Rappers de Hortolândia detonam na Capital

A situação econômica e social da classe pobre sempre alimentou a crítica cantada pelos grupos de rap. O bombardeio a sistemas econômicos e injustiças sociais ganhou mais força com a explosão do fenômeno Racionais MC’s, principal grupo de rap do País na atualidade. Vários grupos estão aproveitando o renascimento deste estilo agressivo para seguir no caminho da fama. Em Hortolândia, um grupo de rap tem elevado o nome da cidade graças ao sucesso conquistado na Capital paulista.   Com dois CDs lançados, Face da Morte é o mais novo frisson da música rap em São Paulo. Suas canções estão entre as mais pedidas no programa de rap da 105 FM, principal rádio de São Paulo, que executa rap, samba e pagode. O veículo tem um raio de alcance de 300 quilômetros e atinge cerca de 250 cidades de São Paulo. O último disco do grupo Face da Morte, “Quadrilha da Morte”, foi lançado em junho e já vendeu mais de dez mil cópias. O título é recheado de canções que fazem um alerta ao jovens sobre a violência e o perigo das drogas.  Os integrantes do grupo curtem os momentos de fama enquanto trabalham duro na divulgação do último álbum. A festa de lançamento oficial em Hortolândia ainda não tem data marcada. Depois do lançamento na cidade, o grupo espera vender cerca de 50 mil cópias.  Erlei Roberto de Melo, de 24 anos, o Aliado G; Edcarlos Rodrigo de Melo, de 17 anos, o Edi, e Agilson Marques, de 20 anos, o Viola, são os rapazes que dão fôlego novo ao rap de Hortolândia. O grupo foi criado há cinco anos, com a fusão de integrantes de outros conjuntos.   Antes de serem captados pelas antenas da mídia, os três integrantes trilharam um caminho conhecido por aqueles que sonham se tornar estrelas do movimento rap. “Sempre curtimos rap, desde pequenos. Quando nos tornamos adolescentes passamos a fazer bailes”, comenta Erlei Melo. Ele descobriu o talento para a música quando fazia parte de um grupo de Hortolândia. Melo compunha as músicas, mas tinha pouco espaço para cantá-la. Desentendimentos com os companheiros fizeram aliado G desistir do grupo e montar seu próprio conjunto. Ao lado do irmão, Edcarlos, Erlei Melo e mais o amigo Viola formaram a nova sensação rap de Hortolândia e centro de São Paulo.  O vocalista Erlei Melo, o Aliado G, comemora o ressurgimento do gênero. Para ele, o rap está conseguindo quebrar a barreira do preconceito quando atrai jovens da classe média para os bailes de fim de semana. Além disso, o estilo musical atinge as camadas mais pobres da sociedade com uma intensidade grande. “O discurso do PT não atinge mais a periferia. O rap consegue atingir, além da classe C e D, a classe média”, analisa Erlei.   Aliado G é quem compõe as músicas. Como todos os compositores de rap, ele se baseia no dia-a-dia e no sofrimento da população para escrever suas músicas. “A Vingança” é uma das músicas mais pedidas no programa “Espaço Rap”, da 105 FM. A canção que está embalando a cabeça dos jovens fala de um rapaz filho de uma ex-empregada doméstica. A canção narra o drama de mãe e filho que, sem ter um rumo certo na vida, entregam-se à violência e às drogas.   Outra balada na lista de sucesso do Face da Morte é “Mancada”. A música traz duras críticas à administração de Hortolândia. “Fiz esta música especialmente para o prefeito (Jair Padovani-PSDB)”, diz o Aliado G. “Mancada” fala do desleixo da administração junto à população de Hortolândia, que ainda sofre com a falta d’água. A canção também retrata os bastidores do trabalho da Polícia Civil.  A mistura de músicas incidentais no trabalho de Face da Morte permite doses de influências suaves, como Bob Marley, Gilberto Gil e Tim Maia. E como não podia deixar se ser, Face da Morte também tem influência dos Racionais.  O CD “Quadrilha da Morte” pode ser encontrado nas principais lojas de disco de Campinas. O CD está sendo vendido a R$ 17,00. Contato (019) 887-1012.