|
O MACACO E O BONECO DE CERA
Era uma vez um macaco que tinha
o hábito de ir comer as laranjas de um laranjal coberto de frutos. O dono do pomar
colocou, num galho de laranjeira, um boneco de cera para espantar os pássaros. O macaco
veio no outro dia, como era de seu costume, e percebeu o boneco na árvore.
- Dá-me uma laranja, disse ele ao homem de cera, senão eu te jogo uma pedra.
O boneco não respondeu coisa alguma, naturalmente, e o macaco arremessou-lhe uma pedra,
que ficou colada ao boneco.
O vento, que soprava forte, fez então cair uma laranja. O macaco agarrou-a e comeu-a.
Depois pediu outra laranja ao boneco. Este, ainda mudo. O macaco arremessou-lhe outra
pedra, que ficou também grudada como a primeira. Vendo que o homem não se mexia, o
macaco aproximou-se da árvore, subiu e deu-lhe um pontapé. Sua perna ficou grudada nele.
- Larga minha perna, dizia ele, senão te dou outro pontapé.
Vendo que o homem não se movia, deu-lhe outro pontapé e a segunda perna pregou-se nele.
Então deu-lhe uma bofetada. A mão ficou também colada. Deu-lhe outra bofetada e a
segunda mão ficou presa. Furioso, tanto se agitou, que o boneco perdeu o equilíbrio e
caiu. O macaco caiu com ele e rolou em cima dos espinhos da laranjeira até o chão.
Quando tombou, despregou-se e ficou com o corpo todo ferido. Assim, foi embora, gemendo.
(NÉRI, Frederico José de Santana. Folclore brasileiro) |
|
|