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Relato de parto - Gael - parte 1

Pensei em inúmeras maneiras de começar este relato. Até porque, pra falar deste parto, eu preciso falar do nascimento da minha primeira filha. Mas o parto em si foi tão surreal/mágico/louco que merece destaque. Então, vou começar bem do começo, lá do outro parto, porque sem ele, este não teria sido como foi, mas tentarei ser breve nessa parte.

Minha primeira filha nasceu de uma cesárea desnecessária, indesejada e complicada. Nasceu mal, com apgar baixo e eu tb me senti muito mal, aérea, vazia. (O relato completo está aqui: http://macaquinhosnosotao.zip.net/arch2014-01-19_2014-01-25.html) Tudo que aconteceu acendeu várias dúvidas  dentro de mim: Por quê? Poderia ter sido diferente? Como? A partir dessas perguntas, comecei a buscar respostas e descobri um outro lado do nosso sistema obstétrico. Então, passei a ler, estudar, buscar informações que pudessem me ajudar a escrever uma história diferente para outro filho. Nessa busca, encontrei pessoas que me ajudaram a entender que eu havia sido vítima de um sistema cruel, mas que poderia, sim, fazer tudo diferente (lá no final, agradecerei a essas pessoas).  Ao longo desses 3 anos entre uma gravidez e outra, procurei outra médica pra me acompanhar, que fosse respeitar o funcionamento do meu corpo e o tempo do meu filho. Em novembro de 2014, decidimos engravidar e conseguimos "de primeira". Nosso pimpolho estava a caminho!

Com 38 semanas e 5 dias, descobri que o meu plano de saúde não era mais aceito na maternidade que minha médica trabalha. Como ela só atende parto normal, não tem agenda e concentra tudo em um só hospital, pra poder atender suas parturientes. Nem preciso falar no desespero que bateu. Enfim, conversamos e tomamos algumas decisões que permitiriam que ela me acompanhasse, se não tivesse outra mulher em TP. Nesse caso, ela mandaria uma colega tb humanizada pra me assistir.

Comecei a ter contrações com frequência ainda com 34 semanas, tanto as contrações de treinamento quanto  aquelas doloridas, já avisando que em breve algo aconteceria. Maitê nasceu de 37 semanas e 5 dias, então eu achava que não passaria muito disso nessa segunda gravidez. Mas chegamos às 38 semanas, às 39 e finalmente, às 40 semanas de gestação. Sentia muita dor na pelve, ela estalava ao me movimentar na cama, tudo indicando que o corpo vinha se preparando para o grande evento. Toda noite, eu sentia bastante contrações fortes, mas não me dava ao trabalho de contar intervalos ou duração. Simplesmente, ia dormir, pois sabia que se fosse trabalho de parto de verdade, as contrações não me deixariam apagar. E dormia lindamente a noite toda. Até que, na noite do dia 25/08, comecei a ter as contrações, como de costume, fui dormir e acordei em torno de 3h da madrugada com dor. Tentei voltar a dormir, até cochilava entre as contrações, mas não consegui mais dormir de verdade. Os intervalos eram longos e as contrações, não tão fortes. Às 6h, mandei mensagem pra médica e às 8h avisei a doula. Passei a manhã bem, conversando e bem ativa entre as contrações. Qdo elas estavam vindo a cada 8 minutos, decidi ir pro chuveiro. Fiquei lá cerca de uma hora, deixando a água quente correr pelo meu corpo e isso acabou me relaxando tanto, que o intervalo entre as contrações subiu pra 15 minutos, dando uma desacelerada no TP.
A doula, então, foi pra casa da mãe, que era bem perto da minha casa e voltaria qdo pedíssemos, afinal, era claro que eu ainda estava na fase latente do trabalho de parto. Avisei tb a Karine, minha amiga/irmã e fotógrafa, que registraria nosso momento. 



Escrito por Bia às 18h36
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Relato de parto - Gael - parte 2

Franklin precisou ir ao Rio buscar sua carteira, por isso, pedimos à minha mãe que viesse ficar comigo. Karine chegou na hora que Franklin estava saindo, em torno de 14h. Nessa hora, as contrações ainda vinham com intervalos irregulares, mas girando em torno de 10 minutos. Fiquei deitada, assistindo TV, conversando com a Karine e com minha mãe. Aos poucos, as contrações foram aumentando de intensidade, já não conseguia não vocalizar (ou gritar de dor, chame como quiser, hahaha), mas ainda estava consciente. Aos poucos, essa consciência foi diminuindo e eu me entreguei à partolândia. A dor já me impedia de responder perguntas e o intervalo diminuía rapidamente. Franklin chegou às 15h e já me encontrou em quatro apoios sobre a cama, abraçada com a bola de pilates, vocalizando e rebolando a cada contração (alivia muito a dor!!). Ele ligou pra doula, que ainda levou uns 20 minutos pra chegar. Enquanto isso, ele fazia massagem na minha lombar, tentava usar o rebozo e entrava em contato com meu pai, que vinha de casa. Muito rapidamente, as contrações passaram a vir em intervalos de 3 minutos e muito intensas. A doula fez bastante massagem com óleo, o que ajudava a aliviar a dor tb. A partir disso, as coisas aconteceram muito rapidamente e eu não tenho noção de horário exata, porque, convenhamos, estava completamente entregue ao momento, ao chamado do meu corpo.

Decidi voltar ao chuveiro e nem sei qto tempo fiquei ali. A dor era tanta que eu buscava algo pra me agarrar, na tentativa de aliviar, mas nada funcionava, já não tinha posição que ajudasse. Saí do chuveiro, completamente entregue e sem pudor algum. Meu pai já tinha chegado e aguardava tranquilamente no sofá, enquanto minha mãe, tensa, reclamava que eu já deveria ter ido pro hospital. Qdo mencionavam isso, eu juntava forças pra dizer que não iria sem a médica, pq não queria cair nas mãos de plantonistas. Em algum momento, a médica avisou que não poderia nos encontrar, pois estava envolvida em outro parto (eu não ia mais poder ir pra maternidade onde ela estava por causa do plano de saúde, lembram?) e falou pra acionarmos a backup. Por uma falha de comunicação, não vimos a mensagem dela no meu celular. Aconteceu tudo muito rápido também, de nada adiantaria falar com ela, só não sabíamos disso ainda.

 

Qdo saí do chuveiro, fui para o meu quarto, ajoelhei ao lado da minha cama e continuei sendo massageada e cuidada. Até que lembrei que a banqueta poderia ser uma boa ideia. Mas em casa, sem banqueta, a opção seguinte era o vaso sanitário. Pedi pra ir pra lá, fui levada e realmente, era o lugar mais confortável da casa naquele momento. Ali, comecei a fraquejar e pedir analgesia. Na verdade, o que falei foi "liga pro menino", sendo que menino era o anestesista, hahaha, pra que ele nos encontrasse no hospital. Karine deixou a câmera de lado e veio me dar apoio, massageou minhas pernas (nada como alguém com experiência - 3 partos normais, sendo 2 sem analgesia) e aquilo aliviou bastante a dor. Ali, falei com ela: "Se isso aqui é o começo, eu não vou aguentar até o final.", pq a dor já era insuportável. Alguns minutos depois de falar isso, senti a coisa mais fantástica que vivi na vida: o primeiro puxo involuntário, uma vontade de fazer força incontrolável, na verdade, eu mesma sequer fazia força, o corpo trabalhava sozinho! Nessa hora, todo mundo se levantou pra irmos pro hospital, afinal, era o sinal de que eu estava com 10cm de dilatação e o período expulsivo estava começando. Gael estava a caminho! Só não sabíamos que o caminho era tão curto... 



Escrito por Bia às 18h36
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Relato de parto - Gael - parte 3

Franklin começou a me puxar, literalmente, pq eu não queria mais ir pra lugar nenhum e mal conseguia tirar os pés do chão para andar. Ele conseguiu me tirar do banheiro, enquanto colocava um vestido em mim, mas qdo eu cheguei na sala, coloquei a mão dentro do canal de parto e senti algo fofinho: era a bolsa saindo. Segundos depois, veio o segundo puxo involuntário e ela estourou, mas saiu pouco líquido, pq a cabeça do Gael encaixou e bloqueou a saída dele. Continuei sendo rebocada pela sala, enquanto todos pegavam bolsas e se preparavam pra sair. Qdo estava perto da porta, senti mais um puxo e a cabeça do Gael saindo, coisa que anunciei gritando. Nessa hora, a doula virou pro meu pai (que é obstetra) e pediu "O senhor pode dar uma olhada?". Meu pai veio e não dá pra dizer que ele fez um toque, pq ele já encostou na cabeça do Gael. Ele, então, falou: "Vai nascer aqui, voltem pro quarto." Fui andando com dificuldade, até pq meu pai me acompanhou já aparando o Gael, por precaução, caso eu tivesse outro puxo no caminho. Cheguei no meu quarto, escorei na cama com os braços esticados e veio o último puxo, que fez com que Gael saísse de uma vez só, cabeça e corpo sem intervalo, sendo aparado pelo avô, o que impediu que ele caísse no chão (não sei se outra pessoa teria a frieza e a experiência que ele teve pra segurar o Gael e, como eu estava em pé, a queda poderia ter sido fatal). Junto com ele, saiu muito líquido amniótico e sangue. Meu pai, na mesma hora, passou o Gael por baixo do meu vestido e falou "Segura seu filho, filha." Peguei o Gael, aconcheguei no meu peito, virei pra encostar na cama e admirar meu pequeno foguete. Meu pai conversou com a médica pelo telefone e pediu pra cortar o cordão. Ela disse que não precisava, mas ele insistiu e ela autorizou. Esperamos o cordão parar de pulsar e ficar bem sequinho. Como não tínhamos nenhum material cirúrgico, meu pai amarrou o cordão com fio dental e cortou com a tesoura da casa, limpa com álcool. Passado o susto, decidimos ir para o hospital, pq eu ainda estava sangrando um pouco, resultado da laceração que tive, pela velocidade com que Gael passou. A placenta tb não havia saído ainda.

 

No total, a fase ativa do meu parto durou em torno de 2h. Algumas mulheres levam muito mais tempo nessa fase (uma amiga ficou 23h em TP ativo, pra vcs terem uma ideia).

Descemos todos, Karine foi dirigindo, Franklin no carona, eu e a doula no banco de trás. Minha mãe, em estado de choque, ficou em casa limpando tudo e esperando a hora de ir buscar Maitê na escola. O início da experiência no hospital não foi boa, por vários motivos. Primeiro, tiveram dificuldade de acreditar que o parto domiciliar aconteceu por acidente, acho que só acreditaram pq meu pai estava lá pra confirmar. Não sei como seria o tratamento, caso fosse realmente um PD com necessidade de transferência... Fui direto ser examinada e queriam tracionar a placenta, coisa que não autorizei. Pediram tb pra eu deitar, o que fiz depois de muita insistência. A médica pedia que eu fizesse força pra expulsar a placenta e eu respondia que não seria necessário, que em breve meu corpo faria o serviço. Dito e feito, mais um puxo involuntário e a placenta saiu. A médica pôde ver, então, a extensão da laceração e fui para o centro cirúrgico pra ser suturada. Demorou muito pra começar, pq não conseguiam fazer minha internação, por um problema no sistema. Enquanto isso, Franklin estava no berçário com Gael sendo examinado e recusando todos os procedimentos protocolares que queriam fazer: colírio, vacinas, incubadora, etc. Queriam que ele esperasse do lado de fora e visse pelo vidro, mas ele, pai leão, não permitiu. Apesar de termos esquecido de levar o plano de parto conosco, Franklin sabia bem o que queríamos pro Gael. Consegui que trouxessem o Gael pra mim ainda durante a minha cirurgia, graças à pediatra que nós queríamos e "por acaso" chegou ao hospital pra fazer salas de parto. Ainda levei duas horas pra conseguir chegar ao quarto, por falta de maqueiro. Apesar das dificuldades no início da estadia no hospital, as coisas se organizaram e fomos bem tratados nos outros dias. 



Escrito por Bia às 18h35
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Relato de parto - Gael - parte 4

Gael apresentou uma alteração nos exames de sangue (uma alteração esperada pra 24h de vida), então o hospital preferiu esperar pra fazer um exame com 48h, só pra confirmar que não era uma infecção, já que o cordão havia sido cortado em casa. Isso atrasou a nossa alta em 1 dia, mas valeu pra sair de lá com a certeza de que estava tudo bem com ele. 

Posso afirmar que foi a experiência mais louca, completa, renovadora e redentora da minha vida. Tive meu VBAC relâmpago, consegui lutar contra o sistema e trazer meu filho ao mundo da maneira mais natural possível. Nada que pareça negativo (a dor, os medos, as dificuldades no hospital) consegue tirar o brilho e a alegria de tê-lo recebido assim. Realizei o sonho de parir, me sinto a mulher mais forte do mundo! Agora, é tentar não ceder à vontade de ter um terceiro filho num PD planejado, hahaha. 


Olhando pra situação toda, algum desavisado pode achar que deu tudo errado, afinal, nada saiu de acordo com os nossos planos. Mas essa situação foi perfeita pra comprovar, mais uma vez, que Deus está no controle de tudo, que Ele sabe o que é melhor pra nós e que as suas mãos estão sempre estendidas em nossa direção. Nossa família é muito abençoada e vivemos debaixo da Sua graça. 


Agradecimentos: 


- A Deus, que esteve o tempo inteiro cuidando de cada detalhe e tinha planos ainda mais fantásticos que os meus. 

- Ao meu marido Franklin, que me apoiou desde o início dessa jornada em busca de um parto natural (chegou a sugerir e apoiar o PD, eu que não quis, hahaha) e esteve ao meu lado tb durante o TP e cuidando do Gael no berçário. Presente de Deus na minha vida!

- Ao meu pai, Daniel, que pela segunda vez teve um papel decisivo na vida de um filho meu, agindo no momento certo pra garantir a saúde e a segurança dele. 

- À Bernadette Bousada e à Bia Muniz, médica e doula, respectivamente, que me acompanharam ao longo da gestação, me apoiando e ajudando a construir meu empoderamento, o que me permitiu viver essa experiência me sentindo capaz e segura. 

- À Karine Marques, amiga, irmã, fotógrafa, que não só registrou tudo, como me deu apoio no momento mais difícil do TP, além de cuidar de toda a papelada do hospital. 

- À Susana Moscardini, colega de faculdade, que reencontrei pelo facebook e foi a primeira pessoa do movimento de humanização do parto que ouviu minha história, me acolheu, me deu acesso à informação e ajudou na caminhada. 

- À minha mãe, que cuidou da Maitê todo o tempo, pra que eu pudesse me dedicar ao Gael nos primeiros dias, sabendo que minha filhota estava sendo cuidada e amada. 

- Ao meu grupo de amigas, que começou virtual, mas hoje é mais do que real. Elas caminharam comigo nesse empoderamento, ajudando com suas histórias, sua torcida e muito amor! Obrigada, meninas!!! (Vcs sabem quem são...)


Escrito por Bia às 18h35
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Já que o ENEM e seus atrasados foram o assunto do fim de semana, acabei lembrando de uma história que aconteceu no meu primeiro vestibular. 16 anos, prova marcada para o campus da UFF que ficava há 1 quarteirão da minha casa. Fácil de chegar, né? Impossível atrasar, né? Pois é, atrasei.

Saí correndo pela rua e vi o portão se fechando em câmera lenta. Desepero total!! "Ni qui" eu estava chegando perto dele, o porteiro acabou precisando abrir o portão de novo pra um carro entrar. Eu, ninjamente, me espremi entre o carro e o portão e passei, não dando a menor chance do cara me segurar e saí em disparada. Eu faria aprova no último prédio daquela área do campus, então, na metade do caminho, eu comecei a reduzir a marcha. Um fiscal do primeiro prédio me vê e grita da portaria: "Não para, não!" Maluco, saí correndo de novo, dando um sprint digno dos 50 metros rasos nas olimpíadas. Cheguei ao tal prédio e o fiscal de lá mandou logo: "Não espera o elevador, não, senão não vai dar tempo." Todo castigo pra corno é pouco, né? Pq minha sala ficava no 5o andar!!! Subi as escadas com o pouco fôlego que me restava e cheguei à mesa do fiscal da minha sala com apgar 3 (piada que só médico e mãe entendem). Ele olhou pra mim e falou "Correu, né?", mas eu só consegui balançar a cabeça, afinal se fosse hoje, eu teria chegado lá infartada. 

Enfim, cheguei, fiz a prova e não apareceria na TV mesmo, pq nessa época ninguém filmava o portão da UFF em dia de vestibular. FIM!



Escrito por Bia às 12h35
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No último fim de semana, foi a nossa primeira viagem como casal, depois que a Maitê nasceu. Não foi fácil deixá-la, mas tb foi muito gostoso estar entre amigos, sem preocupações com horários e alimentação. Quem é pai e mãe de alérgico sabe o qto é complicado viajar com os filhos. Enfim, nós a deixamos com a vovó e fomos na nossa aventura. Mas não foi assim, de supetão. Até perceber que ela estava pronta pra ficar sem os pais um final de semana todo, foi um longo processo. Resolvi relatá-lo, até pra ajudar outras mães.

A primeira vez que saímos de casa, à noite, sem ela, foi pra ir a uma festa que ficava a alguns quarteirões da minha casa. Minha mãe, super vovó, veio ficar com ela, assim, ela ficaria em seu próprio ambiente. Ela tinha 1 ano e 4 meses e ainda mamava pra dormir, mas dormia a noite toda (só por isso, tive segurança pra sair, se ela ainda acordasse para mamar, eu não sairia). Amamentei, eu mesma coloquei pra dormir e saímos. Chegamos bem tarde, mas ela dormia tranquilamente. 

A segunda vez, ela tinha 1 ano e meio e já não mamava mais. Era nosso aniversário de casamento e queríamos sair para jantar fora. Dessa vez, ela foi pra casa da vovó dormir lá. Foi na casa mais perto e nós fomos a um restaurante perto da nossa casa, ou seja, qualquer coisa, estaríamos na casa dela em questão de minutos. Maitê dormiu bem e nós a buscamos de manhã. Ela estava alegre e tranquila. Isso nos deu segurança para um passeio um pouco mais longe. Algumas semanas depois, a deixamos na casa da vovó que fica mais afastada e fomos para o Rio (eu moro em Niterói). Pela distância, não conseguiríamos chegar tão rápido se fosse necessário, mas ela já havia dado provas de que se sentia bem e segura com a minha mãe. E foi tranquilo, mais uma vez. 

E a última etapa do processo, acabou sendo um fim de semana não planejado. Semana Santa, fui convidada a estar em um retiro de jovens da minha igreja, mas era importante que eu assistisse todas as palestras, pra poder participar ao final. Tentamos ir com a Maitê na sexta de manhã, mas ela, como toda criança, andava por todo lado, brincava e tirava a minha atenção. Então, voltei em casa, preparei a bolsa e a deixei na minha mãe. O retiro era próximo da casa dela e Maitê dormiu lá de sexta para sábado, enquanto nós voltamos pra casa. No sábado, passamos lá para vê-la à tarde, mas ela estava dormindo e qdo voltamos à noite, ela tb já tinha ido dormir. Acordamos no domingo já com ela e ela estava tranquila, feliz e serelepe como sempre. Ou seja, ela ficou de sexta a domigo sem nos ver e de acordo com minha mãe, sequer chamava por nós. 

Por isso, que qdo surgiu a oportunidade de fazer essa viagem de final de semana, eu já estava tranquila, justamente por saber que ela ficaria bem. E assim foi, a deixamos na sexta pela manhã com minha mãe (e um super vovô emprestado, por quem a Maitê é apaixonada!!) e chegamos no domingo à noite, exaustos e cheio de saudades da nossa pequena! E ela? Nem perguntou por nós, mas nos recebeu com uma festa! Só a título de informação, ela está com 1 ano e 10 meses. 


Acho que o mais importante nisso tudo é saber ler as reações da criança. Não acredito em deixar a criança de qualquer maneira, "porque ela tem que acostumar". Mas acredito em ir aos poucos, respeitando SEMPRE o tempo da criança. Assim, ela vai se sentir segura e tranquila com o tempo e papai e mamãe podem dar essas escapulidas. 

E quanto a nós? Bem, eu fiquei roxa de saudade, falava nela o tempo todo e até sonhei com ela, hehehe. E até o pai, que estava aparentemente tranquilo, teve o seu momento de "chega, quero ver minha filha", hehehehe. 



Escrito por Bia às 19h38
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Balanço de 2013

2013 foi um ano como nenhum outro na minha vida. Vc deve até estar estranhando, afinal, minha filhota nasceu em 2012. Mas foi em 2013 que tudo aconteceu: uma mudança tão drástica e tão definitiva, que eu precisei de tempo pra conseguir organizar minha cabeça e elaborar  essas transformações dentro de mim. E todas essas mudanças estão relacionadas a uma só coisa: eu saí da Matrix.

Lembram do filme? Nele, as pessoas viviam numa situação ilusória, completamente alheias à realidade, como se estivessem em um coma. Aí, algumas eram desligadas da Matrix e a elas era apresentada a verdadeira realidade. Depois, era oferecida a elas uma escolha: tomar a pílula azul e voltar pra Matrix, sem qualquer lembrança daquele momento ou tomar a pílula vermelha e descobrir que aquilo era apenas o começo, a ponta do iceberg.  Meus caros amigos, o ano de 2013 me ofereceu tal escolha e eu tomei a pílula vermelha.

 

O primeiro caso foi em relação à alimentação da minha filha. Descobri que existe vida sem Nestlé e Danone, aliás, duas empresas que fazemos questão de boicotar aqui em casa. Minha filha não come nada do que as pessoas acreditam que uma criança precisa comer pra ser feliz e, acreditem, ela é muito feliz. Sem biscoito de maisena, sem danoninho, sem chocolate, sem papinha industrializada, sem açúcar. Ela é feliz comendo frutas, comidinha preparada fresquinha e biscoito de arroz orgânico. E não fica aguando qdo vê alguém comendo qq coisa. Mas esse texto tem outro assunto maior, que exige mais atenção, pq foi a fonte da maior parte da minha transformação: o nascimento da Maitê e tudo que aconteceu nele e por causa dele. Eu poderia escrever um novo relato de parto, pq o primeiro, escrito logo depois que a Maitê nasceu, foi escrito por uma mãe ingênua, que ainda não tinha compreendido a seriedade dos fatos que ocorreram.

Descobri que roubaram meu parto, que fui desrespeitada, que sofri violência obstétrica e tudo isso é doloroso demais descobrir.Tão doloroso que existem pessoas que preferem não se descobrir enganadas. Preferem acreditar no que lhes foi dito e carregam aquilo como verdade. Descobri que minha filha possivelmente sofre de alergia alimentar pelo que foi feito com ela no berçário. Descobri que existe um mundo, fora da matrix, onde os bebês nascem amparados por seus pais, enquanto a equipe médica apenas assiste o momento mágico (esse sim, realmente mágico) onde pai, mãe e bebem se conhecem e se reconhecem.  Pausa para voltar ao meu não parto.

Quando cheguei ao hospital e foi constatada a minha "falta de dilatação", a médica me disse: "Bia, vc tem aí pelo menos umas 10 a 12 horas de trabalho de parto, vai demorar muito, vamos pra cesárea". Ali, começou uma sequência de fatos que eu jamais me esquecerei e não quero nunca viver de novo. Primeiro, ninguém me perguntou se EU achava que isso era muito tempo, se EU estava disposta a esperar, afinal,  EU deveria ser a pessoa a responder isso, certo? Mas não pude responder, pq em momento algum a pergunta foi feita.  

Dali, partimos pra preparação para a cesárea. Me lembro de ter me sentido muito sozinha em vários momentos. Meu pai estava comigo, mas precisou sair do Centro Cirúrgico pra pegar a roupa pro meu marido, que só poderia entrar depois da anestesia. Me lembro de estar deitada na mesa, de lado, nua, numa sala fria, sentindo as contrações que vinham num ritmo forte, completamente sozinha. Quero dizer, tinha gente na sala, enfermeiras, instrumentadoras, mas nenhuma me ofereceu sequer um olhar, fosse compaixão ou desprezo. Era como se eu não existisse ali, apesar de, teoricamente, ser o centro de tudo. Não consegui ficar em silêncio, a cada contração, eu falava ai ai ai ai ai... (meu instinto mandando vocalizar, mas eu tinha vergonha de não estar conseguindo ficar quieta).  Qdo vieram me dar a anestesia, meu pai veio e ficou comigo. Mas pense bem: no momento do nascimento de um filho, solidão me parece um sentimento muito triste. Eu deveria estar acompanhada, amparada, mas estava só.

Durante a cesárea, meu marido ficou ao meu lado, até a médica avisar que ia nascer e chamá-lo pra assistir, do outro lado do pano. Mais uma vez, fiquei sozinha. Dessa vez, ouvindo que algo estava errado. Minha filha estava muito alta e a médica estava tendo dificuldades para segurá-la e tirá-la de dentro de mim. Mais uma prova de que, apesar de eu ter começado a sentir contrações, ainda não estava na hora dela nascer e sair de dentro de mim.  Maitê rodou e complicou ainda mais a situação. Quando a médica conseguiu posicioná-la para sair, o anestesista subiu em mim pra empurrar a minha filha pra fora. Não, isso não deveria ser normal. Mas acontece muito mais do que deveria.

Por causa da complicação, ela nasceu com um apgar muito baixo, que o pediatra nem anotou, mas meu pai diz que foi algo em torno de 5 (bebês que nascem bem, tem apgar 9 ou 10). Maitê sofreu privação de oxigênio, mas felizmente, foi por pouco tempo, não havendo qualquer sequela.  Ali, começou a cair a ideia de que a cesárea é uma cirurgia sem risco e salvadora. Ela quase matou minha filha, um bebê saudável, que tinha tudo pra nascer bem. Se tivéssemos esperado, deixado o meu corpo trabalhar, minha filha não teria passado por nada disso.  

Quando ela saiu e não respondeu a qualquer  estímulo, foi levada pra longe e eu, mais uma vez, sozinha, sem saber o que estava acontecendo, pois só havia silêncio. Quando se ouviu o chorinho dela de longe, puder sentir a tensão de todos na sala diminuir. Quando a trouxeram pra mim, foi muito estranho. Aquele amor intenso, aquela emoção única, não senti. Olhei pra minha filha e não a reconheci. Me faltava aquela enxurrada de ocitocina que o parto normal traz consigo. Meus olhos se encheram de lágrimas, não pela emoção de vê-la pela primeira vez, mas pq me sentia errada, aérea, triste, estranha. Como eu podia olhar pra minha filha e não sentir a alegria da qual todos falam? Me senti mal. Choro hoje, enquanto escrevo, as mesmas lágrimas, revivendo aquele momento, lamentando por ele.

Ao fim da cirurgia, no caminho para o quarto, minha família, um casal de amigos, todos emocionados e eu, ainda estranha. Me mostraram minha filha na incubadora, peladinha, com os olhinhos abertos, olhando tudo, um olhar aflito e, mais uma vez, senti algo que não combinava com o momento: me senti vazia. Uma sensação de que algo estava muito errado. Minha filha estava longe de mim, hoje eu sei que era isso que estava errado. Era pra ser o momento em que ela estaria no meu colo, sentindo meu cheiro e eu sentindo o dela, nos conhecendo, nos reconhecendo. Mas ela estava ali, na TV.

Além de tudo isso, que na minha opinião, está longe de ser pouco, ainda fui maltratada pelas enfermeiras que vinham "cuidar" de mim no pós-parto. Não adiantou ser filha de um médico conhecido no hospital, nem assim fui respeitada. Precisei até bater boca com a enfermeira pra ter um pedido meu atendido. Que mulher, recém operada, merece um tratamento desses?

Enfim, 2013 foi o ano que vi e revi essas cenas na minha cabeça, tentando entender os fatos, os sentimentos e o que eu fiz de errado. Hoje eu sei o que fiz: confiei num sistema obstétrico doente, não me informei, acreditei que para ter um parto normal, bastava querer. Mas essa experiência trouxe a grande transformação com ela. Me tornei uma mulher mais forte, que corre atrás de conhecimento e informação, que não abaixa a cabeça pra médico nenhum, que sabe o que quer, que sabe suas possibilidades e seus limites e está disposta a transpor cada um deles. Uma mãe leoa, capaz de brigar com o mundo inteiro pelo bem estar da sua filha, que não se importa com a opinião alheia, carregada de velhos paradigmas. Aliás, uma pessoa que AMA quebrar paradigmas! E mais, uma pessoa que busca não repetir os seus próprios erros e nunca mais vai permitir que um filho seu passe pelo que a primeira passou.

2013 não foi o melhor ou o pior ano da minha vida, mas foi o mais marcante, com certeza. É por isso que, só agora, no final de janeiro de 2014, é que consegui me despedir dele. Tchau, 2013, obrigada por tudo. 



Escrito por Bia às 00h13
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Cof, cof

Caramba... isso aqui tá empoeirado mesmo. Não tinha me dado conta de que fazia quase 1 ano que não dava as caras pro aqui. Pois bem, vim pq a causa é nobre. Mas vou ter que avisar geral no Facebook, senão, ninguém aparece... hahahaha



Escrito por Bia às 00h08
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Eu, mãe.

Eu me tornei um tipo de mãe completamente diferente do que eu imaginava. Em parte, pq não sabia que existiam tantas maneiras diferentes de maternar. Não sabia que eu precisaria fazer tantas escolhas e que muitas delas estariam baseadas não só no que sei, mas tb no que sinto. 

Antes de me tornar mãe, eu acreditava que seria uma mãe descolada, que colocaria minha filha na creche desde cedo, mesmo não havendo necessidade, pra poder passar minhas tardes com as amigas, fazer as unhas, resolver problema de banco, enfim, ter a minha vida "normal". Eu achava que teria uma geladeira cheia de danoninho, papinha nestlé e geléia de mocotó (amo muito tudo isso, hahahahaha). Achava que iria a todos os casamentos que vinham por aí, com bebê a tiracolo. Eu dizia que filho meu ia apanhar se fizesse algo errado e que deixar o bebê chorando no quarto não tem problema. 

Durante a gravidez, fuçando a internet, comecei a conhecer outras mães, outros papos, outros modos. E fui me abrindo pra uma nova possibilidade de maternagem.

Aí, ela nasceu. E fez uma reviravolta na minha cabeça. Tudo que eu achava que sabia caiu por terra. Virei mãe de sling, que anda com a cria colada ao corpo, que abre mão de qq programa pra não bagunçar o horário de sono, que só compra alimentos orgânicos e não abre mão de amamentar. Que não deixa a filha chorando "pra aprender a dormir sozinha" e que vai fazer das tripas coração pra não relar um dedo na criança, mesmo qdo der vontade. Que fica semanas sem saber o que é uma unha feita e não se importa. Que sente saudade dos amigos, mas prioriza o tempo com a filha. Que ama dormir, mas não está preocupada em saber qdo vai poder dormir uma noite inteira de novo. Que largaria o trabalho se pudesse e viraria mãe em tempo integral pra sempre. Que olha pra babá eletrônica a cada frase que escreve nesse texto, pra conferir se a filha continua dormindo seu soninho de beleza. 

Eu sempre fui "multi-tarefas" e fiz de tudo um pouco: faculdade, pós, inglês, dança, teatro, luta, curso de maquiagem, de informática, de sei lá mais o quê. Tudo isso pra descobrir que eu queria mesmo nessa vida era ser MÃE. 



Escrito por Bia às 21h40
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Uma amiga minha tem 28 anos e a sensação de que a melhor parte da vida dela já se foi e que ela não conquistou tudo que imaginava que já teria à essa altura. Aí, claaaaro, parei pra analisar a minha vida, só pq eu não resisto a uma auto-análise, hehehe.

Meus vinte anos foram fantásticos. Me diverti horrores, perdi a conta de qtas vezes ri até perder o fôlego, até a barriga doer. Mas chorei bastante tb, rios de lágrimas (taí minha amiga Déberis que não me deixa mentir, afinal, foi ela que enxugou boa parte delas). Fui livre, fiz o que quis, viajei pra onde quis, fui morar sozinha, aprendi a seu eu. Vivi amores muito intensos, sofri dores que me tiravam as forças. Intensidade, acho que a palavra que define meus 20 anos é essa.

Mas aí, os 30 chegaram e com eles, uma nova fase: a fase de realizar sonhos. Tudo que sonhei ao longo dos meus 20 anos estão se tornando realidade agora, nos 30. Só pra vcs verem, me casei 1 semana antes do meu aniversário de 30 anos. Me tornei mãe, estou construindo a minha família... sem contar que já me achei, sabe? Aos 20, ainda não sabia direito quem eu era, do que era capaz, o que eu queria de verdade. Agora, não sei tudo, mas já sei bastante coisa. 

Mês que vem, faço 33 e ainda não me caiu a ficha. E sei que qdo menos esperar, vou fazer 40. E eu, que antes tinha medo de uma nova idade, de uma nova década, agora, fico apenas curiosa pra descobrir quem serei eu aos 40. Dizem que a vida começa aos 40... na boa, a minha já começou há muito tempo e tenho ainda muita coisa pra fazer! 



Escrito por Bia às 20h06
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2012

Balanço de final de ano, como sempre.

Bem, 2012 foi um ano ruim, por si só. Muito ruim. O saldo seria negativo se não fosse um porém: foi em 2012 que a maior alegria da minha vida, de todos os tempos, chegou. Foi o ano em que, em meio a dores, lágrimas e perdas, eu recebi o maior presente que Deus poderia me dar: a minha filha. E ela, sozinha, é capaz de anular tudo de ruim que aconteceu este ano. E olha que foi muita coisa! Meu sogro partiu sem conhecê-la, sofri bastante com a gravidez e o início da maternidade, precisei lidar com tanta coisa dentro de mim... Mas a Maitê veio e fez tudo ficar bonito e colorido! Ela é a minha razão de viver, a coisa mais preciosa que eu tenho e meu amor por ela só cresce. 

Então, 2012 foi ruim, sim, mas o saldo não poderia ser mais positivo. Felizmente, o ano está acabando e 2013 chega cheio de novos desafios e, com certeza, cheio de possibilidades de felicidade!



Escrito por Bia às 12h31
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Tenho escrito mais no Facebook do que aqui pq lá é prático, rápido e o retorno é certo. Mas hoje, deu saudade desse espaço e eu vim tirar a poeira. 

Vale a pena pq o assunto é nobre: amamentação. Eu nunca me perguntei se iria amamentar ou não. Eu sabia que iria amamentar, ponto. Um grupo de amigas me chamou a atenção para as possíveis dificuldades, mas eu vinha me preparando pra isso há muito tempo. No ano de 2000, a primeira aula de Embriologia foi sobre a gravidez. A professora colocou um certo terror e saímos todas de lá certas de que nunca teríamos filhos, hehehe. Não me lembro de muita coisa, mas lembro que ela falou sobre preparar o seio passando bucha vegetal. Lembro disso pq uma amiga falou "Vou passar logo uma pedra pomes". A piada me fez guardar essa informação. E na época, eu achava (tolinha) que me casaria em breve e seria mãe logo depois, então comecei a me preparar naquela época mesmo. Pois bem... quis Deus, em sua infinita sabedoria, que eu não me casasse nem me tornasse mãe naquela época, mas nunca perdi o hábito de, de vez em qdo, passar a tal bucha. Então, foram só 12 anos fazendo isso, hahaha. Nem preciso dizer que eu estava super preparada, né?! 

O resultado disso foi que eu não tive nenhuma das dificuldades clássicas para amamentar: fissuras, feridas, mastite... NADA! Claro, ficou sensível, sofri um pouco com as dores da produção do leite (duas noite sem dormir!), mas foi só. E quem conviveu comigo ou leu um pouquinho o blog sabe que minha gravidez não foi um passeio no parque e que meu corpo não respondeu bem à tal maternidade. Então, a amamentação é a minha grande alegria e prazer. 

Tenho leite sobrando, amo esse momento só meu e dela e não abro mão dele por nada! Tenho deixado de ir a eventos e lugares pra não deixar de alimentar minha fillhota com o que posso oferecer de melhor a ela. Já me foi sugerido retirar o leite e deixar pra quem cuidar dela dar na mamadeira. Não tenho problema algum ou crítica a quem faz isso, cada um sabe onde o sapato aperta. Mas, como falei, amamentar é o meu maior prazer e estou disposta a abrir mão da minha vida social pra ficar exclusivamente com a minha filha. O cinema vai estar lá, outros casamentos virão, amigos estarão sempre por perto, mas a minha filha só vai ser bebê agora. Daqui a 2 meses, ela começará a experimentar novos sabores e eu poderei borboletar por aí um pouquinho, mas por enquanto, ficarei aqui, eu e minha pequena, sem a menor culpa por estar perdendo alguns prazeres da vida. Estes, estarão ali, disponíveis assim que eu puder voltar pra eles. 



Escrito por Bia às 21h04
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Toda grande mudança na minha vida exige um período de preparação psicológica da minha parte. Nem sempre lido bem com o novo, principalmente qdo é algo que desejei por muito tempo e criei muita expectativa. Rola um medo de me decepcionar ou me frustar.

Faltando 5 meses para o casamento, tive um medo danado, repensei tanta coisa! No dia em que colei grau na faculdade e tomei posse na Prefeitura do Rio, tive uma crise de choro,"não sei nada, como vou ensinar qq coisa a alguém?"

Qdo decidimos engravidar, tomamos a decisão em janeiro pra começar as tentivas em outubro. E qdo as duas listrinhas apareceram naquele teste de farmácia, minha reação foi muito mais "caraco, maluco, f**** a p**** toda" do que alegria, especificamente. 

Tive, então 38 semanas pra me acostumar com a ideia de que, finalmente, seria mãe. Já na sala de cirurgia, falei com meu pai: "Não caiu minha ficha ainda...". Me mostraram uma criança tão diferente do que esperava que levei um tempo pra entender o que se passava, ainda mais sendo o encontro tão rápido. 

Pois bem, na manhã seguinte, me trouxeram minha filha e eu a coloquei pra mamar. Pra isso, não precisei de preparo psicológico. De repente, tudo me pareceu normal, pareceu certo, pareceu que eu sempre tinha feito aquilo e que ela sempre fez parte da minha vida. 

Ser mãe dá trabalho, mas sinto que me preparei a vida toda pra isso e nunca estive tão pronta. 



Escrito por Bia às 21h37
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Ser mãe é padecer no paraíso

Só que não. Essa frase antiga, praticamente um clichê, é a maior mentira do mundo!! Pq padecer no paraíso significa sofrer em um lugar maravilhoso.

Na minha humilde opinião, é exatamente o oposto: ser mãe é ser a pessoa mais feliz do mundo, mesmo mergulhada num mar de bosta. O corpo sofre muito, dores pra amamentar, leite demais, leite de menos, prisão de ventre, hemorróidas, recuperação da cirurgia, retirada dos pontos e o sono, meu deusu, que sono!!! Desde que a Maitê nasceu que eu não sei o que é dormir de verdade. 

Aí, mesmo apesar de todas essas dificuldades, no meio da noite qdo ela acorda e eu a pego no colo pra amamentar, mesmo com a dor do leite descendo, eu olho pra ela e tudo de ruim passa. Vem uma paz, uma serenidade, uma certeza de que está tudo certo.

E a parte ruim, a gente aguenta, pq o olhar dela faz tudo valer a pena. 



Escrito por Bia às 17h12
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38 semanas

No dia em que completei 38 semanas de gravidez, escrevi um texto, mas não consegui publicar aqui, pq deu pau no site. Nele, eu falava sobre a proximidade da chegada da Maitê, das mazelas e alegrias dessa fase. Mal sabia eu o que estava pra acontecer... 

Meu relato de parto!

Acordei no dia 18/07, 
dia que completei 38 semanas às 2:30 da manhã com uma contração bem forte. E outras se seguiram, meios irregulares, mas com intervalos grandes, 30 a 40 minutos. Nem me preocupei, tomei a inibina e um buscopan pra tentar fazer passar. Isso me rendeu 1:30h de sono, mas depois, tudo voltou. Passei a manhã acompanhando a vinda de cada contração e os intervalos vinham vagarosamente diminuindo. Era dia de ir à médica, mas resolvi esperar dar o horário da consulta. Era encaixe mesmo, então ela havia me pedido que fosse mais pro fim do dia, que era mais calmo.

Qdo cheguei lá, as contrações vinham a cada 15 minutos. Ela me examinou e confirmou que eu estava em pródomo de trabalho de parto (palavrinha nova, hehehe), ou seja, a parada tava rolando mesmo. Ela explicou que poderia evoluir rápido, em 3 horas ou demorar muito, então me mandou pra casa e falou pra ligar, caso necessário.

Qdo cheguei em casa, as dores já vinham a cada 10 minutos e cada vez mais fortes. Liguei pro marido e pedi pra ele cancelar todos os planos e vir pra casa (ele iria na casa da mãe, no mercado e ainda estava na Dutra). 

Qdo ele chegou, as contrações vinham a cada 5 minutos. Foi o tempo dele tomar um banho, ligar pra médica (que já estava no hospital, numa outra cirurgia) e ligar pra família. 

No hospital, a médica plantonista me examinou e viu que eu estava com pouca dilatação, mas não disse qto. Eu, claro, pensei: Ah, devem ser uns 3 cm... humpft, tolinha...Fui internada e minha médica chegou. Eu, que nunca reclamei de levar toque, quase vi estrelas dessa vez. Ela falou que meu colo do útero tinha subido muito, tinha apenas 1,5 cm de dilatação, mesmo com as contrações já vindo a cada 3 minutos. 

Ela, então, falou: Bia, honestamente, isso é trabalho de parto pra, no mínimo, 10 horas, com grandes chances de ter que ir pra cesárea de qq maneira, pq o bebê não tá solicitando o colo do útero. (Outra palavrinha nova, significa que o bebê não tá empurrando onde deveria pra aumentar a dilatação). Decidimos, então, encurtar meu sofrimento, que tava braaaabo, e ir pra cesárea. 

Enquanto eu era preparada, marido se arrumava e meu pai me fazia companhia (o marido só entra depois da anestesia). Ainda tive que esperar um pouco, pq eles só me anestesiariam qdo o pediatra de plantão chegasse. Fiquei ali, "curtindo" as contrações, cada vez mais fortes e mais rápidas. 

Qdo aplicaram a anestesia... aaaaaaaaaaaah... que alívio... na boa, peridural é uma coisa de Deus! Marido chegou e a cirurgia começou. Em pouco tempo, chamaram o marido pra ver a Maitê sair, mas ela não estava a fim de colaborar. Girou sozinha dentro do útero e qdo a médica tentava segurá-la, ela se encolhia e não deixava. Nesse momento, eu só ouvia a médica falou: "Perái, rodou. Não empurra ainda, não tá dando..." enquanto o resto da sala permanecia em silêncio completo. Eu não sei se eu estava calma ou se não tinha real noção do que estava acontecendo, talvez as duas coisas. Dali, pra mim, só silêncio mesmo. 

Me foi contado que ela saiu toda molinha, marido falou que achava até que tava morta. Não respondeu aos estímulos da médica e foi entregue ao pediatra, que saiu correndo com ela pra outra sala. Marido e meu pai foram junto. Silêncio... de repente, ouvi um chorinho de longe e a médica falou: "Ó, chorou!" Pra mim, era outra criança, pq tava longe, né? Depois de um tempo, meu pai veio me falar que tava tudo bem e marido trouxe a Maitê pra eu conhecer. Ela era completamente diferente do que eu havia imaginado! Muito cabelo e castanho! Em pouco tempo, a cirurgia acabou e eu fui levada pro quarto. 

Fora do centro cirúrgico, meu pai comentou com a minha mãe que se a médica não fosse experiente, não estaríamos comemorando o nascimento da Maitê. De acordo com ela, o que aconteceu é raro, a última vez que aconteceu com uma paciente dela foi há mais de 10 anos. Mas no fim, deu tudo certo!

Maitê nasceu às 23:25 do dia 18 de julho de 2012, linda, cheia de saúde, graças a Deus. 

Agora, me deem licença, que minha pequena me espera. Depois, vou fazer o relato da amamentação. Beijinhos!



Escrito por Bia às 10h53
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