recordei as relaçons do povo citano con Friólfe sobre as que um dia escreverei.

Nom há muito souben do vinte e cinco aniversário da Casa das Crechas, e recoirdei quando o Vítor me via como maior pela voz. Tinha eu, de aquela, vinte e sete anos. Nom pudem ir, agora, lá.

Este ano dedica-se o Dia das letras Galegas ao Alberto Vidal Bolanho, a quem conheço pouco literariamente, mas sim das noites compostelanas de aquele tempo.

Conversas nos bares com gentes proletárias, boa comida a bom preço… Tudo é saudade; da que me pediu escrever Ramom Muntxaraz.

As últimas viages a Compostela já foram distintas, embora me sentím bem.
Arredor de Friólfe passa o Caminho de Santiago. Antes de que eu teve-se noticia de que os psiquiatras acham anomalias mentais na gente que o fai já as viu o Júlio de Outeiro. Mas nom há que generalizar, e para mim é terapêutico o intercambio cultural que se fai com gente valiosa que por ai vêm, como vejo bem socialmente certos negócios que compiten com o domino consumismo ou as protestas contra a destruiçom da ecologia e do património histórico-artistico,…; coisas que ajudam a manter o meu recordo de Compostela.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 4 de abril de 2013
RECORDO DA ASUNÇOM
A Asunçom do Pesco chamada pela vizinhança 'Sunçom, era uma mulher contraditoria como o sitio e tempo que lhe tocou viver. Nascera em San Vicenço de trás da Devesa, no histórico curato de Gondrame, filha dum home das Cortes que pela sua fortaleza física lhe mudaram o nome de Pedro por Pedrom, o que levava às gentes à compreesom da raiz etimológica do nome, pois seica era duro como uma pedra.

Como soia passar na gente da ribeira, o ocio e a higiéne eliminavam precomceitos e tabús sexuais, circunstância muito beneficiosa para as filhas e filhos seis e quem nos desenvolvemos à sua beira nalguns momentos da vida.

A familia da 'Sunçom nunca foi antifranquista, embora nom teveram responsabilidades no régime, sim teveram relaçons a nivel social e económico com gentes da sua parte mais instransigente. Contradiçoms! A rebeldia natural da familia levou a algum a têr que fugir a terras que nom chegava a lei espanhola.
A 'Sunçom, vital e socialmente, dignificou a vida da mulher num meio ferozmente machista, mas nom lhe sacou de nalgum momento defender normas impostas pelo machismo. Normas nom escritas, mas bem alimentadas pelos fantasmas do regime e das estruturas fendais-capitalistas.

Passei bastantes horas com a 'Sunçom, arredor das vacas, das hortaliças,…, de todo esse mundo sustentável no que as duas criamos, embora certo é que algumas vezes os dragons do desenvolvismo nos impederam escuitar as sireias dum verdadeiro desenvolvemento.

Vim por derradeira vez à 'Sumçom um dia em Seoane, num Seoane triste onde já nada ficava. Pesse ao passo dos anos, levava um aspecto juvenil remarcado por umas botas. A sua presença transformou-me a tristeza da soidade em saudade dum fado por escrever.

Suso L. Gaioso
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Publicado o venres, 22 de março de 2013
AS CEREIJAS DO CRUZEIRO
O cruzeiro Velho é um antigo cruzamento de caminhos por onde hoje passa a estrada do Páramo a Paradela. Dim que em tempos houve um cruzeiro, e o que é certo é que a Igreja católica levava até lá as procissons, até que a um cura lhe dou por parar antes.

No Cruzeiro Velho há umas folganças onde de crianças plantamos uma mimosa que nom nos prendeu. Mas nessas folganças nasceu uma cerdeira, e essa cerdeira é distinta de outras que nascem de semente e que há que ingertar para que tenham uma produçom rendível. Esta dá cereijas grandes, duma cor vermelha muito viva, dozes. É uma selecçom natural que cumpre clonar por ingerto, mais que trazer variedades de outros sitios que em muitos casos nom se adaptan. Os prunos som a minha fruta preferida e alegram-me que a Naturaleza desse esta cerdeira.

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 19 de fevreiro de 2013
REFLEXONS NO ENTRUDO
É o Entrudo e nada exceiçonal há na minha aldeia, e nem sequer pôda dizer-se que traça o remate do inverno, como a tradiçom e a sabedoria popular o vêm definindo, e nem o tempo nem a minha situaçom física me permiten plantar uma árvore como soia fazer o Henrique do Cunqueiro e outra gente que conbecím. Penso que em Friólfe nom haverá foliom como noutros tempos.

Umas adolescentes da paróquia fixeram um boneco de neve. Menos mal que entre as novas geraçoms sai algo criativo.

Nom me importam as "famosas" da teve-lixo, nem as grandes equipas do futebol, nem se as grandes superficies fam ofertas,... Importa-me como lhe irá ao "Sie", o músico da paróquia, importa-me a soberania alimentar, a permacultura,...

A pessar da cativez do mundo tenho esperança, quiçá porque tenho noticias de algo que vale a pena saber, como por exemplo aldeias autogestionárias que xurden noutras partes da península e do mundo, ainda que na Galiza nos chamem á emigraçom porque cá pouca saida tem aquilo que eu crêio que pôde sêr germolo dum tempo novo.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 31 de dezembro de 2012
50 anos
Vou cumprir cinqüenta anos e tenho muito que preguntar-me, mas outra gente tem mais. Pósso dizer que a minha vida foi coerente e conseqüente, mesmo algumas vezes demais.

Que fica duma rapariga, que obrigavam a sêr home, que cria num mundo livre, que gozava lindando duas vacas, mentres a gente da sua idade comprava automóveis caros. Sego sendo tam jovem como de aquela, e pensando que a felizidade é mais importante que o benestar, o mesmo que Castelao, e, por casualidade da vida, a Beatriz fixo-me prima politica do Che Guevara, que entregou a vida a menos idade da que tenho eu, por um mundo que el aguardava melhor? Fica tudo, e fica muito por conquerir, e o mais importante e que a Natureza fica ai, e seguera depois de nós, porque por muito que a destrozem, como dixo um home do Páramo, a Natureza recicla tudo. O que passa que o que a Natureza podia reciclar nuns meses tardará centos de anos.

Em fim, cumprir cinqüenta anos pôde sêr aceitar a velhize inevitável, mas também reafirmar-se ná juventude, sempre necessária.


Suso L. Gaioso
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Publicado o mércores, 28 de novembro de 2012
UMA CASA
Espinheiro do Freijo é um somho eu tenho, tuma casa numa finca que foi dos meus devandeiros. Espinheiro é o nome do terreno e do Freijo é por meu avô Jesus do Freijo que com muito esforçoo comprou com a minha avó Rosário, que tinha parte nela, mas meu avô António sempre desejou que volta-se para a familia o Espinheiro, e morreu sem vê-lo, e quiçá eu também, embora nom me importaria demasiado se o actual propietario ou outro lhe dá um uso sustentável como tem agora.

Esta finca entre giestas e carvalhos, entre terras de lavradio e de tojos, é fértil e ten um penedo de piçarra no meio, onde eu quixê-se acimentar a casa. Uma casa de bioconstruiçom coma lareira no meio, ceivando um fume ao ar que a Natureza do lado doadamente reciclaria, e ofeceria a minha casa cortesmente aos transeúntes que subem da carvalheira que tambem dá o virulete e os cogumelos, a que atravesa um regueiro que podía dar electricidade para a zona.

Espinheiro do Freijo sera algum dia, meu ou de outra gente, mas será porque é um sonho muito forte que naide pôde parar, e porque já o foi um dia embora nom houve-se uma casa, e ao lado eu esteve com a Domina, com o Júlio, com o Pepe,..., e mentres lindavamos as vacas, sonhamos e fixemos, olhando as pombas que vogavam sobre Ribela e os ferozes corvos, pensando nas histórias que nos contara o Henrique do Cunqueiro.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 26 de abril de 2012
QUANDO AS COISAS NOM MEDRAM
Um dia ouvim-lhe a uma politica provincial, que a Reserva da Biosfera Terras do Minho estava de cabodano. Nom sei se era um problema de psicoanalise ou lingüistico. No meu galego um cabodano é o aniversario duma morte. E nas terras dessa Reserva mas que de aniversario estám de cabodano, pois havia que ir-se a bastantes anos atrás por vêr semelhante desfeita da Natureza como se fixo nestes últimos dez anos. É certo que me consta que nalgúm concelho nom é assim.

Quem tem a culpa? Sería bom vêr caso por caso para achar aos culpáveis, e vêr quem atropelha anímais silvestres, quem tira árvores centenárias, quem introduze cultivos foraneos que som autenticas especies invassoras,... Mas haveria que questionar de forma total o modelo de sociedade rural, sem esquecer as nóssas raízes mas aproveitando o que nos dám estes tempos. Alegran-me pequenos esforços na Galiza rural que vam dando os seus frutos, relaccionados com a agricultura ecológica, a bioconstruçom,..., mas a besta duma manipulada segue deixando que nos nóssos corpos nom medre a érva como se do cavalo de Atila se trata-se.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 19 de janeiro de 2012
A MEMORIA DO TIO FRANCISCO
Nom conhecím fisicamente ao meu bistio o Francisco de Fruginde, pois morreu antes de nascer eu, mas sim tenho ouvido bastante dele. Era irmão de meu avô pero pai, pois a sua mãe era da Calinha, da familia dum dos maiores artistas do Páramo e da combatente republicana Castora.

Foi mineiro arrancando carvom en Asturias, onde forjou as suas ideias de esquerdas, e logo poceiro na Comarca Sarriana, principalmente na Montanha do Páramo.

Na casa do Meio de Fruginde havia um ambiênte progresista, que levaria a todos os homes da casa ao cárcere, e o tio Francisco livraria-sé por têr morto.

Num tempo em que até a esquerda era machista, o tio Francisco defenderia os direitos das mulheres, estando sobretudo contra os matrimónios amanhados.

Era um fervente anticlerical num sitio onde a Igreja dominava tudo, e isto fixo que muita gente totalmente alienada o toma-se por tolo.

Sacá-lo do esquecemento é recuperar a historia da zona, que nos negaram ou tergiversaram.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 2 de janeiro de 2012
FOI-SE O JÚLIO
O Júlio morreu, depois dun tempo em que esteve mal física e psíquicamente. Era para min um amigo, e assim demonstrou no nefasto 1993 e depois.

Foi ela quem me axonselhou comprar aquela casa para a que afinal nom teve dinheiro e foi ela quem nom me abandonou em momentos dificcis. Valorou sempre a minha literatura e a minha vida.

O Júlio era amigo da boa gastronomía e da agricultura sustentável.
Foi a última pessoa que eu saiba que viu lebres no Cochom, onde nom desaparesceram precisamente porque as comê-se o gato montés, que também desaparesceu.

O Júlio fixo paredes de grande valor quando os "modernos" se dedicavam a tirá-las, dizendo que era atraso o que fai da nóssa terra algo singular em toda Europa.

A pessar de sêr duma propiedade grande, o Júlio andou a jornal na seitura de centeno, pois eram muitos de familia e a propriedade de nom dava o suficiente. E naquelas segas deixou grande exemplo de companherismo. E colavoroi com o sindicalismo labrego, mentres outra gente que tinha menos se dedicava a caluniá-lo e apricar o esquirolcio.

A primeira escola á que fun era numa palheira do Júlio, e isso fixo-me conhecê-lo muito pronto. Eran anos dificcis, onde o franquismo nos queria meter a alienaçom como fôsse, mas nos tinhamos a sorte de têr un mestre que nos falava en galego e uns vizinhos e vizinhas que nos dizeian certas coisas entre os que estava o Júlio. Viamos o mundo entre aquelas árvores centenárias, uma das quais era a torre de control do Domingos,... Mas tudo se ven abaixo e o Júlio também se foi.


Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 21 de novembro de 2011
DESPOIS DUM ACCIDENTE
Eu pedira aos meus deuses particulares nom ingressar num hospital a menos que fôsse por razons da minha transexualidade, mas desgraciadamente entrei por uma torpe caida ao abrir a casa dos banhos.

O trato no hospital foi bom; nalgum caso excelente e respetarom bastante a minha transexualidade. Mas vim-me privada de intimidade, que é bastante dooroso. Mas esta perda de intimidade facia-me sentir confiança naquelas perssoas que me coidavan.

Teve a víssita de amizades, familiares e vezinhança, que me fixerom vêr quem de verdade me queria.

Do hospital fum para o Páramo, consciente de que me ia encontrar mal. Tevem, há que dizê-lo a solidariedade de vizinhas e vizinhos, mas vim contradiçoms que nom podia subportar. As rencilhas familiares e outras coisas aniquilavam-me. A minha amada cadelinha Nati foi quem mais cuidou de min, mas chatou-se porque lhe dixem que nom podía jogar com ela.

Foi uma experiência nefasta, mas enriqueceu-me.
Um vizinho pediu-me que escrevera sobre o fraude que supóm que pessoas que passam o dia trabalhando receban ajudas como que lhes vaia alguem limpar a casa paga pela Junta. Tinha que escrever de muitos fraudes.

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 27 de setembro de 2011
BRUTALIDADE COM OS ANIMAIS
Muita gente criamos que a brutalidade com os animais já nom era como em epocas passadas, quando se via um tanto justificada pela ignorancia, a miséria e a educaçom para militar que recebeia a gente. Atrás deviam ficar as vacas sangrando pela acçom do aguilhom, ou as cabalarias sangrando pela acçom da espuela. A brutalidade de chegava a tanto que entre os ricos do Páramo, Paradela,..., era muito normal pôr a pela dum cam no jugo das vacas.

Mas tempos cambiaram pouco, pesse a muitas declaraçoms e outras coisas que vam parelhas. A carreteras do Páramo estám cheias de serpentes mortas salamandras e donicelas... conseqüência do pissa o automoves mas os laços ao porco bravo nom têm que vêr com o passo dos automoveís, nem a casa que mais e assessio nom e com automóveis , “caça” de corvos e outros animais que nom se usam na gastronomia.

Quando alguém diz que antes todo era ecologico, soio po-lhe estes exemplos porque antes ouvo muitos antes, como agora há muitos agora, e amanha havera muitos amanha. O que nom podemos permitir é que se façam estas aberraçoms, que ao meu juiço nom están seradas de onra que se dám no urbanismo, na contamiaçom das augas, da destruçom do público ou de arvoredo autoctono.

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 9 de agosto de 2011
SOLUÇOMS E CRISE
Nom há muito perguntaran-me se conservava a redacçom que fixera no colegio da Póvoa sobre a crise energética dos anos 1970 da que a mestra de ciencias sociais dixera que eu sacava soluçoms de baixo das pedras. Aqueles eran tempos nos que o aumento de consumo punha em perigo o suministro de energia para todos e todas. Aquilo arranjousse, mas as suas conseqüências vemo-las hoje. O suministro de energia nom foi gratuito para o meio ambiente, nom se buscarom egergias alternativas, dentro da sistentabilidade. Hoje sobra energia, mas isto tem uns custos enormes que influen na nóssa saúde e nom digamos na Natureza, e na economía. porque quem falou de crise nom se param a pensr que o trigo que vem da Castela tem um transporte que custa o que nom custaria se se produzi-se cá, mas o custe económico non o e tudo; o transporte produze CO2 e outras coisas, e antes do transporte, esse trigo é criado com abonos químicos e outras coisas danhinas para a Natureza, e que na sua elavoraçom também contaminan. Os depredadores de moscas e outros insectos ven-se cá sem o necessário alimento, sem auga limpa para reproduzir-se e montar a sua forma de vida, ... E podiasse falar de muitas conseqüências do que este modelo de consumo tem, e o que nos custam "lujos" tan ridículos como comer pementos de Herbon criados em Almeria o único porque vêm uns dias antes.

Um bom escritor de Lugo dizeia-me que eu defendo o modelo económico chinês: a min sefuziu-me o marxismo em tempos e sego considerando que aportou coisas positivas á humanidade, mas o que há hoje em China nom é maoísmo nem me atrai nada, outra coisa é que eu reconheza que a futura superpotencia económica vai sêr China, porque já o é.

Soluçoms hoje, mas nom vou eu sêr quem as ponha en práctica, que nom tenho recursos. A crise quando venha de verdade vai beneficiar zonas rurais como a nóssa, que cadaquén busque o que pôde para solucionar o que só a guerra pôde impedir que se solucione.

Suso L. Gaioso
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Publicado o venres, 8 de julho de 2011
A INVISIVEL CONTAMINAÇOM
Este dim que será um verão seco; a auga está arriba, e nom se sabe como virá, mas vir seguro que vêm. O duplo efecto do quecemento-escurecemente vemo-lo. Mentres seguemos contaminando como podemos. Que me digam a min que comer pementos de Hervom criados em Marrocos nom tem a vêr com a emissom de dioxido de carbono, gas principal culpável do cambio climático, e que me digam muitas coisas. Que me digam que o metano do purime anaeróbico nom é mais que o que produze o grisu nas minas; a diferência é que o grisu é explossivo ao mezclar-se nom o ar, mentres o do purime sube a atmosfera; á gasolina ao ar livre arde, pulverizada pelo carburador do motor, fai-se explossiva. Isto é o que passa com o metano. E se falamos do CO2, eu, por desgraça tenho dois mortos na familia pór asfixia num poço de cimento, que nunca tal coisa passou num poço feito na terra que é porosa. Evidentemente a auga pitável tem microorganismo e outra matéria orgánica que produzem CO2, e o ar quente ao diminuir de pesso nom baixa parar que suba esse CO2.

Isto que digo é um exemplo claro da contaminaçom, mas podia pôr outros muitos, como pôde sêr a produçom de raiactividade pelo granito, tem inofenssivo na bioconstruiçom, e dim que produtor da morrinha galega. Podia falar do amianto, que no Páramo se segue reutilizando, e podia falar de muitas coisas, como os campos electromagnéticos.

Um médico dixo-me que na sua profissom se utiliza muito a lei de provabilidades. Eu, que sempre fum má em matematicas- nunca aprendin a tabua de memória, e faço quase tudo pela negra de três; sim uso a lei de provabilidades, que desmonstra que as matematicas non sempre som uma ciência exacta, porque dois pares de maças som quatro, mas se uma sai podre som três. Onde hoja contaminaçom há mais possibilidade de cancros e de outras coisas. E a lei de provabilidades nom soi falhar-me.

Penso que há muitos tipos de contaminaçom, e que som evitavels em muitos casos, por non dizer en todos se viveramos numa sociedade tam utópica como necessária, mas eu nom tenho poder, e nem sequer son uma intelectualiso uso a arte da literatura para pedir medidas. E aguardo que as geraçoms futuras achem un mundo melhor, que este que rompe por todas partes, engendre outro. As pragas de Egipto, a caida do Imperio romano e outros exemplos da história dim-nos, o que nom devemos fazer, porque a Natureza nom pôde romper-se nem em nome de Deus.

Suso L. Gaioso
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Publicado o venres, 8 de julho de 2011
A SUPERAÇOM DO CAPITALISMO DESDE FRIÓLFE
Dixen a um actor amigo que ao melhor escreveia um poema ao movimento dos indignados, mas nom o fixem, quiçá porque nom tenho nada claro o que sairá de ai, como nom tenho claro o futuro desta sociedade a nivel mundial. Levo toda a vida escrevendo poemas e outras coisas que aos indignados e indignadas, e por isso aguardo que me perdonem nom fazÊ-lo neste momento.

Os povos saiu á rua. É o final do capitalismo moderno? Nom o sei, mas induvidavelmente é uma nova época. As nossas descontroladas som perigosas porque a vezes xurden "mesias" capazes de aproveitar a sua energia, mas tembém som esperançadoras porque so elas podem arranjar situaçoms confussas. O capitalismo dixo-nos que nom se pôde seguen com um consumo insostivel e puxo de moda a palavra crise, mas alguém que defendeu essa sistéma já dixera que uma mentira mil vezes dita acaba sendo verdade. Sobram alimentos e demais recursos para manter a populaçom mundial, a pessar dos efectos da contaminaçom, falta um modelo social justo e saudavel, onde esteja por encima de tudo a qualidade de vida do ser humano, que nom pôde separarse da do resto da Natureza.

O capitalismo moderno está em crise desde a sua existência, e assim o demonstraram teóricos como Karl Marx, que erraram, alias na analise da sua superaçom. Capitalismo, feudalismo e comunismo existiram sempre. O capitalismo moderno, nascido no XVIII-XIX nom fixo mais que aproveitarse de uma coisas que o feudalismo nom o podia fazer. Era impossivel que régimes feudais aproitassem as materias primas que vinham de América, Asia,... O capitalismo moderno nasceu doente, e os seus valores nunca foram levados á práctica na sua totalidade.

As indignadas e indignados pedem un novo modelos social, e eu também, como?, dirá-o o desemvolvimento da história, porque o mesmo Lenim se equivocou ao construir um estado dos operários, que logo foi un Estado escraviçados dos proletarios.
Venha o que venha, estámos cá. O Sic perdunta-me quando nos imos para o Páramo. Nom é dificil ir. Há que têr a valentia do Henrique do Cunqueiro ou do Paxo de Naviça e tomar o monte comn, que nos deixaram os nóssos antepassados, e que hoje esta em mãos de quem nada fixeram pela paróquia. E penso que o que digo por Friólfe o podia dizer por muitas paróquias da Galiza, e a nivel mundial também.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 30 de junho de 2011
UMA BANDEIRA NOM QUERIDA
Como se dun golpe de Estado se tratara, a bandeira espanhola monarquica ondeava na igreja de Friólfe. No lugar que um dia lonjano, mas perto na memória de muita gente, ondeou a espanhola republicana, e mais recentemente a galega estrelada.

A bandeira dizeia que tem poder na freguesía, mas poder nom é pôtencia. A minha cadelinha tem muito mais pôtencia que os usurpadores, e desde logo muita mais capacidade inteléctual. Son os defensores do feismo irbanistico, dos que nom há mais que vêr como puxéron a capela de Sam Loureuco. Son quen plantan eucaliptus e outras especies invasoras, contra toda norma. Som os do "cochaço", os do tractor grande... Som quem infamemente venderam o nósso baldio ao capitalismo que o destrui tudo. Som, a final a involuçom, o atraso.

Mas nom tudo em Friólfe esta corrompido porque afortunadamente, a minha parroquia vive; eu recebo cartas de emigrantes e filhos e filhas de emigrantes, e encontro-me com gente que meresce bem a pena encontrar-se.

Pouco me importam quem roubassem a canteira comunal do Chelo, quem defendam uma agricultura venenosa, ... Algum dia cairam, como diria o velho amigo Gerardo do Castro.

O povo, a fim de contas, é quem mais ordena, como dixo esse gránde poeta que foi José Alfonso; um dos melhores músicos da historia de Portugaliza. O povo calado, o povo que nom acredita nos canta-manhás que com o nósso dinheiro querem fazer-mos um mundo á sua maneira. Um mundo que nom lhes imos aceitar. A freguesia somos mais que quem vam á misa- A freguesia ou parróquia, na Galiza, é um ente geogradico, laico, e por isso imos luitar. Por isso luitaram os nóssos antepasados, antes de que vinheram impor-se os que andan pelo mundo só lhes serven para vir falando castrapo, porque outra gente foi capaz de aprender na emigraçom, ou na terra, e sobreviven sem associaçoms feitas mas cujo unico fim é chupar subsidios dos impostos de Joam Povo.

Em Friólfe, embora nom o paresça há gente honesta, que é a parróquia do Henrique do Cunqueiro, do Manolo da Cal, da Dosinda dos Casás, da Castora do Calinha, da Pepa de Sam Pedro, ... De mulheres e homes cujo legado nom esuqcemos.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 23 de junho de 2011
POR ONDE O DOMINGOS FOI SENHOR
O outro dia dixeran-me que já havia um ano que morrera o Domingos; um vizinho ai que destruiu o cancro, isso som, já perto dos noventa anos, pois antes gozara sempre de boa saúde e algo influiria a vida saudável que levou, sobretudo á hora de comer. Quero pensar que outras coisas retrasaram o que estava geneticamente para sêr.

No se me ven á mente quando me falaram do cabodano do Domingos, os tempos da minha infância, quando iamos colheitar centeno ai baldio e chamava a atençom un salgueiro enorme na varada do Domingos. Eram tempos de perdizes e coelhos e algumas cantimas viveiam practicamente dos caçadores. Agoranom há caça, mas nom é porque nom desaparescessem, também os depredadores.

Nom se me ven á mente os filosofeios que tenho tido com o Domingos ao topar-nos nos caminhos, indo as fincas, dos enterros, ..., ou quándo vinhamos a Lugo e concidiamos no auto-carro.
Nem sequer se me recordaram as malhas nas que compartimos trabalho, comida e jolda.

Veusse-me á memória o lochou onde o Domingos tinha a vinha, na que soiamos roubar uvas. Esse roubo era um ritual mais que uma agressom á propiedade; ir da festa do Socorro e nom roubar uvas era um sacrilegio laico. Arredor de aquela vinha, que já há tempo que nom é vinha, havia lebres nom ha tantos anos, e viamo-las quando iamos para a parada do auto-carro ou iamos dela, ou estavamos aguardando numa parada que sem construiçom alguma se facia tam núcleo urbano como nóssas aldeias.

A parada do auto-carro que está junto da vinha do Domingos tinha ao lado uma pequena carvalheira e um pinheiral con soutobosco, e no tempo que havia poças por lá moravam muitos paxaros. Su muitas vezes que fum no auto-carro de Lugo a Friolfe levei comida que pensava que lá ia melhor para o raposo, para os gatos amintados - o propio montés ha muito que nom se vê - para todos os animais que por lá aínda vam.

Eu já nom soo ir ao Paramo en auto-carro, e a parada do auto-carro segue lá mas é rao achar a alguém lindando o gando ou fazendo outra coisa. O caseto da cinha do Domingos está em ruinas,...
O pior da morte do Domingos é triste porque falta um bo vizinho, mas faisse mais triste porque nom há relevo geracional.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 23 de junho de 2011
ALGO MAIS QUE SEÑARDADE


Segunda edición do libro "Algo mais que señardade" por Suso L. Gaioso

Suso L. Gaioso
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Publicado o venres, 10 de junho de 2011
MAIS LIVROS
Uma das barbaridades mais grandes que ouvim a respeito das terras do Páramo foi que a Câmara municipal nom devê-se gastar dinheiro numa biblioteca, porque no Páramo naide lia, coisa que nom é certa porque no Páramo lê-se muita publicidade, e alguma gente também lê coisas serias. A pessoa que isso disso defendia uma agricultura desenvolvista que leva muitos anos demonstrando os seus fracasos e que está emparentada com outras formas de consumismo. Inversons grandissimas em maquinaria e em obras que som feismo urbanistico,..., e tudo pelo afan de produzir, mentres os meios de comunicaçom nos dim todos os dias dos efectos que tem esta agricultura para a nóssa saúde e a natureza; uma agricultura que aparte dos venénos que leve nom tem em contra a proximidade nem outras coisas.

A literatura é um arte que podemos disfrutar em qualquer momento; bastanos com estar conscientes. Más a literatura dá forma à cominicaçom, é em forma literaria podem-se dizer muitas coisas. Por isso eu digo que mais livros, porque quiçá com mais livros as nossas augas nom estevessen tam contaminadas , quiçá nom se reutilizá-se a "uralita" dé amianto, quiçá nom se introduziram espécies invasoras, ..., e quçá todo estevê-se un pouco melhor.

Mas pouco se pôde pedir num sitio onde recebem os forasteiros premios pola "defessa" da cultura "galega" mentres eu e o Sic, artistas de Friólfe malditos, temos que conformarnos com que algum vizinho ou vizinha faga algo ben feito, que poucas vezes é.

Suso L. Gaioso
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Publicado o venres, 10 de junho de 2011
A MÁ SORTE DOS ARTISTAS DE FRIÓLFE
Com a morte de meu irmão perdeu Friólfe um dos três artistas com os que entrara o seculo. A sua tarde como a sua vida, nom acabou de realizar-se, por culpa do mundo da armanha, do que buscou uma forma rara de sair. As suas estatuas, a música, ..., puderan sêr outra coisa.

Hoje ficamos o Sic e eu, afastados duma terra que amamos, e onde carescemos de direitos, como outra muita gente.

O Sic e eu coincidimos às vezes à hora de almorçar. Um dia, derrotado dixo-me- habíamos estar no Páramo; tu escrevendopoesia e eu tocando a guitarra.
Logo marchou, despois de dizer-me que Lugo o aborrecia.

O Sic criou-se na Montanha de Friólfe, quando a cen metros da casa se podian ver coelhos do monte e infinidade de paxarinhos; nom havia abrerrantes obras nem se via a opulência. O franquismo controlava pouco o mundo rural naqueles tempos, mas o sistema capitalista tinha uma nova forma de dominaçom, que era o consumismo. A gente dá géraçom do Sic cambiou a sua forma de vida, e ela foi-se levando consigo a saudade.

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 31 de maio de 2011
PELA MAMOA E VILAR DE PENAS
A Mamoa é um lugar separado da aldeia de Vilar de Penas pelo regueiro que ten este mesmo nome.
A Mamoa é conhecida por um pombal que hoje esta em ruinas, mas a min tem-me chamado a atençom como na Mamoa remata um pequeno mundo bastante sexo para iniciar-se outro verde. As terras de argila e grava dan passo a um pequeno vale onde a auga é capaz de criar humus e dar-lhe a estas terras cativas sona de fertis.

Andei por estas terras há anos por várias razons, mas a principal e na que mais disfrutei e aprendím foi buscando cogumelos, podendo vêr em tam pouca terra mundos tam distintos que ao lado uma rara e falsa modernidade nom permitiu.

Som tempos, dim que de crise, e resulta perigoso muito do que se ouve. O desenvolvismo nom leva a nada, e só perservar e melhorar pequenos ecosistemas garantiza a sobrevivença do mundo rural galego. Por isso, ojalá quando volte pola Mamoa e Vilar de Penas non veja destruindo o que tanto gostei.

Suso L. Gaioso
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Publicado o mércores, 18 de maio de 2011
QUANDO ESTÁMOS NA PRIMAVERA
De caminho a Friolfe pensava no passamento do Manolo de Bravas, bom taverneiro e companheiro meu nas velhas comissons Labregas e na Associaçom de amigos do campo da feira. Todo estava verde, mas faltavan árvores centenárias que outrora demostravam a força da Natureza, feita arte por aqueles que as cuidaram.

O "potro" que noutro tempo se usava para ensiminar as vacas, e hoje poderia albergar ima pequena biblioteca ou museu tirou-no o dono da finca do lado para engadí-lo a sua terra; curiosamente a pessoa que até-há pouco manejava o dinheiro do monte comum, do qual uma parte lha ofereceram a um vizinho por uma carvalheira que querem tirar para o campo da festa. É triste o que está passando, mas cá é assim. A o passar pela aldeia de Friólfe vejo as casas como enterradas entre pinheiros e eucaliptus, e mais adiante vejo a rentilizaçom da "uralita" com amianto, mentres desaparescen a telhha, simbolo da arquitectura do Páramo, e mesmo noutro tempo do nósso fazer artesanal com o forno de Salgueiredo.

Como diria o nósso joven escritor Manuel Nunes, o lavrador asfixia-o o cimento.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 18 de abril de 2011
O AVISSO DE VILA SOUTO
O encoro de Vila Souto saiu nos meios, mas nom foi polas sabrosas cereijas que eu comia à sua beira, nem por outras coisas que às vezes fai o Incio (Oinaio). Saiu porque o cámbio climatico fixo proliferar umas bacterias patogenas como podiam proliferar em qualquer outro sitio. E isso é grave. Algumas pessoas vemos qela zona coisas raras há tempo e nom se nos fai caso mas é boa ocassom para reflexionar. Nom quero repetirme visso de que o que podemos fazer contra o cámbio climático é adaptarnos, mas nom me dica outro remédio. Devemos evitar o consumo como contribuiçom ao arranjo do macro-mundo a nóssa vida, além da intervençom de instituçons e empresas porque a vida fazemó-la todas e todos.

O que se vÊ em Vila Souto é o que se vê nas charcas do Páramo e de outros sítios, e evidentemente muito podiasse eevitar, simplemente com que corrê-se a auga e nom tevê-se excesso de matéria orgánica. E eu recordo uma comferência do Emilio Gonçález, psiquiatra-antropologo do incio na que vinha a dizer isto, mas quien melhor do que o digo eu, e dizeia que antes os médicos tinhan que fazer informes sobre a situaçom das fontes. Eu recordo quando se pecharam fontes no Páramo por transmissom de virus e bacterias. Hoje nom se pechan as fontes, mas nenguém se atreve a beber num regueiro, e alguma gente compra auga embalada por medo à fonte.

Nom sei nada, mas na fonte da minha aldeia nom há as três espécies de sabandijas que havia.

Suso L. Gaioso
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Publicado o venres, 1 de abril de 2011
DETRÁS DO PÁRAMO
Recentemente teve a ocasión de andar pelas terras que ainda sendo da Montanha do Páramo pertencem ao Concello de Paradela.

Eu e os amigos com os que fum, iamos buscando uma suposta casa de turismo rural que nos dixeran que abrira, mas nom era certo. Buscamos como os europeus medievais o reino do Preste Joam, mas o único que topamos foi uma taverna cerrada por sêr domingo.

O Tino, que era o conductor, é amigo de observar e fotar a Naturaza e a construicom rural. Mas tambén fracasamos porque onde un tes havia soutos e carvalheiras, hogamos há pinheiro de crecimento rápido e eucalipto. E vimos como as pare tradicionais foram sustituidas por arames em estacas de cimento, que ocupam menos terra mas nom som o fogar de depredadores e micro organismos beneficiosos.

Do urbanismo que vimos nestas aldeias é melhor nom falar, porque podian tomarme por obsesionado, dado que tenho muito eserito sobre isso. A Câmara municipal de Paradela aprovou umas normas há anos, mas nom se cumprem, e o desastre é tam grande como no Páramo.
Era um dia de chuva e afinal vinhemo-nos para Lugo sem tomar o café desejado, e a verdade é que para min foi um dia triste porque queria ver biodiversidade, arquitectura,…


Suso L. Gaioso
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Publicado o venres, 25 de março de 2011
A CAROM DAS PENELAS
As Penelas vêm a sêr o inicio de Montanha en Friólfe, e en recentemente esteve na estrada com um home que andava paseando porque lhe dixo o médico que lhe era bom para o coraçon. Eu ía no automóvil, e quen conduzia decideu parar e falar com el.

Lá faltam dois caminhos públicos e entre os carvalhos centenarios plantaran eucaliptos sem respetar as normas municipais, a fonte na que pescavamoscâdavos de crianzas está tapada, mas é igual porque nom ha câdavos nas augas do Páramo. Desde lá pôde ver-se feismo urbanistico, milho forrageiro, plantaçons, reas imageitadas, cauzes de eugas desviados…

Este home comenta-me que se fixo em Friólfe va Associacom de visinhos com o fim único de colher subsidios das instituicons do Estado, que ela se dóu de baixa porque o único acto ao que o chamaron fora para comer churrasco frio. Também me comenta que o dinheiro que dá a usurpacom do baldio do pouco qué nos fica foi para o cemiterio católico, pois pesse a que o reclamamos varias pessoas há anos nom se fai o civil.

Eu penso naquela cerdeira que há lá abaixo, no Cruzeiro velho, cuja genética quixênse conservar, porque pouco mais há em que pensar. O micro mundo nom se diferencia muito do macro mundo, e libia será bombardeada mentres Friólfe afoga em nitritos.


Suso L. Gaioso
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Publicado o mércores, 9 de março de 2011
A CRISE, AUTOPROVOCADA OU REAL
Levo tempo ouvindo falat de crise, e sempre me perguntei que crise, até o punto de que deixeixei de ir a aos bares que habitualmente ia porque tudo era falar de crise, mentres se organizavam campeonatos de tute ou se falava das “ventages” de comprar nas grandes superficies.

Eu recordo quando Joan Soto me dixo que todas as crises beneficiam a alguem, e esta beneficia ao mundo rural, quando Daniel Cabana me dixo que nos escritos, marxistas que liamos na nossa juventude comunista já estava predizeda esta crise autoprovocada, e recordo coisas que Guim a muita gente com a que concordo, e como me dixo há tempo o Manolo Carreira, a crise já a havia; agora ven a cordura. Quêr dizer, agora temos consciÊncia do mundo no que vivemos.

A crise capitalista vai vir, e eu dúvido muito de que o que venha detrás do capitalismoseja melhor. Mas eu penso que o mundo rural tem una possibilidade estupenda para saír do seu letargo, com autoestima e imaginaçom e que ao seu serviço estáramos e muitos. As onzas aldeias, lugares e casarios devem voltar têr vida autocta e nom sêr o mayor ejemplo de dependêmcia do capitalismo.

Se nom há guerra temos futuro, mas nom nos fiemos, que Libia era um país pacifico.


Suso L. Gaioso
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Publicado o mércores, 26 de janeiro de 2011
ARTE, CIÊNCIA, AGRICULTURA
O "Capitam" do Alvaredo ensina-me uma entrevista que lhe fixeram mentres permanecemos indiferentes à publicidade enganosa. Trãta-se duma entrevista na que se confessa o artista, mas até certo ponto também a pessoa.

O “Capitam” diz-me que meu irmão pudo sêr melhor escultor que ela mas que queria dinheiro e que a arte nom se fai por dinheiro, ainda que meu irmão era um grande talhista mas nunca entendeu aquilo de que nom há arte sem ciência, e nom só na escultura. Agora el nom vive e pouco importa recordar onde há muito pouca obra material, e moralmente é melhor esquecer.

Mas de puco valeria falar do “Capitam” ou de meu irmão sem têr em conta o meio em que viveram; um meio de auto-ódio, onde se crê que o feismo urbanistico é moderno e aquela engenharia que criava anfibios e outros depredadores desaparecen, porque também dixem uma vez a uns amigos _ um deles pintor _ que para mim a agricultura é uma arte, mas que nom arte sem ciência, nom ciência sem arte. Uma nova agricultura, respetuosa con o meio ambiente, colheudo o melhor da agricultura tradicional é os conhecimentos do prente será o motor duma sociedade saudável.


Suso L. Gaioso
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Publicado o mércores, 29 de dezembro de 2010
A RAMONA DO CAVALEIRO. UMA NECESSÁRIA LEMBRANÇA
A Ramona nascera em terras montesias do Concelho de Porto Marim e veu casar com um home de Friólfe, duma casa probe que saiu adiante draças ao trabalho da Ramona e dos seus cunhados, especialmente o do Fermin que ganhava grandes jornais fazendo lenha de carvalhos centenários, mas seria injusto acusar ao Fermin da desfeita das nóssas carvalheiras, como injusto seria acusar a um operário da Bazam de que haja guerras.

O home e os cunhados da Ramona padecian xordeira, mas isto quiçá a filxo sêr mais valente e mais integráda numa sociedade negra, como era a pos-guerra no rural, onde a mulher apenas podia falar, fora do lavadoiro ou das malhas, mas a Friólfe que dou homes valentes como o Henrique do Cunqueiro também dou mulheres como a Ramona ou a Dosinda dos Casás-

Havia que trabalhar por uma miséria, e os do Cavaleiro iam ás segas que era uma forma de juntar algum dinheiro mais que no quotidaneo. Cevavam-se uns porcos, que ao criá-los as agachadas tinham ó mal das “vegigas” por falta de sintetizaçom da citamina E. Os bezerros nom davam muito. Nos anos setenta de seculo passado as coisas cambiariam um pouco, e os do Cavaleiro arranjariam aquela casa feita ao lado de valados que se supón da época germanica, e no eimo duma ribeira pela que custa andar de pé. Era a transicom, e a Ramona sente simpatia pelos comunistas e fai-se leitora minha, pois antes apemas nos relacionavamos apessar de que en fora á primeira escola na sua aldeia.

Viúva, a Ramona alga uma casa em Seoane, capitalidade de Friólfe, onde a aquelas alturas viveia o Henrique do Cunqueiro e arredor deles organizava-se às meio-dias uma tertúlia na que participava gente de todo tipo e se falava de coisas do momento e da historia do sitio, que sirveram para que a destrucom nom fôsse maior.

Há uns anos a Ramona morreo, com a mesma dignidade que viveu, mas forma parte da nóssa historia.

Suso L. Gaioso
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Publicado o venres, 17 de dezembro de 2010
LEMBRANÇA DOS ABENEIROS
Os Abeneiros eram propiedade duma casa da minha aldeia; propiedade privada mas aberta. O nome vinha-lhe de que houvera esta árvore, que fai sinbiose com o ricóbio, o mesmo que ás leguminosas, e é respomsável de que os seres vivos tenhamos proteinas. E usó recordo un abeneiro nos Abeneiros. Sim recordo um carvalho centenário, que dizeian que tinha dentro a bala disparada por um falangista, e recordo outro carvalho, enfrente de outro, na finca do lado, e os dois pensei muitas vezes que valian para colgar uma pancarta, mas nom houve ocassom, e hoje já nom estám nem um nem outros.

Na minha infancia, pelos Abeneiros; corrían coleos, que saian da casa do dono, e eran mais do monte do que o son hoje os que botam hoje no monte para matar amanhâ.
O dono dos Abeneiros don solar há muitos anos para fazer um lavadeiro com as augas do Auelhe, mas afinal nom se fixo, porque impostava máis quem ia levar o dinheiro da obra que houvê-se um serviço público na aldeia. Fixo o dono um silo, que posteriormente converteu em corte para os porcos, e nom há vivito que sonhei que esta corte se convertera numa biblioteca. Ao melhor algum dia é.


Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 25 de novembro de 2010
LEMBRANÇAS DA CASA VELHA
No meio da minha aldeia havia a casa velha da Cogeta, que neutros tempos, quando estava habitada, era famosa pela gastronomia, mesmo polo cheiro do fume. Ao arredor havia outras duas casas desabitadas uma convertida em palheira, da que saira parte da Cogeta, e outra que foi velha antes de ser rematada, a dó Manolo das Pombas.

De crianzas, yinhamos ouvido falar de que os ósos de noite alumeavam, assin que uma noite vimos na casa velha uma caveira que era o reflejo do luar que entrava pelo telhado. E o Avelino de Seoane para incordiar a o Horom Çurra-Curra-filho do Manolo das Pombas- aproveitando a coyuntura , dixo que ele vira um féretro no seu corral.

Havia umas folganças arredor da casa velha- hoje cobertas de cemento- ás que o Domingos – chofe das crianzas da zona e primeiro mecanografo meu- chamou Monte das Palmeiras, pola presencia duma planta invasora que nom sei agora o seu nome.

Tiraram a casa velha e a sua pedra foi convertida e mgrava, a golpe de marra e e porrilho, nunha pista. Enton o nosso território agrandou-se passando a chamar-se Monte das Palmeiras e Casa Velha, pronto tomariamos também a cozinha e o corral do Manolo das Pombas.
Lá demonstrou as suas habilidades arquitectónicas meu irmão fazendo forzosos casetos; lá esteve a minha literatura “perdida” e sonhamos um mundo asociativo-reivindicatico, Soou a música da flauta e alguns fumarum às aguchadas.
Às vezes vou até o solar da casa velha, especialmente os dias soleados de vento frio, e ao abrigo das paredes vejo correr as lagartijas ou olfatear aos gatos; segundo a época do ano, alternam-se as plantas que necesitam mais carbono ou mais nitrógeno, de forma que a terra nom fica sem os nútrientes esenciais.


Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 25 de novembro de 2010
O CAPITAM E A SUA OBRA
Pensei que o José, Capitam do Alvaredo, estava inactivo, mas inteirei-me de que se estám vendendo estatuas dele as que sacaram a sinatura e dou-me muita raiva, pois o pior que lhe pôde passar a um artista é que lhe falsifiquem a obra. Nom é um simple problema económico. É-o moral.

O Páramo tem grandes artistas- Arcadio Lôpez Casa Nova, Eduardo Lôpez Valinha, …-; realidade que contrasta com o feismo urbanistico e a agricultura convencional sem jeito. A singularidade do Capitam está em que vive no Páramo, e ainda que a sua obra tenha saudade nóm é a saudade pelo Páramo perdido que temos outros. Mais bem a obra do Capitam é desde o Páramo e nom para o Páramo; e recorda-me a outros artistas como o Peseo, o Calinha ou Deroteu Benavente.

O Capitán é um artista autodidacta, que apreendeu a fazer estatuas lindando vacas ou paseando pelo monte, e muitas vezes resulta difícil de comprender a sua obra pela profundidade que tem. É evidente que para entendê-la há que saber de onde procede; algo que a gente enganchada ao consumismo nom entende nem entenderá.

Foi o Suso Carreira quem descobriu ao Capitam para Lugo, mas já eu escrevera sobre el e levaba anos expondo no Páramo a sua obra, infravalorada pelos que destruiram o seu mundo e o meu.
Defender a obra do Capitan ñe defender o Páramo e a Galiza que mira au futuro, frente á Galiza profunda, necrofila, que fiz qie está en crise e nom admite que ela criou a crise. Defender a obra do Capitam é luitar contra a adversidade.


Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 11 de novembro de 2010
O MOVIMENTO LABREGO NO PÁRAMO
Despois de todo o que desfixo o franquismo, empeza nos anos 1960-1970 um renascer da consciência labrega, ajudada pela presência de emigrantes que foram para zonas operárias, principalmente dentro da peninsula e na França. O Maio-68 na França vai influir nós labregos do Páramo o mais que muitos acontecementos de dentro da Galiza ou outras zonas do Estado.

Labregos com pouca terra, e ás vezes jornaleiros ou alternando os lavores da lavrança com outros oficios vam tomar consciência de classe, vendo as coutradicous que os separava dos lavradores mais acomodados. Pouco se podia fazer naquela regime, e o mais era manter a funcom dos montes comuns e rebelar-se contra os abusos do mercado. nAqueles tempos o medre do consumo noutras zonas era um tanto prometedor, e havia uma certa qualidade de vida graças a que a agricultura tradicional estevera integrada no meio.

Com a transiçom aparesce a asociacionismo, o sindicalismo. As Comissons Labregas, graças à luita contra um imposto injusto van coalhar como em quase toda a Galiza e as suas assembleias ficariam para a historia. Finalmente as Comissons Labregas eram um sindicato de classe onde a sua siliçom só podia usar a terra como ferramenta e pelo tanto nom usar mão de obra alheña, embora na prática nom sempre fou assim e finalmente as Comissons Labregas converten, no Páramo, uma filiación de classe meia, mas nem isto nem nada fixo desaparecer nunca aquela Movimento Labrego que hoje se pôde apresentar como autodefensa frente a uma crise por falsas interpretacons.

Com éste artigo quero sembrar uma herança que há ai e que noutras partes da Galiza está germolando.


Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 28 de outubro de 2010
ADEUS AO VERÃO
O último dia de verão que esteve no Páramo, fun até o Goncalgo; terra dós meus antepasados, entre valados que se supón da época sueva, ónde se juntavan castinheiros e uzas, e ao lado fica o castinheiro que o Domingos usava de torre de control quando iamos á velha escola de Outeiro, e unha marabilhosa obra de enhenharia populas facia qie sémela-se que a auga corrê-se fave arriba, uma auga que nom nos molhava os pés, dado que havia passadoiros feitos com rodos por artisticas mâos labregas.

O Gonçago segue lá damdo poulo, mentre bloco e pinheiro de crecimiento ráìdp invadem os arredores que antaño davan centeno e castañas; que pensariam meus avôs de vêr hoje a tras a Aira?

Por junto do Goncalgo ia o caminho da escola, mas também o dos Mohínos; e nestes caminhos dam-se ricas amoras, que en nalgum tempo apanhei para vender, porque puco mais sustento económico tinha. E apañando amoras tirei-lhe polas orelhas a minha cadela. Pequeninha, porque nom queria parar de correr tras das galinhas. A Pequeninha abortou, nom sei se teve algo a vêr isto; ela que já é terra n aterra que me perdone, que eu também lhe perdono o que fixo, porque quiçá pensou que as galinhas tam longe das casas se perdiam. E este ano também havia amoras, demostrando que uma silveira pôde sêr máis rendível que um eucaliptal, e ecológicamente vale cem vezes mais.

Deixei o Gonçalgo, com saudade, recordando aquela noute que um montom de gente fumos enterrar uma vaca, da que um demente seníl dizeia que merécia um Pai Nósso, mas que nom valia a pena reçá-lo porque nom havia nada. Há matéria nobre e pura que pôde com todas as crises do capitalismo, mentres a auga fai música no Rio Sendes.


Suso L. Gaioso
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Publicado o mércores, 22 de setembro de 2010
UM LIVRO QUE NOM FOI
Há algum tempo deixei ao Manuel José Neira uns apontamentos em verso que mais logo pensara convertê-los em poemas. Ela deferiu-nos como um livro que nom estava para publicar eu mesma lho dixera e dixera qué nom era um livro.

O Neira deixou aqueles fólios num bar e lá se perderon. Mas de que falavam aqueles apontamentos? Eran um recordo ao meu can Filipe, atropellado por un automoóvel e a constatacom dum facto luctuoso em Friólfe producido pela violencia doméstico. Ambos os dous casos se repeterian desde entom. E o canto à Carcoa, onde houvera naquelas alturas um incêndio. A Carcoa era o centro de aqueles apontamentos e segue hoje sendo um sitio interessante, mas afortunadamente nom voltou arder.

A Carcoa foi terra de vinhas e centeno mas para mim o recordo é de lindar as vacas na primavera e apañar cogumelos no outono. No verão a lagoa era seca e no inverno retinha pocas de auga entre leguminosas lenhosas que atraziam aos paxarinhos até que voltava a seca. Alguna parras das aurigas vinhas ressestian ao tempo, dando saborosas vivas. Em toda a Carcoa só havia um castinheiro, que desafiava o comun da zona, pois aquel aterra barrenta nom era adecuada. Havia vários carvalhos.

E a Carcoa esta´ande esteve e o lume nom pudo com ela. O outono vihrá e a Carcoa encherá-se de vida. A agricultura convencional será alheña a este pedaco de terra, por mais que o rodeía, e ós paxaros poderán sobreviver, até que venham os bous tempos da agricultura racional, com a presendaça observadora do Cachus.


Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 16 de setembro de 2010
RECUPERANDO UM LAR
A Modorra é mais que um eido para min. E un eido que se conver-te em lar, pois baixo dos seus carvalhos a chuva ou a calor apenas fan dano. O seu nome hembra a pátria sepultura da lonjanos devanceiros, e la están enterrados três cans e duas cadelas, e aínda recordo que como se existi-se a telepatia, o Ramon Muntxaraz soubo que laos tinha enterrados sem eu diserlho, quicá porque noutro momento en lhe descrevim um sitio com a simgularidade da Modorra.

Há anos ese ia pelas meio dias de calor para a Modorra, com a companha dos meus cans, e mentres na arboleia tomavam a sesta , eu, lia ou mirava fotos, mentres sentia o canto dos paxarinhos, que ainda seguen por lá. O único medo eran as serpentes, que o mesmo que os lagartos desapareceram; quem seguem dando-lhe uma singularidade abismal à Modorra som os leirons, que me rouban a semente quando semento algo. Eles segueram mesmo despois do incêndio que acabou com os pinheiros e os tojos, e que impediu os pnheiros e os tojos, e que impedin que a Modorra voltá-se sêr um pinheiral em harmonia eom os carvalhos da beira. Aquele pinheiral eujas raices, que mais paresciam earvom que lenha, queimava en em diasd outono quando lindava as vacas; usava de latir o caseto do Sam Vicénco ao que centraba baixo os carvalhos e semelhava um quarto de aquela casa, mas hoje aquela caseto está sem telhado.

Quica o nom têr um lar própio me faça sonhar com facêlo em parages hermosas como a Modorra; sonhar mesmo com partilhar com ós visinhos do Berto, so Nabica, do Redondo, …, emborra algúns estejan mortos. E um pouco arriba estejan mortos. E um pouco arb da Modorra recordar que lá levou a palica mortal o Evaristo Lôpez, mártir republicano de Friólfe. Ou olhar as boas terras de cultivo quee desde lá se extenden até a montanha.


Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 12 de agosto de 2010
DOMINGO NA VARJA
Fum a té a Varja para pagar uma dêveda com a memoria de meu irmão, pois na nóssa derradeira conversa falaramos de aquelas pedras onde se mestela arquitectura engenheria e literatura.

Acompanhou-me a Nati, e entramos por onde noutro tempo se sacava argila para as obras de parte de Friol-de; argila branca e argila que o óxido do ferro fixo ventrelha e sobretudo marela; tamoem argila azuluelos., restos de materia organica.

A Varja é floresta a causa do abandono, mas flores ta formosa onde mefram carvalhos e outras plantas como o avieneiro cuja simbiose como nitrógenos é responsable de boa parte das onzas proteinas; mas também medram pinheiros da crecimento rapido que é umma espécie vivasora, mas quem invade, a fin de contas é o ser humano.

Nos fundos caminhos cobertor pela floresta pensei ná literatura do joven escritor paramês-lancares Jose Manuel Nines e mesmo na minha literatura “perdidaa”; pensei nos “cuescos” é noutra gente que por lá andara, e nos grandes livres que faciamos no inverno.

Pensei embaruhar-me no regueiro, que ainda que mais arriba etstejam lavando uma cisterna do purime se que trazando boas augas da montanha. Isso sim, as canles de regadio estam valeirase nelas nom criam anfibios nem insectos dejnedadores nem pódem pescar-se anguìas: tamém nom vim nengum réptil nem paxaro.

O primeiro recordo que tenho da Varja é quando meis pais foran gadanhar e o Francisco do Castaño me dou um pedaco de toucinho bem criado cóm um cacho de pam feito na casa. E recordando aquela bom sabor junto do reguciro pensei em voltar outro dia com comida, mas nom devo beber vinho, e uma comida junto do regueiro exige dum bom vinho, a poder sêr do Cochom que está na riveira desse regueiro, um pouco mais abaixo da Varja.

Marchei da Varja à minha aldeia na compañía da Nati, olhando e feismo urbanistico e vendo modernidades quenada tem a ver com ta que sonharam o Celestino do Novo e o Antom Moreda, que tanto influiran no pensamento da minha paróquia. Puxem a teveisom na segunda e afinal dum document ouvim que haique apostar polo desenvolvimento ou o desenvolvismo.


Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 5 de agosto de 2010
ÁFRICA EN FRIÓLFE
O Daví dize-me que gosta dos documentais da Segunda; eu contesto-lhe que também, mas que sinto raiva porque nunca poderei ver isso em pessoa, algo que lhe dixem há anos a unha mulher falecida. Mas o Davi vai-se na moto, contradizendo-se entre o que diz e o que fai. E eu fico maginando, recordamdo quando Luis dixo que se eu fôsste a Africa encrevertia muillo. Ao Daví já lhe comparara os lagartos armados do Cochom con os cocodilos, mas eu seguem pensando, e enton veu-me á memoria aquela vida brava do resto da fréguesia em que nom é montanha. Os regueiros do Cochom no verao secavam, e a vida facía-se dura; o gato montês ou doméstico amontado tinha-o duro para pilhar uma lebre ou mesmo um pequeño roedor, os paxaros tinham melhor sorte porque vogavan a terras cercanas onde havia auga e outros alimentos.

Mas o Cochon paresce-se a Africa também na sua agonia. A sea nom é seca de antes e já nom há serpentes e lagartos mais raros do normal. Agora os regueiros do Cochom, que só levavam auga no outono-inverno arrastam nitritos e o sapo nom cria e a serpente nom tem que comer. As uvas e pêxegos com mais açucar que auga som cousa do pasado.

O Daví terra que seguer vendo naturazas salvages nos documentais da Duas, e eu recordando que havia e nom há.


Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 5 de agosto de 2010
QUIXÊ-SE IR AO MANGHELO
O Manghelo é un tramo do Minho que separa o Páramo de Palharês. Em tempos havia um moímho e uma moa de afiar, mas a barraga de Belesar enterrou isso e afinal as pedras que ficavan foran roubadas, e hoje o Manghelo de inverno semelha um mar, mesmo com uma ria na desembocadura do regueiro da Varja.

No verao o Manghelo é totalmente distinto; as augas baixan a lá iamo-nos banhar quem nom sabemos nadar, ia gente sacar areia, coiso nom muito ecologista. Em tempos tamén se pilharam cangrejos agora dim que os há americatinos e abundan os bívalvos de auga dozo. Os peixes do Manguelo nom som agorha muito apreciados porque no encoro nom sabem como de Areas para riba.
As terras do Manghelo no verao semelham um deserto embora neutros tempos eran fértis.

O Manghelo é ejemplo da falta de respeto á Naturaza e a nóssa forma de vida, mas nom deixa de ser bonito para visitar no verao.


Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 8 de junho de 2010
A Dêvesa, sempre
A Dêvesa do Cosme forma uma pequena ecosistema singular nas terras do Páramo, ao tempo que reflicte o bem fazer do sêr humano nas suas paredes e nos restos dum caminho entre argila, anterior á própria Dêvesa, e ponho Dêvesa com maiuscula porque para nós é um nome próprio.

A Dêvesa mete-se em terras de Friólfe, mas a gente desta paróquia sempre a considerou terra de Vileiriz, e nom só porque os propietarios fossem dessa paróquia. E de Vileiriz a Friólfe havia um caminho de pé com os passadoiros que subiam ao Espinheiro, mas este caminho foi sustituido por outro vicioso que desembocava nas terras de Campo Longo, ricas em poulo, o mesmo que a Dêvesa.

Na Dêvesa conviveian, convivem, carvalhos centenàrios, bidueiros, ameneiros, pinheiros e até uma pequena parcela a cultivo agràrio. E là apanhamos bolotas para os porcos, amoras e cogumelos, e a flor do virulete dava uma fermosura enorme a aquela terra. A ave "dominante" na Dêvesa era o pombo torgaz, mas aninhavan corvos e refugiavam-se ouitras espécies, geralmente depredadoras de pragas.

Pela Dêvesa passam dois regueiros, um afluente do outro, no que desenvoca a auga da fonte da Dêvesa de fora, separada do resto da Dêvesa por uma estrada. Os dois regueiros levam augas fêrreas, quentes no inverno, no que também xurdem poças por toda a Dêvesa, sendo especial uma que saiu do arranque dum varvalho em tempos remotos.

Dim que a Dêvesa está à venda. Ojalá o novo dono ou dona seja uma pessoa sensível.

Suso L. Gaioso
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Publicado o sábado, 29 de maio de 2010
Reflexons
Na rua que tenho bons recordos uma mulher com o seu vestido estampado semelhava anunciar que estavamos na primavera; esta primavera rara que numa semana nos pôde trazer dias de autêntico inverno e de verão. Mas o cámbio climatico pouco importa a muita gente, por mais que até o capitalismo diga que é problema de todos e todas. Havia dois dias eu conhecera um home que andava passeando no Páramo; conhecim-no á beira dum regueiro que leva auga muitos poucos dias no ano, mas a pégada dos nitritos estava lá, com umas érvas gigantes que nom representam a fertilidade da terra senom a esterilidade dumas augas onde nom hà muitos anos se ouian miles de câdavos, e hoje em dia nem um.

Nessa rua da que falo esse dia o meu vizinho nom estava pedindo. Nom o entendo, mais quiçá ele nom entende muitas coisas. O seu novo negócio é o jogo, mais dixo-me que tinha pouca sorte. Eu pensei que ele podia fazer outras coisas e mesmo o sonhei numa aldeia ideal, mas...

Este tempo leva-me ao monte de Santema; esse monte do Páramo que partilham três paroquias do Páramo, limitando com uma quarta, onde havia lagartos armados gigantes, e hoje nom os hà, nem hà outra fauna e outra flora, alguma da qual está em perigo de extinçom na Galiza e no mundo.

Mentres eu penso isto, a gente fala da crise, mas eu entendo as crisis desde a antitese.

Suso L. Gaioso
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Publicado o venres, 14 de maio de 2010
Despois de sonhar
Despois de sonhar com um povo rural combativo, criador de micro-ecosistemas paliadores dos efectos do cámbio climatico e outras consequências da contaminaçom... despertei e topei-me com a cruel realidade. O subconsciente e o consciente nom viam o mesmo. Eu nom estava no Páraemo nem sequer podia dizer de Lugo que era o Páramo ideal como Castelao dixo da Argentina. Eu viveia numa cidade que do rural só colheu o máis mau, num momento em que todo o mundo fala de crise, mais o falar de crise o que agacha é a consciência da verdadeira opressom, bem expressada no auto-ódio que leva a rechaçar o nósso idioma, mesmo em gente que nom sabe outro. A alienaçom é a maior opressom que pôde sofrer o sêr humano.

Depois de levantar-me fum almoçar ao bar, e hoje nom estavam os dois juvilados que sempre contan dos "minerais", herbicidas, insectividas e venenos diversos que botam na horta ou das terras nas que palntam eucaliptus. Algo bom tinha que passar, a pessar de que o governo do Estado nos carregue a crise a quem menos culpa temos dela.

Suso L. Gaioso
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Publicado o mércores, 28 de abril de 2010
O Páramo mutilado
Pelo concelho do Páramo passará o novo caminho de ferro e a autovia, que como me dixo um vizinho parte o Páramo, e destruirá aquelas parages que se pódem imaginar lendo os relatos do jovem escritor José Manuel Nunes. Mas nom botemos toda a culpa ao caminho de ferro e á autovia senom a um urbanismo sem jeito que pretensa fazer um poligono industrial numa beira do concelho que melhor estaria a leitugas, fabas... mentres o concelho está cheio de terras de pouco solo nas que esse poligono contribuiria a um desenvolvimento integral, uma vez perdida a feira do gado.

Hoje O Páramo tem um núcleo urbano definido, e se bem os primeiros passos pôde dizerse que som acertados nom se vê o futuro muito claro, e menos quando quem estám fazendo presom social som os pragiadores, defensores do feismo urbanistico... ante a passividade e auto-ódio duma parte da populaçóm e umas autoridades que nom se sabe onde estám e que dám permisos para coisas que de arquitectura nom tem nada. E mentres todo isto passa, seguem caíndo árvores centenarias e passando outras coisas.

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 20 de abril de 2010
Máis que mentiras
Uma vez a Luissa do Breogam díxo-me por que nom escreveia um livro sobre as mentiras que se ouvem nos bares, e penso que era possível porque nos poucos bares que vou ouvo bastantes mentiras e animaladas, que em nada se pódem associar a uma sociedade tolerante e madura.

As mentiras podiam quase limitar-se à quantidade de futebolistas, poetas, pintores... que nom o som, mais quiçá sejam pior as mentiras de quem cultivam tudo ecológico e logo resulta que plantam eucaliptus, hotaleiros que fan o vinho só com uvas e logo que pedem se lhes vou comprar pilulas de sulfito porque eles naquele momento estám no trabalho e que me recordam a quem dizeiam que os sindicatos eram uma merda e logo pediam que lhes levá-se calendários, convenios...

Todo isto forma parte da mentira, mas é pouco quando se ouvem barbaridades como que a Galiza será terceiro mundo se nom se fam encoros, parques eólicos... quando sebemos que o que define a um país e mesmo a uma regiom como terceiro mundista é precisamente a súa dependência dos sectores primários da economia, mais isto nom é nada se nos paramos a ouvir coisas de donas e donos de bares que dim que sempre foram racistas, que praticam o machismo, a homofóbia... soluçom? Ir menos, do mesmo feito que na agricultura acabar com os venenos é comprar ecológico.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 29 de março de 2010
Os lavadoiros, passado, presente e futuro
No velatório de meu irmão uma mulher dixo-me que recordava dois meninos que passavam por diante da casa nativa do seu companheiro face os Lavadoiros, e eu também o recordo, mas será difícil que se repita uma image semelhante. Meu irmão nom voltará fisicamente, mas eu o único que pósso é ir ver aquelas terras, mas nom vêr os Lavadoiros, e nom só porque hoje haja lavadoras mecánicas que aforrem o trabalho às mulheres da aldeia de Vigo que é a minha, e às do lugar de seoane, que mesmo tinham possessom por outro sitio. Nom. Hoje os Lavadoiros nom existem, nem existe a fonte que junto deles existia e que hogano é apenas uma poça. E eu recordo os Lavadoiros por muitas coisas; pela minha transexualidade, porque eram umn ponto de encontro para as mulheres marginalizadas pela sociedade machista, porque eram exemplo de arquitectura popular, porque à sua beira trabalhei muito,... Mas deixademe dizer que a minha saudade vêm mais que nada porque recordo os câdavos e as ninfas do cavalinho do demo, depredadores futuros de pragas, que hoje nom vejo por nengures. E também vos podia dizer que com os Lavadoiros sofreu um ataque a jurisprudencia popular.

O futuro? É incerto, mas é evidente que o povo galego tem que voltar às suas raizes, e neste pequeno sitio sim hà algo.

Que volte haver auga nos Lavadoiros!

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 9 de março de 2010
O Páramo, reserva da Biosféra
Alguma gente creiamos que isso de sêr Reserva da Biosféra podia supôr uma protecçom da Natureza mas nom é assím, e podemos vêr tirar carvalhos, castinheiros, bujos..., centenários sem que ocorra nada, ao tempo que vemos como eucaliptus e outras espécies invassoras proliferam sem importar as normas municipais nem de outro tipo. E claro, cadaquem na sua terra fai o que lhe dá a ganha, seja feismo urbanisico, ecofeismo..., ou mesmo caça com laços. E com essa filosofia o meio desfai-se, e nom importa que para as geraçons vindeiras nom fique nada, porque sempre lhes podemos dizer que naquele rego cantaram as rás ou que naquele arredor havia paxarinhos que comiam as pragas, ou que naquela extrema havia um groso carvalho,,, E serám tempos passados.

Suso L. Gaioso
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Publicado o venres, 19 de fevreiro de 2010
As cigonhas nom estorbam
Recentemente vizinhos duma freguesia do Páramo sairam na televisom protestando porque umas cigonhas aninham no sineiro da sua igreja, que em todo caso será a dos católicos, e nom pôde apresentar-se o problema como geral da fegresia. E, como nom podia ser menos estas pessoas sairam entre feismo urbanístico, que isso seica nom é um problema, embora para muita gente sim o é.

A cigonha, depredadora de pragas como os roedores, aumentou a sua presença na Galiza com o cámbio climático e os tristes cámbios no trabalho da terra. Comparte habitat com os corvos, aos que se segue matando com tiros ou com venenos, sem que às autoridades lhes importe o mais mínimo. Som espécies que se adaptaram e que devem estar ai, por mais que a algumas pessoas nos gostasse vêr carvoncinhos, ferreirinhos e outras espécies que jà nom estàm ou a sua presença é ridícula.

Cremos muitas e muitos que de nós depende recompôr a ecosistema, prque foi a nóssa espécie que a desequilibrou e de justiça é que pague as dévedas que tem com a Natureza.

Se uma parte do rural quer ir ao caos, que nom conte com o resto, com quen queremos que o mundo rural reviva.

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 12 de janeiro de 2010
Um raro antisistéma
Saiu nos meios de comunicacçom que alguém no Páramo se dedica a fazer sabotages, incluido fazer secar carvalhos do Campo da Feira.- E isto defineu-se acçons antisistema. Ante que sistém? Se é a avarícia e alieniaçom da sistéma capitalista a que nos deixou sem árvores centenárias, é impossível que alguém nos prive de árvores novas porque é antisistéma.

Nom façamos publicidade, dum lado ou do outro, do que é mera delinquència común e comportamento antisocial.

Suso L. Gaioso
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Publicado o sábado, 12 de dezembro de 2009
Estamos com a veda aberta
Estamos com a veda aberta e a pouco justificável caça faise menos justificável quando se autoriça matar animais como os tordos, que tantos anos que há que nom vejo. Ignoro se noutros sítios os há, mas pelos montes que ando eu nom os vejo. Som uma espécie onmívora, subespécie dos mirlos, e pelo tanto nom pódem viver só de vermes.

Mantê-los exerce certo sacrificio, como com outras espécies, e isso nom é possível botando venenos, expantando-os com máquinas que nom está demonstrado que nom danem a sua saúde, eleminando pequenas ecosistémas que lhes eram totalmente necessárias, como aquelas pequenas hortas onde a fonte do regadio lhes garantia bebida e mesmo alimentos como as larvas dos anfibios e de algúns insectos.

Matino sobre os tordos como podia matinar sobre outras espécies, e que noutros momentos o tenho feito, e tem-me chamado a atençom que os animais mais grandes do mundo sejam os das sábanas; e nom será que os pequenos nom foram capazes de adaptarse? E até que ponto pôde passar desapercevido que mentres aumentam as cigonhas desaparesceram praticamente os ferreirinhos e carvoncinhos?

Podemos falar de cámbio climático e de muitas coisas, mas está claro que a recuperaçom das microsistemas que eu conhecím ajudaria a paliar os efectos da sociedade opulenta.

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 10 de novembro de 2009
Quando nos afogan
Há tempo que poor razóns físicas e de outro tipo nom tenho militancia sindical, mas com os tempos que correm o proletariado deve reorganizarse, para afrontar uma crise que eu nom entendo e que os economistas, por mais que lêia, nom ma explicam.

Há tempo conhecim numa paróquia do Páramo dois homes maiores que fixeram sindicalismo; um desgraciadamente finou, e do outro nom sei nada. Aqueles homes enriqueceram fortemente a minha mente. Mas havia um problema, porque pesse ás origens labregas, eles fixeram-se sindicalistas como asalariados.

Eu militava naquele momento no sindicalismo labrego, e reivindicava para nós a condiçom de proletários, e falhei, pelo menos em parte, porque a subclasse que eu queria proletarizar aburguesouse-se ou lumperizou-se, e hoje nom pósso dizer que haja um proletariado rural. Por isso, luito, ou expresso as minhas ideias noutras ambiêntes e "renunciei" ao sonho das comunas e cooperativas, mas nom tanto ao que Ramom Muntxaraz me pedia há anos numa carta, que era impulsar um movimento labrego desde o Páramo, e esse movimento existe por mais que seja muito pequeno, e um dia consolidará-se com o de toda a Galiza. Somos pouca gente, mas estámos tirando do rural, disconformes com o sindicalismo oficial.

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 3 de novembro de 2009
Outra forma de viver
Vivem em Friólfe até os quatorze anos, sem mais aspiraçom que sêr uma membra do meio. E na minha literatura está bem reflectido isto, mas eu passei escazeça de presunto porque seica era melhor comer salchichom, feito de porcos criados com pensos raros que levabam farinhas cárnicas e outras coisas que a história já demonstrou o daninas que eram para a nóssa saúde. Mas a pessar disto, havia certo equilibrio com a Natureza, e podiamos comer castanhas sem vermes ou torta de milho feito pela prima Felizitas, com leite feito. Como escrevem uma vez Engels, qual cambiados estám os tempos. E nom para melhor. Hogano nada fica de aquele mundo. Destruida a arquitectura popular, as ecosistemas nas que moravam os depredadores de pragas... também se perdeu a forma de comer. A fruta está cheia de vermes e a gente nova nom sabe que é a torta de milho nem o leite feito. Vem-me á mente isto quiçá pelo outro Suso morto há quase dois anos de cancro, home de contradiçons, e porque há um ano esteve no seu lugar, onde já nom vive naide, e pudem vêr que nom morreu só ele senom o meio. Isso sim, feismo urbanistico há muito.

Suso L. Gaioso
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Publicado o venres, 23 de outubro de 2009
O outro feismo
Tense falado, escrito, fotografiado, sobre o feismo urbanistico na Galiza, com escasos resultados. Mas há outro feismo do que pouco se tem escrito, e no que pensei quando lim na entrevista que lhe faciam a um arquitecto num jornal e dizeia que os cerres das fincas na Galiza som um desastre, e evidentemente que o som, mas eu nas minhas terras do Páramo vejo mais feismo que as paredes desfeitas. Eu vejo árvores centenarias tiradas com a moto-serra, e que vam para o lume, num sitio que sobra lenha, ou vejo-as secas pela herbicida dum parceiro desalmado, e penso que devemos empeçar a utiliçar um novo termo, e nada melhor que ecofeismo.

A nóssa Natureza morre, as pequenas ecosistemas forom agredidas nom só pelo cámbio climatico senon por uma forma de nom entender o cámbio de trabalhos. Aquelas fontes na horta, aqueles pequenos montes nas fincas... eram refúgio de depredadores que hoje já escaseam, e que no futuro quiçá se extingam.

Frente a isto só nos cabe reivindicar um rural vivo e harmonizado por nos, pelos nóssos devanceiros e pelos que venhan detrás, e isso exige a firmeza e a dureza dos governantes, mas tambén a inteligência colectiva do povo consciente.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 27 de julho de 2009
Quando a crise é outra
O rural galego está que arde, a pessar de que este ano a lacra dos incêndios é menor. Poderosos tractores, símbolo da opulência duma parte da populaçom rural tomam as cidades, e os seus donos entran nos hipermercados das que foram grandes propagandistas.

É a crise; a palavra de moda. Mas muitas e muitos levamos tempo em crise, vimos desfazer um modo de vida que seguimos reivindicando para o futuro, como a lógica adaptaçom dos tempos. Falamos de ecologia, de sustentabilidade, consumo responsável... Témolo difícil, duro, ante problemas como cámbio climático, a situaçom económica mundial... Mas cá estamos, os paxarinhos aínda pódem comer uvas nas vinhas abandonadas, nos regatos de algum monte pódem ver-se cádavos e ninfas de libélula... É pouco, sim, mas algo fica, e os venenos nom pódem acabar com tudo. Quiçá podamos voltar comer leite engarrafado de qualidqade e toucinho baixo em colesterol... porque, como dizeia um dia Joam Soto, as crises sempre têm um lado positivo, e estes pódem sêr momentos de renacimento para o rural.

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 12 de maio de 2009
O velho caminho
Como velho caminho definia na minha literatura "perdida" á Corga dos prados ou Caminho de abaixo, que era um caminho da paróquia de Friólfe, por onde passava a gente para ir doutros sitios, enlaçando com um sendeiro, e eu levava as vacas por ele para que pastassem nas suas érvas, mentres eu gozava vendo carriços e papo-rrubios, ademais de formosos salgueiros, que me levavam á literatura rosaliana. Apenas passavam pela Corga dos prados carros, dado que havia outra mais larga, e os tractores nom colhiam, mas quando em anos 1970 se fai uma pista pensouse em fazê-la pela Corga dos prados, com o que o impacto ecológico e de outro tipo seria menos grave. A final fixo-se por outra.

Há uns anos, a meio da politica do "fai fazendo" a Cámara municipal do Páramo deu este caminho a um dos colindantes, com o que as pessoas que imos a pé temos que dar um importante arrodeio, ao que há que engadir a destruiçom da microarquitectura que suponham as paredes, a da flora e da fauna que nela se refugiava.

Agora está-se tramitando uma concentraçom parcelária em Friólfe, e pensei en que bem seria que por onde ia á Corga dos prados se abrí-se uma pista, com o que ademais de curar saudades e recuperar história aforrariasse quilometrage. Mas isto é uma opiniom minha que se me ocorriu fora de Friólfe, sentado na messa dum bar que soia sentar-se o pintor Jorge Quiroga e desde a que vim passar duas moças muito guapas, e quiçá a vestimenta beige duma e castanha da outra me fixeram sair da mente o recordo de aquelas cores que tinha a Corga dos prados na primavera e no outono, e quiçá tudo fique numa expressom da saudade, porque há que têr um sitio onde a história só se repite na sua parte negativa.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 30 de abril de 2009
Ecologia e sustentabilidade
Hoje falasse de crise. É a palavra com a que se justifica tudo, mas eu nom entendo de macroeconomia, que bastante me chega com a microeconomia. Eu nom vejo no mundo que me movo nenguma crise, e sim o fim de formas inageitadas de fazer as coisas. E quiçá a tam cacareada crise possa despertar o magim das gentes e nom aliena-las mais.

É certo que a consciência de maus tempos pôde levar a coisas perigosas, como foi o caso dos fascismos no século passado. Mas curiosoamente, no momento do ascenso dos fascismos, o mundo no que nasceria e vivereia eu anos mais tarde, gozava de boa saúde, despertava dum longo letargo ao que logo voltaria.

Hoje o mundo rural galego pôde beneficiar-se da crise, com um desenvolvimento sustentável que tenha como motor a agricultura ecológica. E eu nom quero repetir-me em velhas teimas, nem dar explicaçons que já estam dadas, por gente que sabe mais que eu; limíto-me a dizer que o futuro está aí e que há que escolher, e entendo bem claro onde e com quem estou. E nom há muito que ouvim uma barbaridade, qual era que para que nom houvê-se tráfico de cocaína deviam proibir o cultivo de coca. Entom proibamos o cultivo de centeno porque o dentom é materia prima do LSD, e proibamos a uva para frear o alcoolismo, e proibamos o leite e a carne convencional, e a vêr que nos fica. O problema é a adulteraçom.

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 21 de abril de 2009
Entre feísmo e saudade
Um día en terras do Páramo, embora limitando com Láncara vim duas casas. Uma de cantaria muito bem restaurada, e outra de tijolo sem recebar, exemplo de feismo urbanistico. Souben logo que as duas casas som da mesma familia, que vive na feia e restaurou a outra com subsidios da Junta, e a verdade é que eu nom entendo como se pôde subsidiar a arquitectura se nom está num meio adequado, e nom entendo muitas coisas, porque antes de ver isto vira carvalheiras cheias de pinheiras, quando desconheço que carvallos e pinheiras tenham uma boa simbiose. Avaricia, mal gosto, ... Tudo se junta numa terra de violência, como eu a definim nalgúm momento, e na que a violência nom se limita a empunhar uma caçadoira ou uma navalha, porque como escrebeu uma vez Lluis Maria Xirinaes, violência é todo o que rompe o funcionamento normal da Natureza, e desde logo quando nom estamos cumplindo o nósso papel nessa Natureza entendo que estamos cometendo actos violentos.

En fim, que me sentim agredida, porque a paisage também é minha, e procurei centrar a minha mente no recordo dum formoso gato _ou gata_ que se movia por lá alheio a tudo, ou nos tempos da escola quando lá ao lado intentavamos pescar peixes com as mãos _que non pescamos nunca um_, na visita ao cruzeiro que está naquela pequena montanha, na minha companheira de mesa, que tam bem sabia dar-lhe um beijo, que era de perto de lá, nos recreios passados na biblioteca, onde conhecim a Marx e a outra gente, que por certo levava Dona Josefina, que antes fora mestra da paróquia na que vim feismo... Pensei em muitas coisas, e penso que a saudade me fixo nom cometer ninguma imprudência, porque os tempos passados nom é que fossem bons, senom que pensavamos que estes iam sêr melhores, e eu sego sem poder escrever o que me pediu Ramóm Muntxaraz sobre a saudade, porque quiçá me passe como um vizinho grande bebedor de vinho, que numa ocassom seica dixo que ele nom valia para catador de vinhos porque gostava de todos; quiçá eu tenha tanta saudade que nom póssa defini-la, e encima pela minha filosofia marxista nom pósso dar-lhe a razom a Ramom Pinheiro, que dixo que a saudade era um sentimento imaterial. Teno saudade do passado e tenho-a do futuro, mas nom sei o que é, e contenta-me nom sabê-lo porque nom me considero por riba dos filosofos que abordaram o tema.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 30 de março de 2009
O neoecologismo da Galiza rural
Naide pôde negar que eu teve um comportamento ecológico toda a vida, e que o único que variou este comportamento fóram as necessidades do momento e os meus próprios conhecimentos, pois como dizeiam pela minha terra, naide nasce aprendida.

Hogano asusto-me pelas terras do Páramo haja opossiçom aos lodos das depuradoras, ao uso do bagaço da cerveja como penso, ... Coisas que por muito que sejam por "arriba" demonstram pequenos avances, mentres por "abaixo" os purines seguem sendo anaeróbicos, como o demonstra que ha pouco saira nos meios de comunicaçom uma explossom de metano, os desaugues das casas rurais seguem indo aos regueiros, os abonos seguem sendo altamente contaminantes, os praguicidas e pestecidas seguem envenenando e mesmo se botam alguns proibidos no mercado... E podia escrever de muitas coisas, que quiçá me repita, mas que estám ai, fruto duma agricultura descontrolada e do consumismo, e que todo passo que se deia, por pequeno que seja, e faga-o quem o faga, será bem vido por mim, que ainda crêio que a associaçom de leguminosas e gramineas é mais rendível que o abonado com nitratos e NTP Ks e com que a minha cadelinha Nati póssa espantar aos carriços e outros paxaros que há tempo que non vejo.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 12 de março de 2009
Por outro desenvolvimento
Na minha paróquia há um pequeno debate, que nom chega a tanto como que "estrela" da teve-lixo é mais importante. Tratasse de quem querem a concentraçom parcelaria e quem nom, e nem uns nem outros me convencem, porque pouco positivo pôde aportar uma concentraçom de letras que destruiria microecosistemas que de sobra conhecemos os seus beneficios, e que fazeria avançar uma agricultura convencional tam criticada a nivel mundial. Mas pela contra nom desejo que continue a situaçom actual, onde o abandono leva à perda de recursos e ao deterioro ecológico e social.

Na agricultura, como na politica ou no futebol, nom só há dois partidos ou duas equipas, e eu sego apostando por um desenvolvimento sustentável, associativo, ecologico, de consumo responsável, sem feismo urbanístico... E crêio que é possível.

Recordo um dia na polboria Breogam um home de orige catalana, que queria que eu escrevê-se sobre ele, mas pouco me contou. Está afincado numa paróquia da Comarca Sarriana, famosa por sêr de filiaçom carlista antano, por fazer a concentraçom parcelária, por têr a primeira mulher pedáneo do concelho de Sárria, e porque se cerrou uma granja por mal trato aos animais. Este home que se considerava tam galego como catalám nom me falou quase nada dele, senón das contradiçons que o mundo rural galego tem por resolver.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 12 de março de 2009
Os leirons de Santema
Com a dessaparisçom dos cereais, no Páramo, esse roedor tam bonito e muito mais higiénico que parentes seus, como as ratas, quase desaparesceu, mas no monte de Santema segue-os havendo, compartilhando habitats com os esquios tambén seus parentes, com aves como o merlo, as pegas ou as pombas torcazes, com lagartos de todo tipo menos o armado que desaparescera e com anfibios como a rá da que já desaparescera a do monte...

É preocupante que em Santema desaparescessem algumas especies, mas é esperançador que sobrevivam outras que já nom há na zona.

Eu quixem vêr umas quantas coisas, como que em Santema há bastante monte aonde nom chegam os nitritos de purines anaeróbicos ou abonos químicos de sítese, nem herbicidas ou insecticidas, as augas de Santema procedem da chuiva e permanecem nas poças ou duscurem por gaveas e cauzes naturais que só a levam quando chove e há suficiente vejetaçom para abrigar-se ou agochar-se.

Quando vou a Santema e sinto fugir aos leirons recordo que me comeram milho, chícharos... mas também sei que aínda há vida. Aguardo senti-los correr dentro de muitos anos e que volte haver rás do monte, domicelas, serpentes, lagartos armados...

Suso L. Gaioso
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Publicado o sábado, 28 de fevreiro de 2009
O Regueiro da Veiga
Uma vez fum eu com uns pescadores arredor do Regueiro da Varja, que é o rio mais grande dos que nascem e desembocam no Páramo, e o seu nome provém dum vale que dá nome a casa dos meus antepassados, que lá teveram moinhos e grandes riquezas. Mas o Regueiro da Varja também é conhecido por outros nomes nalguns tramos, e esse dia que lembro achei entre abundante vegetaçom uma casa formosa de canteria amarelada e perguntei de quem era aquela casa, e quando me dixeram que era o Regueiro da Veiga surpreendeu-me proque eu nunca ouvira tal topónimo, pelo menos nom o retinha na mente. Paresce sêr que o dono de aquela casa comprara outra com maior propriedade em Asturias, e lá esteve até morrer.

Sempre recordei aquela casa com ameneiros à beira e umas augas que noutros tempos foram limpas. Mas era o simbolo da Galiza rural abandonada, mentres a poucos metros se ia impondo a "uralita", o bloco sem rebocar...

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 10 de fevreiro de 2009
O Páramo, de violência e algo mais
Um acontecemento recente fixo saltar o Páramo aos meios de comunicaçom, e deu-lhe razom ao Paco Arriçado quando há muitos anos me dixo que o Páramo só saia nos periódicos por coisas más.

Surpreende-me que saira na imprensa que tal individuo foi numa determinada lista ás municipais e nom se diga que posteriormente a isso foi continuamente defendido por um advogado de extrema direita, que defendere a elementos que nom querem cumplir as normas de arvorado e se opón a que haja umas normas de urbanismo, que continuamente pratiquem o racismo, o machismo, a homofóbia, a transfóbia, o maltrato a animais...

Em fim, que no Páramo há muita violência, mas também gente que mira adiante de face a un desemvolvimento sustentável, e gente que nom renúncia da sua histórica, e que com saudade seguemos luitando por essa terra.

Suso L. Gaioso
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Publicado o sábado, 13 de dezembro de 2008
Na morte da pequeninha
A minha cadela, Pequeninha, morreu há uns dias. O seu nome era Laica, mas eu sempre lhe chamei Pequeninha porque assim era como me entendia outra à que quixem muito.

À Pequeninha matou-ma um automóvel, e foi algo curioso porque sempre se afastara fos automeveis, mas quiçá foi uma consequência mais da velhize, que lhe fixera perder facultades, até o ponto de que já nom distinguia os cheiros que chegavam ao seu olfato.

A Pequeninha descansa na Medorra, cujo nome recorda que foi nalgum tempo um cemitério. Lá tambén descansam o Rui, o Txomin e a Titi, rodeados de leguminosas, à sombra de velhos carvalhos, entre as cinzas dos pinheiros que arderam. E sobre as suas tombas passeiam leirons e lagartos. Descansam num sitio minimamente sustentável, para sêr uma minima parte do Cosmos por sempre.

Nom sei que será da minha aldeia se faltam as cadelas e os cans; a mim sem a Pequeninha faisse-me mais pequena. Já nom tenho quem me vaia buscar ao caminho quando vou do auto-carro, e já nom pôde dizer a Vanessa que o melhor piropo que se pôde ouvir de mim é que lhe diga que se paresce á minha cadela. Fica-me a Nati, à que criou a Pequeninha e tratou como se fôsse sua filha.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 17 de novembro de 2008
Sustentavilidade
A última vez que esteve em Friólfe, pudem ouvir falar de novos produtos para matar as érvas mas, e, quando entrei na conversa veusse-me a dizer que eu era uma pessoa atrasada e que nom quería que o sítio progressase, malia que a agricultura ecológica medra, e que todo o mundo fala de desenvolvimento sustentável.

Havia que perguntar-se que som érvas mas porque a tam mal vista, retentora de nitrogênio, pôde sêr utilizada como praguicida natural, e também na fabricaçom de papel e roupa, e segundo muita gente é muito importante a nivel gastronómico. E a fabaca, tambén mal vista, absorve o nitrogênio do ar, como leguminosa, de nitrogênio, na sua simbiose com o riçobio, e é utiliçada como forrage, penso e alimento humano noutras partes da penúnsula e do mundo.

Penso que o futuro está em recuperar o equilibrio natural, e recordo aquelas pequenas escombreiras que, na minha infância, havia junto das casas, onde se facia umn compós que inclusso reciclavam as latas de conservas. Tam moderno como a compostage dos paises nórdicos.

Suso L. Gaioso
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Publicado o domingo, 9 de novembro de 2008
Vida sem dono
Esta era uma expressom muito utilizada pelo Páramo e recordei-na o outro dia quando andei parte da minha paròquia e as fontes som poças e o resto esta maiormente desfeito. Recordei aqueles tempos em que as fincas trabalhadas tinham um perfecto equilibrio com a Natureza porque naquelas fontes criavam depredadores de pragas, naquelas paredes criavam outros depredadores, como as fermosas donizelas, e aqueles pequenos montes eram o refúgio de paxarinhos depredadores... Mas isso é tempo passado, agora lim um dia no periodico que uma gadeira do Páramo punha entre os seus principais problemas que lhes subira a química, e suponho que se referia à tam nefasta química de síntese e nom a abonos, emendas... de química, que pôde usar-se sem romper a cadeia natural. Afortunadamente nom todas as gadeiras e gadeiros, lavradoras e lavradores pensan assim, e o debate sobre que agricultura queremos e que mundo rural queremos medra, e quem queira falar de crise esteja preocupado por uma economica eco-social.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 18 de setembro de 2008
O regueiro do Redondo
Uma pessoa -crêio que exagerando- dixo do meu livro "Historias do Alto Minho" que era demasiado masculino para sêr duma transexual. E evidente que a maioria do que aí relato tem por protagonistas homes, singelamente porque nesses mundos a vida social era bem maioritariamente masculina. Quiçá deve-se reflectir o mundo das espalhadoiras das malhas e das mulheres que se juntavam arredor do regueiro a lavar... e quiçá nom o fixem por respeto, dado que esse mundo femenino do rural esteve submetido à infravaloraçom, marginaçom e tergiversaçom.

A minha vinculaçom à vida social femenina na minha aldeia nada melhor a pôde reflectir que quando ia lavar roupa com a minha mãe ao Regueiro do Redondo, que nom era um regueiro senom um lavadoiro numa canle de cristalinas augas que saindo do Regueiro da Varja regavam o prado de Vilaminho outrora propriedade da casa do Redondo.

Para ir ao lavadoiro havia dois caminhos de a pé, dependendo de se era da aldeia de Sizo ou do lugar de Seoane, e junto do lavadoiro havia duas pontes, uma para ir á fonte e ao lavadoiro e outra mais grande pela que só passavam os de Vilaminho para o prado. E todo isto produze-me saudade, porque hoje nom o há, mas também nom há a rã roxa, nem os câdavos crias dela e de outros anfibios, nem ninfas de cabalinho do demo, todos depredadores de pragas. Menos mal que às vezes aparesce algum corvo cabreado.

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 2 de setembro de 2008
Voltar à casa nova
Muitas vezes falam-me do desenvolvimento do rural, e eu pergunto-me quê desenvolvimento, porque eu só asumo e defendo um desenvolvimento sustentàvel. Entom eu quero fazer uma homenage à prima Felicitas, que nos dava torta de milho com leite "feito", naquela casa que chamavam a Casa Nova, da que saíra minha avoa e na que havia uma perfecta integraçom da arquitectura com a Natureza.

A Casa Nova era sitio de mesclas, os seus moradores eram distintos, e eram parentes lonjanos. Assim, o Francisco pensava nas cousas grandes, no mantimento das propriedades, mentres que o tio Manolo era um home libertário -represaliado na revoluçom do 1934 em Asturias-.

Eu dígovos que na Casa Nova fum feliz, e que quiçá a Casa Nova fora como miles de casas de Galiza, mas era a minha, em tempos de miséria, quando na casa paterna eu comia coisas que duvidosamente eram boas para a súde, na Casa Nova comia aquela torta de milho com aquele leite "feito", que me dava a prima Felicitas, e falava no escano com o Francisco, mirando o lume da lareira e sonhando um futuro livre. Som somente saudades, mas eu quero voltar à Casa Nova.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 17 de julho de 2008
Ramom Muntxaraz, vizinho de Friolfe
O dia um de Julho teve a triste oportunidade de assistir ao enterro de Ramom Muntxaraz, galego nascido em Toledo com os primeiros recordos na Puebla de Montalbam e descendente de vascos. Mas, como se dixo alí, Ramom Muntxaraz era um galego de toda a Galiza, e pelo tanto de Friólfe, que sempre recordava com funda saudade.

Durante algum tempo, Ramom Muntxaraz atendeu como psiquiatra aos doentes mentais do Páramo, mas nom é isto o que o vincula principalmente ao Páramo, e sobretudo a Friólfe, onde a sua participaçom política, social e cultural deixou forte pegada, principalmente arredor da Agrupaçom Cultural Lume Novo, onde partilhou com o Manolo da Cal, símbolo do associacionismo no Páramo e morto também jovem.

Os tempos de vinculaçom física do Ramom Muntxaraz a Friolfe eram distintos dos actuais, pois ainda era uma freguesia povoada, luitando pela modernizaçom da agricultura, que afinal foi mais negativa que positiva, e por desgraça o futuro apresenta-se muito pior que o passado porque o que move tudo é a alienaçom, contra a que o Muntxaraz tanto luitou, e nom só como psiquiatra.

Entre as coisas que o Ramom Muntxaraz deixa sem fazer, mas que outra gente poderá fazer, está uma viage a Friólfe da que falaramos nom há muito, e na que sem dúvida entrariamos na freguesia pela estrada na que há o caseto de referência, que está caindo, como simbolo da decadência.

Para mim e para mais gente, Ramom Muntxaraz será sempre un vizinho de Friólfe.

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 10 de junho de 2008
Da crise ficticia à autogêstom
Hoje ouvimos muito falar de crise, e algo de certo haverá, e eu crêio que Europa está em crise, mas nom sei realmente muito o que significa o término crise, e desde logo que os nóssos problemas nom têm a vêr com os de outros paises de Europa. E recordo a estes niveis o que me dizeia um amigo um dia, de que na Suiça há o fascismo que havia há vinte anos, e penso que evidentemente a Suiça é um pais fechado onde a nóssa gente nom se integrou e onde a represom moral se exerce mesmo sobre as próprias pessoas suiças, porque teve familia suiça de nascimento. E como falo da Suiça podia falar de muitos paises e estados europeus, incluido os tam admirados paises nórdicos que soim encabeçar as estatísticas de suicidios, violência contra as mulheres, etc.

E frente a esta crise europeia xurdem duas reacçons; uma que vemos bem na Italia de Berlusconi, que vêm a sêr o razonamento de que como nom há para todos e todas, eliminamos aos mais dévis, e frente a essa reacçom excluinte temos a dos distintos movimentos alternativos que luitam pela integraçom e o rechaço ao consumismo, os quais pódem asumir muito da Galiza rural em tempos nom tam lonjanos, onde funcionava a economia de troco, o trabalho compartido e o respeto à Natureza, e penso que muita gente que alimentava a sua lareira com carqueijas se horrorizaria de vêr tanta biomassa abandonada na Galiza mentres subem os combustíveis.

Suso L. Gaioso
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Publicado o venres, 6 de junho de 2008
Integraçom
Na Galiza está aparescendo um racismo que se fai temível para quem sendo de cá nos consideramos cidadás e cidadáns do mundo. Existe um racismo contra gente sudamericana, que por tudo estám emparentados com nós, e que nom vai parelho a um receio aos europeus, onde proliferam governos que bem tiram a fascistas, e que me metem bem mais medo que as sudamericanas ou sudamericanos.

Existe um racismo antiafricano, e esquecemo-nos de que nós roubamos quanto pudemos no continente africano, e temos boa culpa do subdesenvolvimento desse continente.

Mas existe um racismo tam sangrante ou mais que os outros, como é o que se exercita contra o povo xitano, que é tam galego como eu por mais que eu seja conseqüência da endogamia paramesa-paradelense, e eu gostaria de lembrar que um moço do Páramo foi noivo duma moça xitana, que esteve acampada no Canedo, hoje plantado de eucaliputs, e nom precisamente por xitanos. E quixê-se recordar que na minha infância, o Luis de Vilarinho teve por amigos a uns xitanos acampados em Regueiro Escuro. Son duas pequenas monstras de integraçom que a minha paróquia pôde aportar à Galiza e ao mundo. E desde logo quando eu viajo pelo país e vejo feísmo urbanístico, árvores centenárias tiradas,... sei que isso nom é obra de pessoas xitanas, africanas ou sudamericanas. Integremos e nom nos desintegremos nós.

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 20 de maio de 2008
O Campo de Regueiro Escuro, a nom esquecer
Chamávam-lhe senhor Manuel, nom porque tevêse nengum senhorio, senon po um respeto bem merescido. Mas ficou na história como Campo ou Forquitas de Regueiro Escuro.

Durante a IIª República, o Campo nom passou de têr um captivo lugar, em Izquierda Republicana, que pesse ao nome podiamos dizer que era a direita moderada, na que estava a pequena burguesia com ánsias de modernidade. Mas com a chegada da guerra o Campo evolucionaria mais à esquerda, convertendo-se na pesso mais significativa de Friólfe que representará à Frente Popular, depois do assassinio de Evaristo Lôpez. O Campo ou Forquitas comvertereia-se em comunista e anticlerical até a morte, o qual o obrigou a alguma fugida temporal, mas quase milagrosamente nom teve necessidade duma clandestinidade continua.

Conhecim ao filho do senhor Manuel, Jesus, amante da música e a literatura popular -já finado-, e sei que se dedicava a fazer augardente, mas nom sei se tinha algum trabalho mais. A derradeira vez que vim ao Jesus foi merendando no campo do San Lourenço, onde estava a su irmá -emigrada em Barcelona- que me pedíu umas palavras para gravar em video e levar para Catalunha. Tinham outro irmão, mas paresce que renegou das ideias politicas e sociais do pai e também à familia.

Podía escrever algo mais do Campo, mais penso que isto já o saca do esqueço.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 12 de maio de 2008
A crise desde uma aldeia
Hoje falase de crise, e eu entendo que o capitalismo europeu está em crise, e penso que estamos num momento complicado a nivel mundial, com uma grande potência decadente -USA- e outra emergente -China- e dependerá dos movimentos políticos e sociais que tenhamos comida e outras coisas necessàrias para um mínimo de qualidade de vida.

Resulta surprendente que se culpe da suba dos cereais aos biocombustiveis mentres no Páramo noom subiu a produçom de cereais, e as pessoas que lá praticam a agricultura de ressitência só pódem usar esses cereais para auto-consumo.

Na aldeia a crise preocupa pouco, porque comida sempre haverá. Mas é preocupante que haja pessoas que queiram trasladar os problemas urbanos ao rural, num momento complicado em que nom se vê um possível relevo geracional. De outro lado, resulta espereançador vêr como ainda fica gente que pratica a agricultura de ressistência, ou como muita gente pratica a agricultura ecológica na sua horta.

Recordo um dia que eu lhes ouvía a dois comerciantes, de ascendência rural, dizer coisas pouco acertadas sobre a crise, mentres uma moça urbana me felicitava por um artigo sobre o compós. Ela estava no seu sîtio.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 5 de maio de 2008
Lembrança da minha literatura "perdida"
Até os quinze anos o que eu escreveia nom se publicou en nengum lado, mas eu escrevim desde que o soubem fazer, e assim tinha umas escritas rudimentárias, que considerava apontamentos para rematá-las de escrever algum dia. Estavam no que eu chamo galego-espanhol, pois eu na infância nom tinha consciência de que o galego fôsse um idioma distinto do castelhano ou espanhol, mas usava a minha lingua mãe como um dialecto diferenciado, e teve a sorte de que na primeira escola que fum o mestre nos falava galego.

Há algum tempo estas primeiras escritas minhas foram ao lixo, e nom me resigno a esquecer as guerras entre Nacho e Bocho Biocho, os amantas da Clara, o velho caminho, chamado a Corga dos prados, onde eu lindava duas vacas... aqueles esboços de literatura que conheceram o Berto, o Avelino de Seoane, a Joana, a Manola, a Marí-Ví e o Domingos -o meu primeiro mecanógrafo-.

Fique pois isto como lembrança do meu primeiro que-fazer literário e dum tempo oressivo e contraditório que, a pessar de tudo, me produze saudade.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 24 de abril de 2008
O Carrasquedo
No Páramo chámasse-lhe carrasco á carqueija e outras matas lenhosas, e Carrasquedo chámasse-lhe a uma pequena porçom de terra entre o Cochom e a Armada, e há destas matas lenhosas. Realmente nom se sabe onde empeça e acaba o Carrasquedo, e para muita gente é simplesmente onde empalma o caminho que vai a Friólfe dende a estrada da Póvoa a Porto Marim. Mas será dificil que alguem nom saiba onde está o Carrasquedo sendo paramês, porque o Carrasquedo era parada extraoficial do autocarro que facía a linha a Lugo, dos que levavam a gente às feiras, às vodas e aos enterros. E no Carrasquedo parava o autocarro que levava as crianças à escola da Póvoa há muitos anos. E quando os veterinários nom iam enseminar as vacas às casas construiu-se um potro no Carrasquedo, mas a sua funçom nom se limitava à gente que ia enseminar as vacas, pois produziasse uma importante relaçom social, com a gente que ia do auto-carro, andava lindando vacas... sobretudo quando chovia.

Há algum tempo o caseto do potro do Carrasquedo foi destruido e metido numa finca privada. Estámos alfeitos no Páramo a que se nos destrua tudo, e en quando vaia buscar carralhotes e chova nom terei onde abrigar-me no Carrasquedo, e o únbico que me fica é sentir saudades, ou quiçá senardades.

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 15 de abril de 2008
Cámbio climatico e salvaçom do mundo
O cámbio climatico e algo do que se fala muito, e algumas pessoas som muito pessimistas, e as coisas podem sê-lo.

Às vezes as pessoas padecemos doenças incuraveis, e o único que nos fica é adaptar-nos a elas, com medicamentos e o que seja, e á Natureza quiçá lhe passe o mesmo, e nos tenhamos que comportar-nos entendendo isso.

Nom sei até que ponto o cámbio climatico é "incurável". Tenho escrito sobre o que as pessoas pobres podemos fazer, modificando os nóssos hábitos de consumo, e nalguns casos os de produçom. Os capitalistas já vemos que se preocupan da "doença" com energias alternativas, mentres nos seguem vendendo as convencionais.

Agora quixê-se por un exemplo de como a luita contra o cámbio climatico e distinta desde distintas classes: Na Montanha do Páramo puxo-se um parque eólico, que nom influi no cámbio climatico, mas sim sobre os seus efectos na zona, pois o cámbio climatico trazerá um aumento de pragas e o parque eólico vai fazer desaparescer depredadores. O parque eólico fazerá cambiar o rumbo das augas que nessa montanha nascem, o que será nefasto nos periodos de seca que o cámbio climatico produze para terras que recebiam essas augas.

Suso L. Gaioso
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Publicado o venres, 14 de março de 2008
Volvim acolá
Este era o titulo dum poema que eu escrevim há bastantes anos, crêio que num papel dum saco de penso, e que musicalizamos na velha casa do Henrique do Cunqueiro. Ignoro se conserva este poema entre os montóns de papeis e se sucumbió à crítica destrutiva dos ratos, que diría Marx. Podía escrevê-lo de novo porque o lembro de memôria, mais melhor deixá-lo em que Volvim acolá, porque aquele poema era um berro de protesta contra o primeiro repetidor que puxeram no baldío de Friôlfe, pelo que a próquia nom cobrara nada. E ultimamente Volvim acolá ver por última vez uma terra fermosa que será destruida por um parque eólico que fai bem mais dano que os repetidores. E digo que fum por última vez, mas devê-se dizer por derradeira, dado que non crêio que na minha vida volte vêr aquele monte semelhante ao que era. Aquele monte rico em caça, aves rapazes, centeno, pereiras bravas... será destruido para produzer energia para fóra, e menos mal que ficam umas fotos que fixo umn amigo, do que era e nom será.

Recordo quando eu repartia propaganda contra a guerra do Iraque e D. Tomás me dixo: "Com o dinheiro nom pódes. A avaricia duns poucos pudo com o amor à terra de outras e outros", e por umas moedas venderam a Monhtanha do Páramo como Judas a Jesucristo, e o único que se lhes pôde desejar é que se arrepintam e acabem como Judas.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 25 de fevreiro de 2008
Recordo do meu bosco animado
A Vinha do Cura chama-se assim porque foi dum cura de Friólfe, e está no Cotedo, em Santema. Esteve rodeado sempre de mitificaçom, pois cria-se que o bom vinho procedia das parras americanas e nom da terra e do microclima. E no franquismo o caseto desta vinha converteu-se num simbolo da ressistência ao regime ao crerse que lá se agachava um figido.

A principios de anos noventa de seculo passado trabalhei em esta finca, onde da vinha apenas ficavam umas cepas, que davam sabrosas uvas e mesmo fixem algum vinho bastante bom segundo quem o bebeu. Havia uma carvalheira de onde obtivem abono para o resto da finca, onde colheitei alhos, ceboletas, acelgas, chícharos e outras coisas que a seca me levou. No caso das leguminosas nom as sementei já para que dessem fruto, senom para que a meio do riçóbio metessem nitrogênio à terra.

Trabalhando aquela terra fum feliz, com as vizinhas e vizinhos das leiras do lado, com a companhia das minhas cadelas, vendo os lagartos e as aves. Aves que às vezes me comeiam o que colheitava ou o que tin ha sementado, mas a fin de contas algo há que aportar ao mantimento da Natureza. E a aquilo que tinha para compós iam os roedores, e trás deles as véboras.

Nefastas circunstancias pessoais levaram-me a abandonar aquela terra, empeçando uma noite fecha que durou varios anos. Quando passo por lá, sinto saudades dum tempo que non soubem ou nom pudem encauçar.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 18 de fevreiro de 2008
A Associaciçom de vizinhos de Friolfe
A finais dos anos setenta do século passado criou-se uma associaçom de vizinhos em Friólfe, que embora foi efimera dinamizou bastante uma paróquia submida no esqueço por parte das administraçons. Tres pessoas seriam fundamentais na curta vida desta associaçom: O Manolo da Cal, grande organizador do povo, o Henrique do Cunqueiro, que deixou o local e a Zélia, que demonstrou que a vida social das mulheres nom se devia limitar ao lavadoiro.

Durante o breve tempo que durou esta associaçom, aparte da ediçom do boletín Unidade que supunha a recuperaçom da historia da paróquia, intervíu na reivindicaçom do arranjo de pistas, colocaçom de indicadores, reivindicou o pago do terreno comunal ocupado polo repetidor de TVE, assim como a entrega do dinheiro procedente da madeira do baldio. Mas sem dúvida a luita mais importante desta associaçom foi conquerir o reparto dos correios em toda a paróquia.

Finalmente a Associaçom de Vizinhos de Friólfe disolveu-se por culpa das liortas construtivas entre aquela gente da paróquia que se dedicava à construiçom e ficaram sem fazer os lavadoiros de Vigo e Outeiro e lo local social.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 14 de janeiro de 2008
José Lôpez Díaz, de Escouprim
Tem-se falado bastante deste home no Páramo, onde foi concelhal republicano, mais por ânsias de modernidade que por consciência de esquerda.

Há já bastante que pudem lêr algo do que ele escreveu na II República e soubem que era um home de forte formaçom cultural, que me surpreendeu por tratar-se dum lavrador de Friólfe que tinha que sêr praticamente autodidacta, e recordei a arquitectura que deixou arredor da súa casa, os metais dos seus picaportes realizados pelo Pesco, os móbeis feitos por artesanos da zona.

José Lôpez Doiaz foi membro da Sociedade de Lavradores de Friólfe que scomprou máquinas em comum para poder produzir mais com menos esforço, mas a vida desta sociedade seria efímera. Na sua vida meteu-se uma traida de auga no seu lugar e fixo-se um lavadoiro, com uma fonte que estava na sua finca, e no moinho que tinha noutra finca puxo-se uma dinamo para produzir luz.

Na vida deste home o lugar de Escouprim era referência de modernidade, e crêio que algo ainda se pôde aprender e admirar visitando este lugar.

Suso L. Gaioso
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Publicado o mércores, 2 de janeiro de 2008
SUSO MORREU
Suso era um vizinho meu que enterramos o dia de noite velha, o mesmo que outro vizinho de Páramo da sua idade, filho dum velho sindicalista, do que tenho boa lembrança duma vez que coincidim com el num autocarro.

Suso foi o último morador do seu lugar, e cuidava voltar a ele quando saira do hospital, mas nom o pudo fazer. O canero non lhe deixou.

No Redondo, o lugar do Suso, chegou a haver cinco casas habitadas, mas hoje nom há nenguma. O alumeado público e o contentor do lixo nom prestam serviço a naide, e como lá podiam estar em muitos sítios do Páramo por onde transinte qualquer.

À veira do Redondo havia dois lavadoiros, que davam sensaçom de vida ao lugar, onde havia cádavos, ninfas de libélula, rãs, sabandijas... que eram a garantia de depredaçom das pragas. Estava, o Redondo, rodeado de soutos e carvalheiras e os grandes valados eram testemunha do trabalho humano. Carvalhos e castinheiros ficam, e valados também, mas pouco haverá quem apanhe as castanhas.

Em fim, que a morte dum vizinho levou-me a Friólfe num dia triste, nevoento, para vêr um mundo que se foi.

Suso L. Gaioso
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Publicado o venres, 21 de dezembro de 2007
Lembrança do primo Bautista
O Bautista nasceu na aldeia de minha mãe, na casa da que saira minha avóa. Nos anos cinquenta do século passado, entre a fortuna que produzia a demanda de cereais e o autoconsumo. A sua casa era um exemplo de arquitectura integrada na Natureza, e uma casa sóa quase era um povoado, nom só pela grandura da casa, senom porque antes de nascer o Bautista chegou a haver dezasete pessoas naquela casa. E aquela casa estava numa aldeia onde tinham muito pesso as mulheres, a pessar do machismo imperante, mesmo por isso, já que o home tinha mais facilidade para emigrar. E essa aldeia estava numa paróquia enfrentada ao franquismo, que respondera com cárcere para três homes.

Quando o Bautista foi moço pertenceu a aquela mocidade própria do Páramo e Paradela, famosa por consumir muitos cuba-livres, e namorou-se pronto duma moça. Uma vida normal dum moço de aquelas terras. Mas cansava nos trabalhos até que um dia o foi vêr um médico, privado, dado que a Segurança Social de aquela nom era universal. Ele estava a pouco de ir à mili, e este médico dixo-lhe que alegara doença, já que ali tinham mais meios, para mirá-lo pois tinha o fígado mal. Mas o Bautista nom alegou porque de aquela nom se sentía mal, e quiçá porque quem nom facia a mili nom se facia home, ante a gente submisa ao regime; fazer a mili e gastar bastante mentres se facía era já sêr um home adulto, embora naquela zona houve-se gente que nom estava com o régime.

E o Bautista veu da mili e seguia-se cansando. Até que foi ao médico e lhe descobríu uma hepatite; empeçou a tomar medicamentos, parou de beber alcool e levar uma dieta na alimentaçom. Mas segueia cansando e hinchando. Várias vezes esteve hospitalizado. Havia momentos bons, mas onde mais estava era na cama. Acompanhava-o eu quando ia buscar os correios da moça ou colher o taxi para í-la vêr, pois a súa aldeia nom chegava nengum automóvel. Paravamos muitas vezes a tomar algo na velha taverna de Miralhos, onde já nom havia grandes tertúlias nem boas comidas, senom uns refrescos e vinho e cerveja, como se aquele mundo estevê-se esmorecendo, mas nom eram maus tempos para a gente do sítio realmente, dado que estava aparescendo a mecanizaçom do campo, e muita gente vinha de Suiça com dinheiro. Era a transiçom politica que dava certo ar de liberdade e esperança, embora permaneceram preconceitos criados no isolamento e na submisom.

O Bautista quixo sacar o carnet de conduzir e marchou-se a Barcelona, onde tinha familia, e sacou-no mas já nom poderia usá-lo porque lhe chegaria pelos correios uns dias depois do seu enterro. Tinha vinte e sete anos.

Recordo principalmente um dia lindando as vacas, nos Balados, que esteve mirando uns apontamentos literários meus dos que gostou, mas nom pudo vêr nada meu publicado.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 17 de dezembro de 2007
UM ANO SEM O BERTO
Avelino Castro, o Berto, era um home da aldeia na que eu nascim, à que quixo toda a sua vida, até o ponto de que nom gostou de que no prólogo do meu último livro nom saisse que eu era de Vigo. Ele está nesse livro e noutras partes da minha literatura, onde soo definí-lo como "aquele home".

Nom justificarei nunca a sua simpatia por pessoages fascistas, a sua defessa atroz da propriedade privada ou os seus comportamentos resentidos, embora uma analise do mundo en que viveu é possível que o libertá-se de culpas, e o Berto noutro espaço e noutro tempo quiçá fôsse algo distinto. Mas isto deixemo-lo para quem entenda de psicologia e sociologia. O meu agora é o reconhecimento a uma pessoa que influiu na minha vida e a de outras muitas pessoas de jeito positivo.

Na nóssa infância nom tevemos a melhor das escolas e sem o Berto e outros homes e mulheres nom teriamos um minimo de cultura. A sua vinculaçom ao nósso ensino está também pelos aperos en miniatura que havia na escola de Outeiro, feitos por ele, que como no poema de Manuel María, o aradinho de pao levava timom e chavela. Mas no meu caso passei horas arredor do caldeiro no que se cozía aos porcos e noutros sítios conversando de temas que com outra gente era impossível. E tinha uma certa capacidade literária para inventar histórias ou versificar.

O Berto fora aluno de don Pedro, o mestre cordovês de Friólfe, assassinado no seu povo de Priego onde nem sequer se sabe da tomba, mas que graças a gente como o Berto logramos sacar do esquecemento histórico, por mais que ainda fique muito por desempoar. O mestre republicano fora un adiantado para a súa época, e ésto sabiam-no o Berto e algumas pessoas mais, que lhe ficavam obrigadas nom só pela sua integraçom social na freguesia, que contribuiu à sua participaçom em obras e acontecementos comuns.

O Berto fixo obras na sua vida que som exemplo de arquitectura popular no meio do feismo, e nom digamos o cuidado das suas fincas, mesmo quando já nom as trabalhava ele, com paredes e gaveas bem cuidadas, com cultivos ageitados, com umas cancelas que chamavam a atençom a quen arredor passava.

O Berto converteia em abono o lixo orgánico, sendo assim exemplo do que se deve fazer, sobretudo quando nom se quer pagar mais pelo bilhete de recolha do lixo.

Em fim, foi-se um home há um ano e o povo já nom é o mesmo, porque já nom há com quem falar, que aquela mulher que também nos integrava na história, que era a Vitória do Rego, morreu já antes que ele. E onde estejam os dois, a mim dam-me força para amar a Vigo de Friólfe, por mais que nom semelhe mais que um montom de pedras à beira do pequeno regueiro Quelhe com o seu canto saudoso, que me fai recordar quando o Berto me convidou a comer uma lebre que ele caçara e a sua mulher -boa bozinheira- guisara. Foi há muitos anos, mas semelha muito recente. A lebre era do Cochom, crêio, e tinha a carne preta.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 13 de dezembro de 2007
O cura de Santa Marinha
A d. Heladio chamavam-lhe o cura de Santa Marinha, nom porque fôsse paroco duma freguesia que se chame-se assim senom porque no lugar de Santa Marinha está a reitoral de Adai, paróquia do Páramo que tem um aquele de transiçom pela sua ubicaçom no centro do concelho; ademais conhece muita mais gente Cendoi que Adai, dado que Cendoi é uma aldeia de tradiçom comercial e vocaçom urbana, pelo que há certa ribalidade, pois os de Cendoi "ignoran" a miudo que pertencem á paróquia de Adai. E d. Heladio viveu esta contradiçom, à que sempre respondeu desde a coerência geografica-historica, frente aos comportamentos chauvinistas de gente de Cendoi.

Nom quero cá recordar a este home péla religiom, ainda que cumpre dizer que sempre si situou cerca de movimentos progressistas e galeguistas dentro da Igreja católica, algo pouco comun nos curas do Páramo.

Era um home de grande capacidade intelectual com quem tenho conversado de muitos temas. E hoje que no Páramo nom há nengum intelectual boto-o de menos.

Era home amante da cultura galega e organizara coisas como um concerto de Fuxan os Ventos, ademais de missar em galego.

Repugnava as acçons caciquís e loitou muito para que se fixeram obras comuns de forma democratica.

Há anos vim-no por derradeira vez e recordo que dixo "já nom temos vinte e sete anos". Poucos días tardou en sêr o enterro, com uma grande folclorada, que entrou em contradiçom com o que ele tinha dito em vida, más algumas pessoas ainda o lembramos tal e como era.

Suso L. Gaioso
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Publicado o sábado, 1 de dezembro de 2007
Manolo, o "Tiburcio"
O "Tiburcio" chamava-se Manuel, mas com era filho do Tomé de Cendoi, o que empeçou sendo o nome da casa acabou em apodo, por mais que soe bem distinto.

O "Tibúrcio" nasceu em Cendoi, uma aldeia da freguesía de Adai que era a mais comercial do Páramo, e que semelha que no futuro será uma vila, nom muito ordenada.

Os pais do "Tibúrcio" eram taverneiros, a mãe boa cozinheira e o pai nom mau lavrador. Junto á Marinheira, uma finca que dá bons cogumelos, tojos, carqueijas e carvalhos, os pais do Tibúrcio tinham uma esterqueira, numas folgaças chamadas a Estrada, onde faciam um esterco anaeróbico muito bom. E na Marinheira, o "Tibúrcio" fixera um caseto pegado a um carvalho, exemplo da micro-arquitectura paramesa.

Na escola surprendia o Manolo pela sua inteligência, mas davam-lhe ataques epilépticos e pronto alguma gente o foi pondo por tolo, o qual deveu sêr muito duro para ele, pois eram tempos de pouca compreençom.

Os pais de Manolo morreram, e ele quixo seguer com a taverna, e os melhores clientes que tinha eram os adolescentes que lhe iam comprar navalhas, máquinas de fazer cigarros,... Pronto foi deixando de têr mercancia, sempre dizeia "temos o pedido feito", mas nunca lhe chegava. Também segueu trabalhando a terra, com umas vacas extremadamente fracas, que lindava no que eu e um vizinho defenimos como zona mineira de Friólfe, pois de ali sacou-se grava e argila, e o Manolo segava érva regada pelas fertis augas do pequeno regueiro Quelhe, que quando subia de caudal, por lá ancorava. Mas o Manolo nom sempre dava levado a érva para a casa, e ás vezes acabava queimando-a quando já estava podre.

O Manolo estava fascinado pela tecnologia, e dedicou-se a buscar auga e mirar o sexo do embriom dos ovos, com os seus aparatinhos, mas semelha que nom acertava muito.

Finalmente, o Manolo ficou sem vacas e sem taverna e ajadava a uns vizihos, parentes lonjanos, que também tin ham taverna, onde pela noite soía estar com a gente, contestando filosoficamente ao que a gente dizeia, e alguma vez contestava em verso. A pessar de que nunca um poema deveu escrever, pôde considerarse um representante da pesia paramesa. E nom digamos já nada das suas dotes matematicas, pois facia operaçons con mais rapidez que uma calculadora.

Finalmente, o Manolo feriu-se na cabeza duas vezes seguidas, pelas caidas de outros tantos ataques epilépticos. A partir de ai o seu estado psíquico deteriorou-se e acabou no manicómio de Castro, onde segue. Um dia fum-no vêr e já nom me conhecia porque, segundo ele, já tinha cinquenta e oito anos, três meses e non sei quantos dias. Laiava-se de que nom lhe deixavam pôr boina nem coisa "semejante" e lhe facia dano o sol, pesse a que estava á sombra.

Vaia logo, o meu recordo a aquele home algo negociante, algo lavrador, algo poeta, algo matemático, algo filosofo... Porque o "Tibúrcio" era algo de tudo, e seguê-o sendo.

Suso L. Gaioso
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Publicado o domingo, 18 de novembro de 2007
FERREIROS
Ferreiros é uma paróquia que baixa da Montanha do Páramo até a ribeira do Loio, pertencente hoje ao Concelho de Paradela, outrora ao Condado Paramiensis. E uma paróquia de importantes caminhos, como o Caminho Francés de Sant Iago ou a Carga dos maragatos pela que iam à feira do Páramo os comerciantes de mais lá do Berço. E tem, Ferreiros, um penedo como pico do que se chama o Monte maior ou as Lajes, no limite com Friólfe, que um cura desta freguesia chamava a "aduana". O mito diz que as Lajes som terra de vinho, e hoje estám na denominaçom de orige Ribeira Sacra _injusta com Frilólfe, antiguo Couto das Bernardas de Pantón_ mas duvido que se desse muito vinho nesse pico da Montanha do Páramo, superado em altura só polo Faro.

Une-me a Ferreiros a minha familia materna e a paterna, e vêr Ferreiros fora do Páramo quase me é impossível, mas as aldeias dessa paróquia onde eu tinha raizes familiares estám condeadas a desaparescer, como desaparesceram os caminhos pelos que lá ia e as gentes que nas terras pelas que passavam trabalhava.

Ferreiros sofre a despopulaçom num dos concelhos mais pobres da provincia de Lugo, pesse a que há grandes propiedades, mas a terra sem amor nunca dará nada, e o amor á terra exige organizar-se.

Ferreiros teve uma igreja románica na Eireje e um hospital em Miralhos, onde agora está a igreja contemporánea, lugar famoso pela cozinha da senhora Pepa.

O Caminho de Sant Iago há anos tinha um aporte cultural que impediu que nesta freguesia se destruissem calçadas e outras coisas. Mas o Caminho massificou-se e desde que empeçou essa massificaçom as coisas cambiaram e xurdiu a sujedade deixada arredor do caminho, o chauvinismo de quem como nom sabe oferecer o que tem, inventa e em Ferreiros agora "há" obras románicas, campos de feira e outro montom de coisas, mas nom "há" a capela da Parede ou a de Fruginde, nem a fermosa arquitectura popular á que nos últimos tempos lhe engadiram bloco e outras coisas pouco acertadas.

Recordo há bastantes anos uma Ferreiros cheia de gente, quando minha avóa estava com a derradeira doença e eu lhe ia buscar os correios ao primo Bautista, que morreria vitima das deficiências sanitárias, milho e centeno que alimentavam saborosas carnes, como as das perdizes e coelhos, como as cristalinas augas dos micro-rios que o mito sostinha que saiam dum rio subterraneo que levava tanta auga como o minho no verão; micro-rios, digo, porque em Ferreiros se emprega pouco a palavra regueiro. A Ferreiros de vida, embora as carências, interessa-me mais que a do consumismo que aniquila os arredores. Saudades!

Suso L. Gaioso
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Publicado o mércores, 14 de novembro de 2007
De Friólfe ao Rio da Ponte
Há anos andei pela Terra Chá e onde a montanha se junta com esta, e pudem vêr povos praticamente valeiros, onde os seus moradores estariam no fim de semana, uma ou duas vezes ao mês, ou quiçá uns dias ao ano. Naquel tempo _ano 1989_ o Páramo perdera populaçom, pesse ao retorno de emigrantes desde a metade da década anterior, mas permaneciam a maioria das vivendas habitadas.

Recordei o outro dia isso ao passar por vários núcloeos desabitados ou semi-deshabitados, pesse a que gente de fora está comprando casas. Como me dizeia a pessoa que me levou no automóbel desde a Póvoa, "em Friólfe já nom se vê gente nos caminhos". No Canto de Friólfe aonde a gente levava o leite ao camiom da recolha, já nom está o velho nogueiro centenário, nem há folions pelo Entroido, porque na maior aldeia da próquia já pouca gente fica, e o feismo urbanístico dá ganha de nom mirar, e dá ganha de nom voltar passar ao vêr o abandono do caminho de Penença, de onde a legenda diz que gustaram a pedra da igreja de Friólfe, e onde desaparesceram muitos carvalhos centenários. Mas Penença non é nada comparada com o Rio da Ponte, sítio mítico da paróquia. Lá a auga dos canhos tem inundado o caminho, a pessar da seca, a ponte ao melhor nom tarda en cair e os pinheiros insignes nom estám do mais acaido.

Lugares e aldeias de tijolo e bloco fam que a Galiza rural se aproxime á cultura de subúrbio, alheia por completo ao mundo que a rodeia; enclaves urbanos num agonizante rural, do que apenas fica uma agricultura alheia a Natureza; a cultura do subsidio por cima da criaçom.

Suso L. Gaioso
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Publicado o venres, 9 de novembro de 2007
A TAVERNA DE SEOANE
Na capitalidade de Friólfe havia uma taverna, à que iamos as crianças vêr os filmes de vaqueiros na televisom, beber gasosas e algum alcoól. Era um ambiênte bonito porque, a pessar de viver numa ditadura, a censura politica nom chegava a aquele lugar e a mediatica era menor que hoje. O Escouprim explicava-mos com oera a guerra, o Fermim invitava-nos a brandi e o Jaco e a Maria traeian as novas pornograficas quando iam a alguma feira,... Inesquencível será sempre o Henrique do Cunqueiro, que viveia ao lado.

Fora esatava o velho cemitério de Friólfe, no que as crianças quitavamos muricegos dentrás das lápidas. Havia por Seoane uma rara graminea que semelhava trigo, mas nom botava grão. Havia também azevinhos, que lá chamamos escorna cabras, e uma rara planta que no sítio chamamos rabo de çorro. E havia soutos e carbalheiras e muitos frutais, destacando as ciroleiras e ameijeiras.

Um dia pechou-se a taverna e a vida de Seoane foi esmorecendo. Hoje um dia normal Seoane está valeiro. Obras que desentonam com a paisage, onde a Cámara municipal do Páramo dou para obras privadas, é o único que fica naquele lugar de tanta história.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 8 de novembro de 2007
TRISTE DEZASETE
O dia dezasete é triste para os democratas do Páramo, por três fatidicas coincidências.

Paresce sêr que foi um dezasete dalgum mês, dia de feira na Póvoa, quando o cadaver do fugido sr. Dositeu foi exposto aos feirantes e demais transeuntes no Alto do Pico, coberto de moscas.

Um dezasete de Dezembro morreu Evaristo Lôpez, depois da paliça que os falangistas lhe deram em Santema. Era católico mas nom foi canoniçado nem sequer soubem que na minha vida lhe tevessem uma missa na paróquia. Nom som católico e nom me importa que haja missas, mas é um exemplo de que a Igrexa católica nom trata a todos os mártires igual. Mas podesse dizer que Evaristo Lôpez só é o mártir duma paróquia perdida e desabitada, nom assim Alexandre Bôveda, fervente católico assassinado também um dezasete, e vinculado ao Páramo pela militância do Partido Galeguista.

As gentes democratas do Páramo temos no dia dezasete três santos laicos, por mais que a Igreja nom os canoniza-se, porque como dixeo Castelão: "Os mártires serám santos".

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 29 de outubro de 2007
OUTONO
Na Galiza rural o outono tem um significado especial, porque é morte e vida, como noutras partes do mundo, mais cá dum jeito especial arredor das colheitas. É o tempo da vendima, da esfolha do milho, das castanhas, das nozes, das bolotas...

Nom é muito de entender que, este ano, alguma gente vira que nom chovia e dexêse que facia bom tempo, porque a nóssa Natureza necessita da humidade do outono. Penso, por exemplo, nos cogumelos que, aparte de sêr alimento de humanos e animais, cumprem um papel na formaçom do humus e vivem em simbiose com outras espécies. Bem vida pois a auga do outono.

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 9 de outubro de 2007
O CAROZEIRO NA MEMÓRIA
A paróquia de Barám, pertencente a Paradela, foi fiel á legalidade republicana e exemplo da luita antifranquista, e dessa paróquia foi o Golás, secretário provincial do P.C.E., assasinado nos anos quarenta. Mas nom vou falar do Golás porque sei mais por mitificaçom que por informaçom. E quixê-se falar do Carozeiro, a quem conhecim pessoalmente, graças a que tinha familia em Friólfe, e sei que professava uma admiraçom por mim quando era eu adolescente.

O Carozeiro era um bom vizinho, fascinado pelo progresso que prometia a II República. Foi detido pelos sublevados fascistas; logrou fugir e cortou as esposas com uma machada, produzindo-se feridas nas mãos. Parece sêr que lhe amortiguaran a repressom, já que inicialmente o iam matar. Pouco mais sei porque quando as circunstâncias politicas o deixavam falar as leis da vida levaram-no a outro estado da matéria, mas quero render-lhe esta pequena homenage porque me indignei muito ao ouvir-lhe a uma pessoa criada no fascismo que era mau, que estevera preso.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 24 de setembro de 2007
ANTE QUÊ ESTAMOS?
Dim que o Páramo se vai modernizar, e quem dim isso basseam-se na autovia, que troixo ao Concelho dano ecológico e mais nada, no caminho de ferro, que seria bom se os comboios parassem, num poligono industrial que para nada necessitamos, numa futura urbanizaçom arredor do nósso Campo da Feira que o relegará a jardim urbano, e num nefasto parque eólico destruidor da nóssa montanha.

É hora de menos modernidade e mais progresso. O modernismo foi uma corrente artistica de principios de seculo passado, agora toca o progresso, o desenvolvimento sostível, e nom podemos renunciar ao futuro do nósso Concelho relegando-o a sêr uma mera zona ressidencial dentro de dez ou doze anos. Temos um futuro de agricultura respetuosa com a Natureza, e já nom digo ecológica.

Recordo ao Novo, pessoa da minha paróquia tristemente finada nova, que se dedicou ao comercio de pensos, sementes... Um dia no autocarro ouvim que lhes abrira os olhos aos lavradores, mas aquele home que troixo as escouras Thomas a Friólfe e que aconselhava combinar leguminosas com gramíneas, nom crêio que gostá-se da agricultura que se fai hoje.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 13 de setembro de 2007
EVARISTO LÔPEZ, MARTIR DE FRIÓLFE
Evaristo tinha a taverna mais concorrida pela mocidade de Friólfe, na aldeia de Vigo, á beira do pequeno regueiro Quelhe. Era o que lá chamavam um moço velho, e a mocidade tinha-o por prototipo, especialmente a masculina. Era duma familia profundamente católica e sem filiaçom politica, mas no 1936 obtou pela Frente Popular, e a mocidade da paróquia seguereia-o como exemplo.

No ano 1937, Evaristo sofrereia uma paliza no monte de Santema, da qual non se recuperou e o 17 de Dezembro desse ano morreria.

O que havia na taverna do Evaristo foi comprado por outro taverneiro de Friólfe e quixo-se comprar a balança, símbolo da Justiça, mas esse outro taverneiro também morreu _já fora da paróquia_ num trágico accidente automobilístico.

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 11 de setembro de 2007
OS LODOS, POLÉMICA POUCO CLARA
Em terras que me som familiares há um grande rebúmbio devido ao armacenamento de lodos procedentes de ressiduos. Ignoro se quem armacenam esses lodos cumprem umas normas basseadas nuns critérios minimamente ecológicos. E que som contaminantes non o vou negar, pois porcedem dum modelo de consumo que o é.

Mas eu pergunto-me se a soluçom é manda-los ao mar e seguer usando outros abonos que contaminam enormemente.

Gostaría de que essa polémica serví-se para um debate socio-ecológico integral.

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 4 de setembro de 2007
SEM FRUTA
Este ano apenas há fruta no Páramo, e a que há é de má qualidade. E, pela informaçom que tenho, noutras partes da Galiza ocorre o mesmo. Som várias as causas, e crêio que todas estám relacionadas. O Cámbio climático produze pragas e a floraçom fora de tempo, nos nóssos regueiros já nom se criam rás nem libelulas e devido á contaminaçom nítrica, aos paxaros insectivos matam-nos os insecticidas e ós omnívoros nom têm que comer e a final acabam sendo pragas eles mesmos, as pestes como o mildiu vem-se favorecidas nom só pelo cámbio climático senom por plantas pouco resistentes e pouco adequadas a estas terras, as abelhas e outros insectos polinizadores estám em perigo de extinçom...

A fruta nas nóssas aldeias tem um valor económico, para o autoconsumo e para o mercado, mas é un valor simbólico dado que muitas árvores frutais eram verdadeiras instituiçoms, e a fruta dá uma ideaia do tempo e estava vencelhada à historia das pessoas.

Agora eu pergunto-me como muita gente nom se sinte afectada pela falta de fruta, simplemente porque lha vendem-no sobremercado, criada e transportada com produçom de contaminaçom e às vezes mão de obra barata. Eu nom entro nisso mais do necessário, mas é inevitavel.

Pouco podemos cambiar nós do macromundo, por exemplo frear a contaminaçom de USA ou China. Mas podemos cambiar o micro-mundo, tendo um ar limpo nas nóssas aldeias, augas limpas, cultivos que ajudem a manter o equilibrio da Natureza... E todo isso é posível se das nóssas aldeias fuxe a tolémia consumista, e se o lume nom se apaga com gasolina, dizendo coisas como que o cámbio climático fai gasta em herbicidas.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 30 de julho de 2007
AS LAGAS DE FRIÓLFE
Em Friólfe, como em toda a zona, o linho foi um cultivo fundamental. Eu só recordo verlho cultivar à prima Felicitas da Casa Nova, mas de jeito silvestre segue medrando nos prados e montes, até o ponto de sêr considerado praga, dado que ao gando nom soe gostar-lhe muito.

O trabalho do linho era longo e entre esses trabalhos estava o levá-lo e sacá-lo da laga, onde o mais brando se separava dos filamentos lenhosos.

Em Friólfe havia muitas lagas, e as que mais perdudaram foram as de Vigo, as de Outeiro e a do Chato na Seara. Algumas lagas eram meros poços do regueiro ou entre os penedos, onde a auga levada por pequenos regos era doada de ancorar. Noutros casos eram pequenas obras de arquitectura com as suas paredes e passadoiros. Mas as novas geraçons nom veram as lagas de Friólfe, dado que a maioria foram recheias de escombro, porcedente de casas arranjadas ou terra das carreteras, quando nom se meteu directamente uma pista por elas.

Somos assím. Que lhe imos fazer? O mundo rural dim que nom se apoia, e é certo, porque em poucas partes se deixam fazer as barbaridades que cá se fam e esta, por pequena que seja é uma.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 4 de junho de 2007
Novos tempos, novas soluçons
Celevrarom-se há uns dias as eleiçons municipais e embora eu non tenho voto no Páramo botei de menos que nengum partido tocá-se o que realmente som problemas sérios no concelho pelo que se me conhece. A perda da paisage, que nom deixa de sêr uma riqueza mais, a contaminaçom nítrica das nóssas augas, a biomassa convertida em matéria prima para incêndios, os monocultivos degradadores da fauna _incluida a microfauna do solo_ as escombreiras... Nom parescia importarlhes aos nóssos candidatos, como nom lhes importa demasiado a nóssa saúde nem a qualidade de vida em geral. Nom ouvím para nada falar de meio ambiênte, por mais que desde Fidel Castro a Bush, todo o mundo fale deste tema.

Está bem que se façam pitas e se ponha alumeado público, mas primeiro e que a gente esteja nas aldeias por algo mais que por uns subsidios que mais cedo ou mais tarde se vam acabar. E ensinémoslhes aos nóssos paisanos e paisanas que muitos serviços nom os necessitam, porque compostando nom havería escombreiras nem seria necessária a recolha do lixo e os seus produtos seriam melhor pagos.

Com este artiguinho quero recordar a memória de dois intelectuais que conhecim no Páramo, finados. A d. Eladio, cura de Adai, e a d. Emiliano, mestre de S. Martinho da Torre, que puxeram o seu intelecto ao serviço do povo.

Suso L. Gaioso
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Publicado o sábado, 28 de abril de 2007
UM PEQUENO "PRESTIGE" EM FRIÓLFE
Dias atrás saia na imprensa que um camiom deixara na estrada que atravesa Friólfe, vindo de Paradela ao Páramo, ressiduos de granjas em mais de cem metros, e pesse à rápida limpeza attraiu grande quantidade de insectos, o qual nom tem nada de beneficioso, e menos aquelas sustâncias que vaiam as augas.

Pôde até certo ponto parescer lógico um accidente deste tipo numa zona onde há granjas, mas o descontrolo com os abonos e outyras coisas é total, botando-se no cauze da e pequenos regueiros que antes soiam ir encanhados, ademais de tratar-se de abonos orgánicos e minerais de sintese já de por sim danhinos ás ecosistemas.

Suso L. Gaioso
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Publicado o sábado, 21 de abril de 2007
Dentro de mim
Dentro de mim vam dois lugares da minha paróquia que ficam semivazios -e outros ficam de tudo-. Muito vencelhados à minha literatura e a minha vida em general, o Mato e Vilarinho som lugares à beira do regueiro da Varja, que dá nome à casa dos meus antepassados, ambos conhecidos pelo seu centeno e pelos coelhos criados com leguminosas lenhosas. No caso do Mato tambén pelos seus moinhos.

Resulta-me impossivel que a energia que outra hora houve nestes lugares se perdê-se, e isso que estou só pen sando na ciência, nom na religiom.

O Mato e Vilarinho som insignificantes no conjunto da Galiza, mas som o exemplo da parte mais repressentativa -a rural- dessa Galiza. A sabedoria acumulada em miles de anos perdê-se na era das comunicacçons e a formosa arquitectura vai-se desfazendo, a menos que haja quem a compre -e quem a venda-. O cristalino regueiro está cheio de argaços alimentados pelos nitratos. Já nom se sintem cantos da gente, mas também nom de râs. Já nom se fai torta de milho nem se assam castanhas. Os ameneiros já nom se cortam para çocos e çocas, etc.

Este é o retrato de dois lugares da minha paróquia, mas sobrepassa a Galiza. Recordo aquele filme intitulado "O diputado voto do senhor Cayo", como algo premonitório do que está passando no Páramo, e quando escrevo sobre isto sinto uma tremenda urgência por rescatar algo que já quase é impossível, e que as vindeiras geraçons nom entenderán quiçá, mas ai, ao lado de absurdos pre-conceitos e misérias, estava o equilibrio com a Natureza e uma realizaçom cultural hoje usurpada pelo consumismo e a frivolidade. E pesse ao medre económico de muita gente, a qualidade de vida no rural segue sendo miseravel e decadente.

Suso L. Gaioso
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Publicado o venres, 2 de março de 2007
VOLTAR AOS TORNADOIROS
Uma noite sonhei com os Tornadoiros; um sítio de Friólfe onde o pequeno regueiro que baixa pela minha aldeia se parte para regadio, onde meu avô Jesus lhes puxo as coisas claras a quem, com trampas lhe queriam quitar o direito a adquirir uma propiedade, onde vim formosos tordos e onde há folganças nas que havia intimidade de espécies vegetais. Sonhei com os Tornadoiros e a tomba de aquela cadelinha, de curta vida, que eu enterrara à beira dum pequeno carvalho, quando também os havia centenários e também havia castinheiros. Logo mais tarde enterrei tambén por lá ao Rui, um cam que me acompanhou bastantes anos. E foi nas folganças dos Tornadoiros onde lindei as vacas muitas vezes.

Quando despertei de aquele sonho sentim uma profunda saudade. E digo saudade e nom morrinha porque penso que som coisas distintas, e nom só sinto o passado senom o futuro, agora que os Tornadoiros estám sem árvores centenárias, mas pelo demais estám como estavam, quero pensar que nom se destruirám os micromundos e que voltarei vêr tordos e que as augas voltaram baixar limpas. Nas terras do lado já nom há cheiro de furom nem o canto das rás, e apenas se vêm pessoas, mas a conservaçom dos Tornadoiros faime pensar que a Galiza rural seguerá vivendo.

Suso L. Gaioso
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Publicado o sábado, 24 de fevreiro de 2007
DELHE
Há algum tempo escrevim um guiom para um programa de Rádio Clavi no que falava desta aldeia singular que foi a minha segunda aldeia, já que nela tinha aos meus avós maternos, e ia a miudo, e aquele guiom que penso que tinha uma certa qualidade foi ao lume, como um apontamento mais, porque o levava no peto com outras folhas que nom meresciam sêr comservadas. Mas hoje quero re-escrever aquilo, recordando a autonomia juridica de aquela aldeia, da qual poucas vezes um notário levantou acta, mas como "a costume fai lei", aquela aldeai, regiu-se sempre pela costume.

Delhe tinha _tem_ o seu regueiro, que nasce junto da aira dos meus avós, e baixa até a fonte da Lavadoira que lhe dá mais auga da que trai, mas antes havia uma fontinha no meio duma corga que nom sei onde vai desde que botaram cimento á corga, suponho que a encanharom a uma beira. Delhe, como escrevim nalguma ocasom, era cantos na noite e o canto duns paxarinhos que viveiam em harmonia com o que facia o ser humano. Era também contar histórias no escano da lareira, comendo torta de milho e leite "feito". Era uma vida que se perdeu, e que eu quero resgatar cá na memória do meu bistio Casa Nova, que estevera preso pela sua participaçom na revoluçom de Asturies, e a prima Felicitas que nos facia aqueles estupendos manjares.

Suso L. Gaioso
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Publicado o mércores, 7 de fevreiro de 2007
UMA REALIDADE
Denúncio desde há anos a desfeita da Galiza rural, e muito lonjana fica a minha literatura bucólica na que defendia esse meio, do que hoje apenas ficam alguns ressiduos.

Fixo-me sofrer que no Páramo sentara mal a posta em marcha dum Plano urbanistico, que pelo momento desconheço, o mesmo que quem diz que nom facia falta. Ignoro esse plano mas era de urgência, por riba de conceiçons políticas e de outro tipo. Mas nom fiquemos com a recuperaçom da arquitectura como algo derradeiro, senom como o último duma época na que temos muito que fazer, e recuperemos a vida dos regueiros, recuperemos as nóssas feiras...

Recuperemos as ânsias de viver dando aos nóssos maiores e à nóssa infáncia uma qualidade de vida que repercutirá no bem-estar geral. Na minha terra, como no rural en geral, existen dementes senís sem nengum tipo de ajuda psicológica que viram cair o seu mundo e som imcapazes de aceitar umas transformaçons sem jeito. A nóssa infância estuda inglês mas apenas conhece a história da sua aldeia. O des-interesse pelo nósso é total e resultará dificil recuperá-lo se temos em conta que muita gente está emigrando áo urbano e mesmo fóra da Galiza, e que a gente que se establece de novo no rural nom pôde manter aquilo que nom conhece e que tem dificil accesso ao seu conhecimento, dado que os nóssos maiores ás vezes sintem-se sem força para explicar o que sabem, dada a invasom de imformaçom totalmente alheia à súa realidade, a uma realidade milenária que cumpre manter como algo mais que folclore, embora eliminando aquilo que de negativo póssa têr.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 15 de janeiro de 2007
Adeus, terras do Páramo
Pelo Páramo passa a auto-vía, que seica vai dar muita vida ao Concelho, mas as pistas ás aldeias, nalgum caso, levam uma década intransitaveis. E a estaçom do caminho de ferro servirá para que parem os comboios? e o polígono industrial servará para que se asentem industrias ou ficará numa mera destruiçom ecologica dirigida por escuros interesses económicos?

Temos, isso sim, uma grande politica cultural, capaz de separar os magostos do Samaine _e perdoem-me que um crêeu que esta festa é invassom cultural_. Nom falemos da arquitectura, porque deve sêr o único sítio onde cada vez se fai mais feismo.

Os regueiros do Páramo, carregados de nitritos, já nom têm ràs, a plataóm arvorea para nada se ajusta á realidade dessa terra...

Em fim, no ano da Memória histórica, o Páramo perdeu memória e perspectivas de futuro.

Suso L. Gaioso
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Publicado o mércores, 29 de novembro de 2006
REQUIEM POR VILARINHO
O outro día souben que morrera a Lucita, velha amiga. Morreu nova e sorprendeu-me porque as últimas vezes que a vira estava cheia de energia. E com ela acaba-se um lugar de Friólfe que embora pequeno estava cheio de história e simbolismo. Quase no cimo da Montanha, o seu abrigo ao Norte dava-lhe um microclima distinto do de outros núcleos da paróquia, as suas casas e paredes eram duma beleza impressionante, foi sitio de grandes rebanhos de ovelhas e até teu uma jurisprudência própia comas terras compartidas. O nome de Vilarinho sonaba na literatura popular, mentres o regueiro que lá nascia se agachaba por vezes baixo terra, grazas á composiciom caliza desta terra.

Agora Vilarinho já nom existe, como outros lugares da paróquia e do concelho e a única esperanca é que um dia haja uma ecoaldeia nesse sitio.

Suso L. Gaioso
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Publicado o venres, 10 de novembro de 2006
O PÁRAMO. ANO DA MEMÓRIA HISTÓRICA
Como paramés sentim uma especial raiva este ano, quando em todo o Estado se chorava aos mortos e mortas, eu nom soubem que no Páramo se recordasse a Evaristo López, o mártir da minha paróquia, ou ao senhor Dositeu, aparescido numa cuneta no Alto do Pico um dia de feira na Póvoa. Naide recordou a música do Calinha, calada com a guerra, nem a genial pluma de Doroteu Benavente, que teve a mesma sorte. Con estas letras quero recordar a todas e todos os que no Páramo sonharon um mundo melhor, pesse a quem pesse porque falsificadores houve-os sempre, mas a mim nom me vam negar a histórica.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 7 de setembro de 2006
ONTE FRIÓLFE, O PÁRAMO

Dias passados, num bar de Lugo, achegou-se um home a mim e perguntou-me se estava nas Comissons Labregas e eu dixem-lhe que nom; entom ele dixo que me parescia muito a outra pessoa. Eu nom estou em nengum sindicato agrario, e penso que nestes momentos nom há nengum que se chame Comissons Labregas, mas quando o home em quêstom se ia marchar reconhecin-no e soubem que essa pessoa à que dizeia que me parescia era eu noutra época da minha vida, e quixem dar-lhe explicaçons, mas ele saiu apresa.

Nom me imparta muito que me conheçam como sindicalista, mas agrada-me que me recorden, e isso fai-me recordar aqueles tempos de assembleias labregas em Friólfe, e noutros sitios do Páramo e da Galiza inteira. Mas som tempos distintos. Hoje nom há labregos senom lavradores, metidos de cheio na sistema capitalista. E possivel que Emilio Lôpez Pêrez nom esteja de acordo, mas a terra nom é uma mera ferramenta de trabalho. Um sindicalista dixo-me nom há muito que os lavradores nom estám globalizados porque nom sabem em que mundo vivem, e eu perguntome quê é a globalizaçom. Se miramos a sociedade os lavradores nom estám integrados, mas se miramos a sistema social estam-no, nas cloacas da sistema, mas estám.

Recordo aquelas reunions baixo o nogueiro do Mogenas ou na casa do Henrique e penso que Friólfe onte sim, a Friólfe rebelde e solidária, nom a que me contam hoje de quem se queijam por nom poder fazer o purine mais contaminante com fermentaçom anaeróbica, por nom poder fazer mais feismo urbanistico... E por isso digo: Friólfe onte sim. Friólfe amanha espero que sim. Friólfe hoje, a pessar de tudo segue tendo fermosas paisages.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 15 de junho de 2006
NOVÁS
Quando o auto-carro me deixa na parada tenho que passar por uma formosa terra de aluviom que se chama Novás. Ao lado está o Cochom, terra ardida que demonstra que Friòlfe nom é só montanha senóm que tem parte na campinha do Páramo, e no Cochom está a Careoa, onde este ano há centeno. E ao outro lado está Pedride, terra de grava, banhada pelas augas quentes que baixam de Trás a Veiga.

Um dia vim em Novás um carvoncinho, paxaro insectivoro que cria extinguido no Páramo. Também vim rulas e outros paxaros, pesse a que em Novás já nom há centeno senom pinheiros.

Novás está formosa, mas arriba de Novás vim como um sem-vergonha botara herbicida na valeta da via publica arredor das terras que foram dos meus antepassados, e um pouco arriba roçara-se um arredor onde aninhavam os paxarinhos. Nom foi nenguma instituiçom, nem foram ressidentes do sítio. E outro dia vim abaixo de Novás como botaram herbicida junto ao regueiro, quiçá alguém que fai pesca clandestina.

O mais mau de tudo isto, o mais desesperante é que os dias que vim estas aberraçoms vim uma patrulha do Seprona e vim ao delegado de Medio Rural no Páramo. Triste que as autoridades e os seus agentes nom vejam as barbaridades e façam cumprir a lei, e adapten a lei aos tempos que correm.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 10 de abril de 2006
DESTRUÍMO-LO TUDO
Tenho-me queijado da desfeita da arquitectura rural, que é grave, mas que passa com a engenharia, essa arte que por sêr a expressom mais alta da técnica nom deixa de sêr arte, e como toda arte tem uma ciência detrás.

Faltam as paredes, onde se refugiavam os depredadores de pragas. Aqueles canhos de pedras que aparte de manter a temperatura da auga permitiam-lhe levar oxigeno e sales foram sustuitidos por tubos de cimento. As presas dos regueiros foram sustituidas por outras horriveis de cimento...

Nom quero escrever muito. Nom me vêm agora, mas dizer que no rural se destruiu tudo e que eu nom quero sêr complice. As reitorais están muito bem graças a impostos de apostatas, ateus e pessoas de distintas confessoms, mas quê passa com os velhos moinhos?

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 16 de fevreiro de 2006
CARRASAL
Carrasal é un formoso sitio da minha paróquia que dá nome a un regueiro, onde há desde tempos remotos um lavadoiro e onde esteve o primeiro transformador eléctrico que FENOSA puxo na próquia, e noutros tempos havia lazas para o linho. Há uma fonte de auga sabrosa, mas a última vez que eu fum até ela estava rodeada de excrementos humanos, o qual me dou uma raiva enorme, mas nom é raaro numa terra onde a contaminaçom e os maus habitos som por desgraça normais.

O regueiro de Carrasal, desde o sítio que lhe dá nome vai pelo seu cauze e mais por uma canle que serveia para regar prados e mais para os Moinhos do Mato, actualmente abandonados, e nessas augas havia rás e á sua beira paxaros insectívoros. Hoje as rás desaparesceram graças ao purine mal fermentado e a outros tipos de nitratos. Os paxaros insectivoros tambén desaparesceram.

Carrasal pôde que nom seja o centro geografico da minha paróquia, mas é o centro simbólico, onde um crente católico dizeia que debia estar a ingreja, e eu tantas vezes dixem que debia haver uma biblioteca, mas nom foi nunca possível fazê-la. Pelo tempo que eu empecei a pedir aquela biblioteca fixo-se um potro para inseminaçom das vacas, actualmente inutilizado, que bem valeria para essa biblioteca.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 26 de janeiro de 2006
VINHO E OUTRAS COISAS
Dom tomás foi veterinaário muitos anos no Páramo. O outro día coincidín com ele e contoume que quando ele chegara a aquela terra era um paraisso. Falou-me da caça, da pesca, do vinho e de todo esse micro-universo perdido e recordei aquele tempo da minha adolescência e também da infância. Tempos duros, é certo, mas nos que eramos praticamente autogestionários e nom se conhecia o consumismo, sim o consumo que nom é o mesmo.

Naqueles tempos a abundaância de pesdizes, lbres,... gracia ao Páramo caçadores que eram mais respetuosos com a Natureza que os da agora, e deixavam bastante dinheiro nas tavernas do sitio. Muita gente facia dinheiro pilhando congrejos do rio, os peixes eram sabrosos e as anguias andavam pelos prados. Todo isto é tempo passado, e dubido que se repita.

É certo que hoje o lavrador vive economicamente bem, graças ás subvenciçoms de Europa, mas destruiu o seu meio, e o medre económico nom foi para todos, e muita gente teve que emigrar. É certo que hoje há boas vias de comunicaçom mas também é que algumas pistas están intransitaveis, e para fazer essas pistas paleas que só se pôde andar a pé em tempo seco destruiam-se pontas, fontes,...

O progresso do asfalto non é o único nem o máis importante, mas se o progresso do asfalto se converte em abrir pistas e tardar vinte anos em porlhes firme, esse progresso, converte-se num retrocesso aberrante.

Suso L. Gaioso
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Publicado o martes, 3 de janeiro de 2006
LEMBRANÇA DO GERARDO DO CASTRO
O Gerardo chegou um dia à paróquia, vinha acompanhado duma sobrinha, que à sua vez era a sua companheira sentimental, o que nom caiu bem numa parte da sociedade totalmente fecha, até o ponto de que nom viam bem que as nenas levassem médias de cristal ou os nenos andassem sem camisa nos quentes dias de verao. Mas Também eram os tempos da transiçom, de certa liberdade, uma transiçom que o Gerardo viu mal, pois ele era republicano, eu o definim há tempo como o derradeiro republicano da minha paróquia. Perguntaram-me se logo eu... Eu som uma pessoa republicana sim, mas eu son coisa distinta do Gerardo, para ele a República erá-o tudo, ele para tirar adiante queria voltar a aquele regime que truncara o fascismo que tanto odiava.

Chegara da Argentina, aonde se fora depois de ser mineiro em Asturies. Ao primeiro rumoreou-se que vinha rico, e tracia uma pequena riqueza, que era a sua juvilaçom, depois de toda uma vida de trabalho, e veu por uma pequena riqueza, que foi morrer na sua terra.

Contador de chistes, de histórias reais, caçador respetuoso com a Natureza, leitor de periódicos, saboreador do bom vinho, velho lavrador que voltava á sua adolescência quando colhia uma fouce, andante dos velhos caminhos... Aquele home que falava um galego misturado com o espanhol argentino troixo muito á minha paróquia, porque graças a ele as gentes moças conhecemos a história e as gentes velhas puderam falar dela sem vergonha nem medo. Por isso a mim se me fai hoje necessário lembrá-lo, num momento em que o mundo rural está muito mais desfeito que quando ele veu.

Enterramos -recordo bem- ao Gerardo um dia calmo em que nom facia frio nem calor, nem havia vento. Semelhava que o Cosmos o levava com a calma que ele vivera, com essa calma que tanta falta nos fai para afrontar o presente e o futuro, e que de nengum jeito é conformismo. E lá fica no cemitério, mas mentres o recordemos a paróquia nom morre porque na nóssa memória haverá tabernas, moinhos, asserradeiros...

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 7 de novembro de 2005
LEMBRANÇA DUM DIA CHUVOSO
Era um dia chuvoso no Páramo. A baíuca estava fecha, e diante da sua porta esteve falando com um rapaz da situaçom do mundo, do avance imparavel de China, da belicosidade yankee, o cámbio climático,... Até que a taverna abríu. Colhim tabaco e apenas parei. Seguem até o monte de Santema com a esperança de achar uma pedra de ferro para fundir. Achei pedras com ferro, mas quarçosas e, pelo tanto, impossíveis de fundir. Os caminhos estevam cheios de rastolhos, o abono natural que a Natureza forma para manter-se tira-se aos caminhos, e botam-se abonos de sintese contaminantes.

Passei por junto do caseto que no franquismo simboliçou a ressitência ao regime, e está caíndo, como outros muitos, mas tem para mim bos recordos, e desde perto desse caseto vim o castro de dificil accesso que há anos estava coberto de carqueijas e agora tem érva. Junto do castro passa um regueiro de augas ferrosas, que ao receber um afluimte mais abaixo forma uma terra de lagoas onde há peixes que resulta bem dificil que subiram do rio Minho ou do outro regueiro do que é afluente este. Há bem tempo que eu penso no dificil que sería para as espécies acuáticas ir dum sítio a outro e cheguei á conclusom de que poderam xurdir em vários pontos á vez.

Esteve num meio ao que tenho grande carinho, mas que acho cada dia mais destruido, e mais uma vez pedo protecçom.

Suso L. Gaioso
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Publicado o luns, 26 de setembro de 2005
O RIO DA PONTE
Há algum tempo escrevim um artigo sobre o Rio da Ponte. Sitio mítico da minha paróquia. Mas o Jaureguizar perdeu esse artigo. Entóm quero escrevê-lo de novo, mais mais resumido.

Quando escrevem aquele artigo, eu, passara pelo Rio da Ponte e nom vira eucaliptus nem coisa parescida. A última vez que passei pelo Rio da Ponte vim eucaliptus onde antes era terra de grandiosos ameneiros.

No Rio da Ponte juntam-se o regueiro do Varja, que dá nome á minha casa, e o regueiro de Carrasal. E no Rio da Ponte houve dois moinhos que eram o do Novo e o de Ribeira. E há uma história mítica de braços de fume, de cefalopodos humanos, de mulheres que discuten sobre qual é puta...

No Rio da Ponte há um microclima pela sua fundura, e eu recordo pesceber esse microclima. Lá empeça o que o Exército espanhol chama Vale de Escouprim, mas os lugarentes nom entendemos porque esse nome imposto.

Fum muitas vezes ao Rio de Ponte buscando a fussom com a Natureza. Passei pelo Rio da Ponte de Noite, quando ia de falar com a Pili e o Froilan do Mato, recordava ao Gerardo do Castro, que tantas vezes andou por este sítio. Uma vez de meditaçom recordei aquela moça guapa que vira na festa das Doras em Paradela. Som muitas as minhas vivenças no Rio da Ponte, e por isso mesmo pido que se conserve, que o capitalismo nom penetre nesse fermoso sítio e que segam medrando os ameneiros fabricantes de nigrogenio.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 21 de julho de 2005
UM QUIJOTE NO PÁRAMO
O Páramo é terra de "quijotes", mas literariamente só o nósso escritor republicano Doroteu Benavente viu essa realidade. Existem familias paramesas-manchegas, mas nom sei até que ponto se pôde falar duma afinidade entre o Páramo e a Mancha.

Neste quatro centos aniversário da publicaçom do Quijote, eu quixé-se recordar a algum "Quijote" do Páramo, e penso que o José é o máis representativo.

Conhecim ao José sendo eu adolescente. Vinhera arranjar-lhe uma gramola a outro adolescente, familiar da minha paróquia. Era de aquela famoso em todo o Oáramo pelas paredes que facía, pelas suas habilidades para a pesca clandestina,... Mas pronto se fazeria famoso pela sua adicçom ao alcool e por ser a pessoa mais blasfemadora da história do Páramo. Botava dias de trabalho a cámbio dum carrinho de mao sem roda ou outra coisa avariada, ele sempre queria, aparte de vinhyo, coisas avariadas, porque desse jeite elevava a autoestima dizendo que as arranjava, penso eu que era por isso, mas já nom arranjava nada. Uma vez viu-me uma navalha com mango de pau e cambiouma pela sua. Eu dixem-lheque a minhya navalha era de mal corte, mas ele dixo que nom importava, que ele era um grande afiador e que gostava das navalhas de mango de pau.

Na última metade da década de novecentos oitenta circulou bastante literatura maoista pelo Páramo. Penso que o José nunca leu um planfleto inteiro, mas identificouse com o maoismo, convencido de que no Páramo era certo que era onde mais agudiçadas estaban as contradiçons, e o José, entre coas de vinho de cartom, falava do partido. Quando lhe perguntavam o nome do partido limitava-se a dizer que era un partido novo, forte, e que todos iam armados. Falava das suas intervençons em multitudionários mitins que naide vira. Falava de noites de pintadas, e penso que nunca fixo uma...

Ocorreu um dia que o José ia pelo monte da Costa e viu uma gente carregando tojos no remolque dum tractor. E o José, que iria pensando na revoluçom maoista, marchou-se á aldeia mais proxima avissar de que havia guerra, que aterriozara um elicóptero no monte da Costa e os soldados andavan apnhando tojos para poder montar o campamento. Nenguén foi capaz de convencer ao José de que non havia tal guerra, que ali havia um tractor e gente carregando tojos destinados a abono. O José só se tranquiliçou uma vez que teve bem vinho no corpo.

Há anos que morreu o José, e longe da burla ao tolo, quero fazer-lhe uma pequena homenage, porque dentro do delirio, e penso que alucinaçom, foi uma pessoa honesta e bondadosa.

Suso L. Gaioso
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Publicado o xoves, 23 de junho de 2005
"SIC" Voltou
Depois de andar pela França, Euskal Herria e outros paises voltou a Lugo. Tracia o seu sorrisso sincero e uma pensom que tem que convalidar cá.

"Sic" estava contento o dia que o vim. Os Serviços Sociais da Cámara municipal de Lugo iam-lhe dar uma ajuda, e tendo essa ajuda e a pensom podia comprar uma guitarra, que é o seu instrumento preferido.

Eu recordo quando eu e o "Sic" eramos "punkis", embora nom levassemos cresta no pelo. Nós renunciamos a morrer novos e ser cadaveres bonitos. Outra gente renunciou a mais. O "Sic" preguntoumo por aquela moça, e contei-lhe que está gorda e depremida. Perguntou-me por aquele repaz que ia de revolucionário e agora "pissa" a quen pôde. Tudo se acaba, mas mentras o "Sic" póssa comprar uma guitarra e eu um livro, a vida segue.

O "Sic" valora muito a amizade. Ele recorda como os vizinhos, inimigos da sua familia, lhe davan coisas no Natal.

O "Sic" é uma bela pessoa, que sabe de trabalhar e de mendigar. E um grande artista, embora sempre toque o mesmo.

O "Sic" sempre me pede que escreva sobre ele, e eu trato de fazê-lo, mas nom sempre pósso escrever sobre uma pessoa tam grande.

Suso L. Gaioso
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Publicado o venres, 27 de maio de 2005
Os Casás
Os Casás era na nóssa infância um sítio mítico, onde alguma criança dizeia que havia brujas. Era uma casa na que um crime e outras desgraças a fixerom ficar valeira. Naqueles tempos a dialectizaçom do galego do Páramo era muito forte e dizeamos Casás sem artigo.

Uma vez fum aso Casás com o seu propietário Henrique a apanhar tojos. Logo choveu e estevemos dentro da casa e o Henrique contou-me toda a histórica que conhecia. A casa estava conservada e foi da melhor arquitectura que vim no Páramo, com um aproveitamento dos espaços, formando beleça, impressionante, e quiçá o que mais me chamou a atençom foi como a auga duma fonte, a uns cen metros, vinha até a casa por um rego lavrado na pedra.

Voltei outra vez passar pelos Casás, crêio que buscando cogumelos. O Henrique já nom ia por lá porque estava doente. A casa estava aberta e entrei vê-la. O abandono notava-se, mas aínda nom estava na situaçom que a vim por última vez, já morto o Henrique, coberta de silvas. Aquele día era soleado e, à beira da casa dos Casás sentim cantar as perdizes, fixem um escrito sobre aquela situaçom marabilhosa, que quasse pósso dizer mística, um escrito que nom sei onde metím.

Recentemente souben que a casa dos Casás fora destruida e entristeceu-me, porque se vai histórica e se vai arte. Aguardo que a formosa carvalheira centenária que junto da casa habia, e pertencia aos mesmos donos, nom leve a mesma sorte que a casa. Mas no Páramo nunca se sabe porque as desgraás seim vir acompanhadas.

Suso L. Gaioso
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Publicado o sábado, 20 de maio de 2006
O Campo da Parede
A Parede é uma formosa aldeia de Ferreiros, no concelho de Paradela e na montanha do Páramo, que foi castro e pelo tanto tem um tesouro agachado. Fala-se também de que na Parede se torturou gente nos tempos da Inquisiçom, mas a falta de documentaçom nom vou falar disso. O que é certo é que a Parede era uma soa casa e graças a uma antepassada minha, dos da Varja de Friólfe, e ao "des-governo" dos descendentes a Parede converteu-se numa aldeia.

Na Parede há uma carvalheira que ignoro a sua situaçom juridica, mas a última vez que passei pela Parede sentim-me muito mal ao vêr que tiraram varvalhos centenários para fazer obras de feismo urbanístico aberrante, naquela formosa carvalheira, chamada o Campo da Parede, na que en tempos faciam uma festa, e na que lhes dizeian ás crianças que havia um orangutam.

Repito que ignoro a situaçom juridica do Campo da Parede, ainda que a mim me dixeram que um pedreiro afirma que é propriedade da sua mulher e que por isso tira carvalhos centenários para fazer feismo.

Seja quem seja, no plan o administrativo e jurídico, o Campo da Parede é do pvo galego e dos cidadans e cidadás do mundo, e pelo tanto a súa conservaçom é urgente. E certo que eu nom faço uma analise objectiva, porque na Parede teve parentes por vaia paternal e maternal, mas um tolo que nom vai ao psiquiatra nom pôde seguer destroçando um sitio tam formoso entre outras coisas porque nom é dele.

Suso L. Gaioso
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