José
Mariano da Conceição Veloso, o frei Veloso
(1742 - 1811)
Franciscano naturalista brasileiro nascido em São
José do Rio das Mortes, hoje Tiradentes, no Estado de Minas Gerais,
que se dedicou à botânica, tendo descrito muitas espécies
novas e cuja obra demonstrou preocupações conservacionistas.
Era filho de José Vellozo da Câmara e de Rita de
Jesus Xavier e primo de Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792),
e se tornou franciscano no convento de São Boaventura, em Macacú
(1761), tendo sido ordenado no convento de Santo Antônio, no Rio
de Janeiro, onde estudou Filosofia e Teologia. Foi pregador (1768-1771)
e ministrava Retórica no convento de São Paulo e História
Natural no convento de Santo Antônio. Praticamente como autodidata,
adquiriu o gosto pela natureza e transformou seu claustro em um museu herbário,
dedicando-se apaixonadamente aos estudos sobre botânica. Trabalhava
na aldeia indígena de São Miguel, em São Paulo, quando
o vice-rei Luís de Vasconcelos e Sousa o convidou (1782)
a chefiar a expedição de estudos em botânica (1783-1790)
pela capitania do Rio de Janeiro. Do projeto participaram religiosos, militares
e desenhistas e o trabalho foi elogiado pelo vice-rei, quando do envio
de espécimes da flora e fauna para o Real Museu e Jardim Botânico
da Ajuda, em Lisboa. Do trabalho resultou na publicação póstuma,
em onze volumes ricamente ilustrados, do Florae Fluminensis (1825-1827),
um importante documento sobre espécimes animais, vegetais e minerais
litorâneos da capitania, com a reunião e descrição
de cerca de mil e setecentas espécies. Foi para Lisboa (1790)
e começou a classificar espécies da flora e fauna, enquanto
trabalhava no Real Museu e Jardim da Ajuda e na Academia Real das Ciências
de Lisboa. Publicou vários de seus trabalhos, inclusive a obra em
fascículos Plantarum Cryptogamicarum Britanniae Lusitanorum Botanicorum
(1800). Voltou para o Brasil fugindo das invasões francesas (1808)
com D. João VI e, no Rio de Janeiro, capital da colônia,
editou O fazendeiro do Brasil, enciclopédia de 11 volumes
de textos monográficos que tratavam desde o fabrico do açúcar
até o cultivo de especiarias e o preparo de leite e derivados. Morreu
de hidropisia, no convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro. Sua
biblioteca pessoal, com manuscritos e documentos, foi graciosamente cedida
à Real Biblioteca do Rio de Janeiro, mais tarde rebatizada como
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, que republicou uma amostra do total
do seu trabalho, com os desenhos creditados ao pintor João Francisco
Muzzi, sob o título Plantas fluminenses (1976), a Biblioteca
Nacional