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PRÓ-VIDA

Jogo da Baleia Verde contrapõe a Baleia Azul com orientações positivas

Novo jogo surgiu para trazer esperança e ajudar as pessoas a lidar com problemas de autoestima e depressão

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Forte
Um dos desafios é escrever na palma da mão que é forte, para se lembrar durante todo o dia
PUBLICADO EM 18/04/17 - 16h17

Ao invés de escrever com navalha na mão uma sigla enigmática, o desafio é escrever - à caneta mesmo - a frase “eu sou forte”, para se lembrar durante todo o dia que sim, você é forte. No lugar de vídeos psicóticos de terror o desafio é compartilhar vídeos alegres e fofinhos que te façam bem. Para enfrentar seus medos, não é preciso subir em uma altura exorbitante e ficar um bom tempo ali. Basta escrever em um papel o seu maior medo e queimá-lo depois, em um gesto simbólico para exorcizá-lo de forma saudável. Estes são alguns dos desafios do jogo da Baleia Verde, que contrapõe o controverso “jogo” da Baleia Azul, no qual o último desafio é tirar a própria vida.

FOTO: Reprodução
Baleia Verde
O jogo da Baleia Verde é o oposto da Baleia Azul 

No novo jogo, a baleia é verde porque a cor representa esperança. Ele foi criado para ajudar adolescentes e adultos, muitos deles em situação de depressão e baixa autoestima, a se manterem sãos e fortes, apesar de tudo. E a nunca cogitar desistir da própria vida porque, para todas as situações, não importa qual seja, há sempre uma saída. Em alguns grupos o jogo da Baleia Verde começou a circular com essa proposta e já mostra resultados. A psicóloga e couch Ludmila Cioffi, 28, criou um grupo no WhatsApp com esse intuito. Com base em sua experiência profissional ela desenvolve os desafios para ajudar outras pessoas a recuperarem a sua autoestima e contornar a depressão.

“Todos os desafios têm um propósito. Às vezes, parece uma coisa boba, simplória, mas há um objetivo em cada um deles. Por exemplo, em um desafio, a proposta é dizer em voz alta o que você está disposto a fazer para ser feliz. Quando a gente fala alguma coisa em voz alta, o nosso cérebro interpreta aquilo como verdade, como se você já tivesse vivido isso. Quando a gente apenas pensa alguma coisa, é apenas um lado do cérebro que trabalha essa informação. Quando você externa isso, escrevendo ou falando em voz alta, são os dois hemisférios que processam essa informação, então isso se torna mais forte e real”, explica.

FOTO: Arquivo Pessoal
Desafio
Um dos desafios é escrever em um papel os seus desejos 

Os desafios são passados a cada dia no grupo por Ludmila, que é a curadora, e os participantes têm a opção de fazer o desafio e compartilhar a ação no grupo, ou enviar privativamente para a curadora. Atualmente, o grupo criado pela psicóloga conta com mais de 250 pessoas, entre elas, apenas um homem.

“O desafio de escrever na sua mão que você é forte, é para lembrar que em alguns momentos a gente pode fraquejar, a gente pode se sentir fraco, mas que a força ainda existe e está dentro de você. Principalmente no caso de mulheres, porque a gente tem que ser ainda mais forte, já que passamos por tudo o que temos que passar na vida por causa do machismo. Só a força explica isso”, completa.

Força coletiva

Os desafios são feitos individualmente mas compartilhados no grupo, de acordo com a opção de cada integrante. E essa troca de experiências e força, também ajuda a recuperar a autoestima e a vontade de viver. A estudante Lorena Tette, 29, conta que desde o final de 2015 tem se sentido mal. Com problemas familiares, a falta de perspectiva de emprego após se formar e algumas frustrações, ela chegou a recorrer a terapia e tratamento psiquiátrico por um tempo, mas precisou interrompê-los por falta de recursos. Com o grupo, ela tem encontrado força para se reerguer.

“Eu acho que a gente se espelha muito na vida de rede social que a gente vê dos amigos. Comida bonita no Instragram, balada descolada, viagens dos sonhos e muitos likes. Só que isso tudo é muito superficial e na vida pessoal todo mundo tem algum problema, algum dilema, e encontrar pessoas que não são minhas amigas, que não tem uma rotina parecida com a minha, mas que passam por uma fase semelhante faz com que eu me sinta mais ‘normal’. É um sentimento de ‘ufa, não estou sozinha, vamos nos ajudar’”, desabafa.

Os desafios propostos até agora no jogo da Baleia Verde têm feito Lorena se voltar mais para si mesma, pensar em coisas boas para ela e não apenas nos problemas e dificuldades que fica remoendo diariamente. “Quando eu coloquei meus desejos e medos numa folha de papel, isso permitiu dar o destino que eu quisesse a esse papel. De certa forma esses desejos e medos se tornaram algo físico, assim tenho o poder de destruir o meu medo e guardar o meu desejo. Depende só de mim. Escrever que eu sou forte na mão e olhar para isso algumas vezes no dia me fez sentir que eu sou forte mesmo e que eu posso lidar com meus problemas. Estou achando achando os desafios empoderadores, eles têm me feito sentir que eu estou no controle e que eu tenho o poder de me fazer estar bem”, relata.

E o controle também é algo trabalhado no jogo, porque é ele necessário para retomar as rédeas da própria vida, segundo a psicóloga Ludmila Cioffi. ”Um dos desafios é planejar a semana, porque isso te dá a ideia de que você tem um pouco mais de controle na vida. Às vezes a gente pensa que não tem controle sobre nada mais, mas ver o seu planejamento ali, organizado, te dá uma motivação maior para realizá-los”, explica.

A estudante Gabriela Resende, 23, também tem passado por uma fase difícil com o acumulado de problemas: baixa autoestima, conflitos familiares e faculdade. Mas ela encontrou alento no jogo.

“Vejo o grupo como uma forma de aprender a me amar mais e a cuidar melhor de mim. Todos os desafios que foram passados até o momento são muito reflexivos e empoderadores. Foram poucos até agora, mas já me sinto mais confiante. Percebi que as pessoas vivem problemas semelhantes aos meus, mas cada um lida de uma forma diferente. A troca de aprendizados é muito válida para buscarmos caminhos diferentes para resolver nossas questões”, conclui.

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