A Tribuna RJ

Quadrilha queria dar golpe no Santa Cruz

Publicado em: 21/11/2013

Texto: augusto aguiar

A Polícia Civil revelou, no último dia 11, que ao desencadear uma megaoperação em quatro estados - Rio, Espírito Santo, Bahia e Paraná – para desativar uma “super quadrilha” de estelionatários, que causou um rombo milionário em instituições financeiras, também evitou que um dos alvos do grupo fosse o Hospital Santa Cruz, no Centro de Niterói. O esquema de fraude, segundo os agentes, era milionário e na ação o objetivo era cumprir 15 mandados de prisão e 28 de busca e apreensão. A investigação durou sete meses.
No Rio foram presos Rogério Manso Moreira, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ex-candidato a vereador e a deputado federal. Segundo o delegado Felipe Curi (58ª DP/Belford Roxo), que coordenou a ação, o acusado agiria como lobista com o primo, o pai, e um tio, todos também presos. De acordo com a polícia, o grupo é responsável por pelo menos 554 casos de estelionato.
“É uma quadrilha que age, principalmente na Baixada Fluminense, mas tem tentáculos em outros estados também. É uma quadrilha especializada em golpes bancários milionários, uma das maiores do país. Em dois anos, eles movimentaram quase R$ 40 milhões, adquiriram 82 caminhões que eram usados para lavar dinheiro e usavam ainda empresas de fachada para praticar o crime”, explicou Curi. Os empréstimos variavam de R$ 1 milhão a R$ 3 milhões e, com isso, a quadrilha adquiriu os caminhões, que estão espalhados pelo país e foram comprados com a finalidade de lavar o dinheiro.
Também, de acordo com o que revelou o delegado, tinha ainda uma ONG de administração de hospitais públicos na Bahia, que recebia dinheiro para prestar serviços terceirizados como segurança, limpeza e aluguel de equipamentos, para unidades de saúde pública de Ilhéus e Itagimirim. Mas os serviços nunca eram prestados, segundo ele. “Eles tentaram trazer o esquema desta ONG para o Rio e quase pegaram o Hospital Santa Cruz, em Niterói (que passa por processo de mudança de gestão). Mas a fraude foi descoberta a tempo, e o negócio não foi concretizado”, revelou Curi.
Ele explicou que integrantes da quadrilha faziam proposta para que pequenas empresas fizessem um trabalho para a prefeitura. No entanto, em troca, esses microempresários tinham que aumentar o capital da mesma. Para que isso acontecesse, eles faziam grandes empréstimos nas instituições financeiras. “Quando este empresário percebia que não tinha condições de arcar com o custo, os lobistas transferiam a empresa para algum laranja, que também pertencia à quadrilha. E aí era feita uma pirâmide de empréstimo com outras várias empresas”. Entre os presos está um assessor municipal, identificado como Rogério Ramos.
Pelo menos 35 empresas tiveram o sigilo bancário quebrado e 173 contas correntes foram analisadas. Além disso, houve 36 contas interceptadas e 70 mil registros entre ligações e mensagens vasculhados. Os acusados usam empresas com CNPJ antigos para dar continuidade aos empréstimos e quando essas empresas não conseguiam arcar com o valor pego no banco, eles colocavam um “laranja” como sócio. “Esses laranjas na maioria das vezes eram pessoas analfabetas”, relatou Curi.



A Tribuna Copyright © 2008
Redação, Administração, Publicidade e Industrial: Rua Professor Heitor Carrilho, 350F - Centro - Niterói - RJ - Cep: 24.030-230 Telefones: (021) 2719-1886 / 2719-1497.
Criação e Desenvolvimento: Guttdesign Comunicação e Webdesign