Na Prática a Teoria é Outra Rotating Header Image

October, 2006:

Brasil Dividido (2)

Para quem acredita que Lula só ganhou nos grotões, vejam quem ganhou nas dez maiores cidades do Estado de São Paulo:

1) São Paulo (capital) – Alckmin
2) Guarulhos – Lula
3) Campinas – Lula
4) São Bernardo – Lula
5) Osasco – Lula
6) Santo André – Lula
7) São José dos Campos – Alckmin
8) Sorocaba – Alckmin
9) Ribeirão Preto – Alckmin
10) Santos – Alckmin

Metade pra um, metade pra outro.

Bolsa-Família em Nova Iorque (2)

Sugestão do Fábio, tirado do site do Paulo Henrique Amorim:

NOVA YORK VAI ADOTAR O BOLSA-FAMÍLIA

Paulo Henrique Amorim

O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, é um dos homens mais ricos do mundo. Ele fez a fortuna com um produto que ajuda as pessoas a ficarem ricas: é o serviço de informações econômicas que leva seu nome, “Bloomberg”. Ele se elegeu prefeito da cidade duas vezes, sem usar dinheiro público – torrou o próprio (clique aqui para ouvir).Não há nada mais capitalista que Bloomberg.Bloomberg, porém, é daqueles capitalistas espertos. Muito espertos. Que sabem que se o sistema capitalista for bom só para os ricos vai pro brejo.

Ele está preocupado com o número muito grande de pobres em Nova York. Por isso, resolveu fazer o quê?Aplicar o “bolsa-família” em Nova York.Segundo o colunista Bob Herbert, do New York Times, onde li a informação, a beleza do “bolsa-família” é que ele tem condicionalidades: a mãe só recebe o dinheiro se a criança for à escola e se submeter a tratamento médico.Fiquei abismado com a informação: mas, não tem gente no Brasil que diz que o “bolsa-família” é o atraso, que não tem “saída”: quem entra nele não sai mais; que é anti-capitalista, porque é “assistencialista”?O Michael Bloomberg, positivamente, não tem nada a aprender com os “capitalistas” brasileiros.

Ainda bem que Geraldo Alckmin disse e repetiu que não vai acabar com o “bolsa-família”, se for eleito.Não pretende fazer como um governador do Rio, Moreira Franco, que se elegeu porque disse, entre outras coisas, que ia continuar com o Brizolão. E fez tudo para acabar.Hoje, Moreira Franco é um político que tem a mesma propriedade do Jorge Bornhausen: faltam-lhe votos.E todos os candidatos a governador do Rio, em 2006, no debate promovido pela TV Record, elogiaram o Brizolão…Quem sabe o Bloomberg faz um Brizolão no Harlem?

Brasil Dividido

O jornalismo brasileiro podia parar de copiar a pauta do jornalismo americano. Em toda parte, estão publicadas imagens daquele mapa do Brasil, metade vermelho, metade azul, que invariavelmente se fazem acompanhar de matérias sobre como o Brasil está dividido entre o Brasil moderno, que votou em Alckmin, e o Brasil arcaico, que votou em Lula. As matérias, na verdade, copiam mapas e reportagens semelhantes que apareceram na imprensa americana depois da última eleição presidencial (aliás, as cores também eram azul e vermelho).

Este mapa é, na verdade, uma merda de ilustração. Se um cara tiver ganho do outro por 1 voto em um determinado estado, o estado é pintado com a cor dele. Dêem uma checada nesse site, e vejam como fica o mapa se, ao invés de pintar o Estado de uma cor só, você usar tonalidades de roxo que levem em conta as porcentagens de votos azuis e vermelhos em cada Estado. O país é mais ou menos todo roxo, mais avermelhado em alguns lugares (em geral menos populosos), mais azulados em outros.

No caso do Brasil Alckmin não ganhou folgado em lugar nenhum. O que houve foi equilíbrio nos lugares mais desenvolvidos, descontado o Rio devido ao desastre do apoio de Garotinho, e uma vitória esmagadora de Lula no Nordeste.

O Brasil não está dividido: o PSDB é que não tem proposta para o Nordeste, e o câmbio de Lula o prejudicou nas áreas de agribusiness.

Gerdau

A crer na Folha, Lula pensa em convidar Jorge Gerdau (dono da, dã, Gerdau) para o ministério. Diz a reportagem:

“Em reuniões com o presidente, Gerdau apresentou idéias sobre melhoria dos gastos públicos e choque de gestão. Gerdau tem ainda idéias sobre fundos de previdência e mudanças de gestão nessa área, que agradaram Lula”

Eu vi o Gerdau em um seminário de pensamento liberal na UniverCidade ano passado, e ele era realmente muito melhor que os outros palestrantes. Lembro claramente dele dizer que o desperdício no setor público era um escândalo, e que daria para economizar uma grana, mesmo sem demitir ninguém. Na época pensei, “porque esse cara não explica isso pro governo?”.

Vejam só como são as coisas. Quando eu estou indo com a farinha…

PS: se não muito me engano, a conferência sobre pensamento liberal, que foi muito boa, resultou na criação do Instituto Millenium. Chequem o site por si mesmos, mas eu achei o resultado profundamente decepcionante (uma merda, para ser preciso).

Bolsa-Família em Nova Iorque

Aposto que não há um único jornal hoje que não tenha desenhado um mapa com os Estados brasileiros pintados de vermelho ou azul, segundo tenha ganho lá Lula ou Alckmin, e dizendo que nos Estados vermelhos, mais atrasados, coisas atrasadas como o Bolsa-Família ainda fazem sucesso. Pois vejam vocês que outro lugar atrasado vai adotar o Bolsa-Família (há uma tradução no Estadão hoje, mas eu não sou assinante). Start spreading the news…

Adeus aos Banners

A partir de hoje saem os banners do Gabeira e do Suplicy, que continuam, entretanto, a ser dois dos políticos favoritos do blog.

Corte de gastos

Do Valor Econômico:

“Para destravar o crescimento da economia, o segundo governo Lula prepara um programa fiscal para os próximos dez anos, cujo foco será conter a expansão dos gastos públicos, inclusive nas áreas sociais. Não haverá redução real das despesas correntes, mas alteração na forma de corrigir a soma de recursos destinados inclusive à saúde e educação, que passaria a ser indexada à variação do IPCA mais a taxa de crescimento populacional, com uma meta de aumento da despesa per capita no longo prazo. “

Frossard

Triste campanha, a da Frossard. Quando ia engatar, foi traída na maior pelo PSDB. Quando olhou pra frente, Sérgio Cabral tinha o apoio de todo o sistema político brasileiro à exceção de César Maia. Se saiu mal nos debates, talvez por ter subestimado dramaticamente seu adversário (o que Alckmin também fez). Mas teve, pelo menos, o voto desse blog. Enfim.

Segundo Mandato

A partir dessa semana, discutiremos um problema a ser enfrentado por Lula por semana até o fim de Novembro, mais ou menos.

Alckmin

Alckmin vai ficar para a história como um candidato ruim (2.5 milhões de votos a menos no segundo turno, ninguém mais apoiando dez dias antes), mas isso não será justo: sem apoio de ninguém, chegou no segundo turno, e, se daí em diante passou vergonha, cá entre nós, ninguém apareceu para ajudar. Me parece óbvio que Serra teria perdido: quando o efeito dos escândalos passaram, Lula era fortíssimo, e Serra é pior que Alckmin em muitos aspectos (por exemplo, em debate). Talvez perdesse de menos, mas não sei bem em que isso afetaria o que quer que fosse.

Conversando com um amigo tucano ontem, chegamos à seguinte conclusão: Alckmin perdeu na primeira semana do segundo turno, quando adiou a propaganda, aceitou Garotinho, e se esqueceu de ir “pisar no barro”, como dizia Covas, preferindo ir fazer conchavo com político. Quando a propaganda começou, Lula já tinha o apoio de Cabral, e quando a pesquisa dos 11 pontos saiu, os aliados começaram a debandar. Se tivesse feito tudo direito naquela semana, se segurasse a diferença ali pelos cinco pontos, a debandada não aconteceria, ou aconteceria do lado de Lula, e Alckmin teria chance. Mas seria muito difícil.

A idéia de agredir Lula no debate da Band provavelmente não teve muito efeito, mas era uma má idéia. Alckmin, no segundo turno, precisava tirar voto de Lula. Fazendo parecer que Lula era o demônio, ofendeu seus eleitores, que precisava conquistar.