Peron na Arquibancada

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por Humberto Luiz Peron

gol do Pacaembu jogo Corinthians x Santos
Por muitos anos os volantes foram sacrificados em campo. Assim, ao longo do tempo, eles assumiram a função de proteger a zaga, realizar coberturas dos laterais e correr dobrado para o que os jogadores habilidosos só tivessem a função de criar. Além de tudo isso, eles ainda ficaram com a responsabilidade de iniciar as jogadas de ataques, finalizar de média distância e ainda despontar na área do adversário, para surpreender a marcação. 

 

Atualmente são os atacantes que ficam sobrecarregados. Ao avante não basta saber se colocar, fugir dos zagueiros, finalizar bem e marcar gols. Se ele “só’ fizer essas funções é bem provável que perca o lugar no time. Não há mais um time que seja armado em função do seu principal atacante e mesmo se ele não balance as redes, perca duas ou três chances claras, sua atuação será destacada se ele correr atrás dos adversários.

 

No futebol atual, em que todos os jogadores precisam participar do sistema de marcação, os atacantes é que ficaram sobrecarregados. Nem acabou de comemorar um gol e o artilheiro já precisa marcar a saída de bola e correr para evitar que o zagueiro faça o lançamento. Ao jogador que atua mais avançado é obrigatório marcar a saída de bola do adversário e até dar um carrinho perto da bandeira de escanteio para evitar que um defensor central dê um passe para o lateral. Falando em carrinho, não há um atacante que passe um jogo sem se jogar no chão para tentar tirar a bola do goleiro.

 

Se na saída de bola um zagueiro passa a bola para o volante, o atacante tem que correr atrás do apoiador para evitar que o time adversário consiga passar para o campo de ataque tocando a bola. Fora os inúmeros piques que os atacantes precisam dar para marcar os laterais. Hoje, os atacantes marcam muito mais os laterais do que o inverso. O tempo em os laterais marcavam os pontas já passou.

 

Cabe também ao atacante atravessar o campo toda vez que o adversário pode cruzar a bola na área em escanteios, faltas e laterais, para marcar os zagueiros do rival. Hoje, o atacante precisa voltar para que o meia habilidoso fique preservado e tenha espaço para jogar – isso aconteceu no ano passado com o Douglas, no Grêmio, e atualmente com Guerra, no Palmeiras.

 

Além de tudo isso, o atacante tem que cumprir suas funções obrigatórias de abrir espaço para os companheiros, cair pelo lados do campo para desmontar o sistema defensivo do adversário, trabalhar como pivô – não me venham com o papo de “falso 9” - e ainda estar dentro da área para receber um cruzamento. 

 

Lógico que a marcação no futebol de hoje é fundamental, mas é bom lembrar que muitos dos nossos volantes, com inúmeras funções em campo, se transformaram de apoiadores em brucutus. Que o mesmo não aconteça com os atacantes, pois já temos vários avantes que fazem bem várias funções, mas que “apenas” não sabem finalizar. 

 

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Humberto Luiz Peron

49 anos, jornalista

Seria analfabeto se não fosse o futebol. O que sei de matemática, história, geografia, português, foi graças aos 22 em campo. Jornalista desde 1995, já fui colunista do Lance! e da Folha Online. Sou editor executivo da Revista MONET (ed. Globo).

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O futebol de hoje, pitadas de história e os goleiros, sempre esperando a participação de vocês. Pois na arquibancada nunca se está sozinho.