Ir para a página principal

fiomenu.gif (223 bytes)
Festança
Cancioneiro
Imaginário
Oficina
Palhoça
Colher de Pau
Panacéia
Catavento
Almanaque
Candeeiro
Mural
Expediente

fiomenu.gif (223 bytes)
Folhinha
fiomenu.gif (223 bytes)
Arquivos
fiomenu.gif (223 bytes)
Outras Edições
fiomenu.gif (223 bytes)
Busca

fiomenu.gif (223 bytes)

Retornar para Imaginário

O MENINO E A VÓ GULOSA

Ilustração de Marcos Jardim

O menino só possuía um guiné. Numa ocasião de necessidade matou o guinezinho e saiu pra adquirir farinha. Quando voltou, a avó, que morava com ele, comera o guinezinho inteiro. O menino reclamou muito e avó lhe deu um machadinho.

Saiu o menino pela estrada e encontrou o pica-pau furando uma árvore com o bico.

– Pica-pau! Não se usa mais o bico para cortar pau. Usa-se um machadinho como esse…

- Oh! Menino! Empreste-me o machadinho.

O menino emprestou o machadinho ao pica-pau e este tanto bateu que o quebrou.

O menino recomeçou a choradeira:

- Pica-pau, quero meu machadinho que minha avó me deu, matei meu guinezinho e minha avó comeu.

O pica-pau deu ao menino um cabacinho de mel de abelhas. O menino continuou a viagem e lá adiante viu o papa-mel
lambendo um barreiro que só tinha lama.

– Papa-mel! Não se usa mais beber lama. Usa-se beber um melzinho como esse…

- Oh! Menino! Me dê um pouquinho desse mel!

Que pouquinho foi esse que o papa-mel engoliu todo o mel e ainda quebrou o cabacinho. O menino abriu a boca no mundo, berrando. O papa-mel presenteou-o com uma linda pena de pato. O menino seguiu.

Lá na frente encontrou um escrivão escrevendo com uma pena velha e estragada.

– Escrivão! Não se usa mais escrever com uma pena estragada como essa e sim com uma boa e novinha como esta aqui…

- Oh! Menino! Empresta-me tua pena…

O bobo do menino emprestou a pena. Num instante o escrivão estragou aa pena. O menino cai no prato. O escrivão lhe deu uma corda.

Depois de muito andar, o menino avistou um vaqueiro tentando laçar um boi com um cipó do mato.

– Vaqueiro! Não se usa mais laçar boi com cipó e sim com uma corda como essa.

– Oh! Menino! Me empresta essa corda.

O menino, vai, emprestou. Num minuto o vaqueiro laçou o boi mas rebentou a corda.

Novo chororô do menino. O vaqueiro lhe deu um boi.

O menino viu a onça, uma enorme, comento um resto de carniça.

– Onça! Não se usa mais comer carniça e sim um boi como esse meu!

- Oh! Menino! Me dê o seu boi!

E comeu o boi. O menino ficou no soluço, choramingando e pedindo o boi:

- Onça, me dê meu boi que o vaqueiro me deu; o vaqueiro quebrou minha cordinha, a cordinha que o escrivão me deu; o escrivão quebrou minha peninha, a peninha que o papa-mel me deu; o papa-mel bebeu meu melzinho, o melzinho que o pica-pau me deu; pica-pau quebrou meu machadinho, o machadinho que minha avó me deu; matei meu guinezinho e minha avó comeu!

A onça como não tinha coisa alguma para dar ao menino, disse, rosnando:

- O boi foi pouco e vou comer você!

E comeu o menino.


(CASCUDO, Luís da Câmara. Contos tradicionais do Brasil)

Guiné: galinha d’angola

Papa-mel: animal carnívoro da família dos mustélidas; irara

Topo

Jangada Brasil © 2000